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Capítulo I (REVISADO)

  Eu sou Aksa Fernández, uma mulher brasileira no auge dos seus 29 anos, solteira, sem filhos e CEO de uma empresa chamada Mt'MCA (More than Modern Classical Architectureque ou Mais que Arquitetura Clássica Moderna) que possui laços comerciais nacionais e internacionais, além de algumas filiais pelo país. Como podem ver, a empresa toma praticamente todo o meu tempo então raramente penso em outras coisas que não estejam ligadas a ela.

  Antes de continuar preciso dar um breve aviso a você, meu caro leitor, se o(a) senhor(a) está a procura de uma história feliz, com clichês e um "felizes para sempre", sinto em lhe dizer, mas você tá no lugar errado. Tomo liberdade para contar a minha história, um romance que está bem longe de ser um conto de fadas ou livre para todos os públicos.

  Nasci em Guarulhos-SP no dia 21 de setembro de 1990, como de costume, nunca soube quem é meu pai por isso morava só com a minha mãe e minha avó. O fato de ser filha única me fez sentir solitária algumas vezes, mas esse sentimento não tão intensificado pela presença da minha  tia que, mesmo casada e com filhos, sempre foi como uma irmã pra mim.

  Por ser criada por duas mulheres, nunca tive contato com o machismo dentro de casa, nem tive que obedecer regras patriarcais sem sentido. Além disso, tanto minha mãe quanto minha vó me ensinaram desde cedo as lições mais valiosas da minha vida: eu teria que ser forte, que por ser mulher e preta eu precisaria lutar com unhas e dentes para conseguir o que quisesse, e que a injustiça seria minha companheira de vida, mas eu teria de ter voz pra resistir a ela.

  Minha relação com a minha mãe e minha avó sempre foi tão boa que nunca senti falta de uma figura paterna. Elas eram protetoras, me davam liberdade para falar de qualquer assunto e, ao mesmo tempo, tinham postura de sobra pra me corrigir.

  Minha avó era um pouco mais fechada, mandona, tinha pulso firme e uma facilidade para impor suas opiniões que me deixava abismada, sem contar seu grau de autoridade perceptível apenas por seu tom de voz. Já a minha mãe, uma mulher preta alta, de olhos verdes e cabelo volumoso, era um doce em pessoa, simpática, sempre sorridente e nunca deixava nada abalar a felicidade dela. As pessoas costumavam dizer que se não fosse pela cor dos meus olhos e a minha voz, eu seria uma cópia fiel da minha mãe, até na personalidade.

 Aos meus olhos, minha vida era perfeita! 

  Meu primeiro choque de realidade veio pouco tempo depois do meu aniversário de 9 anos, quando passei por uma situação, um tanto quanto, complicada. Minha mãe descobriu que havia desenvolvido câncer no pulmão devido a sua longa história com os maços de cigarro.

  O início do tratamento foi "fácil", ela se mantinha firme e nunca deixava que eu a visse triste ou fraca, lutava diariamente para colocar um sorriso no rosto todas as vezes que me via. Hoje vejo que ela foi uma guerreira por esses simples gestos, na época eu não entendia, mas cada beijo, cada abraço, cada carinho que ela me dava era a prova de amor mais linda que eu poderia receber.

  Os dias foram passando, as sessões de quimioterapia começaram a ficar mais agressivas e ela teve que raspar a cabeça por completo. O resultado? Ela acabou se trancando em casa por vergonha dos olhares alheios.

  Nunca tinha visto ela chorar, até um dia que eu entrei em seu quarto e ela estava aos prantos por se sentir horrível. Eu não entendia porque ela estava tão triste já que, para mim, ela continuava a mulher mais bonita que eu já havia visto.

Minha tia tentou convencê-la de que ela ainda continuava linda, mas acabou perdendo a paciência devido ao pavio curto que herdou da vovó e foi embora, depois de uns 40 minutos ela voltou totalmente careca e sem sobrancelhas.

— Eu não acredito que você fez isso, Teresa! - minha mãe colocou a mão em frente a boca.

— Claro que fiz, Isabel. A beleza de uma mulher não tá no cabelo, ele é só um complemento!

— O que seu marido e seus filhos vão achar, mulher?

— Cê sabe muito bem que eles não tem que achar nada, o cabelo é meu. Além disso, você é minha irmã mais nova e eu prometi que ficaria ao seu lado!

  Não demorou 10 segundos pra minha mãe voltar a chorar, mas dessa vez eu conseguia ver que os olhinhos dela estavam brilhando de felicidade e aquilo me fez esquecer, por alguns minutos, tudo aquilo que estávamos vivendo. Minha avó chegou no quarto meio brava querendo entender o porquê de tanta choradeira, mas bastou minha tia puxá-la pra um abraço em família e a velhinha desmontou.

  Cerca de duas semanas depois, eu, minha mãe, avó, tia e primos fomos caminhar em uma praça perto de casa. 

