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Capítulo 9 (Parte 2).

Estava novamente preso nas lembranças de Taphiel, ele tinha conseguido me introduzir em sua mente mesmo eu me negando. Até o que ocorria dentro da cabeça do anjo era perturbador, me encontrava no meio de uma tétrica escuridão que deixava o meu corpo gelado e me provocava profunda tristeza e desolação. Suas memórias logravam ser mais aterradoras do que ele, e eu não era capaz de dizer se era pior ver uma das suas macabras recordações ou estar parado naquele vazio escuro sem ter consciência do que poderia acontecer. Ele me deixaria ali para sempre? Me mostraria outro momento vivido?

Subitamente uma porta apareceu frente a mim e recuei assustado, como meu irmão conseguia me amedrontar mesmo sem estar presente? Não me sentia bem, Taphiel não me fazia bem. Olhei a porta detalhadamente e notei que já a tinha visto antes, era a mesma que tinha surgido na ala invisível e que tinha me levado até Lúcifer e seu parceiro. Uma parte de mim dizia para não abrir a porta, que esperasse o de olhos claros desistir e me tirar de lá, mas a outra parte sabia que eu só iria sair daquele problema se fizesse o que o anjo malvado queria, e isso era que eu abrisse a porta e visse o que se escondia trás ela.

Com a mão trêmula segurei a maçaneta e lentamente abri a porta, ficando surpreso ao ver que a sala na qual eu já tinha estado se encontrava ali, mas não havia nenhum outro ser além de mim. Confuso, entrei totalmente no local sentindo como a calma me invadia ao reparar que realmente estava sozinho, só não sabia por quanto tempo. Como previsto, a solidão não durou muito já que Lúcifer e Taphiel chegaram me impactando e assustando, pois estavam protagonizando uma feroz briga: o Querubim segurava com uma força esmagadora o pescoço do contrário enquanto este tentava se soltar, mas o único que conseguiu foi ser lançado contra a mesa produzindo um som estrondoso. Colei meu corpo à parede para não ser atingido pela brutalidade do de olhos escuros, mesmo não sendo possível tal coisa meu instinto de proteção se ativou.

Lúcifer andou lentamente até o anjo como se de um caçador intimidando a sua presa se tratasse, nunca o tinha visto tão furioso e com um olhar tão... Depredador. Pela primeira vez estava sentindo real medo do meu irmão e odiava esse sentimento tanto quanto odiava a que ponto tudo tinha chegado, por que ele tinha que ser assim? Por que dentro todos os anjos existentes justamente ele devia ser o traidor?

Taphiel olhava sem expressão no rosto o ser frente a ele, mas seu olhar demonstrava o medo que sentia pelo que o outro era capaz de fazer.

-Você ficou completamente louco! - Bravejou raivoso o Querubim. - Quanto tempo acha que vai poder esconder o que fez?!

Ao não obter resposta, Lúcifer socou fortemente a mesa na qual se encontrava o de olhos claros quebrando a mesma, provocando assim que nosso irmão caísse.

-Será que você pode se acalmar e me escutar? - Retrucou Taphiel. - Tudo tem uma boa explicação, o que eu fiz era parte do meu plano.

- Do seu plano? - O de olhos pretos levantou o seu parceiro puxando-o pelo cabelo. - Você fez um plano e o escondeu de mim, Taphiel?

-Eu o criei para te ajudar, você não pode dar conta de tudo sozinho.

-Por acaso está me chamando de incompetente? - Ele puxou com mais força os cabelos escuros da sua vítima.

-Não! Não, claro que não - Taphiel se soltou do agarre afastando-se. - Mas você disse que precisamos deixá-los fracos para poder atacar e assim ter maiores chances de vencer.

-Eu disse deixá-los fracos, mas não disse nada sobre matar! - A cólera do Querubim não fazia outra coisa a não ser ir em aumento. - Além do mais, como você conseguiu fazer tal coisa com um anjo?! Supõe-se que somos imortais!

-Acredito que apenas a foice tenha tamanho poder, caso contrário já haveria mais de uma morte mesmo que acidental - Escutá-lo falar me dava arrepios. - Quando você me entregou a minha arma decidi treinar um pouco com ela, e em um descuido acabei cortando a minha mão.

Ele levantou sua mão esquerda e na palma era possível ver um corte que ainda não tinha sarado e era profundo, era desagradável de se ver.

-Quando eu vi o ferimento achei que ele iria se curar, mas isso claramente não ocorreu, pois o tenho até agora. A única coisa que mudou foi que pelo menos aquele líquido já não sai da minha mão, não sei como faria para escondê-lo ou detê-lo.

