Capítulo 29
Quem é vivo sempre aparece, não é?? :((
Galeres, estou sem internet há quase uma semana, não sei quando volta e estou meio desesperada. No momento estou pegando da minha avó e oremos pra isso aqui ir. Quando der eu volto, espero que essa semana ainda.
KATE
A noite, se possível, parecia ainda mais escura. O silêncio ao redor era a nossa companhia. Sentados no chão, com as costas reclinadas no sofá da sala, as taças de vinho quase vazias aos nossos pés e apenas a luz dos postes da rua que atravessavam a janela para nos banhar, Dylan segurava a minha em sua perna. Não me olhava, apenas contornava os meus dedos com os seus. O toque era diferente, e por mais maluco que pudesse parecer, a sensação era que queria gravar cada pedaço meu, como se a qualquer momento eu não estivesse mais ali.
Sua respiração era controlada, mas o semblante era sério, chegando a ser quase preocupado. Olhava o perfil de seu rosto tentando imaginar o que se passava em sua cabeça, mas a dedução não era o meu melhor atributo.
Quando chegou ao dedinho, arrastou a mão um pouquinho para baixo e virou o meu braço, deixando a palma aberta direcionada para cima. Ele sabia o que procurava. Fechei os olhos ao senti-li deslizar o polegar em cima da tatuagem que Nathan de semelhante modo havia se interessado. Mal sabia ele o que ela significava.
— Preciso que escute muito bem o que eu tenho a dizer — falou enfim. — Quando eu terminar, pode perguntar o que quiser, e gostaria muito que, se possível, não me matasse.
— O que? — o encarei — Por que eu iria querer te matar?
— Acredite, ainda hoje vai desejar fazer isso.
— Eu deveria ficar preocupada?
— Não — balançou a cabeça. — Você é a especialista aqui, tenho certeza de que se eu for um filho da puta, vai tirar uma arma do além e enfiar uma bala na minha testa, então não, não deveria ficar preocupada — deu um riso torto — eu que deveria.
Assentindo, limpei a garganta.
— E por que eu iria querer usá-la?
Seu sorriso aumentou.
— Sabia. Imagino que deva esconder um arsenal aqui. Atrás dos quadros, dentro dos armários da cozinha, debaixo da cama.
— O necessário para proteção — dei de ombros.
— Proteção? — ironizou — Me parece mais do que proteção, em todo caso, melhor que eu escolha as palavras certas.
— Concordo — certeza que algo estava errado.
— Vamos lá... — respirando fundo, segurou em meu rosto — a primeira coisa é, e possivelmente a mais importante, nunca menti para você. Tudo o que te falei era verdade.
— Então por que essa conversa está acontecendo?
— Porque apesar de ter te dito, omiti certas partes.
Franzi a testa.
— E eu deveria ficar ciente disso...
— Eu quero você, Ekaterina — seus olhos queimavam nos meus. — E pelo que sei relacionamentos que começam baseados em inverdades tendem a não darem certo. Não que eu tenha qualquer experiência no assunto, mas suponho que seja um bom conselho a se seguir.
— Você me quer? — sussurrei.
Ele não tinha noção de todas as merdas que eu carregava e dizia me querer.
— Sim — confirmou, deslizando sua boca na minha. — Acabei descobrindo que preciso de uma diaba na minha vida. Quem diria... geralmente as pessoas querem paz e uma mulher que seja calma, pacata, uma anjinha delicada, mas o imbecil aqui quer a rainha das profundezas. O quão fodido alguém poder ser?
Ri baixo.
— Se tratando de você, diria que muito.
— Ah, pernuda...
— Gosto mais do diaba, combina com quem eu sou.
— Mesmo? — arqueou as sobrancelhas — Bom saber, mas agora, hora da verdade e da minha provável morte.
Suas mãos me puxaram, me colocando no meio de suas pernas. Deitei a cabeça em seu ombro e me aninhei nele. Seus braços me envolveram, puxando meu corpo o máximo possível de encontro ao seu. Pensei que estaria nervoso por dentro, o coração acelerado e todo o resto, mas para a minha surpresa, parecia mais calmo do que eu.
— O que exatamente se lembra sobre o que te contei sobre mim? — apoiou o queixo em meu ombro, encostado o rosto ao meu.
— Americano deve ter sido uma das primeiras coisas.
— Muito bem, mas suspeita de onde? — perguntou.