  A primeira coisa que minha mãe fez foi tirar uma foto comigo, depois me levou para brincar. Ela não conseguia correr e pular como antigamente, mas só a presença dela já me tornava a criança mais feliz do mundo. 

  Aquela foi a última lembrança boa que guardei da minha mãe antes dela deitar em uma cama de hospital e, pelo tratamento ser intenso e exaustivo, ela não permitia que eu fosse vê-la, mas não era por maldade ou falta de amor, ela só queria me poupar de vê-la naquela situação.

  Fiquei meses longe da minha mãe, meses só recebendo notícias através da minha avó ou da minha tia, meses me contentando apenas com uma foto, até que um dia minha mãe pediu pra minha avó me levar até o hospital.

  Durante o trajeto eu só conseguia sorrir ao pensar que minha mãe finalmente iria voltar pra casa, que a pessoa que eu mais amava no mundo finalmente ia voltar a ficar do meu lado. Até hoje me lembro de quase não conseguir conter a felicidade no meu peito.

  Eu só tinha 11 anos, era uma criança inocente que só queria ter a mãe de volta!

  O segundo choque de realidade foi inevitável, assim que entrei no quarto entendi o motivo dela não me deixar vê-la com frequência, já que estava muito magra, pálida, o brilho que eu amava ver em seus olhos pareciam ter desaparecido do dia pra noite. Aquela cena se fixou na minha mente de uma forma amedrontadora, levaram semanas para eu esquecer aquilo, mas nada foi mais traumático do que veio em seguida.

  Depois de pedir para minha avó sair e pra eu me sentar ao seu lado na cama, quase não reconheci sua voz por estar tão fraca:

— Aksa, meu amor, eu não queria que você visse a mamãe desse jeito, mas acho que não vamos mais ter tanto tempo assim. - as lágrimas começaram a aparecer nos olhos dela.

— Como assim? - ela suspirou tentando não chorar. 

— Em algum momento você já se perguntou de onde surgiu seu nome?

— Não.

— "Aksa" é um nome africano que significa força. E sabe porque eu escolhi esse nome?

— Não.

— Porque desde quando você tava escondidinha na barriga da mamãe,  - ela me deu um sorriso fraco e uma lágrima caiu - eu sabia que você seria dona de uma força invejável, que seria o maior motivo de orgulho pra mim.  - suas mãos seguraram meu rosto - Eu não esperava que fosse acontecer tão cedo assim, mas você vai ter que morar só com a vovó a partir de agora, tá bom?!

 — Por que? 

 —Porque... - ela suspirou e sua voz mudou pelo choro - eu vou ser transferida pra um hospital muito, muito longe. 

 — Vai demorar pra eu te ver de novo?

 — Vai, meu amor, por isso preciso que me prometa três coisas. - disse segurando minhas bochechas - Primeiro: você vai cuidar da vovó e da titia pra mim enquanto eu estiver fora, segundo: você vai continuar estudando até se tornar a mulher super importante e poderosa que eu sempre soube que você seria, e terceiro: jamais, em nenhum momento da sua vida, vai esquecer o quanto que eu te amo e me orgulho de você. Promete?

— Prometo. - sorri orgulha e uma lágrima pesada rolou por sua bochecha.

— Tenho uma coisa pra você! - ela pegou um um colar prata que tinha como pingente uma flor pequena e delicada em um tom vermelho sangue junto com uma pedrinha brilhante no centro.

— Ele é lindo mamãe.

— É mesmo. - disse enquanto colocava o colar em meu pescoço - Seu pai me deu isso!

— Meu pai? - não conseguia esconder meu espanto, minha mãe nunca havia tocado naquele assunto antes.

— Sim, seu pai Aksa. Sempre achei que não iria precisar falar sobre ele, mas acho que é um direito seu. Eu sinto muito mesmo, mas eu não posso falar o nome dele ou quem ele é!

— Por que não?

— Você ainda está muito nova, princesa, e vão acontecer coisas a partir de agora que vão ser difíceis de lidar, saber quem é seu pai só vai dificultar a situação. - ela chegou um pouco mais perto e começou a sussurrar - Mas, não conta pra vovó ou pra titia sobre quem meu deu esse colar, tá bom?! Elas sabem ainda menos que você. - assenti e ela me abraçou, colocando o queixo em minha cabeça - Eu te amo demais, meu amor, mais que qualquer coisa nesse mundo. E eu sempre, sempre vou estar com você, minha pequena!

  Dois dias depois recebi a notícia que minha mãe tinha "virado um anjo", como diz minha avó. Lembro que não chorei ao receber ao saber, fiquei triste ao ver minha avó e minha tia lamentando a perda, mas não chorei, até porque não entendia o que aquilo significava. 

  Desde o dia do hospital, nunca mais tirei aquele colar do meu pescoço, ele me fazia lembrar dos melhores momentos com a minha mãe e isso me ajudou a passar por aquele tempo sem ela até ter idade suficiente para entender que ela não iria mais voltar.