-De qual líquido você está falando?

-Do mesmo que o corpo de Laylah desprendia.

Fiquei tenso com essas palavras, e pelo que pude notar, Lúcifer também.

-Ainda não entendo como você chegou à conclusão de que isso poderia ser letal.

-Tive que me arriscar, comprovar se aquilo só acontecia comigo ou também com os outros anjos.

-E você usou a Laylah como experimento? - Proferiu com ódio o de olhos escuros.

-Não realmente, ela não foi o primeiro anjo em morrer, e sim o segundo.

O seguinte que eu vi foi como Lúcifer, segurando o braço de Taphiel, o jogou contra a parede na qual eu estava me fazendo ir em direção contrária para fugir.

-Quem mais você matou, Taphiel?!

-Isso não é relevante - Respondeu ele segurando sua cabeça e tentando ficar em pé.

-Quem mais você matou?! - Meu irmão avançou até o outro e lhe deu um soco no rosto, derrubando-o novamente no chão.

-Zaniel - Sussurrou o de olhos claros. - Ele estava cego, não fazia nada além de te idolatrar e isso serviu para convencê-lo a se sacrificar.

-Ou seja, que além de você assassinar a Laylah, também matou um dos nossos aliados - Os olhos do Querubim mudaram de cor, mas velozmente voltaram ao normal. - Se eu soubesse o tamanho da tua burrice nunca teria permitido que você fizesse parte disto. Dê-me um bom motivo para não usar a tua foice e te matar.

-Você sabe que querendo ou não precisa de mim - Lúcifer se ajoelhou ficando perto do seu acompanhante. - Ninguém notou a ausência de Zaniel, mas sim a de Laylah. Ninguém sentiu a morte dele, mas sim a dela. Ela tinha um poder perigoso e você sabe disso, assim como ela sabia que ia morrer e não falou nada sobre. Sabe por que a matei? Porque ela era a debilidade dos Arcanjos, principalmente de Miguel, e acima de tudo era o ponto fraco de Sebastiel. O céu é um império Lúcifer, e os impérios você tem que primeiro destruí-los por dentro porque cedo ou tarde isso fará com que os que fazem parte dele acabem se destruindo sozinhos. Foi isso o que eu fiz, acabar com eles tirando o que tinham de melhor, não irá demorar muito até vê-los se desentendendo entre eles.

-Admito que o teu pensamento é inteligente - Taphiel sorriu em sinal de vitória. - Mas Laylah era completamente inocente e mesmo assim você a matou.

-Você não escutou uma palavra sequer do que eu disse? - O anjo replicou descontente. - O quê ia acontecer quando ela soubesse do nosso plano? Se é que ela já não sabia e planejava contar tudo. Se você disser que ela não contaria nada eu vou duvidar da tua cordura.

-Matar a Laylah nunca foi uma opção!

-Por que tanta insistência com a morte dela?! Não vai falar agora que tinha afeto pela ruiva!

O de olhos escuros levantou bruscamente ficando de costas à Taphiel e de frente para mim, já que eu tinha migrado de uma parede à outra. Estava ansioso por saber a resposta, ele tinha se afeiçoado com nossa irmã?

-Não vai me responder?

-Eu não tenho que te dar explicações - Lúcifer caminhou até a porta e segurou a maçaneta. - Apenas saiba que se você o matar, eu vou matar você da forma mais cruel e dolorosa possível.

E assim, deixando minha curiosidade à flor de pele, meu irmão abandonou a sala.

Caí de joelhos segurando a minha cabeça com uma mão enquanto a outra sustinha a espada, já estava farto dos jogos mentais de Taphiel. Estava cansado, exausto, mas acima de tudo decepcionado, a confiança cega que havia depositado em Lúcifer tinha me levado a estar assim. Ele sabia o quão importante era para mim achar o responsável pelo acontecido com Laylah, e mesmo tendo todas as respostas que eu precisava o seu egoísmo falou mais alto e não foi capaz de me dizer nada.

Levantei a cabeça e olhei ao meu redor, a metade dos anjos ainda se encontrava em pé e batalhando, mas a outra metade estava caída no chão inconsciente, ou pelo menos esperava que estivessem apenas inconscientes. Meu olhar se encontrou com o do Querubim, e pelas suas expressões faciais entendi que ele já sabia que eu tinha consciência de tudo, só não sabia decifrar se ele se sentia culpado ou abatido por não ter guardado o suficientemente bem o seu segredo.