Forcei a mente a trabalhar. Não conhecia os Estados Unidos, apenas algumas pessoas ocasionais com as quais cruzei. A maioria era de Nova York e o sotaque deles era bem característico, e o jeito como Dylan falava não me lembrava em nada aquilo, então as opções eram as mais diversas. Suspirando, balancei a cabeça.
— Não faço a menor ideia, mas suspeito que não seja do interior.
— Interior? — riu — Não mesmo. Bem, vamos à primeira revelação minha russa, sou de Las Vegas. A minha bela, doce e perversa cidade do pecado.
— Vegas? Faz sentido. Se fosse de uma cidade pacífica aí mesmo que eu estranharia. Imagine só, você sendo você, fazendo as coisas que faz em uma cidadezinha onde todos se conhecem, onde as velhinhas tricotam no fim da tarde e fofocam sobre a vida alheia. As mães das meninas solteiras ficariam assustadas caso algumas de suas filhas aparecessem com você na porta. Capaz dos pais pegarem uma espingarda e correrem atrás do tatuado safado.
— Hum, as velhinhas de Vegas tricotam sobre mim, pelo menos é o que a minha mãe diz. E concordo na parte das mães alarmadas, mas as filhas nunca se importaram muito com isso, pelo menos nunca pareceram. As pessoas comentam bastante a vida alheia também por lá, tanto que já saí algumas vezes em tabloides sensacionalistas, mas as matérias eram fantasiosas demais, onde que me pegaram saindo de um hotel com três mulheres penduradas no meu pescoço? Esse povo viaja.
— Três — a palavra escapou entre os dentes cerrados.
— Exato.
— E vai mesmo falar de outras quando acabou de dizer que me quer? — não queria mesmo imaginá-lo com outra. E o feitiço se virou contra mim, apenas provoquei sobre outro homem, mas ele chegou com a realidade estendida de bandeja.
Meu tiro saiu pela culatra.
— Esse seu lado ciumento só me fode, sabia? — com a voz transbordando de contentamento ao perceber o meu tom irritado, mordeu meu pescoço — E eu amo pra caralho. Mas eu disse que seria verdadeiro e isso faz parte da verdade. Sim, já participei de orgias; sim, já compartilhei mulheres com um amigo ao mesmo tempo; sim, já dormi com irmãs, foi em momentos diferentes, mas mesmo assim eram irmãs. E por mais que você possa não querer ouvir isso, não me arrependo de todas as fodas que participei. Seria hipocrisia minha falar que não faria nada daquilo.
Merda.
Não consegui evitar o rosto retorcido cada vez que ele citava alguma das coisas que fez. Imagens logo se formaram na cabeça e não gostei de nenhuma delas.
— Ekaterina... Ekaterina... — me chamou quando parei de respondê-lo.
— O que? — respondi ríspida.
— Quer me matar agora?
— Quero.
Gargalhou.
— Avisei você, mas ainda falta muita coisa.
— Se sobreviver até lá... — grunhi.
— No seu lugar eu esperaria até o final, se é pra ser morto, prefiro que tenha muitos motivos para fazer isso, e garanto que os terá se aguardar um pouquinho só.
— Vá em frente — cruzei os braços.
— Certo, agora sobre o que eu vim fazer aqui, por que acha que saí de lá e vim parar na Rússia?
— Acho que foi você ou Nathan que comentou algo sobre problemas na família — tentei buscar na memória. — Mas não tenho certeza.
— Ok, então é agora que começa a brincadeira. O primeiro a ser dito é, o meu pai é um filho da puta — pelo jeito era genético. — Essa informação é primordial que saiba, afinal, é por causa dele que estou aqui e com uma porra de problema para resolver. E tendo isso em vista, vamos ao resto.
Dylan tomou uma lufada mais funda, seu abraço me prendeu ainda mais e finalmente percebi uma ponta de nervosismo antes de continuar. .
— Nasci em um mundo ruim e sujo, russa. E não me refiro ao lugar de onde vim. Estou falando de pessoas que fazem o que for preciso para terem suas vontades impostas e terem o que quiserem, sem se importarem se é certo ou não. Eles roubam, subornam, mentem, chantageiam, ameaçam, torturam e matam se for preciso. A minha família e todos ao meu redor fazem isso, meu bisavô fazia, meu avô fez mais do que ele, meu pai seguiu pelo mesmo caminho sendo o canalha mais detestável que conheci, e eu. Fui moldado desde cedo para ser igual a eles, e mesmo que sejamos diferentes, sou tão abominável como qualquer um, a diferença é que faço essas coisas com uma maldita risada na cara.
Estreitei os olhos e engoli a saliva.