  Eu tinha algumas amiguinhas na escola, mas na época eu não quis contar sobre a morte da minha mãe, e como elas não sabiam que ela estava doente, nunca desconfiaram de nada.

  A morte da minha mãe me fez crescer e amadurecer rápido demais, lembro de ter me esforçado ainda mais na escola para conseguir cumprir a minha segunda promessa. Cumpri a primeira, sempre ajudei minha avó em tudo, e até cheguei a esconder minhas lágrimas só pra enxugar as dela quando pegava ela chorando e chamando o nome da minha mãe. Sabia que não era nada fácil pra ela também.

  Crescer sem a minha mãe foi muito difícil porque eu a perdi muito cedo, mas agradeço todos os dias pela minha avó que me deu o apoio que eu precisava pra continuar minha vida, sem deixar que a falta da minha mãe tomasse a minha cabeça por completo. Ela e a minha tia Teresa se tornaram as duas pessoas mais importantes no mundo pra mim!

  Mesmo não tendo mais a companhia física da minha mãe, continuei amando-a  imensamente e acreditando que ela sempre estaria comigo, mesmo assim, eu fiz da minha vózinha a minha segunda mãe.

  Só Deus sabe o quanto eu admiro aquela mulher e tudo que ela fez pra me criar. Meu sonho era ter metade da força e coragem que ela tinha.

  Nós duas éramos inseparáveis, sempre contei tudo pra ela. A gente ria e se divertia muito, mesmo ela trabalhando e eu estudando muito, sempre dávamos um jeito de ficarmos juntas. Com o passar dos meses, a dor da perda da minha mãe foi desaparecendo, eu ainda lembrava e amava ela da mesma forma, mas a dor não acompanhava mais esse sentimento.

  Tudo caminhava bem: eu estava estudando muito, já havia me acostumado com a ausência da minha mãe e estava cada vez mais próxima da minha avó, parecia que tudo havia voltado a ser perfeito como a 7 anos atrás. Mas, quando eu estava perto de completar 16 anos, meu segundo choque de realidade veio: minha velhinha foi diagnosticada com Alzheimer e não iria demorar muito para que ela se esquecesse de mim ou de tudo que havíamos passado juntas após a morte da minha mãe.

  Receber essa notícia me fez perder todo o controle emocional que eu tinha conquistado, sabia que se perdesse minha avó perderia tudo porque, em tese, ela era a última pessoa que me restava. Eu ainda teria a minha tia, mas não seria a mesma coisa, ela era minha amiga, mas só minha avó conseguiu assumir o papel da minha mãe.

  Mesmo com muito medo de perdê-la, cuidei e fiquei ao lado dela até quando não podia da mesma forma que ela fez comigo quando perdi a minha mãe.

  Precisei arrumar um emprego para conseguir arcar com os custos da casa por saber que minha avó não conseguiria manter o trabalho de diarista por muito tempo, e mesmo quando o cansaço me tomava por completo, nunca pensei em desistir da minha escola até porque minha avó jamais me deixaria fazer isso.

  Ter minha tia por perto foi um conforto inexplicável, ela me ajudava a olhar minha vó, a organizar a casa e a arcar com os custos. Confesso que não foi fácil, mas aos poucos fui aceitando a doença da minha vó e me acostumando com a vida hiper agitada.

  Eu achava que seria impossível, mas dentro de toda aquela confusão, uma coisa mexeu ainda mais comigo: minha vó começou a me chamar só de Isabel porque achava que eu era a minha mãe.  Minha tia me avisou que daquele momento em diante a memória dela só iria piorar, por isso eu nunca questionei ou reclamei, mesmo me machucando às vezes.

  Me lembro como se fosse hoje: era um sábado, eu estava preparando o almoço quando escutei a dona Maria Elis me chamar pelo meu nome. Fiquei feliz por ela lembrar meu nome mesmo sabendo que aquele momento de lucidez duraria pouco, mas as palavras que vieram em seguida me machucaram tanto quanto às da minha mãe:

— Aksa, senta aqui do lado da vovó. - fiz o que pediu - Você sabe que nosso tempo tá acabando, né?!

— Sei, vovó! - baixei os olhos.

— Olha pra mim, minha querida. - ela pôs as mãos em minhas bochechas, me fazendo olhar dentro dos seus olhos - Sua mãe não poderia ter me deixado um presente melhor, eu te amo tanto e tenho tanto orgulho de você!

— Por favor, não fala isso. Sei o que vai acontecer depois dessa conversa. Já vivi isso uma vez e não sei se aguento de novo. - nem tinha percebido que tantas lágrimas desciam no meu rosto até soltar um soluço involuntário - Por favor, vovó.

— Ôh meu amor, a vida é muito complicada, não cabe a mim decidir se vou ou não ficar aqui com você.

— Mas eu já perdi a minha mãe, não quero perder você também. O que eu vou fazer?

