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Capítulo VIII

Acordei com o som do meu despertador, como de costume. Fiz toda a minha rotina matinal, vesti uma saia lápis branca, uma blusa regata de seda na cor preta, escolhi um salto preto e desci as escadas. 

— Bom dia, Celeste! - disse enquanto pegava uma maçã.

— Bom dia, Aksa. Dormiu bem?

— Na medida do possível. - sorrimos juntas e eu me encostei na pia - Celeste, posso te fazer uma pergunta?

— Claro. - me olhou rapidamente.

— Você sabe o que aconteceu com o Rodrigo? - ela me lançou um olhar de dúvida - Ele tem sido grosso comigo nesses últimos dias, sendo que nós estávamos conversando numa boa.

Já faz uma semana que eu estou morando nessa casa, mas depois de uns dois dias que eu me mudei, o Rodrigo começou a ser grosso comigo sem motivo aparente. Não comentei nada com ele, mas aquilo já estava me incomodando!

— O senhor Rodrigo tem essas fases, Aksa. - ela disse sem tirar os olhos das louças - As vezes ele está estressado por causa do trabalho, aí ele dá esses surtos de grosseria.

— Espero que isso não dure muito tempo. Não sei lidar muito bem com surtos ou mudanças repentinas de humor!

— A personalidade do senhor Rodrigo é meio complicada, mas, não foi sempre assim. - ela pareceu um pouco perdida em suas lembranças - O passado e a família dele são dois assuntos um tanto quanto problemáticos; ele ainda tem cicatrizes abertas e usa a grosseria como forma de escond...

— Tive que voltar para pegar uns papéis e passei para avisar que eu não vou jantar em casa hoje, Celeste! - a voz grossa de Rodrigo ecoou pela cozinha me assustando um pouco.

Por estar com os braços cruzados e uma expressão não muito boa, tenho certeza que Rodrigo já estava parado ali há algum tempo.

— Tudo bem, senhor Rodrigo! - Celeste disse se virando para ele.

— Bom dia, Aksa! - ele disse ainda com a voz grossa. 

— Bom dia. - respondi e me desencostei  da pia - Eu preciso ir!

— Você vai almoçar em casa, Aksa? - Celeste me perguntou.

— Vou sim! - sorri e passei por Rodrigo, que ainda tinha uma expressão não muito amigável.

Fui para a Empresa, pensando no que a Celeste havia falado.

  O que será que Rodrigo esconde em seu passado?

  Terminei de arrumar o que eu precisava por volta de 12:15, estava pronto para voltar à delegacia quando escutei o barulho do Audi da Aksa sendo estacionado na garagem.

Merda!

Coloquei meu óculos de sol e desci as escadas em um ritmo rápido, torcendo para que ela não notasse e nem comentasse nada.

Ela passou por mim com um sorriso, mas não retribui. Peguei minhas chaves em cima do rack e abri a porta da sala, mas antes de sair, escutei sua voz.

— Cadê a Celeste? - parei ainda de costas e respirei fundo.

— Ela não trabalha mais aqui! - respondi secamente quando me virei.

— Demitiu ela? - sua expressão mudou de um jeito drástico - Me responde.

— Isso importa para você? - ela veio andando em minha direção, enquanto eu colocava as mãos no bolso.

— É claro que importa! - ela estava nitidamente estressada, mas não levantou a voz - Demitiu ela pelo que ela me disse na cozinha? Sobre o seu passado?

— Não preciso te dar satisfações sobre quem eu contrato ou demito! - me virei novamente para sair.

— Isso é injusto e completamente ridículo. - revirei os olhos - A Celeste precisa desse emprego Rodrigo, ela tem que sustentar a casa e ainda ajuda a cuidar do neto!

— Ela deveria ter pensado nisso antes de falar demais!

— Você está se ouvindo? - ela deu alguns passos em minha direção - Fui eu que perguntei sobre aquele assunto!

— E ela respondeu! - meu tom saiu mais agressivo do que eu queria, mas ela não se intimidou.

— Mas, ela só estava sendo educada!

— Ela é paga para cuidar da minha casa, não para falar da minha vida! - me aproximei dela.

— Você é mais imbecil do que eu imaginei! - sorriu sarcástica.

— O que você falou? - me aproximei novamente.

— Eu disse que você é ainda mais imbecil do que eu imaginava! - ela usou um tom um pouco mais alto dessa vez.

— É melhor você tomar cuidado com o que você fala, ou eu...

— OU O QUÊ? - seu rosto ficou a centímetros do meu.

Não vi ela se aproximar, foi muito rápido, só percebi seus olhos próximos dos meus me fitando com ódio. 

— Acredite delegado, depois de tudo que passei, nada do que o senhor fizer comigo vai me machucar. - consegui ver uma mistura de raiva e dor em seus olhos.

Por causa da distância mínima entre nós dois, analisei cada milímetro de sua boca em poucos segundos. Tive vontade de realizar o desejo que se instalou em mim desde a primeira vez que a vi, e ver seu peito subindo e descendo devido a respiração pesada não ajudou em nada.

A forma que ela me enfrentou e me encarou com firmeza, de um jeito que ninguém nunca havia feito, quase me fez cair de joelhos em seus pés. Minha boca salivou em um pedido desesperado pela dela, minhas mãos só queriam arrancar toda roupa daquele corpo.

Pisquei algumas vezes e me afastei um pouco.

Sua postura ainda era firme, mostrando que estava decidida a continuar aquela discussão, mas eu não. Precisava sair dali antes que fizesse alguma besteira.

— Essa casa é minha e quanto antes você entender que quem manda nessa porra sou eu, mais rápido vai se adaptar com a minha presença! - disse com a voz firme ainda encarando-a, depois peguei minhas chaves e saí sem lhe dar tempo de resposta.

Entrei no carro e passei as mãos pelos cabelos pensando na merda que eu estava prestes a fazer.

Como a Aksa conseguiu me tirar do controle sem fazer absolutamente nada?

Liguei o carro e saí, precisava ficar longe dela.

Não consegui me concentrar em nada durante aquele dia, tudo que vinha na minha mente era o corpo dela.

As horas passaram e quando estava perto do meu turno acabar, acabei lembrando novamente da Aksa. Minha mente se perdeu ao visualizar a imagem daquela mulher. Aqueles olhos, aquela postura intimidadora, aquela bunda marcada na saia, aquela bendita boca que parecia ter sido desenhada a mão, seus seios subindo e descendo, sua respiração pesada ... Quando dei por mim, já estava imaginando 1001 formas de fazê-la ficar ofegante em minhas mãos.

— Licença, senhor. Posso entrar? - saí dos meus pensamentos ao escutar a voz da Tenente Eloísa.

— Pode! - disse depois de limpar a garganta.

— Deixei o meu relatório junto com o dos outros policiais porque ele ainda precisava ser revisado.

— Tá, tudo bem. - ela ia se virando para sair da minha sala - Seu turno termina agora Tenente?

— Sim. Na verdade, ele acabou a 15 minutos atrás! - me encarou - Por que a pergunta?

— Quer ir para a minha casa? - olhei-a dos pés à cabeça porque sabia que ela gostava disso.

— A-agora? - gaguejou ao perguntar.