Sempre soube que tinha algo. Sempre. Devia ter confiado nas minhas suspeitas quando surgiram. Ninguém atirava daquele jeito para uma primeira vez. A postura era correta, precisa e confiante demais, mesmo para alguém como ele. O fato de aparecer onde eu estava ficou clara, e como não descobrir? Bastava que ele estalasse os dedos e rios de informações minhas cairiam em suas mãos.
— Tenho duas ordens a seguir aqui — continuou. — Começando por achar o cara que colocaria meu pai em problemas que talvez não pudesse resolver com a porra toda, e a segunda, e a mais foda, é matar Nathan.
Prendi a respiração e me virei para ele com brusquidão, de olhos arregalados.
— O que? — falei alto demais para uma pergunta, foi mais para um grito que me fez fechar os punhos e trincar o maxilar — Que porra é essa?
— Perguntas ao final, lembra-se?
Dei um riso debochado.
— Oh, claro, peço mil perdões — fiz-me de delicada. — Que deselegante da minha parte. Porque realmente uma dama como eu não fala assim e não interrompe o monólogo dos outros que falam algo desse tipo na maior tranquilidade, que indecorosa eu fui.
Cuspi as palavras e afastei seu toque. Levantei-me num pulo e fui para perto da janela. Sorvi o ar com força e fechei os olhos, controlando a raiva que eu sentia. O universo realmente me odiava com todas as forças, quem se aproximava de mim ou morria, ou sofria, ou tinha um carimbo com prazo de validade marcado na testa.
— Ekaterina... — disse atrás de mim.
— Apenas termine logo, Dylan — falei entredentes. — Agora que começou, termine essa merda antes que eu me arrependa.
— Certo. O tempo que sumi não foi por acaso, fui à Moscou e achei um jeito de acabar com esse caralho de merda. Me encontrei com pessoas que nem imagina e coloquei o meu na reta sabendo que pode não dar certo. Sabe o que é isso? Posso ter a cabeça arrancada se descobrirem o que planejei, mas estou muito perto de tirar tudo de cima de mim.
— Eu deveria agradecer por isso? — girei o corpo e o encarei — Deveria chegar em você e dizer, parabéns, está no caminho certo, meu bom menino. Apenas tire Nathan do caminho, ajude o papai e pronto, sem complicações e distrações para foder com a russa. Espero que ter se enfiando dentro de mim tenha valido a pena, ficaria muito decepcionada se não atingisse o seu limite mínimo de satisfação, mas quem sabe se chamar as suas três amiguinhas elas não te façam esquecer. Pelo que entendi, está mais do que acostumado. Não duvido que tenha dito que eu era a única e que me queria só pra me fazer chupar seu pau outra vez.
Deus! Que ódio! O choro queimava e eu queria acabar com ele. Era por aquele motivo que evitava envolvimentos. Quando se gostava de alguém, você passava a ser uma idiota apaixonada e totalmente paranoica. Que ódio dele, e o ódio era maior porque eu não só gostava dele. Idiota, Ekaterina. Foi querer se apaixonar logo por um maluco da máfia? Eu devia sinceramente considerar levar umas porradas, quem sabe a cabeça voltasse ao normal. Mas ainda assim seria insuficiente, o pervertido continuaria me perturbando. Pra que eu fui abrir a bendita porta? Devia ter ignorado a campainha.
Dylan, que também havia se colocado de pé, bufava enquanto o peito subia e descia. Vestia apenas a calça, os pés descalços se afundavam no tapete. Em seu rosto, nada do que tinha visto antes. Tão irritado e tão puto que quase senti medo.
— Só pedi que esperasse um pouquinho — ergueu o polegar e o indicador na altura de seu nariz, quase os tocando. — Um pouquinho assim para que deixasse eu te explicar tudo, mas pelo visto não consegue esperar. Essa sua cabeça dura não sabe o que é isso.
— Acho que está descobrindo que não sou tão perfeita, não é? É melhor desse jeito, pois eu não ligo se não sou um protótipo exemplar de mulher, de pessoa, da bosta toda; nunca fui e nunca serei. Sou apenas uma mera mortal amaldiçoada pela merda do universo que insiste em me fazer pagar pelos meus pecados — debochei — E não, nunca me calaria ou esperaria sabendo que vai matar o próprio primo. Por quê? O que ele fez de errado? O que Nathan fez para que esse seu pai nojento o quisesse morto?
— Porque ele é gay, esse é o motivo — ralhou, gesticulando os braços e erguendo-os sobre a cabeça. — Essa é a maldita razão.