— Você vai cumprir sua segunda promessa, lembra? Vai continuar, vai evoluir e vai orgulhar a mim e à sua mãe porque, independente de onde nós estejamos, vamos aplaudir qualquer conquista sua.

— Promessa é dívida, né?! - forcei um sorriso mesmo ainda chorando muito e ela retribuiu.

— Antes de partir, sua mãe me fez prometer que eu cuidaria de você enquanto eu pudesse. Acho que fiz um bom trabalho até agora né?!

— É... fez sim! - Sorri, um pouco mais largo dessa vez.

— Vem cá. Sua velhinha quer deixar esse mundo tendo a lembrança de você agarradinha nela.

  Me deitei ao seu lado na cama, encostei minha cabeça em seu peito, senti seu abraço forte e carinho no meu cabelo.  Aquilo me fez chorar como uma criança, eu soluçava e nem percebia. 

— Te amo, Isabel!

— Eu também te amo, mãe! - apertei o pingente do colar contra o peito e deixei as lágrimas descerem no ritmo delas. 

  Fechei meus olhos e senti minha avó fechar os dela também.

  Eu tinha 16 anos quando enterrei o último pedaço do meu coração. Depois daquele dia, o brilho dos meus olhos que eu havia herdado da minha mãe nunca mais apareceu, e eu achei que jamais seria feliz ou teria um real motivo para sorrir de novo. Ver minha velhinha partir me fez relembrar a perda da minha mãe, sofri em dobro durante meses!

  Depois que minha vó morreu, as coisas mudaram, eu mudei. Não era mais simpática como a minha mãe, não sorria tão facilmente, me tornei uma pessoa fechada que escondia os próprios sentimentos até mesmo sem perceber. 

  Decidi morar com a minha tia até completar 18 anos, seria mais fácil assim. Mesmo ela dizendo que eu não precisava trabalhar, arrumei outro emprego quando me mudei pro bairro dela  e comecei a me esforçar ainda mais na escola para tentar ocupar a minha mente.

  Nunca consegui esconder da minha tia meu verdadeiro estado emocional porque ela sentia uma dor parecida com a minha, afinal não era só eu que tinha perdido pessoas importantes, mas ela evitava ao máximo tocar nesse assunto e isso foi um dos poucos alívios que tive durante aquele ano.

  Eu me esforçava muito na escola, nos vestibulares, no meu emprego e ainda ajudava minha tia com as obrigações de casa, tudo isso em uma tentativa quase inútil de ocupar a mente. Eu não tinha tempo nem pra respirar por causa da rotina agitada, mas achar tempo para chorar sozinha nunca foi difícil.

  Era meu aniversário de 17 anos, minha prima Letícia insistiu para que eu fizesse alguma coisa mesmo eu só querendo ficar em casa. Letícia tinha 20 anos, seus traços eram mais finos e seu cabelo não tão volumoso por conta da genética do pai, mas não deixava de carregar a beleza da família Fernández. Ela entrou no meu quarto e sem me dar oportunidade de falar alguma coisa, foi direto pro meu guarda-roupa:

— Eae, o que você vai usar? Um vestidinho básico ou short e blusa? Lá é um barzinho com shows ao vivo, então acho que os dois looks vão combinar! - disse com um pouco de dúvida no rosto.

— Let, por favor. Já disse que não vou, não tô no clima pra essas coisas.

— E quando você vai "estar no clima", Aksa? - disse enfatizando as aspas - Desde a morte da vovó você só vai da casa para escola, da escola pro trabalho, do trabalho pra casa e quando tá aqui, se tranca no quarto dizendo que está estudando. Isso já faz meses, Aksa. Sua mãe iria odiar te ver desse jeito!

— Minha mãe? Quem você pensa que é para dizer o que a minha mãe iria querer? - uma raiva inexplicável me invadiu e quando percebi já estava em pé - Você não conhecia ela e não sabe nada do que eu tô passando. Não sabe como é perder duas pessoas que você não se via sem! - lágrimas brotaram sem eu nem perceber.

— Você tá certa, eu não sei. Então me diz você: o que você tá sentindo? - ela não levantou a voz, só se aproximou de mim em um gesto de carinho - Quer xingar? Xinga. Quer gritar? Grita. Quer chorar? Chora. Eu até deixo você me bater, se quiser. Só faz alguma coisa além de se esconder. Realmente, eu não conhecia a sua mãe como você, nem tinha tanta intimidade com a vovó como você, mas sei que nenhuma delas iriam ficar felizes de te ver assim.

— Não é tão fácil assim, Letícia. - as lágrimas ameaçaram descer, acabei sentando na cama e continuei, sem olhar nos olhos dela - Eu não tenho força nenhuma pra sair desse buraco. Elas eram a minha força, Letícia!

— E elas ainda são. - se sentou ao meu com lágrimas nos olhos - O que importa é que elas ainda estão aqui dentro. - pôs a mão em cima do meu peito - O sentimento ainda tá aqui e é ele que importa!

— Não tô entendendo.