— Sim. - me levantei e coloquei as mãos no bolso - Vamos?

— T-tá. - gaguejou novamente - Só vou trocar de roupa! 

— Me encontra no estacionamento daqui 10 minutos. - disse e ela deixou a sala com um sorriso malicioso.

No fundo eu sabia que era errado o que eu estava fazendo, usar a Eloísa para aliviar o tesão que eu estava sentindo pela Aksa, mas eu não tinha outra escolha. Além disso, a Eloísa não precisa saber o verdadeiro motivo do meu convite inesperado para ela ir lá para casa.

Arrumei minhas coisas e saí. Ao chegar no estacionamento, vi a Eloísa esperando perto do meu carro. Abri a porta e ela entrou!

Eu estava tão desesperado que nem esperei chegarmos no quarto, joguei minhas chaves em qualquer lugar, entrelacei suas pernas em minha cintura e beijei-a com vontade. 

— Nossa. - ela disse ofegante enquanto eu descia as mordidas pelo seu pescoço - Isso tudo é saudade? - sorriu.

— Deixa essas perguntas para depois! - sussurrei em seu ouvido e senti-a arrepiar.

Aquela transa foi uma das melhores que já tive, não por causa da Eloísa, mas porque fazia anos que eu não me sentia tão excitado daquela forma.

Só gozei depois do terceiro orgasmo dela, esperei a mesma dormir para olhar no relógio, já era 01:25 da manhã e eu ainda não estava com sono. Levantei com cuidado para não acordá-la, vesti a cueca e uma calça moletom.

Desci as escadas e vi as luzes acesas, mas não liguei. Cheguei na cozinha e me assustei ao ver a Aksa escorada no balcão, de costas para a porta, segurando um copo de água, e vestindo um pijama que me fez engolir seco. O short era de cetim dourado, a "blusa" era curta (chegava até um pouco abaixo dos seios) de renda branca, com um decote V na frente.

Fiquei paralisado igual um idiota olhando aquela obra de arte à minha frente, até sentir um formigamento no meio das pernas.

Não acredito que fiquei duro só de ver ela vestindo um short curto e uma blusa decotada.

Revirei os olhos, coloquei a mão na frente para tentar esconder meu problema, e me virei para sair da cozinha sem que ela percebesse.

— Não está esquecendo nada? - perguntou antes que eu pudesse dar o primeiro passo.

— O que? - me virei novamente.

— Você veio até aqui por algum motivo, e está indo embora sem pegar nada. Imagino que deve estar esquecendo alguma coisa.

— Para falar a verdade, nem lembro o que vim pegar! - andei para o outro lado no balcão, ainda tentando esconder minha ereção totalmente involuntária.

Quando parei em sua frente, ainda com o copo nos lábios, ela tirou os olhos dos meus e desceu-os até a barra da minha cueca, depois voltou a me encarar com um sorriso que quase me fez perder o controle.

— Não precisa tentar esconder, eu já vi seu nível de animação. - ela riu de leve e eu olhei para baixo.

— Ahh... Me desculpa por isso, sério mesmo. - senti meu rosto queimar.

— Tá tudo bem. Você acabou de transar, seria estranho se você não estivesse assim!

— Você ouviu? - ela sacudiu a cabeça positivamente - Nossa, me desculpa, eu tinha me esquecido que ela é meio escandalosa.

Ela jogou a cabeça para trás e soltou outra risada, eu acabei rindo junto de puro nervoso.

— Não precisa se preocupar comigo, eu já estava acordada! - disse com um sorriso - Além disso, se ela está fazendo tanto barulho, significa que você tá no caminho certo!

— É, pois é. - sorri por ela ter encarado numa boa.

— Posso te fazer uma pergunta? - assenti - O barulho estava vindo do lado direito do corredor, mas, seu quarto fica no lado esquerdo. Por quê?

— Não é qualquer uma que deita na minha cama, por isso levei ela para o outro quarto de hóspedes. - ela fez um sinal de compreensão com as sobrancelhas.

— Me desculpa pelo que aconteceu hoje mais cedo, não devia ter me intrometido na sua vida pessoal e nem falado com você daquela forma! - disse depois de algum tempo em silêncio.

— Esquece isso. - ela me olhou - Eu também fui muito grosso contigo sem necessidade. Vamos só deixar isso para trás, pode ser?

— Tá. - ela desencostou do balcão - Acho que eu já vou para o meu quarto porque o sono bateu. Boa noite delegado!

—Boa noite! - sorrimos.

Depois que a Aksa saiu, eu fui em direção ao quarto que Eloísa estava e a acordei para fazermos mais uma vez. Eu ainda estava muito "animado" e não ia ficar daquele jeito, mas depois do 2°round finalmente o sono veio e eu dormi como uma pedra.

Acordei às 7:00, meu despertador não tocou. Dei um pulo da cama e acabei despertando a Eloísa também.

— Que isso, Rodrigo? - ela disse passando a mão nos olhos.

— Veste a roupa, estamos atrasados! - coloquei minha cueca e fui em direção ao meu quarto.

Tomei um banho hiper rápido só para afastar o sono, saí do banheiro com a toalha enrolada na cintura e senti meu sangue fervilhar ao ver a Eloísa deitada na minha cama.

— Demorou, em?! - ela sorriu.

— Sai da minha cama agora! - fui até meu closet - O que você tá fazendo aqui?

— Eu vim atrás de você! - ela se sentou.

— Se ontem eu te levei para o quarto de hóspedes, significa que eu tenho motivos para não te querer dentro do meu quarto. - falei secamente enquanto vestia a calça - E eu vou te pedir pela última vez: sai da minha cama!

Ela se levantou e veio em minha direção.

— Ontem usou e abusou de mim, agora vem falar comigo todo grosseiro desse jeito? - revirei os olhos - Estou cansada de ser tratada como um objeto Rodrigo! Eu tenho sentimentos, sabia?!

— Eu queria transar e você também, viemos para a minha casa e eu te dei o prazer que você tanto gosta, mas, só isso. - me levantei e a encarei - Eu nunca prometi colocar uma aliança no seu dedo, Tenente!

— Você é um escroto! - consegui ver seus olhos marejados.

— Você não é a primeira que me diz isso! - vesti a camiseta e peguei o distintivo - Eu vou sair daqui 10 minutos, se quiser carona, me encontra na garagem.

Ela saiu do meu quarto e foi em direção ao quarto de hóspedes para se vestir. Peguei meu celular, tranquei a porta do meu quarto, desci as escadas e fui procurar minhas chaves que estavam embaixo do sofá.

Assim que Eloísa saiu, tranquei a casa e liguei o alarme. Fiquei incomodado ao ver ela bater a porta do meu carro com tanta agressividade, mas não disse nada, já que ela tinha razão de estar brava.

Eu realmente tinha sido muito grosso com ela, mas, falei a verdade. Nunca coloquei esperanças nela quando se tratava de um relacionamento sério, ao contrário, sempre deixei claro que só queria sexo!

Fomos para a delegacia, mas não entramos juntos.

Tudo estava correndo bem, hoje é sexta-feira, último dia da semana, eu estava focado no meu trabalho e estava tendo resultados positivos por isso. Por volta das 17:30 escutei meu celular tocar e atendi sem olhar quem estava me ligando.