— Ah, que ótimo motivo. Isso é simplesmente inacreditável. E sabe o pior, não vejo que esteja disposto a ir contra isso. Me parece ter aceitado isso muito bem, até porque... — passei a mão sobre o rosto, limpando algumas lágrimas que escaparam. Maldito americano! Não acreditava que estava me fazendo chorar, de raiva ainda — o que é matar um gay? Menos um no mundo, correto? Imagino que deva se sentir muito humilhado em ter na família alguém que não mete o pau em toda boceta andante! Nossa, que coisa tenebrosa, ele prefere um pau a uma boceta, matem-no, ele não é digno, é uma aberração da natureza!
— Está maluca? — se exaltou — Por acaso consegue se ouvir? Percebe as besteiras que tá falando? Presta atenção nos absurdos que está me acusando! Não se atreva a dizer uma palavra sobre mim se não tem certeza, não se atreva. Não faz ideia do que eu poderia fazer, e muito menos tem ideia do quanto estou me controlando.
O tom frio e cruel foi nítido.
E enfim se revelava. Aquele era ele sem a máscara o cobrindo.
— Que maravilha, agora eu sou maluca. Vamos, continue, desembucha. Sou o que mais? Falsa? Mentirosa? Aproveitadora? Fraca? Influenciável? Boba? Uma burra com um punhado de cabelo?
— Porra, Ekaterina! — e pela primeira vez ele gritou comigo — Cala a merda da boca e se escuta!
— Não me manda calar a boca, seu infeliz! — vociferei. — Você não tem esse poder e nem essa autoridade — o choro ficou incontrolável — Quer que eu faça o que? Eu me apaixonei por você, seu desgraçado!
Solucei alto.
— Me apaixonei por um idiota que me deixa maluca — ofegava, a confissão também causava dor. — Me apaixonei por alguém tão ruim quanto eu.
Cobri o rosto e curvei-me para frente.
Que inferno.
Aquela não era eu, não era o que eu aprendi a ser, não era o que eu deveria ser.
— Russa... — falou muito próximo a mim — deixa eu...
— Não encosta em mim... — levantando a mão, tentei o afastar — não ouse encostar em mim agora, Dylan. Eu te mato se fizer isso.
— Pena que não ligo nenhum pouco, porque sou um fodido de merda que te quer mais do que tudo, sua cabeça dura — me puxou para ele, o empurrei com força, mas não me deixou escapar de seu agarro. — Caso queira saber, estou complemente desprotegido, vim em terreno inimigo sem nada. Se quiser pode me matar agora como eu disse que iria desejar, mas gostaria muito que não o fizesse — encostou nossas testas — porque para o aumento da sua ira, também me apaixonei por você, diaba.
Apertei os olhos.
Nunca pensei que ouvir aquilo, ainda mais dele, fosse me deixar tão descontrolada.
— Eu te odeio — falei.
— Existe uma linha muito tênue entre amor e ódio, e digo que isso aí é amor puro por mim.
— Estou falando sério... — inspirei e soltei o ar aos poucos, abrandando o coração que batia com solavancos fortes — te odeio mesmo.
— Sabe o que é ótimo nesses casos como também já ouvi falar? — sussurrou, colocando meus fios molhados pelas lágrimas atrás da orelha.
— O que?
— Sexo de reconciliação.
— Você é inacreditável — soltei um resmungo descrente e o fitei. — Acha mesmo que vou te deixar me levar pra cama? Bebeu vinho demais.
Seus lábios se curvaram para cima.
— Certeza absoluta — declarou esnobe. — Porque a verdade é que não pode viver sem mim, eu te avisei enquanto incorporava o meu chef interior.
— E te odeio um pouquinho mais.
— E te quero um pouquinho mais.
Rolei os olhos.
— Acho que se recorda o que disse uma vez sobre essas suas caras e bocas... — meneou sugestivamente.
— Caralho, Dylan — resmunguei. — Fica quieto, meu ódio não passou.
— Ora, então você pode me mandar calar a boca e eu não? Aliás, que boca suja, mamãe não ensinou que é feio meninas falarem palavrão? — cutucou.
Faltava pouquíssimo para me fazer perder a linha de vez.
— Dylan, vai se foder — bufando, suscitei pausadamente, a raiva fluía de mim como a muito tempo não acontecia.
— Certo, certo — riu o devasso. — Recado recebido. Só teve uma coisa que não entendi.
— Que seria...
— Pensei que fosse ficar mais puta pelo fato de que eu sou da máfia — uniu as sobrancelhas. — Mas errei por muito.