— Você entrou em um buraco por causa da tristeza de ter perdido as duas, mas pode sair dele usando o amor que você ainda sente por elas. Entendo que a sua situação é triste, mas perder a sua felicidade não vai adiantar! - passou o polegar pela minha bochecha sem se importar com as lágrimas que estavam ali - Não vou te forçar a nada, mas por favor, pensa no que eu te falei.

  Ela saiu do meu quarto e me deixou sozinha, provavelmente por achar que eu precisava pensar. Deitei a cabeça no travesseiro e chorei bastante, mas as palavras da Letícia não saíam da minha cabeça. Levantei devagar, me olhei no espelho, apertei o pingente do colar e deixei uma última lágrima cair.

  Fui direto pro banheiro, tomei um banho demorado e deixei a água quente afastar qualquer sentimento ruim pra longe. Quando voltei para o quarto fui arrumar  o cabelo, coloquei um vestido estampado e calcei uma sandália rasteira . Abri a porta do quarto de Letícia e soltei um sorriso:

— Acho que vou precisar de ajuda com a maquiagem.

Ao me ver, ela sorriu largamente e se levantou da cama, me puxando pra dentro do quarto:

— Me dá 5 minutos, só vou tomar um banho e já cuido da sua make!

Ela saiu do quarto com a toalha no ombro gritando pra casa inteira ouvir:

— GENTE, VAI SE ARRUMAR. ELA DECIDIU SAIR DO COVIL!

Ri sozinha dentro do quarto por causa do desespero dela. Depois de alguns minutos ela voltou com os cabelos molhados.

— Até que enfim, em?! Já tava quase desistindo. - disse em um tom humorado.

— Nem brinca com isso! - ri de novo pela cara que ela fez - Vou me arrumar primeiro e depois cuido de ti, quero te dar uma atenção especial. Hoje é seu aniversário e é minha missão te deixar mais linda do que nunca!

— Sim, senhora! - fingi uma continência.

  Depois de uma hora, estávamos prontas. Ao me olhar no espelho, me surpreendi, nunca estive tão linda. A sombra leve destacava a cor castanho claro dos meus olhos, o brilho labial dava ainda mais volume e definição pros meus lábios. Sorri com satisfação e Letícia fez o mesmo ao ver minha reação!

  Fomos em direção à sala, todos estavam prontos e incrivelmente bonitos. Murilo foi o primeiro a se manifestar:

— Quem diria que por baixo de tanta grosseria, tem tanta beleza. - ri e ele também.

— Isso é jeito de falar com a menina, Murilo? É o aniversário dela! - minha tia o repreendeu e rimos ainda mais.

— Você tá linda, irmãzinha - ele disse e me abraçou, aquelas palavras me surpreenderam e acabei o encarando com um olhar desconfiado - O quê? É isso que você é pra mim: uma irmã mais nova. Feliz aniversário, neném! - sorri de novo e o abracei.

Quando o soltei, foi a vez da minha tia me dar os "parabéns". Ela estava chorando, então só conseguiu me abraçar e eu retribui:

— Eu tô tão orgulhosa de você!

— Brigada tia, por tudo! - disse olhando em seus olhos e segurando suas mãos.

— Agora é minha vez! - disse Luiz, o marido da minha tia, vindo em minha direção e me abraçando - Parabéns, Aksa. Todos nós estamos muito felizes por você e muito orgulhosos também. Você é como uma filha pra mim!

— Obrigada por tudo também, tio!

  Não consegui chamá-lo de pai, assim como não conseguia chamar minha avó de mãe. Mesmo não o conhecendo e não tendo vontade nenhuma de fazer isso, meu pai estava em algum lugar e aquele papel era dele. Eu via no Luiz uma imagem de pai perfeito e ficava feliz por ele me considerar como filha, mas não poderia chamá -lo de pai da boca pra fora.

— Vamos, né?! Temos que tirar ela de casa antes que ela volte pro esconderijo!

  Todos nós rimos com o comentário da Letícia e fomos em direção ao lugar que ela tinha escolhido. Mesmo ela e o Murilo tendo carteira de motorista, eles deixaram meu tio dirigir com a desculpa de que queriam aproveitar cada segundo do meu lado enquanto estávamos fora de casa.

Naquela noite eu fiz o que não fazia a muito tempo, me divertir de verdade. Eu me senti acolhida, amada e principalmente, feliz! 

  Eu precisava daquilo, precisava de um impulso. 

Depois daquele dia as coisas mudaram de novo, mas dessa vez foi pra melhor. Eu finalmente fui saindo da minha bolha aos poucos e voltando a ser mais parecida com a dona Isabel: feliz e simpática. 

  As aulas acabaram e a Let praticamente me obrigou a ir na minha formatura, ela mesma me ajudou a procurar um vestido, eu  arrumei cabelo e ela fez minha maquiagem. A festa não foi muito sofisticada, mas ficou linda. Aproveitei a oportunidade para tirar uma foto com a minha família. Fiz questão de imprimir, colocar em um porta retratos e deixá-lo entre a minha foto com a minha mãe, e uma foto antiga que a minha tia tirou com a minha mãe e minha avó no casamento dela.