— Alô. - disse enquanto digitava algumas coisas no computador.

— Depois de meses sem ouvir minha voz, é assim que você atende minha ligação, Rodrigo? - sua voz parecia um pouco alterada.

Olhei para frente e fiquei alguns segundos em choque, não acreditei que era ele que estava mesmo me ligando.

— Ah... - passei a mão pelos cabelos em puro gesto de desespero - Oi pai.

— Esperei outra forma de recepção vinda de você.

Meu coração acelerou.

— D-desculpa. - gaguejei - É que eu estava muito concentrado em uns documentos aqui!

— Gaguejando, Rodrigo?

— O senhor precisa de alguma coisa, pai? - tentei parecer mais firme ao mudar o assunto.

— Vi que você está envolvido no caso da Aksa Fernández. - respirei fundo tentando controlar os batimentos - Até acho interessante você ajudar na investigação, mas levá-la para a sua casa?

— Só levei-a lá para casa para mantê-la segura! - expliquei antes que ele imaginasse algo.

— Espero que seja só isso mesmo. Você sabe o que eu acho desse tipo de pessoa, não sabe? - perguntou diretamente.

— Sei. - abaixei o olhar.

— Só liguei para avisar que não vou colocar os pés na sua casa enquanto ela estiver lá. Entendeu?

— Vai ser por pouco tempo, pai. Eu prometo! - fechei os olhos, já me arrependendo do que havia acabado de dizer.

Por ser uma pessoa, eu deveria ter rebatido o comentário do meu pai quando ele se referiu à cor da Aksa, e por ser um delegado, eu não deveria aceitar que esse tipo de ofensa fosse direcionada a alguém, mas eu nunca consegui ir contra ele!

— Assim espero. - ele deu uma pausa - Preciso desligar, mas lembre-se do que eu te falei. Não me decepcione, Rodrigo!

— Ta.

Desliguei a chamada com o coração quase saindo pela boca, meus batimentos estavam acelerados demais. Respirei fundo tentando achar o ar que faltava em meus pulmões.

O dia que eu mais temia havia chegado, meu pai descobriu que coloquei uma mulher negra para morar embaixo do mesmo teto que eu. Me preparei com antecedência para responder suas críticas, mas travei (como sempre).

Em poucos minutos, meu pai tirou toda a paz que consegui nestes últimos dias. Era sempre assim, bastava uma reprovação dele e eu me sentia a pessoa mais insignificante do mundo.

Sabia que não ia conseguir me concentrar em mais nada, por isso pedi para trocar de turno com o outro delegado. Eu tinha que ficar sozinho!

Cheguei em casa e fui para a cozinha. Enquanto bebia um copo d'água, pensei em como meu pai ficaria ao saber que eu estava olhando com outros olhos para a mulher que eu "apenas manteria segura".

A Aksa mexe demais comigo, mesmo sem ter noção disso. Não estou apaixonado, e nem posso, mas ela tem o poder de aflorar os sentimentos que a tempos eu não sentia tão intensamente. Arrependimento, felicidade, vontade de proteger, dó, medo, MUITO tesão, raiva e até um pouco de ciúmes!

Meu Deus, Rodrigo, o que você está arrumando? - passei a mão pelo cabelo e segurei os fios com força.

Antes que eu pudesse impedir, senti minha respiração falhar ao pensar na possibilidade de estar apaixonado por ela. Minhas mãos começaram a tremer e formigar, o coração acelerou de novo, a respiração falhou ainda mais; em questão de segundos, minhas pernas não conseguiam mais sustentar meu corpo e tive que sentar no chão.

Só isso que faltava para fuder com tudo.


 
Olhei no relógio e já eram 18:00, desliguei o computador, peguei alguns papéis, minha bolsa e saí da minha sala. Desci até o estacionamento acompanhada pelo Noah, e depois de me despedir dele, entrei no meu carro.

Achei estranho não ver o carro de Rodrigo na porta da empresa.

Assim que me mudei para a casa dele, combinamos o seguinte: todos os dias ele iria me acompanhar até a empresa, depois iria para a delegacia, e quando o turno acabasse, ele passaria na Mt' para irmos até a casa dele juntos, mas se houvesse algum imprevisto, ele mandaria algum outro policial para me acompanhar.

Esperei alguns minutos para ver se alguém iria aparecer, mas, não aconteceu nada. Como não havia nenhuma ligação ou mensagem dele, decidi ir embora sozinha.

Quando cheguei, me deparei com o Mustang do Rodrigo estacionado na garagem, mas sem nenhuma movimentação nos cômodos da casa. Chamei seu nome algumas vezes, mas não obtive respostas.

Fui até a cozinha e não vi ninguém, mas ao me virar para sair, escutei o som de alguém que parecia estar sem ar.  Dei alguns passos e me deparei com Rodrigo sentado no chão, com as mãos agarrando os cabelos com força.

Pelo tremor das mãos e a tosse, ele estava tendo uma crise.

Me ajoelhei em sua frente rapidamente e tentei impedir que ele puxasse ainda mais os fios de cabelo, que pareciam estar prestes a ceder.

— Rodrigo respira, você precisa respirar! - eu disse e ele abaixou a cabeça, como se quisesse se esconder - Ei, olha para mim, por favor.

Com calma, segurei em suas mãos e fiquei entre suas pernas. Demorou alguns segundos para ele me encarar, mas consegui convencê-lo de que podia confiar em mim.

— Eu costumo ficar embaixo do chuveiro para a minha respiração voltar ao normal. Pode dar certo contigo! - ele me encarou - Você confia em mim?

Como ainda não conseguia falar, ele apenas assentiu com a cabeça. Ajudei-o a se levantar, passei um de seus braços em meu pescoço e fomos caminhando lentamente até o quarto dele.

— Posso tirar a carteira e celular do seu bolso? - perguntei meio receosa e ele assentiu.

Depois de ajudá-lo a tirar o coturno, fomos até o banheiro, então tirei minha camisa social e os saltos, fiquei apenas com a regata que estava por baixo e a saia cinza. Deixei-o sentado em cima do vaso enquanto ligava o chuveiro.

Mesmo com a camiseta e a calça, Rodrigo sentiu o choque da água fria em sua pele, o que me fez sorrir de leve.

— Coloca as duas mãos na parede e deixa a água fazer o resto, tá? - fiz menção de sair do box e ele segurou minha mão - Quer que eu fique? - perguntei e ele assentiu.

Comecei a passar minha mão por suas costas enquanto ele olhava para o chão, e em um gesto rápido, Rodrigo tirou a camiseta.

Meu foco desapareceu ao ver aquela barriga definida e aquele peitoral novamente. A água que saía de seu pescoço, passava por seu colar prata e descia até às entradas de seu abdômen, o deixava parecido com uma miragem de tão perfeito.

Saí do meu transe ao perceber que estava engolindo seco, mas por sorte ele não havia percebido, com certeza ele ainda estava abalado.

Presta atenção Aksa, o homem acabou de ter uma crise e você aí, imaginando coisa errada!

Ao encarar o rosto de Rodrigo, percebi que ele estava segurando a emoção. Ele não queria chorar na minha frente, mas queria que ficasse ao seu lado.