Se ele apenas soubesse a minha parte...
— Vai mesmo matar Nathan? — o questionei após conseguir recuperar o fôlego, se ele cogitasse aquilo, veria um lado meu que era a representação perfeita da diaba.
— Por que a curiosidade? Isso tudo é amor pelo chato que só me fode?
— Se fizer isso, nunca te perdoarei, e antes que possa dizer qualquer coisa, enfio uma bala bem no meio do seu cú.
— Teria coragem? — retrucou.
— Sabe que sim.
— Bem... — pigarreou — para a infelicidade de muita gente, inclusive do maldito do meu pai, tenho exatamente zero intenções de matar o purpurinado. O Nathan é um porre e uma bela aporrinhação, mas eu gosto do bastardo. Então por mim ele que viva sua vidinha chata e monótona com o esquisito do professor espanhol dele — deu de ombros. — Esse, aliás, que deve estar tirando o atraso do meu priminho enquanto você está aqui gritando comigo, o que é bem triste a meu ver. Os dois se comendo lá e nós aqui discutindo, precisamos aprender com eles.
— Mas... — retesei — você disse aqui?
— É — confirmou. — Parte do meu plano era trazer o latino pra cá, por isso também do meu desaparecimento. Deixei Miguel com Nathan e vim te ver.
— Hum... por acaso falou com Nina? — indaguei, ela havia sugerido algo que me soou estranho e aquilo se confirmou.
— Purpurinado, de novo. Ele ligou para sua amiga a meu pedido enquanto faziam sei lá o quê e ela revelou onde você morava.
Assenti.
— Me responda uma coisa — tomei fôlego e disse. — Pesquisou a minha vida?
Se sim, Natasha, Nina, Lara e todo o resto já seria de seu conhecimento.
— Não... espera, apenas uma vez, mas foi para descobrir o endereço do seu trabalho.
— E por que ficou só nisso?
Semicerrou os olhos.
— Um momento, queria que eu tivesse vasculhado quem você era só porque eu sou o que sou?
— Não, mas faria sentido — afirmei. — O estranho é não ter feito.
— E novamente foram duas coisas. A primeira, não queria parecer um maluco perseguidor, mesmo que tenham me dito que pegar o endereço por vias não convencionais já me transformava em um.
— E é verdade.
— Tá, tá... — me cortou — e a segunda, porque me disse que não precisávamos saber nada sobre o outro. Respeitei aquilo, não queria te trazer pro meu mundo, mas não consegui. A sua maldita sedução demoníaca foi fatal; e agora não apenas te joguei na minha podridão, como também quero que nunca mais saia dela, e vou parar no inferno por isso.
— Como eu quero te matar.
— Me mate e me faça seu súdito para a eternidade.
Beijou-me lentamente, o salgado do choro cingindo nossas bocas. Sua língua se enrolava com a minha e suspiros profundos me escapavam. Meus dedos criaram vida própria e tomaram posse de seus cabelos. Puxei alguns fios e Dylan gemeu, mas não me soltou, pelo contrário, me apertou mais, uma mão na nuca e a outra nas costas. Talvez o ódio não fosse aplacado, mas o meu desejo não diminuía.
Por que se apaixonar logo por ele?
— Então... — arfei ao nos afastar — não sabe nada sobre mim.
— Só que pode ser maluca às vezes — mordiscou o canto da minha boca. — E que tem uma bela voz para gritar, e que odeia o meu pai sem nunca tê-lo visto, que ama Nathan mais do que eu esperava, que é a professora mais letal que conheço, e principalmente, que é doidinha pelo americano aqui.
— Nunca disse doidinha... — arrisquei um sorriso.
— Mas é um pouco sim.
Belisquei seu mamilo, torcendo o piercing que tinha ali.
— Porra, isso dói — reclamou. — Kate...
Entoou temeroso quando viu que eu não parava.
— É sério, isso dói pra caralho.
— Que bom — arqueei as sobrancelhas.
Seu rosto ficou levemente vermelho e a respiração ofegante.
— Tudo o que fizer comigo eu devolverei do mesmo jeito, acabou de adicionar isso à lista de tapas na bunda que receberá — prometeu. — E não costumo pegar leve.
O soltei.
— Pensei que fosse continuar... — esfregou a pele sensível — tô doido pra fazer umas coisas muito sacanas com você.
Empurrei seus ombros.
Louco de pedra.
O encarando, suspirei e me dei me por vencida.
— Quer descobrir por que sou tão ruim quanto você?
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