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Capítulo 37


Sábado tem mais ❤
Fora do limbo estamos, obrigada pela paciência com a minha pessoa <3






KATE



A cidade era exatamente o que eu esperava.

Barulhenta, iluminada e te prendia a atenção, com os letreiros psicodélicos, os holofotes coloridos, os outdoors exagerados e com imagens de famosos, e claro, sem esquecer, as pessoas fantasiadas pelas ruas. De personagens de televisão, filmes, a cantores e celebridades, e outros que eu não fazia ideia. E por mais que aquela visão fosse o que eu conhecia de ouvir falar e de ver na televisão, ainda assim era diferente. Me ocupava de ver tudo sabendo que ao meu lado Dylan tinha o olhar bem atento sobre mim, na expectativa de não perder nenhuma reação minha.

De propósito, não dei o que queria.

E claro que ele sorriu.

Assim também foi inevitável o sentimento e o pensamento de: mais do que nunca, ali seria a minha casa. Eu estava ali, aceitei estar com ele, deixei que entrasse na minha vida e fizesse a bagunça que fez. O problema não era comigo, sabia me virar muito bem com qualquer coisa, a questão em si era a espertinha que estava muito mais animada do que eu. Encarei Natasha apenas para reafirmar o que já sabia, absolutamente encantada.

Pudera, na Rússia era gelo, frio e a imensidão fria.

Ali era quente, exagerado, diferente do que ela estava acostumada a ter.

Não me era difícil antever o que estar naquela cidade geraria nela.

E não contaria nem tão cedo que estávamos no país onde se comprar era mais fácil do que respirar, provavelmente.

Absorta por tudo o que via, comecei a estranhar quando nos afastamos demais do centro da cidade. A paisagem da metrópole foi sendo deixada para trás. Os prédios, hotéis e cassinos a se perder de vista passaram a ficar longínquos. As ruas passaram a serem menos movimentadas, assim como as construções. Casas com cercas brancas e jardins bem cuidados deram lugar à loucura. O típico subúrbio norte-americano que tanto ouvi falar agora estava cara a cara comigo. Encarei Dylan daquela vez, de olhos franzidos, silenciosamente querendo saber para onde estávamos indo.

Ele percebeu a minha dúvida, e como resposta, pegou na minha mão, entrelaçando seus dedos aos meus.

— Não devíamos ir para o hospital? — perguntei num sussurro.

— Temos? — respondeu, arqueando a sobrancelha — Não lembro disso não.

Rolei os olhos.

Sabia que ele adorava quando eu fazia aquilo, mas tinha coisas que Dylan dizia que se mostravam impossíveis de não serem respondidas daquele jeito. Mas o pior nem era aquilo, o pior era que eu aguardava em segredo o que ele faria como retaliação, até porque, foi bem enfático, várias vezes, ao dizer que eu pagaria por aquilo.

Eu realmente não era mais a mesma.

E o devasso era o culpado.

— A bailarina — indiquei Natasha com a cabeça. — Onde pretende levá-la se não para um?

— Para a nossa casa, onde mais seria?

— Como assim casa? Ela precisa de...

— Shh... — me silenciou, pondo o dedo indicador sobre a minha boca — eu disse que daria o melhor para ela. E esse sou eu fazendo o melhor. Sempre achei hospitais horríveis, por isso dei um jeito, com aval de quem estende do assunto, é claro, e acho que encontrei um jeito que seja menos traumático e confortável para todos. Quando chegarmos lá, vai entender do que estou falando.

— Dylan, não me diga que... — disse quando ele abaixou a mão.

— Espere e verás, russa. Vai descobrir o que o seu americano é capaz de fazer.

— Toda vez que disso isso eu fico preocupada.

— Não sei por que, alguma vez já te dei motivos para duvidar ou desconfiar de mim?

— Ainda não, e por isso da preocupação, sei bem o que essa sua cabeça é capaz de fazer. Quando as coisas estão boas demais é o prenúncio de que o caos está vindo. E por te conhecer, não descarto a possibilidade de um dia fazer uma merda tão grande que eu queira estourar os seus miolos.

A sua pausa demorada mais que o normal antes de responder era um péssimo sinal.

— O que você fez? — falei num tom nem tão amigável ao cruzar os braços.