Abracei-o por trás de um jeito carinhoso e reconfortante ao mesmo tempo, sem me importar com a água que caía em suas costas. Senti uma de suas mãos por cima dos meus braços, e não demorou muito para que ele começasse a chorar.

Seu choro era uma mistura de desespero e tristeza, como se quisesse procurar uma solução para algo que não tinha esperanças. Eu conhecia aquele sentimento, era desse jeito que eu me sentia quando ainda morava com Leandro!

Em alguns momentos fiquei pensando o que poderia ter deixado o Rodrigo tão abalado, mas rapidamente voltava minha atenção para ele.

Acho que ficamos cerca de uma hora naquela posição, mas não o soltei em nenhum momento, e ele também não tirou a mão dos meus braços. Eu não iria a lugar algum!

Quando ele parou de chorar, soltei-o e voltei a encará-lo.

— Você pode pegar aquela toalha para mim? - disse enquanto desligava o chuveiro.

Saí do box e fiz o que ele pediu, mas quando entreguei a toalha em suas mãos, ele colocou-a sobre meus ombros, depois pegou outra que estava no armário embaixo da pia.

Saímos do banheiro ainda vestidos, e fui em direção à porta do quarto.

— Você pode ficar? - perguntou e me virei novamente - Por favor.

— Claro! - dei alguns passos em sua direção - Você tem uma calça para me emprestar?

— Calça? Não era para ser uma camisa? - sorrimos de leve.

— Não sou muito fã de clichês! - ainda sorrindo, ele assentiu com a cabeça e foi até o closet.

— Aqui, acho que essa vai servir. - me entregou uma calça moletom cinza - Tem como ajustar a cintura dela, se você quiser!

— Okay, obrigada. - sorri e fui para o banheiro me trocar.

Por meu quadril ser largo, não precisei ajustar muito. Tirei a regata e fiquei apenas com o top tomara que caia preto que estava abaixo dela, - por sorte ele não tinha ficado encharcado - fiz um coque no cabelo e saí.

Encontrei Rodrigo sentado na cama,  vestindo uma bermuda moletom preta, mexendo no celular e usando a toalha que estava em seu ombro para secar o cabelo. Quando me viu, ele me encarou e se levantou da cama.

— Você se importa, se eu dormir sem camisa? - balancei a cabeça negativamente - Tem certeza? Não quero que se sinta desconfortável.

— Está tudo bem, Rodrigo. Não se preocupe!

Ele pegou um cobertor de casal dentro do armário e estendeu sobre a cama, depois fez um sinal com a mão para eu me aproximar. Deitamos ao mesmo tempo, e fiquei olhando para o teto durante alguns segundos, até ele interromper o silêncio:

— Eu não quero me aproveitar da sua boa vontade, mas eu posso ficar mais perto de você? - assenti.

Assim que se aproximou, ele colocou a cabeça em meu peito e passou o braço sobre a minha barriga, como se procurasse conforto. Me assustei um pouco com o gesto no início, mas depois me acostumei.

Usei uma das mãos para fazer carinho em seu cabelo, e segurei sua mão com a outra, não demorou para eu sentir suas lágrimas descendo novamente, dessa vez silenciosas.

— Pode chorar, eu não vou te julgar. Só quero que você fique bem! - disse em um volume baixo e escutei alguns soluços vindos dele - Obrigada por confiar em mim!

Eu realmente estava sendo sincera. Mesmo não conhecendo o Rodrigo há muito tempo, imagino que ele não seja o tipo de pessoa que demonstra sentimentos por causa do cargo que ocupa dentro da delegacia. O Dante também era assim, depois que se tornou policial, ele se sentiu na obrigação de comprimir seus sentimentos ao máximo por não poder demonstrar fraqueza. Fiquei feliz por Rodrigo ter confiado em mim daquela forma, por ter se sentido seguro o bastante comigo a ponto de chorar na minha frente!

Ele não soltou minha mão em nenhum momento, e eu só consegui dormir depois de ver que ele havia pegado no sono de verdade!  

  Acordei com a luminosidade do quarto, já que havia esquecido de fechar as cortinas. Assim que abri os olhos, pensei que estava sonhando.

A Aksa estava deitada ao meu lado, mais precisamente, virada de frente para mim, sua mão segurava a minha como se não quisesse soltá-la. Passei o polegar sobre o dorso de sua mão, sem soltá-la, e comecei a admirar cada centímetro de seu rosto atentamente.

Mesmo dormindo ela ainda estava linda. Com certeza ela devia estar bem cansada já que, quando dormi, ela ainda estava acordada.

Estranhamente, não me fiquei incomodado por ela estar deitada na minha cama, pelo contrário, senti que não queria que ela saísse daqui tão cedo.

Quando percebi que estava sorrindo de canto de boca ao encarar seu rosto, pisquei algumas vezes para voltar à realidade.

Não Rodrigo, você não pode se apaixonar!

Soltei sua mão delicadamente e vi meu celular vibrar em cima da mesinha por causa de uma ligação, levantei calmamente para não acordá-la, peguei o aparelho e me afastei um pouco da cama.

— Alô. - disse em voz baixa, enquanto fechava as cortinas.

— Tava dormindo até agora?

— Dante? - esfreguei os olhos - Aconteceu alguma coisa? - bocejei - Faz semanas que você não me liga!

— Combinei de buscar a Aksa hoje para a gente ir na casa do meu pai, só que eu não tenho permissão para entrar no condomínio, então tentei ligar no celular dela para ela liberar a minha entrada, mas ela não atende! - sorri olhando para minha cama.

— Ela ainda não acordou, eu acho. - passei a mão pelos cabelos - Passa o celular para o porteiro, eu libero pra você!

Depois de fazer o que tinha dito, desliguei a chamada e me aproximei da Aksa para acordá-la, mas perdi a coragem ao ver que ela estava em um sono pesado, provavelmente por ter ido dormir tão tarde pela preocupação comigo.

Fui até o banheiro para escovar os dentes e lavar o rosto, depois saí do quarto deixando-a sozinha.

Assim que desci as escadas escutei o interfone tocar e fui abrir o portão, o Dante me deu um abraço rápido e perguntou como eu estava, como a vida de Delegado Federal estava indo e etc. 

— Onde fica o quarto da Aksa? - perguntou assim que entramos na sala.

— Lá em cima, segunda porta à esquerda. - ele começou a ir em direção às escadas, mas interrompi - Mas, ela não tá no quarto dela, Dante!

— Você não disse que ela ainda estava dormindo? - assenti - Então, onde ela tá?

— No meu quarto! - respondi um pouco receoso.

Minhas palavras tiveram um efeito drástico em Dante, sua feição mudou em questão de segundos.

— O que ela tá fazendo no seu quarto, Rodrigo? - disse com o cenho franzido.

— Longa história.

— Transou com ela? - ele perguntou e eu fiquei sério.

— O quê? - não acreditei que ele realmente tinha perguntado aquilo.

— Então esse era o plano? - começou a se aproximar com um sorriso sarcástico no rosto - Usar a desculpa de que queria mantê-la segura, trazê-la para cá, e transar com ela assim que tivesse a chance?! 

— Que tipo de cara você acha que eu sou? - minha voz estava alterada, mas não muito porque não queria que a Aksa acordasse.