  Os dias foram passando e as coisas pareciam ter voltado ao seu devido lugar, continuei trabalhando, mesmo depois das aulas acabarem porque não conseguia mais ficar desocupada. Cheguei em casa cansada por causa da movimentação que a livraria tinha tido naquele dia, n a intenção de ir em direção ao meu quarto pra tomar um banho e jantar, mas encontrei a Letícia, minha tia e o Luiz parados olhando pra mim com uma expressão de pura felicidade.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? - sorri pela expressão deles.

— Chegou isso aqui pra você. - a Letícia disse, chegando perto de mim com um envelope - Não abrimos por respeito, mas temos quase certeza do que diz aí dentro.

  No lado de fora do envelope tinha a logo de uma Universidade que, no primeiro momento, não identifiquei. Olhei pra cima por alguns segundos só para ver a cara deles, sorri e abri o envelope, nele havia uma mensagem impressa pela diretora da Udesc, uma Universidade estadual situada em Florianópolis-SC, me dizendo que havia ficado em 1°lugar no vestibular e que estava sendo convidada para uma visita ao Campus antes da matrícula, na mensagem ela também me parabenizou pela conquista.

  Não acreditei no que estava lendo e fui correndo pro meu quarto, até deixei a carta em cima da mesa, só queria saber se aquela era a única mensagem que eu tinha recebido, então peguei meu celular e vi que tinham cerca de 30 novas mensagens no meu email. Abri e li todas elas com calma, quando terminei não conseguia acreditar, eu tinha passado em 10 universidades diferentes.

  Quando voltei para cozinha, me joguei nos braços da Letícia sorrindo como uma criança que havia acabado de ganhar o presente mais desejado de todos.

— O que foi? O que dizia no envelope? - ela me atropelou com as perguntas antes mesmo de eu me soltar de seus braços - Fala, menina.

— Eu fiquei em 1°lugar no vestibular da Udesc e passei em outras 10 universidades! - quase gritei de felicidade.

— Mentira. Sério? - ela me abraçou de novo, me apertando até quase tirar meu ar - Parabéns meu amor, tô tão feliz por você! Sabia que você ia conseguir!

— Parabéns, Aksa, você mereceu! - meus tios disseram ao mesmo tempo e puxaram um abraço família.

— Que isso, gente? Quem ganhou na loteria?

  Murilo perguntou com um tom de humor sem entender o que tava acontecendo, já que ele tinha acabado de chegar do trabalho.

— Eu fiquei em 1°lugar no vestibular da Udesc e passei em outras 10 universidades! - dessa vez eu gritei e corri pra abraçar ele, que retribuiu me apertando também.

— Essa é a minha garota. Parabéns, minha linda. Mas, estudando como você estava, era impossível o resultado não ser esse!  

  Nos juntamos de novo para um abraço em família e decidimos sair pra comemorar. Fomos à uma pizzaria e ficamos lá por cerca de duas ou três horas, rimos como se não houvesse amanhã.

  Tive um pouco de dificuldade em decidir pra qual universidade iria, mas depois da visita que eu e a minha tia fizemos no Campus da Udesc, eu soube que lá era o meu lugar. O ensino e o currículo dos professores eram de dar inveja.

  Estávamos conhecendo os lugares mais importantes do Campus (refeitório, laboratórios, salas da direção...) e enquanto passávamos pela área esportiva, reparei em um menino que estava jogando  futebol no ginásio. Ele era alto, moreno e tinha cabelos escuros, mas não consegui prestar muita atenção nos detalhes por conta da distância. Perdi um pouco do equilíbrio quando ele me olhou de volta com curiosidade e soltou um sorriso.

— Senhorita Fernández?

— An? O que? Desculpa, eu acabei me distraindo um pouco. O que a senhora disse? - nem tinha notado a diretora falando comigo.

  Minha tia olhava indiscretamente para o menino que ainda me encarava, e ainda fingiu não sentir quando eu a cutuquei na tentativa falha de fazê-la ser mais discreta.  

— Sem problemas. - a diretora sorriu em compreensão - Estava perguntando qual turno você escolheu para cursar Administração Empresarial. 

— Ahh, sim. Período noturno! 

— Quer conhecer a sua futura sala?

— Eu adoraria.

— Me acompanhem, por favor!

  Olhei mais uma vez para dentro do ginásio e o moreno ainda sorria ao me olhar, mas apenas balancei a cabeça e segui a diretora.

  Após conhecer o Campus e ajustar os últimos detalhes da matrícula, eu e minha tia fomos direto para o meu futuro apartamento que não era tão longe da Udesc. Ele tinha 2 quartos (o maior deles tinha até um banheiro próprio), sala, cozinha e um banheiro social. Não era grande mas, era ótimo pra mim.