Rindo, beijou o vinco em minha testa.

— Absolutamente nada, russa — e alguma coisa me dizia que sim, ele fez merda e eu o mataria por aquilo. — Vocês mulheres que maquinam e supõem o que não existe, e quando descobrem a verdade, ficam todas cheias de dedos porque suas loucuras não passaram de loucuras.

— Corrigindo, na maior parte das vezes, realmente estamos certas.

— Nem tanto — eu odiava o quanto eu gostava quando ele se fazia de cachorro safado —, nós homens que deixamos que pensem que estão certas, evita a fatiga e o stress de uma briga sem sentido e que não levará a lugar nenhum.

Grebanny ad — resmunguei baixo o suficiente para que Natasha não escutasse, até porque ela não hesitaria em imitar e sair tagarelando como se fosse um mero bom dia. — Continuo achando que serei obrigada a arrancar o seu couro.

Ele gargalhou.

— Vai ser um belo tapete de boas vindas pra quem for nos visitar. Aliás, se que saber, fico com um tesão do caralho quando você começa a xingar em russo, tenho vontade de ser mais filho da puta do que nunca só pra te fazer perder toda a sanidade. E por último, pode brigar comigo o quanto quiser, porque o sexo de reconciliação é sempre o mais foda de todos.

— Acaba de assinar a sua sentença de morte.

— Pega o seu tridente e vem me caçar, demônia.

Devasso filho da mãe.

— Deus sabe como espero esse dia.

— Não use o nome dele em vão. É blasfêmia.

— Como se fosse fazer diferença agora. Eu e você temos vaga cativa e reservada no calor infernal.

***

Só naquele momento que consegui ter um pouco da dimensão do quanto ele tinha dinheiro. De pé na frente da casa, com a boca levemente entreaberta e emudecida, me senti fora da zona de conforto. Não estava acostumada a ter nada daquilo. Minha realidade se diferia e muito. Diferia, Kate; a mente me lembrou antes que eu caísse na espiral do "isso é muita coisa". O passado deixou de existir. Aquele, o presente, me guardava o que não poderia imaginar. Saí de um apartamento pequeno de dois quartos mínimos, uma cozinha, sala e banheiro totalizando metros quadrados que nem mereciam ser mencionados para algo gigantesco.

E a segunda mudança me pegava de jeito.

Esperava que as seguintes não me deixassem tão sem chão e sem palavras. Balancei a cabeça na hora. Se havia algo que Dylan adorava fazer, era foder com o meu psicológico. E fato que ainda me deixaria sem ar.

— Impressão minha ou você está chocada, diaba?

Atrás de mim, sussurrou em meu ouvido com a voz debochada.

— Um pouco, confesso.

— Caralho, vivi pra ver isso acontecer — sua risada gostosa foi acompanhada de seus braços que me envolveram.

— Não achei graça.

— Mas eu sim — me apertou mais. — E te digo o seguinte, trate de se acostumar bem rápido, porque tudo isso aqui é seu. Pode fazer o que quiser, não entendo dessas porras mesmo, tô pouco me fodendo. Só tenta não ser aquelas mulheres obcecadas com paninhos e tapetes com a estampa de galinha ou de vaca. Deus me livre ir no banheiro e dar de cara com um bixo me encarando. Capaz que o meu pau caia duro e morto no chão, o que será um desastre para nós dois, sabemos muito bem que precisamos dele para viver mais do que o próprio oxigênio.

Eu ri.

— E se a estampa for de florzinha? — o olhei sobre os ombros — É fofo e uma lindeza. E quanto ao seu pau, eu tenho o meu vibrador bem guardado dentro da mala. Posso usar ele e não sentir falta de nada.

Vi a maquinação ocorrendo em sua mente e os planos pervertidos que nunca cessavam de serem criados.

— E desde quando a demônia assassina é fofa? Porque se for, puta que pariu, fui enganado direitinho. Já sobre o assunto vibrador, não sei se te contei, mas eu ele somos muito amigos. Quando menos esperar, ele estará dentro de você enquanto a boa e velha língua fará a minha querida amiga chorar, e se as minhas contas estiverem corretas, ela precisa de um carinho, e daqueles muito bem dados.