-Eu acho que no final sou um bom anjo, você não acha? - Desviei a minha vista de Lúcifer para dirigi-la ao de olhos azuis. - Eu abri os teus olhos em relação a Lúcifer, te mostrei como é realmente o anjo que você tanto ama. Deveria estar me agradecendo e não me olhando assim.

-Agradecer? A você? -Fiquei em pé e me aproximei do rosto do contrário. - Pelo que tenho que ser grato? Por você matar não só a Laylah, mas também centos de anjos? Por você ser cúmplice de uma guerra? Por ser cruel, despiedado e detestável? Não me faça rir Taphiel, se você me mostrou aquilo foi apenas para me ver descontrolado indo atrás de Lúcifer, mas surpresa, isso não vai acontecer e sabe por quê? Porque antes disso eu vou acabar com você e não terá tempo de desfrutar o que causou.

Sem lhe dar espaço para ter alguma reação me afastei sentindo uma energia recorrer cada centímetro do meu corpo, e ao olhar minhas mãos vislumbrei como elas eram envolvidas pela cor azul metálico. Olhando o meu reflexo na espada notei que os meus olhos tinham adquirido a mesma tonalidade fazendo-me sorrir, pois sem dúvidas isso era graças ao meu poder.

Todo desapareceu ao meu redor, éramos só eu e Taphiel prontos para acabar com o outro. Os seus olhos azuis ficaram totalmente pretos, mas não me intimidei, se ele queria guerra, então guerra teria.

Nossas asas estavam abertas nos dando um ar de imponência, mas isso não importou quando ele segurou sua foice e tentou me atingir sendo bloqueado por mim. O choque entre nossas armas provocou que o chão vibrasse e que uma luz se desprendesse da minha espada enquanto uma estranha sombra também se desprendia da foice do meu opoente, ocasionando que a luz e as trevas se misturassem.

Com cada encontro entre os artefatos o chão vibrava mais e mais, e a minha luz e a sua sombra continuavam colidindo e se juntando criando um espetáculo que seria digno de admiração se não estivéssemos no meio de um confronto de vida ou morte. Por um pequeno deslize meu Taphiel conseguiu vantagem e usando o cabo da foice bateu em minhas pernas me derrubando, mas mesmo com isso em momento algum soltei a minha espada.

Ele colocou seu pé no meu pescoço fazendo pressão ao mesmo tempo em que eu protegia com minha arma o meu peito, lugar onde ele queria inserir o seu artefato. Segurar a espada estava se tornando uma tarefa difícil, pois a intensidade com a qual o de olhos claros pressionava a minha garganta era cada vez maior e dificultava as minhas ações, eu precisava sair daquela situação antes que fosse tarde.

Olhei à minha esquerda e visualizei as correntes de Gabriel, por que elas estavam tão perto de mim se não havia sinais de que o seu dono estivesse por ali? Vendo que elas eram a minha única opção, observei fixamente o de cabelos escuros para que ele não percebesse as minhas intenções e estiquei o mais que pude o meu braço para alcançá-las. Quando senti como minha mão se envolvia nelas sorri levemente fazendo o meu inimigo ficar confuso, afinal, não fazia sentido para ele eu estar sorrindo levando em consideração a desfavorável posição em que me encontrava.

Sem hesitar puxei as correntes e acertei o rosto de Taphiel com elas, deixando-o a uma distância considerável e tirando-o de encima de mim. Levantei-me velozmente agora com duas armas em meu poder, notando que o artefato dourado de Gabriel tinha adotado também a cor azul ao estar em contato com minhas mãos. No chão havia muitas armadilhas que eu não tinha visto antes, pois não todas ficavam visíveis para todos e naquele momento lembrei que parte do poder do Arcanjo era aquilo, criar armadilhas para os inimigos. Tinha a completa certeza de que eu só conseguia vê-las porque tinha as correntes, mas mesmo assim não podia confiar plenamente, tudo era imprevisível com Taphiel.

Andei a passo rápido até o anjo que me olhava furioso, e fazendo uso da minha nova aquisição envolvi a foice para depois jogá-la longe. Senti como o seu ódio crescia ao se ver desarmado, e aproveitando o momento de fraqueza o prendi com a arma de Gabriel para que não pudesse voar e escapar. Ele estava totalmente fora de si tentando se soltar e eu botava toda a minha força para mantê-lo quieto, só que sua raiva dificultava tudo.

Fiz com que ele se ajoelhasse e me acheguei ainda mantendo uma distância prudente entre nós, não queria me arriscar demais. Ele estava cabisbaixo, mas eu não confiava naquela postura de anjo indefeso.