— Sua reputação não é das melhores, delegado.

— Eu jamais tocaria nela sem permissão, ainda mais depois de tudo que ela passou! - respondi com raiva.

— Então responde, porra. O que ela tá fazendo no seu quarto? - ele estava chegando perto demais.

— Não preciso dizer e nem te provar nada! - me aproximei também - Qual é a sua, em Dante?

— Do que você tá falando?

— Trata a Aksa como se ela fosse uma propriedade, como se ela tivesse que dar explicações de alguma coisa a você, esconde coisas dela como se tivesse o direito de decidir o que ela pode ou não fazer!

— Não se mete. Isso não é assunto seu! - disse entredentes e deixou o rosto a centímetros do meu - Se eu souber que você encostou um dedo nela, eu juro que...

— Que o quê? - encarei-o com raiva - Não esquece com quem você tá falando! - fechei os punhos.

— Fica longe dela, Rodrigo!

— Só vou fazer isso quando ela me pedir! - minha respiração ficou pesada, comecei a travar a mandíbula de pura raiva.

O clima estava tenso demais, a qualquer momento o Dante iria partir para cima de mim, e pela raiva que eu estava, com certeza nós dois iríamos sair bem machucados. Eu sabia que a Aksa ficaria brava se soubesse que eu bati no Dante primeiro, por isso não soquei a cara dele quando me ameaçou, mas não ia deixar ele me bater se realmente rolasse uma briga.

— O que está acontecendo? - escutei a voz da Aksa no alto da escada e relaxei os músculos imediatamente - Dante?

Ele finalmente tirou os olhos dos meus, se afastou e olhou para ela.

— Esqueceu do nosso compromisso, gatinha? - ela fez uma cara de dúvida - Almoço na casa do meu pai.

— Nossa, é verdade. Eu me esqueci completamente disso! - ela me olhou - Quer ir, Rodrigo?

Dante me fitou com ódio, claramente incomodado por ela ter me convidado.

— Eu acho melhor não, não quero atrapalhar! - disse depois de alguns segundos.

— É só um almoço comum porque faz um tempo que eu não vejo o Edgar!

— Mesmo assim, acho que não vou. - ela fez uma cara meio triste - Além disso, tenho que trabalhar hoje porque troquei de turno ontem!

— Tudo bem, você que sabe! - ela direcionou o olhar para o Dante - Me dá 15 minutos e eu já desço; tá?! - ele fez que sim com a cabeça.

Quando ela saiu, decidi deixar o Dante sozinho lá embaixo e ir para o meu quarto já que íamos acabar saindo no soco se passássemos mais 5 minutos juntos.

O sábado passou muito rápido,  depois de mais ou menos uma hora que a Aksa saiu com o Dante, eu tive que ir para a delegacia e depois que meu turno acabou, fui para um barzinho com Alex e mais alguns policiais por isso cheguei em casa bem tarde.

Acordei com um pouco de dor de cabeça e optei por ficar mais alguns minutos deitado na cama, depois criei coragem para escovar os dentes e descer. Tomei café pensando no que iria fazer o dia todo, era domingo, mas não estava com mínima vontade de ver meu pai.

— Bom dia! - escutei a voz da Aksa atrás de mim.

— Bom dia. - olhei-a rapidamente quando ela se escorou no balcão me encarando - O que foi?

— Vai trabalhar hoje? - neguei com a cabeça - Acho que você vai precisar sair comigo.

— Sair? - ela assentiu - Para onde? - franzi o cenho.

— Minha família vai fazer um almoço na casa deles hoje, e como você pediu para eu não sair sozinha...

— Você quer que eu vá com você na casa da sua família?

— Sim, por que não? - cruzei os braços - Eles são legais, juro! - continuei com os braços cruzados - Okay então, fica perto do seu celular porque se precisar, eu te ligo. - ela se virou para sair da cozinha.

Pensei no que ela disse e revirei os olhos. Se acontecesse qualquer coisa com ela por eu ter me negado a fazer companhia, eu jamais iria me perdoar!

— Que horas você quer ir? - perguntei.

— Sério? Você vai? - assenti - Precisamos sair daqui às 12:30.

— Beleza.

Ela saiu da cozinha e eu voltei a tomar café, depois subi para o meu quarto e verifiquei alguns casos que eu estava investigando até dar a hora de eu me arrumar. Vesti uma calça jeans preta, uma camiseta branca e um tênis preto com alguns detalhes brancos; peguei meu óculos de sol, um relógio de pulso preto, meu celular e saí do quarto. Passei no meu escritório e peguei um pacotinho que estava dentro da minha gaveta. 

Depois de ficar alguns minutos sentado no sofá, a Aksa desceu usando um vestido preto curto, colado no corpo, uma jaqueta jeans clara por cima, e um tênis, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo.

Só pode ser brincadeira comigo!

Quando percebi, já estava encarando-a de cima a baixo de um jeito que, com certeza, ela ficaria muito incomodada se não estivesse mexendo no celular.

— Vamos? - perguntei ao me levantar do sofá.

— Vamos. - ela saiu andando - Eu dirijo! - disse ainda de costas, enquanto abria a porta do Audi.

— Como quiser! - respondi calmamente.

Tranquei a casa e fui em direção ao carro dela.

Fizemos parte do trajeto em silêncio por isso acabei reparando no jeito que ela dirigia: uma mão no câmbio e a outra no volante. Só não entendi porque achei que ela ficou tão linda fazendo uma coisa tão simples.

— O que foi? - perguntou quando me viu sorrindo de leve.

— Não é nada. - sorri novamente - Só notei que você dirige igual a mim!

— Pois é. - ela sorriu e me encarou rapidamente - Preciso que você me faça um favor. - disse depois de alguns segundos.

— Claro, pode falar.

— Não conta para a minha família que eu estou morando com você. - franzi o cenho.

— Por que? - confesso que fiquei um pouco incomodado ao ouvir aquilo.

— Eu não contei para eles sobre o dia que aquele carro me seguiu porque eu não queria que eles ficassem preocupados, e se você disser que nós estamos morando juntos, eles vão desconfiar.

— E o que eu vou dizer quando perguntarem quem eu sou?

— Diz que você é meu amigo e que eu te convidei para vir, o que não deixa de ser verdade!

— Qual a probabilidade deles acharem que nós estamos tendo alguma coisa?

— Uns 83%, talvez. - ela sorriu ao me ver com a sobrancelha arqueada - Mas relaxa, eles não vão te deixar desconfortável ou alguma coisa do tipo.

— Como sabe disso? - cruzei os braços.

— Porque eu vou estar lá! - ela sorriu quando levantei os braços em rendição - Bom, chegamos!

— Sua família é bem sucedida, não é? - perguntei ao olhar a casa.

— Falou o cara que mora em uma mansão! 

— Sua casa também não está muito longe disso! - respondi sorrindo também.

— Minha família não é tão bem sucedida assim, eu que dei essa casa para eles!

Saímos do carro, fomos em direção ao interfone, e não demorou muito para destravarem o portão.

Assim que entramos, uma garotinha ruiva veio correndo em nossa direção.

— Titiaaaa... - ela gritou e depois pulou no colo da Aksa, que por sua vez, já estava ajoelhada no chão com os braços abertos.