Mordendo a bochecha, tentei não transparecer o quão tentador aquilo era.

— E como eu poderia ter te enganado? — engoli a tensão goela abaixo, focando no que se mostrava provocar menor excitação, ou eu achava que sim — Nunca mostrei que era inocente, se me lembro bem. Pelo contrário, se eu fosse inocente, não teria feito o que fiz com você, americano.

— Garanto que me ajoelhar nunca foi tão bom — e lá estava o timbre rouco e olhar de quem não valia nada que me deixava agoniada, algo estranho acontecia com o meu corpo.

Tomara que fosse a TPM e a sua libido estratosférica.

— Agora, vem comigo. Quero te mostrar onde a nossa bailarina vai ficar.

Suas mãos prontamente me arrastaram. Assim que pus os pés na sala de estar, deixei escapar uma exclamação de surpresa, era muito mais do que eu podia imaginar ou querer. Enquanto ele me levava junto a si, me mostrando o que podia ser visto com um sorriso constante, eu não conseguia responder muita coisa além de acenos de cabeça e murmúrios estupefatos. A casa tinha corredores para se perder de vista. Os móveis eram poucos e a decoração não revelava muita coisa. Não havia fotos ou coisas do tipo. Apenas a mobília, uns poucos quadros pendurados nas paredes claras e luminárias modernas em pontos estratégicos. Ele não podia morar ali há muito tempo, a residência parecia desconhecer o que era ter pessoas morando dentro dela. E se morasse, devia ser apenas para dormir, porque dispor de tanto espaço sendo sozinho devia ser monótono, pensei. E então o pensamento me surgiu, e na mesma hora suspirei. Dylan não morava ali antes.

A casa surgiu por minha causa e de Natasha.

Ele parecia realmente entusiasmado, o que me contagiava.

Me peguei o olhando com um sorriso bobo, apenas o observando, uma vez que meus ouvidos não se focavam no que ele dizia.

Naquele momento eu soube que entregar meu coração a ele foi a decisão mais arriscada que tomei, mas também foi a melhor. Porque se eu já não o amasse antes, o que ele fazia por mim se encarregaria disso.

— E aqui — disse ele. — É onde a nossa Natasha vai ficar, pelo menos nessa noite.

Quando ele empurrou a porta branca, fui obrigada a engolir as lágrimas em decorrência do impacto. O quarto era digno de uma princesa que amava rosa, balé e Barbies. A decoração parecia ter sido feita seguindo o que Natasha gostava. Tudo era lindo. A cama, o lençol sobre o colchão com a silhueta de bailarinas, as pequenas estrelas no teto que, pelo que entendia, brilhariam quando as luzes se apagassem. Os desenhos pelas paredes, do guarda roupa a estante com vários bichinhos de pelúcia. Era o quarto perfeito para uma menina de seis anos como ela.

E lá estava, o cuidado o qual ele se referiu.

Tudo o que ela precisaria e usaria no hospital estava ali.

Sem tirar nem por.

— Dylan... — ofeguei, olhando em seus olhos, sentindo o coração apertar do jeito mais louco e maravilhoso — você... isso...

— Eu disse que faço tudo pelas minhas meninas.

Num impulso me joguei sobre ele.

O agarrei tão forte que por um segundo fiquei com medo de o machucar.

Ele me segurou de volta, e Deus, desejei nunca mais sair dali.

— Se soubesse que a deixaria tão doida por mim assim, teria feito isso antes — sussurrou em meu ouvido.

Numa mistura de riso e soluços, o beijei da melhor forma que conseguisse transmitir o que eu sentia por ele. E quando senti que foi insuficiente, descansei os braços sobre seus ombros e o fitei.

— Eu te amo mais do que achei que poderia um dia. Obrigada por cuidar de mim, obrigada por cuidar dela, obrigada por entrar na minha vida, tirar tudo do lugar e me deixar de ponta cabeça. Ninguém nunca se importou tanto e ninguém nunca fez tanto num espaço de tempo tão rápido. Talvez eu nunca consiga agradecer do jeito que merece, mas farei questão de que perceba o quanto eu sou grata por me fazer perceber que eu precisava de alguém como você.