-O quê você está esperando para acabar comigo? - Perguntou Taphiel ainda sem levantar a cabeça. - Já me tem aqui, não tenho como me defender. O quê espera para me vencer?

-Eu sei que tem mais, sempre tem mais com você Taphiel.

-Estou aceitando a minha derrota, fui estupido ao achar que venceria você Sebastiel.

-Pelo amor do Pai, Taphiel! - Coloquei a ponta da espada debaixo do seu queixo e fiz com que me olhasse. - Você espera que eu acredite nisso?! Você nunca ia se render tão fácil!

-Tínhamos grandes chances de perder - A calma com a qual ele falava me deixava colérico. - Nós sabíamos disso e mesmo assim seguimos com o plano.

-Chega!

Com o meu grito enraivecido o chão novamente vibrou e apertei o agarre sobre as concorrentes, enquanto simultaneamente a minha arma começava a atravessar a garganta de Taphiel.

-Eu apenas... Sinto muito que a Laylah... Veja-te fazendo isto.

Detive o meu movimento ao escutá-lo.

-Por se você não se lembra, você a matou - Segurei firmemente meu artefato e continuei o que estava fazendo. - Então ela não está aqui e isso é culpa tua.

-É claro que eu estou aqui, irmão.

Não, isso não era possível. Era apenas Taphiel brincando de novo com a minha mente, aquela não era a voz da minha irmã. Não podia ser a sua voz.

-Você não é assim irmão, você não é igual a ele.

Com as mãos trêmulas retirei a espada do pescoço do anjo, mas não soltei a corrente. Virei lentamente e de olhos fechados em direção à voz, e ao abri-los soltei os dois artefatos sem pensar nas consequências. Era ela, realmente era a minha pequena.

-Laylah? Mas como?

-Não faça perguntas agora, por acaso não sentiu minha falta?

-É claro que senti, pequena - Eu era uma mistura de emoções. - Mas eu te vi ferida, eu te vi desaparecer nos meus braços.

-Por que melhor não me abraça e deixamos a conversa para depois?

Sem duvidar corri até a ruiva quem me olhava com um belo sorriso, mas quando ia abraçá-la ela simplesmente sumiu. Eu tinha caído no jogo do meu irmão, mas desta vez ele tinha ido longe demais. Virei novamente para ir onde o tinha deixado, mas levei um susto quando o vi frente a mim com a foice.

-Você tinha razão - Ele sorriu cínico. - Eu não me rendo fácil. Gostou da visita?

Possuído pela ira o soquei no rosto fazendo-o cair a uns quantos metros, e antes que ele levantasse voei em sua direção pisando o seu pescoço para pousar. Uma eletricidade da cor do raio da minha espada envolveu meu corpo inteiro, e aproveitando a cólera e quão forte me sentia comecei a bater sem piedade em Taphiel. Se minha arma estivesse comigo, eu não teria hesitado em cortar a garganta dele mesmo que isso não o matasse.

Por algum motivo, cada golpe que eu dava deixava horríveis marcas no de olhos claros, elas eram muito semelhantes com queimaduras. Meu irmão tentava se desfazer de mim, mas eu estava mais poderoso e violento do que nunca.

De repente me senti paralisado, não conseguia sentir nada, mas em questão de segundos voltei a sentir tudo e gritei, gritei como jamais tinha gritado antes. Sentia dor, muita dor. Não podia falar e muito menos me mexer, só conseguia gritar desesperado e em claro sinal de sofrimento.

Taphiel jogou meu corpo para o lado e quando caí de costas gritei ainda mais, a dor era insuportável e eu só conseguia pedir ao Pai que detivesse ela, eu não aguentava mais sentir aquilo. Com as poucas forças que me restavam virei para ficar de cara no chão, e foi ali que percebi que apenas uma asa me cobria. Ele tinha cortado a minha asa.

-Você não me deu opção - Escutava sua voz, mas não podia vê-lo. - Eu te avisei Sebastiel, os intrometidos têm trágicos finais e este é o seu.

Senti como ele pisava o local onde antes existia a minha asa e eu não pude evitar gritar outra vez, só queria que aquela tortura terminasse logo. A foice começou a se introduzir na ferida e eu pensei em Laylah - com a qual possivelmente me encontraria -, em Miguel que sempre esteve para cuidar de mim e em Lúcifer, eu não queria ir embora o odiando. À minha mente veio à lembrança de quando eu, o Arcanjo e o Querubim rimos com genuína felicidade e tivemos um real momento de irmãos, e com essa recordação alegre fechei os olhos escutando como alguém gritava meu nome antes de me submergir na inconsciência.