— Ella, eu ainda não posso te pegar porque a costela da titia ainda tá dodói! - ela disse e a menina assentiu.

A menina parecia muito a Merida, do filme Valente, só que em uma versão bem menor.

— Rodrigo, essa é a Ariella. - a Aksa disse enquanto segurava a mão da garotinha - Ariella, esse é o Rodrigo, amigo da titia!

— Oi. - ela disse sorrindo, enquanto acenava para mim.

— Oi. - retribui o sorriso - Não sabia que você tinha irmãos! - disse em um volume baixo, perto do ouvido da Aksa.

— É uma longa história! - respondeu me olhando rapidamente.

De repente, uma mulher apareceu na porta da casa; seus olhos eram verdes e seu cabelo era preto. 

— Alice? - a Aksa disse sorrindo e depois saiu correndo em direção à ela.

Surpreendentemente, a Ariella segurou minha mão quando a Aksa soltou a dela, depois começou a me puxar. Era um pouco engraçado ver ela esticando o bracinho para conseguir alcançar minha mão.

— Vou te levar pra conhecer minha mamãe. - disse com uma vozinha tão meiga e fofa, que nem consegui contestar.

A Aksa apenas riu quando passamos por ela, dei de ombros e deixei a Ariella me levar para sei lá onde.

Entramos na casa, e ao atravessarmos a sala de estar, percebi um pequeno elevador que dava acesso ao segundo andar da casa bem ao lado das escadas, continuamos andando e passamos pela sala de jantar, depois de todo esse trajeto nós entramos na cozinha.

— Olha mamãe, o amigo da titia chegou. - ela disse para uma mulher tão ruiva quanto ela.

— Prazer, Rodrigo! - estendi a mão para a moça.

— Prazer, Carolina. - ela disse sorrindo, depois olhou para a menina - Ariella, o homem nem chegou direito e você já tá puxando ele desse jeito. Desculpa a minha filha, Rodrigo! 

— Tá tudo bem, pode deixar! - eu disse e a garotinha sorriu para mim.

— Olha vovó, esse é o amigo da titia! - Ariella disse à uma outra mulher que estava na cozinha.

— Eu percebi você anunciando a chegada dele. - a senhora de meia idade disse - Prazer Rodrigo, meu nome é Teresa!

— O prazer é todo meu! - estendi a mão para ela também.

Após alguns minutos conversando com as duas, a Aksa entrou na cozinha e me apresentou mais duas pessoas: um senhor chamado Luiz e uma mulher chamada Letícia. 

Conversamos por um tempo até irmos almoçar. Foi muito bom passar um tempo naquela casa, todos eram muito receptivos e engraçados, e eu estava precisando ficar em um lugar que tivesse a mesma energia da Aksa.

Quando terminamos de comer, vi a Aksa ficar tensa por algum motivo. 

— Aquilo é um cinzeiro? - perguntou apontando para um objeto que estava em cima da mesinha da sala de estar.

Percebi que todos ficaram calados ao ver sua expressão mudar, e como eu não sabia o que estava acontecendo, resolvi não perguntar.

De repente ela levantou e foi até as escadas em passos largos. Todos da mesa começaram a se entreolhar, mas sem dizer uma palavra.

— Vem Rodrigo, vou te levar para conhecer o jardim! - ouvi a tal Alice dizer, enquanto se levantava também. 

Resolvi não contestar, já que todos pareciam tão surpresos quanto eu. Levantei da mesa e segui a Alice até os fundos da casa.

— Como você conheceu a Aksa? - perguntei depois de alguns minutos em silêncio.

— Eu estudei na mesma turma que ela quando estávamos cursando Administração Empresarial, lá em Florianópolis. Depois disso, nunca mais perdemos contato! - ela deu uma pausa - Eu sou namorada da Letícia, por isso venho muito aqui no Rio. - me encarou rapidamente - E você?

— Bom, fui eu que achei e levei ela para o hospital no dia do crime! - respondi e continuei andando em passos curtos.

— Como está sendo morar na mesma casa que ela? - olhei-a surpreso e ela sorriu - Fica tranquilo, foi ela que me contou. A Aksa só não quer que a família dela descubra isso por medo deles se preocuparem demais ou até virarem alvos dos caras que estão atrás dela!

— Nós já tivemos alguns desentendimentos, mas até que estamos nos dando bem! - ela sorriu e eu coloquei as mãos no bolso - Por que tem tantas rampas aqui? - perguntei.

— É para o meu cunhado, Murilo. Há uns dois anos atrás, ele sofreu um acidente de moto bem grave lá em São Paulo, e acabou ficando paraplégico. - respirou fundo - A Aksa arcou com todos os custos do tratamento dele, mas por causa da distância, eles tiveram que se mudar para cá. Foi aí que a Aksa comprou essa casa para os meus sogros, minha namorada e a família do meu cunhado. - sorriu ironicamente - Mas, o Murilo se revoltou com o mundo por causa do que aconteceu com ele, até a Carol desistiu de conversar, a única que ainda insiste nele é a Aksa! - explicou - Ela viajou o Brasil todo atrás da melhor clínica de Fisioterapia, e nunca deixou que o Murilo ou a Carol gastassem dinheiro, mas, ele nunca valorizou isso.  

— Nossa! - fiquei um pouco surpreso ao saber daquilo.

— É. Algumas pessoas não merecem o que têm! - olhei para frente e concordei com a cabeça - Acho que nós dois já podemos entrar de novo.

Demoramos alguns minutos para chegar até a casa, mas quando entramos, estavam todos sentados na sala, instantes depois de me juntar a eles, a Aksa desceu as escadas com pressa.

— Eu acho melhor nós irmos embora! - sua voz estava embargada, seus olhos estavam vermelhos e cheios de lágrimas.

Não tenho palavras para descrever o quanto aquilo foi doloroso de ver.

Subi as escadas com pressa, sem ligar se alguém estava vindo atrás de mim. Eu já havia aturado inúmeras rebeldias de Murilo, mas aquilo já era demais. Ele sabe o ódio que eu tenho dos cigarros e o motivo disso!

Abri a porta de seu quarto sem bater.

— Educação mandou lembranças! - disse ainda virado para a janela do quarto.

— Você tá fumando, Murilo? - vi ele revirar os olhos - Você sabe o que eu acho dessa merda, sabe quantas coisas eu perdi por causa disso!  

— Dá um tempo, Aksa! - ele ainda estava de costas para mim.

— Você quer que a Ella passe pelo que eu passei? Crescer sem um pai?

— Isso não é assunto seu. Cuida da sua vida! - se virou rapidamente.

— Você faz parte da minha vida Murilo, é minha obrigação cuidar de você enquanto eu puder!

— Se você dedicasse toda essa atenção a si mesma, talvez não tivesse sido estuprada e espancada naquele dia!

Foi um pouco difícil ouvir aquelas palavras da boca do Murilo, principalmente por ele ter dito de uma forma tão natural, mas não me deixei abalar. Eu já estava acostumada a ouvir coisas daquele tipo vindas dele!

— Pensa na Ella e na Carol, na sua mãe, no seu pai, na sua irmã. Você tem família Murilo!

— ISSO NÃO É ASSUNTO SEU! - disse com uma expressão de raiva.