— Não precisa me agradecer — sorrindo, deslizou o polegar sobre as lágrimas que escorriam. — Não faço questão, nada disso foi feito na intenção de conseguir algo em troca. Ela faz parte do seu todo, e se é preciso que ela esteja bem para que você também possa estar, então farei o possível. Só juntei um mais um, falei com a pessoa certa e pronto, família capeta reunida no mesmo teto sem a necessidade daquele ambiente estéril e com cheio de limpeza que gera ânsia. Mas, se ela precisar, o hospital mais próximo fica há literalmente cinco minutos daqui. Mas suponho que não iremos precisar correr até lá hoje, e para finalizar, na minha nada humilde certeza, quero que se lembre como é tê-la em casa novamente. Há quanto tempo desejava isso?

— Muito tempo...

— Que bom então que temos mais um problema resolvido — sua boca encostou na minha e suspirei, deixando que sua língua achasse caminho e encontrasse a minha. Minhas mãos em seu cabelo o mantinham perto, as suas, em contrapartida, não deixavam que eu me afastasse.

— Repete pra mim — pedi, com os lábios ainda tocando os seus.

— Qual parte?

De olhos fechados, sentia sua respiração calma se misturando com a minha.

— O minhas.

Dylan mordeu meu lábio inferior e o sugou bem devagar.

— Pensei que não gostasse da minha possessividade — foi irônico. — Na verdade, lembro até a entonação da sua voz quando afirmou que eu precisava trabalhá-la. Me diga, o que foi que mudou hein? — os dentes beliscaram a pontinha do meu queixo — Espera... — falou antes que pensasse em qualquer coisa — já sei a resposta, se apaixonou tanto pela minha boca suja, pelas minhas tatuagens, por todos os piercings, a devassidão, as loucuras incontroláveis, os dotes, de culinários até os mais sujos, e principalmente, pela minha cara de presidiário que se viu sem saída e foi obrigada a se render pro americano aqui.

— Cara de presidiário? — ri, mirando seu rosto — Quem em sã consciência sente atração por presidiários? Eu mesma já vi vários e nenhum chegou perto de ser parecido fisicamente com você.

— Isso porque sou o melhor de todos.

— Verdade — confirmei. — No bom e mal sentido da palavra.

— Kate, Kate.

— Eu... — disse baixo.

— Minhas, vocês duas são minhas. Minhas meninas.

A satisfação de ouvi-lo me preencheu.

E ele tinha razão. O recriminei e não muito depois estava quase implorando para que agisse daquele jeito. Com certeza, ele nasceu para foder com o meu psicológico.

— Acho melhor trazermos ela pra cá, russa. Ela precisa de uma cama de verdade e eu quero estar presente pra ouvir todos os gritos que vai soltar. Algo me diz que serão muitos.

Balancei a cabeça, sorrindo. Gritos não chegaria nem perto. Natasha herdou uma garganta potente capaz de produzir guinchos altos e agudos demais. De mim que não foi que aquilo saiu. Minha capacidade vocal não fazia cócegas a nenhuma cantora, mas a bailarina, ah, ela possuía cordas vocais fortes o bastante para quebrar vidros e copos com apenas um abrir de boca.

E eu acertei em cheio.

Tive que cobrir os ouvidos quando o primeiro grito escapou. Sendo sobreposto logo em seguida pelo segundo, terceiro, até que eu simplesmente perdi as contas. Podia tê-la repreendido, o que não seria novo. Natasha tinha uma grande inclinação para falar alto quando não se precisava. Mas naquelas circunstâncias eu não me importava com nada. Deixei que ela externasse o que sentia. O sorriso aberto e os olhos arregalados, maravilhados e curiosos, alternavam-se de um lugar a outro. Dylan gargalhava vendo que a nossa bailarina parecia ter sido recarregada com uma pilha de alta voltagem.

— Olha, mamãe — falou, apontando para o lado oposto do quarto. Segui sua indicação, me deparando com a coleção de bonecas da Disney que ela pediu e que Nathan a presenteou. — Elas são tão lindas!

Nem ao menos pude responder, logo ela desviou o foco, dando mais gritinhos eufóricos.

— O purpurinado acha o mesmo — sarcástico, ele disse.

— Há controvérsias sobre esse assunto — respondi movendo o mínimo os lábios, sem deixar de olhar para Natasha, que mesmo deitada, estava ao ponto de sair pulando. — Se o que sei estiver certo, esse apelido perdeu um pouco a utilidade.