  Assinamos o contrato com o representante da imobiliária, que nos deixou a sós depois de me entregar as chaves. Eu estava tão feliz, sorria como se tivesse ganhado na loteria!

  Legalmente o apartamento pertencia a minha tia, já que eu ainda estava com 17 anos e não podia comprar um imóvel sendo menor de idade. Mas, assim que fizesse 18 anos minha tia iria passar ele para o meu nome, já que era eu que havia pagado por ele. Sim, cerca de 55% do valor de todo aquele apartamento, eu havia pagado com o meu dinheiro e era isso que mais me satisfazia; depois que a situação de saúde da minha avó começou a ficar complicada, minha tia arcou com quase todos os custos da nossa casa e eu acabei guardando o dinheiro que ganhava no meu trabalho. Meus tios deram o resto do valor como um presente para me ajudar a pagar, como um presente, e assim consegui comprar aquela belezinha.

  Durante o almoço só conseguia sorrir pensando em tudo que estava acontecendo, parecia um sonho.

— Pensando no moreno do Campus? - fui tirada dos meus devaneios pela pergunta direta da minha tia.

— Quem?

— Como assim "quem" Aksa? O garoto que te fez até perder a concentração durante a sua conversa com a diretora. Eu reparei nele, até que ele é bonito.

— Eu sei que você reparou, se brincar, você notou ele mais do que eu. Do jeito que você encarou ele, deve ter notado até quantas espinhas ele tem! - sorri e olhei pra ela, que retribuiu rindo.

— Não é pra tanto Aksa, só dei uma olhadinha para conferir o que tirou a tão preciosa atenção da minha sobrinha.

— Olhadinha? Aquilo foi uma olhadinha? Não quero nem saber o que você faz quando quer reparar em alguém. - rimos - Mas não, eu não tava pensando nele, só estou feliz por tudo que está acontecendo!

— Você merece tudo isso e muito mais minha linda. - ela segurou minha mão que estava por cima da mesa - E você vai conseguir muito mais. Sei do seu potencial e essa é só a sua primeira vitória!

— Brigada tia, por tudo que você já fez até hoje por mim! Não teria nada disso sem você e o Luiz.

— Não precisa agradecer nada, só tô cumprindo a promessa que fiz pra sua mãe.

— Minha mãe gostava de promessas, né?! - dei um sorriso humorado.

— Pois é. - sorriu também - Mas, ainda temos que acertar algumas coisas aqui em Florianópolis e as horas estão correndo. Temos só mais dois dias até voltarmos para São Paulo, então precisamos nos apressar!

— Verdade.

  Nos levantamos e fomos para o lugar onde eu trabalharia quando me mudasse pra cá. Depois que resolvemos tudo, minha tia foi para o Hotel e eu aproveitei aqueles últimos instantes do dia para conhecer melhor a cidade: linhas de ônibus, bairros e algumas outras coisas que eu precisava saber para não ficar tão perdida quando me mudasse.

  Voltamos para São Paulo e por causa da agitação que tinha sido aqueles três dias, fui perceber que estava com saudades dos meus primos e do meu tio só quando cheguei em casa.

  Eu teria só mais 15 dias até a minha mudança definitiva para Santa Catarina e comecei a me preocupar com o fato de ficar longe da minha família. Mesmo sabendo que eles estariam à algumas horas de mim, eu voltaria a ficar sozinha e aquilo me incomodou durante dias. 

  Eu queria que aquelas semanas demorassem anos para passar, mas elas passaram como um piscar de olhos. Aqueles dias tinham sido incríveis, me apeguei ainda mais a cada um deles.

  Minhas malas estavam prontas e eu estava sentada na minha cama com a foto da minha formatura nas mãos, deixei uma lágrima cair. Eu estava com medo. Apertei o pingente do colar tentando ter alguma resposta, mas isso não aconteceu, então deixei mais algumas lágrimas descerem.

— Aksa, você tá pronta? A gente vai sair daqui 10 minutos, não queremos que você perca o... O que foi, meu amor? Você tá bem? - não tinha visto minha tia entrar no quarto e não deu tempo de enxugar as lágrimas antes que ela visse.

— Eu tô com medo, tia!

— Medo de quê, princesa? - ela mexia nos meus cachos enquanto sentava na cama.

— Não sei. Medo de dar alguma coisa errado, medo de perder vocês. Essa é a única família que eu tenho tia, me apeguei muito à vocês! É torturante pensar que vou ficar sozinha.

— Ôh meu amor, olha aqui pra titia. Eu sei tudo o que aconteceu e sei como isso te machucou, mas não precisa ter medo de nos perder porque nós sempre vamos estar aqui. - ela enxugou as lágrimas das minhas bochechas -   A vida é feita de riscos, Aksa! Se alguma coisa der errado ou se você não se adaptar, é só você voltar pra casa, mas você precisa pelo menos tentar. É como sua avó dizia: "O sentimento de tentar é bem melhor do que o arrependimento de não ter ido atrás!" 