— É sim, porque você é meu irmão e eu não vou desistir de você!

— EU NÃO SOU SEU IRMÃO, A ARIELLA NÃO É SUA SOBRINHA E ESSA NÃO É SUA FAMÍLIA! - me assustei com seu tom e acabei deixando as lágrimas caírem - QUANDO VOCÊ VAI ENTENDER QUE A SUA FAMÍLIA FOI ENTERRADA JUNTO COM A VICIADA DA SUA MÃE?

Aquilo foi como uma facada. Nunca imaginei que algum dia o Murilo seria tão baixo a ponto de usar a minha mãe para me atingir.  

Fiquei em choque, enquanto ele apenas voltou a olhar para a janela.

— E-eu entreguei alguns papéis para a Carol hoje, neles estão o passaporte de vocês, a chave da casa que vocês vão ficar, e os dados da conta que eu criei para depositar o dinheiro que vocês forem precisar durante o tempo do tratamento. - falei depois de um tempo e deixei mais algumas lágrimas caírem antes de continuar - Eu achei uma clínica especializada em casos como o seu, ela fica em Brasília. O voo está marcado para daqui a um mês! 

Engoli seco e saí do quarto soluçando por causa das lágrimas.

"Quando você vai entender que sua família foi enterrada junto com a viciada da sua mãe?"

Aquelas palavras não saíam da minha cabeça, e acabaram abrindo novamente o vazio de anos atrás.

Desci as escadas ainda mais rápido do que eu havia subido, e dei de cara com todos na sala. Rodrigo levantou rapidamente ao me ver!

— Eu acho melhor nós irmos embora! - disse tentando evitar que mais lágrimas descessem.

— Ta. - Rodrigo disse e foi atrás das minhas chaves.

A Ella chegou perto de mim e eu me abaixei, segurando suas mãozinhas.

— Foi o papai que te deixou assim? - disse com um tom triste.

— Não meu amor, não foi ele! - menti e engoli seco.

Ela me abraçou apertado, como se soubesse exatamente do que eu estava precisando.

— Te amo, titia! - sussurrou como se só eu pudesse ouvir aquilo.

Aquelas palavras foram o ápice, não consegui segurar minhas lágrimas. Apenas soltei a Ella e fui andando rapidamente até o portão, soluçando como uma criança.

Só lembrei de Rodrigo quando cheguei no carro, abri a boca para dizer, mas ele foi mais rápido:

— Tudo bem, eu dirijo. Só entra no carro! - disse abrindo a porta do passageiro para mim.

Me encolhi no banco e fiquei chorando ao olhar pela janela o trajeto todo. Eu não sabia o quão sozinha eu estava me sentindo, até Murilo dizer aquelas coisas!

Notei que o carro parou, mas não estávamos na casa de Rodrigo, vi ele saindo do carro e indo em direção à porta do passageiro.

— Eu acho que você precisa respirar um pouco. - disse um pouco receoso ao abrir a minha porta.

— Onde estamos? - respondi me ajeitando no banco.

— Em um parque ecológico, tenho o costume de vir aqui quando preciso de um tempo. - me estendeu a mão - Você confia em mim?

Olhei em seus olhos, assenti com a cabeça e peguei em sua mão. Fomos caminhando lentamente, e aos poucos fui me acalmando.

— Lembra naquele dia do jogo, quando me perguntou qual o pior desentendimento que eu já tive com os meus pais? - perguntei e ele assentiu com a cabeça - Eu preferi beber porque não tive coragem de contar que eu não tive tempo de me desentender com ela!

— "Ela" quem? - perguntou um pouco receoso.

— Minha mãe! - me olhou surpreso - Como eu nunca conheci meu pai, minha fonte de energia vinha da minha mãe, só que ela morreu quando eu tinha 11 anos por causa da porra de um cancêr no pulmão. - senti as lágrimas se formando e descendo pesadamente - Eu queria muito ter tido tempo de me desentender com ela, de discutir com ela por causa de assuntos fúteis de adolescentes, mas eu não pude nem me comportar como uma adolescente "normal" porque aprendi a agir como adulta antes mesmo de saber o que isso significava! - respirei fundo para conseguir continuar - E para piorar, perdi a minha segunda mãe quando tinha 16 anos, por causa disso eu tenho um vazio dentro de mim que eu nunca consigo preencher! - solucei - Depois veio o desgraçado do Leandro, o acidente do Murilo, depois os caras que me fizeram ficar entre a vida e a morte. - parei de andar e encarei-o soluçando - Por que comigo, Rodrigo?

Ele claramente não tinha respostas para a minha dúvida, por isso apenas me puxou para um abraço demorado. Estar nos braços de Rodrigo me proporcionou um conforto que eu nunca senti, e acabei chorando ainda mais.

— Quando eu tinha 3 anos, meu pai se separou da minha mãe por causa de uma traição. De alguma forma, ele conseguiu a minha guarda e proibiu ela de me ver, com o passar do tempo também me proibiu de procurar qualquer informação que se referisse a ela. - Rodrigo dizia ainda abraçado comigo - Meu pai era machista e extremamente controlador, por isso me batia todas vezes que me via chorando por algum motivo, já que na visão dele "Homem de verdade não chora!". Parei de chorar aos 9 anos de idade! - fez uma pausa - Guardar toda aquela dor dentro de mim me fez desenvolver as crises de pânico, como aquela que você viu! - apertei-o ainda mais - Você me ajudou quando eu precisei por isso eu quero te ajudar agora!

— Não tem como você me ajudar, esse sentimento já faz anos! - levantei a cabeça para encará-lo.

— Eu tenho que te entregar  uma coisa. Fecha os olhos e vira de costas! - franzi o cenho - É sério, eu não iria brincar contigo em um momento desses! - disse sorrindo.

Esse sorriso acaba comigo, Senhor!

Fiz o que ele pediu, e senti algo gelado sendo colocado em meu pescoço.

— O Jorge me entregou ele há alguns dias, disse que estava na cena do crime. Mas, achei melhor levar ele na joalheria para trocar o fecho e retocar a cor do pingente, antes de te entregar!

Assim que ele terminou, abri os olhos e quando olhei para baixo, não consegui acreditar: era o colar da minha mãe!

Abri a boca em surpresa e abracei-o ainda mais forte que da última vez.

— Brigada Rodrigo, brigada, brigada, brigada. - disse ainda em seus braços - Esse é o colar que o meu pai deu para a minha mãe, você não tem noção do quanto ele é importante para mim!

— Fico feliz por conseguir te fazer sorrir! - ele disse de um jeito tão espontâneo que até pareceu involuntário.

Ficamos no parque até mais tarde porque eu queria ver o pôr do sol, depois fomos para casa dele.

  Assim que entramos na sala de estar, começou a chover, olhei a piscina através da porta da cozinha e vi uma oportunidade única.

— Já nadou na chuva, Rodrigo? - perguntei sem encará-lo.

— Quê? - franziu o cenho.

— Eu perguntei se você já nadou enquanto estava chovendo? 

— Não, e isso é uma péssima idéia!

— Por que? - arqueei uma sobrancelha.

— Porque é. - ele disse rindo.

— Se é ou não, eu vou fazer, e você também deveria experimentar!