— Nina te contou?

O olhei de soslaio.

— Infelizmente, não. Exigiu algo em troca que não pude fazer, mas... — inclinei-me em sua direção, encostando nossos braços — sei que aconteceu sim. O que é engraçado, apesar dela não ter aberto a boca e ter dado um pio, a realidade ficou estampada no rosto. Aqueles três aprontaram e muito, imagino que muito mais do que eu e você.

Seus olhos claros me encontraram. Se existia um modo de atingi-lo era aquele.

— Assim você fere o meu pobre ego.

— De pobre e inocente ele não tem nada, apenas um tamanho muito maior do que o convencional. Sendo assim, ele passa bem.

***

— Essas bailarinas são tão bonitas — seus dedos deslizavam pelo lençol, contornando as silhuetas ali presentes. — E as estrelinhas também — e olhou para o teto, dando uma risadinha. — E é tudo rosa, eu amo rosa.

— Com certeza — falei, transbordando devido à sua felicidade.

— E aquela ali, você viu mamãe? É a Bela, você viu que o vestido dela é igualzinho o do filme? E também tem a Cinderela, e os sapatinhos são de cristal mesmo, você viu? E também tem aquela lá — esticando o braço, indicou a prateleira ao lado. — É a Barbie bailarina, mamãe! E ela vem com um espelho e com uma barra, assim dá pra fazer como ela estivesse mesmo ensaiando, e também dá pra mexer os braços e as pernas, e...

— Ei, ei, calma.

Pus a mão sobre seu tronco, impedindo que se movesse demais.

— Respira entre uma coisa e outra, amor — ela riu, encolhendo os ombros, como se não tivesse feito nada demais. — Pode ser?

— Uhum — efusivamente, concordou.

O rostinho corado e com pequenas pitadas de gotas de suor, fruto de sua agitação, salpicavam sua têmpora branquinha.

— Muito bem, e sim, eu vi, todas elas, você gostou?

— Eu amei, mamãe — assentiu, virando a cabeça sobre o travesseiro, olhando para Dylan. — Foi o papai que fiz isso?

Respirando fundo, dobrando o corpo para me achegar ao seu, apertando a pontinha de seu nariz, fiz que sim.

— Foi o papai, bailarina.

O sorriso animado, mesmo começando a dar espaço para cansaço e o sono, não se abalava.

— Eu quero dizer uma coisa, mas ele não consegue me entender — por um instante pareceu triste, os olhinhos pequenos externavam a preocupação de não poder ser compreendida.

— O que quer dizer pra ele?

— Vem cá — me chamou.

Pus meu rosto colado ao seu, tendo o cuidado de não deixar nada se passar. Sua voz sussurrada era engraçada, ela falava baixo demais, num medo que ele descobrisse seu segredo antes da hora. E enquanto ela cochichava o que queria saber, eu me limitei a sorrir e acenar. Quando Natasha me olhou depois de terminar, tinha a expectativa reluzindo nas bilhas verdes. Cobrindo minha boca para que ele não visse, sussurrei de volta a tradução correta. Precisamos de umas quatro tentativas até que a frase fosse a mais nítida e entendível possível.

— Acha que consegue sozinha? — perguntei.

— Consigo sim.

Usei a mão para chamá-lo.

Dylan se aproximou, puxando a poltrona até o pé da cama, onde se sentou.

— E então, o que as espertinhas andam maquinando?

Natasha e eu nos entreolhamos.

— Ela quer falar com você.

Sua atenção e interesse foram imediatamente multiplicados. Unindo os dedos das mãos, inclinou-se na direção dela. A cara não era cínica ou envaidecida, mas com certeza não era pueril. Natasha, como resposta, mordeu a boca e apertou o lençol que cobria suas pernas.

— Sou todo ouvidos.

Ela me encarou, como que pedindo ajuda. Beijei sua testa para a tranquilizar.

— Pode dizer, amor.

Seu olhar se voltou para ele, mas Natasha hesitou. Uma coisa que ela fazia muito bem era pensar antes de qualquer coisa. Mesmo quando queria arrancar um brinquedo de mim ou de outros. A diferença não era na velocidade do pensamento, mas na coragem. Pra pedir? Uma pequena cara de pau. Para falar com o descoberto pai, a mais pura lentidão e medo.