Miguel estava extremamente angustiado, ele tinha escutado os gritos de agonia de Sebastiel, mas os anjos que o rodeavam não lhe permitiram ir até o seu irmão. Quando o silêncio reinou a aflição tomou conta de seu corpo, que o Anjo da Guarda tivesse se calado não era um bom sinal.

Rapidamente o Arcanjo tirou os opoentes do seu caminho, necessitava encontrar com urgência o seu irmão para certificar-se que ele estava bem, pois não sabia o que faria caso perdesse o anjo de cabelos claros. A morte de Laylah era uma ferida que ainda não tinha cicatrizado, não aguentaria perder Sebastiel também.

Por outro lado, Lúcifer continuava batalhando e derrotando todo aquele que aparecesse frente a ele, sem ter noção do que o seu cúmplice tinha feito com o seu irmão. Ele os tinha perdido de vista quando ambos os anjos começaram o seu confronto, e no momento em que escutou os gritos desgarradores algo se remoeu dentro dele, mas não deu importância a aquele sentimento e muito menos ao que tinha escutado, ele acreditava que a vítima era um ser qualquer que tinha caído nas garras de algum dos seus aliados.

No momento em que Taphiel colocou sua foice no ferimento de Sebastiel uma densa fumaça se misturou com o azul do poder do loiro cobrindo em sua totalidade o machucado, impedindo que a arma aprofundasse no corte e evitando que ele tivesse um trágico fim.

O de olhos azuis se irritou, sempre que tinha a oportunidade perfeita para acabar com Sebastiel algo acontecia, e na maioria das vezes tinha a participação mesmo que indireta do Querubim na parte de salvar o anjo de uma morte segura. Lúcifer tinha desenvolvido uma estranha conexão com o loiro, e isso fazia com que o seu poder se desprendesse dele para sempre salvar o outro mesmo sem saber.

-Sebastiel! - Gritou Miguel quando avistou o corpo de quem tanto procurava.

O Arcanjo se ajoelhou ao lado do seu irmão, ficando horrorizado ao ver a ferida em suas costas que indicava a ausência de uma das asas. Ele não sabia se voava e buscava Rafael ou se ficava e olhava o estrago, pela primeira vez o castanho não sabia o que devia fazer.

O causante de tamanha crueldade recuou lentamente com a chegada de Miguel, confiante de que o Arcanjo não o notaria e ele poderia fugir sem pagar o preço das suas ações. Mas ele estava errado, pois apenas deu o segundo passo sentiu duas mãos se envolvendo na sua garganta esmagando-a, ao mesmo tempo em que era elevado do chão provocando que a foice escorregasse do seu agarre.

-Eu tentei ajudar você, Taphiel! - A expressão no rosto do castanho assustou o de cabelos escuros. - E o quê você fez?! Nada além de destruir meu lar, minha família! Primeiro a Laylah, agora o Sebastiel! Acabou para você, Taphiel! O castigo do nosso Pai te aguarda, e veremos se após isso você ainda terá vontade de ser cruel!

O Arcanjo aumentou a força exercida sobre o pescoço do contrário e desceu a uma velocidade anormal até para os anjos, arrastando o de olhos claros pelo chão do paraíso e derrubando todos os que estavam no caminho. Quando Lúcifer viu o que acontecia parou de lutar, o quê Taphiel tinha feito para obter uma reação tão brutal de parte de Miguel?

Ele começou a olhar o céu em busca de uma resposta, até que a encontrou. O ódio que sentia se triplicou e o desejo assassino apareceu, se o Arcanjo não matava o de olhos azuis, ele o mataria. Voou em direção aonde se encontrava Sebastiel sem se importar com as flechas que os Anjos Arqueiros lhe lançavam e muito menos com os feitiços dos Magos, até mesmo os Elementos poderiam aparecer e tentar detê-lo que ele não se importaria, tinha que chegar fosse como fosse ao loiro.

Ao cumprir o seu objetivo ficou em pé olhando o seu irmão, sua asa tinha sido brutalmente cortada e no seu rosto era possível notar a dor que sentiu antes de morrer. O Querubim tinha dado apenas uma ordem estrita à Taphiel, e ele a tinha descumprido. Agora o seu parceiro teria que pagar pelo que tinha feito, e nada era mais justo que perder a vida como forma de pago.