  Não consegui dizer nada, só abracei ela e chorei mais alguns segundos. Ao me desencostar, enxuguei as lágrimas.

— Chega de chorar! - eu disse sorrindo.

— E então, vamos? - Minha tia perguntou levantando da cama e me estendendo a mão.

— Vamos!

Os quatro quiseram me acompanhar até o aeroporto, eles queriam se despedir de mim ao mesmo tempo. No caminho, Luiz ligou o rádio e estava tocando I wanna dance with somebody da Whitney Houston e todos nós conhecíamos aquela música.

O resultado não podia ser diferente: o som ficou no último volume, aquelas cinco vozes desafinadas cantaram a música até chegar no aeroporto que não era tão longe. Eles fizeram questão de me fazer rir durante todo o trajeto para esquecer que estava com medo!

  A chegada no aeroporto foi agitada, meu vôo sairia em cerca de 30 minutos, então despachei minhas malas e fiz todas aquelas coisas obrigatórias para conseguir viajar. Quando estava tudo pronto, caminhei até eles tentando achar palavras para a despedida que eu tanto temia. Falei com meu tio primeiro:

— Obrigada por tudo, Luiz. Pela ajuda, pelo conforto, pela proteção, pelo carinho... Tudo. Nunca tive a presença de um pai, mas, você conseguiu me provar que existem pais de verdade no mundo. Eles têm sorte de ter você! - disse olhando para Letícia e Murilo.

  O abracei como forma de concretizar tudo que estava dizendo e ele só retribuiu me dando um beijo no alto da cabeça. Logo depois me direcionei ao Murilo.

— Chegou o dia que você tanto esperava em, garotão?! Finalmente vai ter seu laboratório de Informática de volta! - ele riu com os olhos marejados - Juízo, tá?! Você tem 23 anos, não 14!

— Só vou prometer porque você tá indo embora! - disse com um sorriso e as mãos no bolso.

— Você se tornou o irmão que eu nunca tive, Murilo e meu parceiro de festa preferido! - ele riu alto dessa vez - Obrigada por todos os momentos, todas as risadas, toda zoação. Nunca vou esquecer isso!

— Awwnt vem aqui, meu neném. - me puxou para um abraço - Eu disse que não ia chorar, agora vou ter que pagar 50 reais pra Letícia por sua culpa. - sorriu largamente - Vem visitar a gente sempre que puder, tá?! Se não a gente vai invadir a sua casa lá em Florianópolis! - fechei os olhos pra rir e ele beijou a minha testa - Te amo demais, maninha!

Me soltei de Murilo e fui em direção à Letícia.

— Agora é a sua vez!

— Não, não, não. Nem ouse falar essas palavras de despedidas pra mim, não tô a fim de borrar minha maquiagem por causa de você! - ela sorriu e seus olhos ficaram marejados.

Apenas concordei com a cabeça e fui abraça-lá.

— Eu quero que você me ligue, no mínimo, três vezes por semana. - assenti.

— Obrigada por tudo, Let.

— Eu te amo, minha pretinha!

Abracei a Letícia mais uma vez e fui em direção à minha tia.

— Nem precisa dizer nada, só me abraça! - sorri e fiz o que ela pediu - Te amo, princesa e estou tão orgulhosa da sua conquista, você não tem noção!

— Nada disso seria possível sem você titia. Muito obrigada mesmo!

  Me afastei dela e fiquei em frente aos quatro.

— Bom, chegou a hora né?! - as lágrimas começaram a vir sem aviso prévio - Muito obrigada pela paciência, pelo carinho, pelo amor e pela ajuda que vocês me ofereceram durante esse último ano. Nada disso seria possível sem a insistência de vocês! - comecei a sorrir de orelha à orelha - Vocês recuperaram uma versão minha que eu achei que nunca mais iria ver. Vocês são a minha família e eu amo muito cada um de vocês!

  Eles não disseram nada por causa das lágrimas, todos eles estavam chorando e eu não consegui me conter também. Eles vieram em minha direção e me abraçaram de novo, todos juntos. Não era necessário dizer mais nada, aquele abraço dizia tudo que cada um queria expressar!

  Nos separamos quando meu vôo foi anunciado, respirei fundo, segurei minha bolsa com força e me virei indo em direção ao portão de embarque. Antes de entrar, me virei para eles, acenei e deixei a última lágrima cair quando eles acenaram de volta.

  Ao entrar no avião, sentei na minha poltrona, coloquei o cinto e apertei o pingente do colar como de costume. Sorri ao lembrar da família que eu tinha deixado no aeroporto, ao lembrar da minha velhinha e, principalmente, ao lembrar da minha mãe.

  Olhando pela janela, vendo o avião decolar, senti um alívio reconfortante ao soltar o ar que, até então, não sabia que estava prendendo, e percebi que aquela era a minha segunda chance. Aquele era o meu recomeço!



*Relevem os erros, por favor.* 🥺

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