— Pa... — a primeira parte da palavra foi sussurrada e esticada até o limite do seu fôlego aguentar. — Papai...

— Isso... — a incentivei.

— Papai, eu te amo.

O silêncio que seguiu fez ela me encarar com quase pânico.

— Eu falei errado, mamãe?

— Não... — toquei em seu rosto — foi certinho.

— Então por que ele não me respondeu?

Suspirei.

Não cheguei a olhá-lo, mas não foi preciso. Enrolava o máximo para deixá-lo se acostumar com a ideia.

— Ele passou muito tempo longe, aí precisa de um tempinho pra tudo voltar no lugar. Lembra daquele joguinho que a gente brincava que tinha que encaixar as peças?

— Lembro... elas machucavam o pé quando a gente pisava sem querer.

— Esses mesmos, então, assim como eles precisavam ser encaixados para poder fazer sentido, o papai também precisa encaixar umas pecinhas dentro dele pra se recordar. Vamos esperar um pouquinho e logo, logo ele vai responder, tudo bem?

— Tá bom.

Peguei sua mão e beijei sua palma quente. Os dedinhos brincaram em meu rosto, dedilhando as pontinhas em minha bochecha. Natasha amoleceu um pouquinho, menos preocupada, e a movimentação ao seu lado não me passou despercebida. Esperei quase nada, porque no momento seguinte ele a tinha entre os braços e os braços de Natasha o envolviam.

— Também te amo, bailarina.

Ele ergueu o olhar, buscando o meu, sorrindo de lado, perscrutando meu rosto.

Pela terceira vez, conseguiu me deixar de boca aberta.

***

Definitivamente um dedo feminino esteve presente ali, assim como no quarto de Natasha. Homens não se atentavam em tantos detalhes, e Dylan não era exceção à regra.

— E esse é o nosso pequeno ninho de foda, russa — ele disse ao bater a porta atrás de nós.

— Ninho de foda? — gargalhei — E desde quando as camas passaram a ter esse nome?

Virei, de braços cruzados, vendo-o se aproximar em sua pose orgulhosa.

— Desde agora, e como prezo pelos bons costumes, vide que não seguir as tradições pode trazem um mau agouro sobre nós, sugiro que a batizemos.

— Agora, você diz — arqueei as sobrancelhas.

— Exatamente.

— E quem disse que eu quero isso? — soei baixa e provocativa.

— E a partir de que momento você recusa?

Seus passos me empurravam para trás, um após o outro, meus pés seguindo o caminho até onde ele queria. Assim que meu corpo pousou sobre a cama, Dylan subiu em cima de mim. Seus olhos eram bem explícitos no que ele queria, assim como os lábios quentes, que ao encostarem-se a meu pescoço, morderam.

— Certo, normalmente não, mas tudo o que eu preciso é dormir — disse, sussurrando.

— Pra que dormir, russa? Acho perda de tempo.

Enquanto ele deixava mordidas e sugadas em minha pele, descendo até o ombro e clavícula, suas mãos esgueiravam-se por debaixo da minha blusa. Só pararam quando ele me livrou dela, me deixando apenas com o sutiã. Puxou as alças para baixo, assim como o bojo, fazendo-os saltar na altura da sua boca. Dylan levantou os olhos e me fitou, de propósito, aproximando sua boca do seio esquerdo.

— Falei sério, preciso dormir e de um banho. Não sei se sabe, mas estávamos do outro lado do planeta. Posso ser resistente pra muita coisa, mas tem horas que precisamos dar ao corpo o que ele quer.

— Sem problema, mas esse sou eu dando o que ele quer — devolveu, deslizando a ponta da língua úmida e macia sobre o bico, que para me contradizer, estava duro. — Ah, nada como a doce mãe russa.

Ri, jogando a cabeça para trás.

— Dylan, para... — pedi.

— Shhhhh... deixa eu ser feliz.

O movimento para cima e para baixo de sua língua foi mais intenso, e fui obrigada a sorver o ar mais devagar quando os lábios quentes passaram a me chupar. Um gemido advindo da garganta o fez sugar com mais força. Arquejei, engolindo a saliva e entrelaçando meus dedos em seu cabelo.