O de olhos escuros foi rodeado pelos Magos, Arqueiros e Elementos, quem achavam que ele era o responsável pela tragédia acontecida com Sebastiel. Lúcifer olhou-os e sorriu com maldade transformando a tonalidade escura dos seus olhos em um vermelho intenso que combinava com a lua, e sem dizer uma palavra criou um enorme tornado com o qual arrasou todos os anjos de uma vez só. Ele estava tremendamente colérico, queria que todos sofressem as consequências mesmo não sendo nem um pouco culpados.

Dirigiu sua vista novamente ao seu irmão, mas a afastou quando novamente aquele sentimento desconfortável se fez presente dentro dele. Agora sabia de quem tinham sido os gritos e pela primeira vez desde a sua criação se permitiu sentir outra coisa que não fosse ódio ou rancor, ele estava sentindo dor, estava sentindo tristeza misturada com raiva e isso apenas o podia sentir por um anjo e por mais ninguém.

-Se afasta dele agora.

O Querubim olhou a sua frente e viu Miguel segurando Taphiel pelo pescoço, o corpo do Anjo da Guarda o separava deles já que estava no meio. Seus olhos não tinham voltado ao normal, e duvidava que isso acontecesse tão cedo.

-Parabéns Lúcifer, você conseguiu o que queria. Destruiu cada um de nós, está feliz agora?

-O que eu queria era isso - O de olhos vermelhos assinalou o caos ao redor deles. - Mas eu nunca quis isso - Disse apontando para Sebastiel.

-Não ouse falar dele - Era perceptível a dor do Arcanjo. - Por tua causa ele está... Assim. Você e as tuas tropas já causaram sofrimento suficiente, se rendam agora, pois não sei quanto tempo irá durar a minha clemência.

-Você está certo, apenas solte o Taphiel. Mandarei meus soldados se deterem, mas só quando Taphiel estiver comigo.

O castanho não confiava nas palavras do Querubim, mas como queria que a paz voltasse a reinar em seu lar soltou o de olhos claros. Ele velozmente se posicionou junto a Lúcifer, quem cobriu Sebastiel com uma fumaça que não permitia que ninguém se achegasse a ele, pois caso tentassem alguma aproximação sentiriam uma dor extrema e insuportável.

Os dois rebeldes apareceram subitamente frente a Miguel, eles tinham desaparecido da vista dele quando o de olhos vermelhos fez uso do seu poder. Um dos anjos traidores entregou a foice à Taphiel e assim como chegou foi embora em questão de segundos, Lúcifer não tinha deixado sua espada em nenhum momento então não precisou que ninguém lhe desse nada.

-Nós vamos vencer Lúcifer - Se pronunciou o de olhos azuis. - Vamos reinar este lugar juntos.

-Eu vou vencer - O Querubim respondeu sem desviar o seu olhar de Miguel. - Esta é a minha guerra e eu não preciso de você.

Lúcifer estendeu sua mão direita e deixou Taphiel inconsciente, para logo depois jogá-lo pelos ares fazendo com que ele caísse fortemente a muitos metros de distância e causando também que a foice se partisse ao meio.

-Por que você está fazendo tudo isso Lúcifer? - Questionou Miguel enquanto as suas tropas se formavam atrás dele prontos para defendê-lo.

-Eu quero apenas uma coisa muito simples, Miguel - Os soldados de Lúcifer também se juntaram e ficaram em posição de ataque. - Quero colocar o meu trono acima do de Deus. Subirei até o céu e me sentarei no meu trono, acima das estrelas de Deus. Reinarei lá longe, no Norte, no monte onde os deuses se reúnem. Subirei acima das nuvens mais altas e serei como o Deus Altíssimo.

À medida que o Querubim ia falando ele se transformava, tinha abandonado o seu tamanho normal e se tornado um gigante e horrendo dragão que assustou a todos os presentes ali no céu, incluindo os Arcanjos. Gabriel e Rafael olharam Miguel e assentiram em sua direção, só ele seria capaz de derrotar aquela besta.

-Quem é como Deus?

Os olhos castanhos do Arcanjo passaram a ser dourados, sua armadura começou a brilhar intensamente e ele cresceu até ficar do mesmo tamanho que o dragão. Sua espada e escudo também ficaram maiores, sendo que o último artefato deixou de ter nele um trecho do Livro dos Anjos para ter escrito em latim "Quem é como Deus?".

A fera rugiu enraivecida e soltou fogo pela sua boca, sinalizando o início do confronto final. Os Anjos Arqueiros se dividiram em dois grupos, enquanto um lançava flechas dirigidas aos soldados inimigos, o outro as lançava ao dragão. Os Magos tentavam impedir o avance dos opoentes utilizando o poder da ilusão, os deixavam presos em realidades alternativas das quais só sairiam quando tudo acabasse, mas os mágicos não podiam reter a todos. Por outro lado, os Elementos prendiam os traidores em círculos de fogo, derretiam as suas armas e os envolviam em rajadas de vento muito fortes que os enviavam para longe da luta.

