003
— ★ ₊˚𝒮oonjin 𝒿eong⌗ 🍙’
Me espreguiço em minha cama com minhas pálpebras preguiçosas para abrir.
O silêncio reina após a algazarra até altas horas da madrugada e todos seguem dormindo.
Às vezes o barulho é tanto que preciso usar tampões.
Sento na minha cama, olhando o dia começar a raiar na janela, pronta para começar mais uma rotina pacata de sempre.
Pego meu celular embaixo do travesseiro e abro a mensagem de bom dia do meu amigo. Noah é uma gracinha e meu dia sempre inicia com um bom dia dele.
Respondo sua mensagem, levanto da cama e espreguiço até ficar na ponta dos pés. Sigo em direção ao meu armário, abro e pego uma calça jeans preta rasgada no joelho. Tiro minha camisola jogando em cima da cama, visto a calça acompanhada de um casaco fininho e pego a minha costumeira jaqueta de couro.
Para minha sorte tenho meu próprio banheiro, odeio usar o banheiro das garotas. Elas são tão desorganizadas, tanto que há calcinhas por todo lado, sem falar o odor forte de maconha. É proibido o uso de drogas, mas muitas vezes os clientes acabam trazendo.
Faço minha higiene e após escovar meus dentes, deixo meu cabelo solto, caindo em sedosos fios lisos. Adoro meu cabelo ruivo, pois realça minha pele branca e olhos castanhos.
Pego minha bolsa em cima da cama, passando em meu ombro, e calço uma botinha sem salto. Destranco a porta, saio do meu quarto a deixando trancada para ninguém entrar e guardo a chave no meu bolso.
Sigo pelo corredor, desviando de algumas roupas espalhadas e fazendo cara de nojo. Desço a escada sem encostar no corrimão, com repúdio do que podiam ter feito ali. Passo pela sala onde aconteciam os encontros, indo para os fundos e entrando na cozinha. Abro um enorme sorriso ao ver meu pai sentado em uma cadeira a me esperar.
— Bom dia, minha princesinha.
Confesso que em seu sorriso sinto um pouco de preocupação.
— Bom dia, pai, algo que precisa me contar? — pergunto abraçando seu corpo por trás, lhe dando um beijo no pescoço.
— Nada não, minha boneca.
— Tem certeza, papai? — questiono sentando na cadeira ao seu lado.
— São apenas dívidas, que daremos conta.
— Pai. — Suspiro ao dizer. — Não andou pegando dinheiro com pessoas da pesada, não é mesmo?
— Amy falou que eram homens confiáveis, mas o problema é que este mês já é o segundo que atrasa o pagamento.
Fecho meus olhos com força, tinha que ter o dedo dessa Amy no meio. Meu pai às vezes é tão ingênuo, não sei como conseguia manter um lugar como este. Já não bastava o que havia acontecido com mamãe, ele estava repetindo a dose.
— Será que eles virão atrás? — pergunto abrindo meus olhos, observando a expressão cansada de Charles.
— Não sei, minha filha, mas se vierem quero que fique longe.
— Mas, pai....
— Sem “mas”, minha filha, já perdi sua mãe para uma burrada dessa.
É bom que ele saiba, pois, mamãe foi morta quando invadiram nossa boate, exigindo a quitação das dívidas do meu pai, e como na época meu pai não tinha o dinheiro, os homens receberam o pagamento com a vida da minha mãe.
Perco meu apetite, ver meu pai triste assim me deixa sem chão, ele é a única família que tenho e se estou morando neste antro do sexo é por causa dele. Não tenho coragem de deixá-lo no meio dessas cobras, que são capazes de engolir Charles na primeira oportunidade.
— Pai, estou saindo.
— Não vai comer?
— Noah já está me esperando — digo levantando da cadeira.
— Tudo bem, minha princesa.
— Promete me ligar se algo estiver acontecendo?
Meu velhinho revira os olhos concordando com a cabeça.
Dou um beijo na sua bochecha, saindo da cozinha em direção a porta dos fundos. Passo pela calçada e encontro o carro do meu amigo estacionado me esperando.
— Que carinha de triste é esta? — meu amigo vai logo perguntando.
— Nada de mais, Noah. — Não quis entrar no assunto e ele respeitou.
— E então, o que acha de maratonarmos uma série amanhã? — Noah logo muda de assunto.
— Fiquei sabendo que entrou uma nova série na Netflix, o que acha? — pergunto sentindo meu ânimo voltar.
Entramos em uma conversa animada, meus finais de semana geralmente são no apartamento do Noah, ou ficamos estudando, ou vendo alguma série, dificilmente meu amigo gosta de passear na rua.
Chegamos na faculdade e cada um vai para o seu canto.
O dia passa em um ritmo lento, não conseguia tirar a conversa do meu pai da cabeça.
E se aqueles homens fossem atrás dele?
Não podia perder o único membro da minha família.
Meu coração aperta só de pensar no meu pai passando perigo.
Finalmente apita o último sinal, posso ir embora e finalmente ver Charles para tirar esses pensamentos da minha mente.
— Cafezinho hoje? — Noah pergunta assim que passo pela porta da sala.
— Hoje não, Noah, preciso ir para casa ver meu pai.
— Sério? — Faz beicinho de tristeza.
Faço que sim com a cabeça e caminho ao seu lado em direção a saída da faculdade.
Meu amigo insiste em me deixar em casa, no começo eu nego, mas depois de tanto insistir acabo aceitando.
O caminho até minha casa é ameno, quando estou ao lado do meu amigo consigo tirar da minha mente os problemas do meu pai.
Porém, meu mundo desaba quando vejo três Bugatti Bolide pretos estacionados na frente da boate.
— Há algo de errado aí? — Noah pergunta estacionando em frente a boate.
— Não sei, vou lá ver.
— Vou junto. — Meu amigo faz sinal de abrir a porta.
— Não, vai embora. Não deve ser nada.
— Tem certeza, Soo?
— Tenho. — Dou um beijo na sua bochecha, abrindo um sorriso forçado.
Desço do carro segurando a alça da minha bolsa com força com meu mundo desabando aos poucos, imaginando cenas horríveis.
Noah vai embora.
Na porta da boate há três homens de preto fumando cigarro e me olhando sérios.
Droga, papai, quem são esses homens?
Não entro por aquela porta, pois os homens dão o dobro do meu tamanho.
Passo pela porta de trás, encontrando duas meninas abraçadas, chorando na cozinha.
— O que está acontecendo aqui? — pergunto apavorada.
— Eles vão matá-lo — uma delas diz choramingando.
Sem dar ouvidos vou na direção da voz de um homem que fala grosso.
Entro na sala, dou um berro ao ver a arma pressionada na cabeça do meu pai e imediatamente todos olham na minha direção.
— Por favor — digo em uma súplica. — Meu pai, não!
Meu olhar varre a sala, encontrando intensos olhos castanhos que me avaliam fixamente.
Neste momento, vejo meu corpo tensionar e um medo percorrer minha espinha.
— Você não disse que tem uma filha — o homem diz em um inglês puxado, sem desviar seus olhos de mim.
001 — Não esqueçam de votar!
002 — Qual foi o melhor livro que horas já leram?
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