— Não faz isso Aksa. Já tá tarde, o tempo tá meio frio, você vai acabar adoecendo! - disse calmamente enquanto eu tirava o tênis.

Fingi que não estava ouvindo, tirei a jaqueta, soltei o cabelo e saí correndo pela porta.

Os pingos da chuva estavam gelados, mas proporcionaram uma paz inexplicável. Fiquei alguns instantes curtindo aquela sensação única, depois pulei direto na piscina.

Notei que o Rodrigo estava escorado na porta da cozinha, me observando com um sorriso e balançando a cabeça negativamente.

— Vem, a água nem tá tão fria assim! - disse alto para ele ouvir.

— E se eu...

— Para de se preocupar com o que pode acontecer pelo menos uma vez, e curte o momento. Prometo que você não vai se arrepender! - o interrompi - Você confia em mim, delegado Santiago? - ele sorriu e revirou os olhos. 

Rodrigo tirou o tênis e depois pulou na piscina também.

Aquele foi o momento relaxante que nós dois estávamos precisando para aliviar a cabeça e esquecer, por alguns minutos, as problemáticas da vida. Ficamos conversando e rindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo!

Saímos da piscina por volta das 19:30, conversamos mais um pouco na sala de jantar até nossas roupas secarem. Era incrível, nosso assunto nunca acabava!

— Acho que já podemos subir! - ele disse depois de um tempo.

— É, acho que sim. - eu disse e me levantei.

Enquanto pegava minha jaqueta e o meu tênis, lembrei que precisava falar mais alguma coisa com Rodrigo e me virei novamente para ele, mas esqueci o assunto  quando vi-o tirar a camiseta.

Ele precisa parar de ficar sem camisa na minha frente!

— Quer me dizer alguma coisa? - a voz dele me tirou do transe.

— Oi? - perguntei.

— Você estava indo e depois voltou, aí eu perguntei se você quer me dizer alguma coisa!

— Eu até tinha, mas acabei esquecendo! - me virei para sair do local, mas ele me pediu para esperá-lo.

Depois de pegar o tênis dele, Rodrigo foi andando junto comigo até o segundo andar.

— Brigada, Rodrigo! - disse ao chegar na porta do meu quarto - Por me ajudar hoje.

— Também tenho que te agradecer por ter me ajudado ontem, aquilo significou muito para mim! - assenti com a cabeça e ele se virou para sair. 

Não sei explicar o que houve, mas em fração de segundos, meu corpo quis o dele em um pedido urgente. Foi uma sensação tão repentina que eu agi por impulso, puxei seu braço na intenção de virá-lo novamente e, antes que ele pudesse dizer alguma coisa, beijei-o com necessidade.

Percebi que ele não conseguiu retribuir no início por causa do susto, mas senti algo parecido com um choque quando suas mãos alcançaram minha cintura.

Meus dedos puxavam os cabelos de sua nuca e suas mãos apertavam minha cintura como se pedissem permissão para descer mais. Fiquei na ponta dos pés, segurei uma de suas mãos e direcionei-a até minha bunda; ele pareceu entender o recado, já que acabei deixando um gemido escapar dos meus lábios ao sentir suas mãos me apertando e juntando nossos corpos ainda mais.

Sem aviso prévio, suas mãos desceram até minhas coxas e entrelaçaram minhas pernas em sua cintura. Ele me levou até seu quarto, fechou a porta com pé e se deitou sobre mim quando nos aproximamos da cama.

O clima estava tão quente que o quarto parecia estar abafado, mas não nos importamos.

Arranhei suas costas quando ele começou a apertar minhas coxas, depois Rodrigo puxou os cabelos da minha nuca para conseguir morder meu pescoço sem impedimentos.

— Espero que algum dia Deus me perdoe por tudo que eu estou imaginando fazer contigo! - ele disse e eu sorri - Puta que pariu Aksa, você é gostosa pra caralho!

"Essa calça te deixa ainda mais gostosa, sabia?" - a voz de Leandro começou a ecoar na minha cabeça. "Não me interessa se você quer ou não, eu vou transar contigo!"

Pisquei algumas vezes e meu coração começou a acelerar.

"Você tem sorte de ser mulher do meu filho e não minha, porque eu já teria te pegado de jeito a muito tempo." - a voz de Alberto também começou a se repetir - "Você é tão gostosa!"

Engoli seco e senti meu corpo travar quando algumas lágrimas surgiram em meus olhos.

"Se você dedicasse toda essa atenção a si mesma, talvez não tivesse sido estuprada e espancada naquele dia!"

— Rodrigo, p-para. - falei em um volume tão baixo enquanto ele beijava meu pescoço, que eu mesma tive dificuldade de ouvir.

"Ela é tão gostosa. Seria até pecado não se aproveitar desse corpo, não acham?!" - as lembranças daquele dia vieram novamente - "Diz aí vagabunda, você aguenta quatro?"

— Rodrigo. - chamei seu nome, mas ele ainda não me ouvia.

De repente, os toques de Rodrigo começaram a me lembrar das mãos daqueles três me segurando para o outro homem me violentar. Meus pedidos por socorro, meus gritos de dor, tudo fazia parecer que eu estava vivenciando aquela cena de novo.

"Podem ficar com o que sobrar dela depois que eu terminar!"

— PARA, POR FAVOR. - disse em voz alta enquanto chorava com força.

Rodrigo levantou assustado e rapidamente saiu de cima de mim, consegui ver preocupação dentro de seus olhos. Me levantei da cama com pressa e o encarei de longe enquanto as lágrimas ainda desciam fortes.

— E-eu não consigo, me desculpa. - disse soluçando e saí quase correndo do quarto dele.

Ouvi ele me chamar algumas vezes, mas ignorei.

Assim que cheguei em meu quarto, as vozes começaram a se repetir com ainda mais intensidade. Agarrei os cabelos e andei de um lado para o outro, tentando afastar aquilo.

Comecei a me desesperar, e tive a ideia de ir para debaixo do chuveiro, mas quando passei pelo meu closet, as vozes ficaram mais altas. Ao me olhar no espelho, um sentimento de culpa me invadiu sem eu ter tempo de contestar.

"[...]ainda mais gostosa!"

"Você é tão gostosa!"

"Ela é tão gostosa..." - as três frases se repetiam.

"A culpa é sua!" - minha mente dizia enquanto eu encarava meu reflexo - "Se você não chamasse tanta atenção, se não estivesse andando tão tarde na rua sozinha, nada disso teria acontecido!"

Eu queria sair dali, mas minha mente estava tão conturbada que meu corpo não obedeceu. Meu reflexo começou a me incomodar, e as vozes voltaram a se repetir com ainda mais intensidade dentro da minha cabeça.

Em um gesto de puro desespero para me livrar daquela perturbação, dei um soco forte no espelho. Os estilhaços se espalharam pelo closet, alguns até atingiram meu rosto, mas não liguei.

As vozes sumiram assim que o espelho se quebrou, mas eu ainda estava muito assustada. Me sentei em um canto e coloquei a cabeça entre os joelhos, tentando parar de tremer.

Não, a culpa não é minha!

*Se virem algum erro, relevem por favor!*
Misericórdia, os problemas dessa mulher não acabam nunca? 😱
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