Pela parte das tropas rebeldes os gigantes iam destruindo tudo o que encontravam: Armas, armadilhas, até o mais minúsculo objeto eles destruíam. Os anjos tanque feriam com seus martelos e machados cada anjo que viam, estavam tão cegos pela raiva e adrenalina que não distinguiam os aliados dos inimigos, motivo pelo qual não tinham piedade com ninguém.

Gabriel tentava colocar a maior quantidade de armadilhas possíveis em lugares estratégicos para que não fossem aniquiladas, ele voava entre os anjos velozmente para ajudá-los facilitando o trabalho deles graças ao seu poder. Rafael batalhava e ao mesmo tempo curava todos os irmãos feridos que achava, ele nunca tinha explorado tanto o seu dom e aquilo estava começando a debilitá-lo.

No centro do paraíso Miguel e Lúcifer continuavam se enfrentando, o Querubim soltava fogo sem parar e buscava atingir o Arcanjo com as suas garras, mas este não lhe permitia isso já que utilizava o seu escudo para defender-se aproveitando que o mesmo era indestrutível.

Vendo que Miguel resistia, o dragão criou mais seis cabeças tendo um total de sete mais os dez chifres que as acompanhavam. O castanho não se imutou, por mais apavorado que estivesse não mostraria fraqueza frente a um opoente.

A besta mordeu uma das pernas do Arcanjo e também o braço com o qual ele segurava a espada, mas ignorando a dor que o invadia ele não parou de se proteger. Detrás do de olhos dourados uma longa escadaria surgiu, ela estava muito distante de onde eles estavam, mas ainda assim era possível vê-la. Aquelas escadas levavam ao trono de Deus e Lúcifer o sabia, razão pela qual ficou muito mais agressivo e descontrolado.

Miguel seguiu o olhar do dragão e instantaneamente se preocupou, se o Querubim chegava lá seria o fim, e ele não podia permitir que aquilo acontecesse. A besta avançava enquanto queimava as flechas que queriam atingi-la, nem mesmo os campos de força dos Magos conseguiam fazê-la parar. Numa tentativa desesperada, o Arcanjo soltou a espada ficando com o escudo, e fazendo uso da sua mão livre segurou o dragão pela cabeça principal ao mesmo tempo em que protegia o seu rosto com o artefato para que o fogo não lhe afetasse.

Lúcifer ficava mais e mais colérico, como era possível que apenas um anjo pudesse deter tal monstro? Ele necessitava chegar ao trono, tinha que vencer. Usou suas garras para tentar perfurar o corpo de Miguel e as suas cabeças para mordê-lo, mas a sua armadura tinha ficado impenetrável, nada fazia efeito. Utilizando todas as suas forças, o Querubim começou a andar empurrando Miguel aos poucos, mas ele também estava dando tudo de si para levá-lo ao lado oposto.

Repentinamente, a besta se viu envolvida por enormes correntes douradas das quais não conseguia se livrar. Gabriel estava detrás da fera tentando retê-la, tinha visto como o seu irmão começava a ter dificuldades para continuar sozinho. A estratégia do loiro estava funcionando, pois Lúcifer já não conseguia avançar, mas mesmo com essa vantagem ainda não era prudente que o castanho o soltasse.

A pele do loiro começava a rachar-se e luz saía do seu corpo, ele estava se sobrecarregando para poder manter o dragão preso e aquilo o estava deixando fraco. Se ele não parava, seria consumido pela potência do seu poder e morreria.

Rafael avistou a situação e voou em direção ao epicentro do caos, e parando ao lado do Arcanjo colocou sua mão no ombro dele começando a curá-lo, só assim ele não se desestabilizaria. A ajuda do moreno estava lhe fazendo bem a Gabriel, mas quando ele olhou o seu irmão viu que ele não só o estava curando, mas também tinha criado uma barreira que os protegia dos anjos que queriam atacá-los.

Ambos os Arcanjos estavam enfraquecendo rapidamente, e Miguel vendo isso batia no dragão com o escudo já que tinha percebido que o artefato o debilitava. Subitamente um gigante das tropas de Lúcifer conseguiu atravessar a fraca barreira, e quando Rafael e Gabriel acharam que tudo estava perdido, se surpreenderam ao ver que o traidor queria ajudá-los já que ele tomou o lugar do loiro e susteve as correntes.