— Banho... — suspirei — não estou mentindo.

— Muito menos eu — baforou no vão entre os seios, para em seguida abocanhar o outro.

O xinguei muito, seus dentes não eram tão delicados assim.

— O desodorante está vencendo.

— Gosto de mulheres ao natural — replicou, arrastando a boca até o meu umbigo.

Me arrepiei até o dedinho mindinho.

E apesar de ser loucura, só eu sabia o quanto precisava ver a água.

Aproveitei que deixou meus braços desguardados e o empurrei de lado, me sentando sobre a cama.

Ele bufou, gesticulando a cabeça em negação, me puxando pelas pernas para seu colo.

— Você é a única mulher que recusa uma trepada comigo, isso é simplesmente de explodir com o meu cú.

— Acho que estou sendo a responsável por muitas das suas primeiras vezes, né? — passei a língua em sua mandíbula, e não tardou para que eu sentisse sua ereção debaixo de mim — Agora é a vez do meu ego ficar inflado.

— Demônia, acabou de me espetar.

— Que bom — sorri contra a sua boca. — Era a intenção mesmo.

— Vai mesmo dizer não pra mim? Isso é ofensivo.

— Não estou dizendo não pra você, estou dizendo não pra mim mesma. Não serei a melhor coisa essa noite, minhas energias estão zeradas e meus olhos pesam, preciso mesmo dormir.

— Eu posso tomar a frente da foda, diaba.

As mãos na minha bunda a apertavam com força.

— Sei bem, mas me recuso a ser um peso morto. Se é pra fazer o inferno estremecer, quero estar muito bem disposta — mordi a pontinha da sua orelha e Dylan soltou um rosnado, movendo o quadril e gerando reações enormes no meio da minhas pernas que emitiu um pulso forte. Calma aí, querido.

— Vou exigir que cumpra a sua palavra — o hálito quente escovou minha pele. — Durante toda a noite.

— Pode colocar isso aí no plural — suscitei diabolicamente. — Tenho umas coisinhas na mala que precisam da sua ajuda. Provável que uma noite só seja mais do que insuficiente.

Dylan me encarou, umedecendo a boca.

— Se é assim, posso esperar. Mas o que eu vou fazer com o caso sério de pau duro e bolas roxas que você me deixou?

— Pode usar a mão, americano.

— Me recuso a gastar a porra que poderia estar fazendo os nossos filhos com a minha mão, é um ultraje.

Gargalhei.

— Quer filhos comigo?

Ele nos ergueu, indo em direção ao banheiro.

— Claro, consegue imaginar uma mistura nossa? Uma versão devassa demoníaca vai ser do caralho.

— É uma possibilidade — concordei enquanto nos colocava debaixo do chuveiro.

— Kate, já que não teremos foda hoje, libera pelo menos a mão boba?

Puxei os lábios com os dentes, pensando na proposta.

— Sem ultrapassar os limites.

Ergueu as mãos como se rendesse.

— Se você aguentar a pressão e não pedir pelo contrário...

***

— Só pode estar de sacanagem com a minha cara, isso é o que veste pra dormir? — reclamou, se focando no pijama que eu vestia.

— Não vai me dizer que é daqueles que reclama do que a sua mulher veste?

Pus as mãos na cintura, com uma pontada de descrença na voz.

— Claro que não, mas se por acaso acordar de madrugada com a minha cara entre as suas pernas enquanto eu te chupo, não me culpe. Você claramente está me tentando, e isso é pecado.

Subi na cama, me colocando sob os lençóis e deitando a cabeça no travesseiro.

— Até que não é uma péssima maneira de ser acordada — me aninhando ao seu corpo, inspirei em seu pescoço. Dylan tinha um cheiro de sabonete misturado com um toque especial que vinha naturalmente dele. Era bom demais. — Sinta-se à vontade.

— Mas que bela filha da puta.

— Aham... — bocejei — também sou conhecida por isso, apesar de ter um preferido.

Ele riu.

— Diaba.

— Uhm — resmunguei, quase adormecendo, por ter o cabelo afagado.

— Talvez eu tenha cruzado os dedos e mentido sobre o esperar.

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