O gigante era Sean, ele tinha sido escolhido como Anjo da Guarda e tinha desenvolvido uma bela amizade com Laylah, mesmo que ninguém soubesse. Ele a amava demais, e quando ela morreu se sentiu tão chateado e impotente que escolheu o caminho errado, mas quando ele viu no que Lúcifer tinha se transformado e o caos que tinha criado, as lembranças com a ruiva o invadiram e fizeram com que se sentisse culpado. Laylah tinha lhe dito que ele era um anjo incrível, mas ele não podia se ver assim estando do lado dos rebeldes. Por esse motivo, ele decidiu trair a sua tropa e fazer o que era correto, isso sim orgulharia a sua irmã.

As rachaduras na pele de Gabriel se fecharam e ele e Rafael recobraram as forças, tudo graças a Sean. Este último conseguiu derrubar o dragão, ser um gigante tinha várias vantagens e uma delas era a força extrema.

Miguel soltou a fera e levantou voo, fazendo com que todos o olhassem. Fechou seus olhos e a espada apareceu novamente em sua mão, mas o que impactou foi ver como a aura dourada dele o cobria completamente cegando todo aquele que a olhasse.

O castanho tinha alcançado o auge de seu poder, e levantando os seus braços bateu fortemente espada no escudo, provocando um som terrivelmente alto e causando que sua aura se espalhasse por todo o paraíso cobrindo todo e todos. Ele caiu exausto no chão, faltavam vários pedaços da sua armadura e suas armas tinham caído longe, ele tinha abusado do seu poder e estava fraco ao extremo, não aguentaria outra batalha.

Todos os anjos estavam caídos, os gigantes e tanque tinham voltado a ter o seu corpo normal, os rebeldes estavam sem armas nem armaduras e os aliados usavam as suas vestes comuns de anjos. Lúcifer também tinha voltado à normalidade, já não era um assustador dragão que intimidava a todos, ele era apenas mais um que tinha sido atingido pela aura do Arcanjo.

O Querubim vestia as roupas que ele tanto odiava, aquelas que o caracterizavam como mais um anjo sem nenhuma diferenças dos outros. Ele se levantou fazendo a sua arma aparecer, e segurando ela com firmeza andou até Miguel.

O de olhos agora novamente castanhos olhou-o e ficou em pé lentamente, se tinha que batalhar até morrer, pois então isso faria. Rafael percebeu as intenções de Miguel, então esticou o seu braço e apontou em direção ao Arcanjo curando-o e recompondo a sua armadura.

Lúcifer e Miguel se olharam fixamente, eles estavam prontos para vencer, não se permitiriam ser derrotados. Eram apenas os dois, já ninguém lutava, tudo estava nas mãos deles.

Quando iam dar o primeiro passo, um raio caiu no espaço que os separava e uma luz branca cobriu todo o seu lar. Por alguns segundos ninguém conseguiu ver nada, mas quando a luminosidade diminuiu puderam enxergar a Miguel ajoelhado perante um homem que rapidamente todos reconheceram: Deus.

-Meu filho, arrependa-se - A voz do Criador era perfeitamente escutada. - Volte para mim, eu mostrarei a todos o tamanho da sua bondade e você será um símbolo do perdão de Deus. Curve-se ante mim e todos os seus pecados serão perdoados e esquecidos.

-Eu nunca vou me curvar - Respondeu Lúcifer olhando o seu Pai com ódio.

-Então, a partir de hoje, tu e todos os que atreveram-se a desafiar a Deus, o Criador e Pai de todo e de todos, viverão eternamente nas profundezas do averno e ali, só ali, tu governarás filho meu. Mas tu deixarás de ser o que eres, não existirá beleza alguma para admirar em ti e deixarás de ser Lúcifer, a estrela da manhã, e passarás a ser Satanás, o príncipe das trevas pelo resto da eternidade.

Um enorme buraco se abriu no chão e todos os anjos rebeldes começaram a ser sugados por ele, incluindo Taphiel. Era possível ver muitas sombras e raios nesse vazio, era extremamente aterrador olhar aquilo que tinha se formado. Todos estavam tão concentrados naquilo que não notaram que Sebastiel tinha acordado, e muito menos que a proteção criada pelo Querubim tinha se desfeito.

Ele começou a andar a passo lento até onde todos os seus irmãos estavam, ficando chocado ao ver seu Pai pela primeira vez. Sebastiel não entendia o que estava acontecendo, por que os anjos estavam caindo naquela estranha coisa e por que o seu colar parecia querer entrar ali também?

Só faltava Lúcifer, e quando ele caiu o loiro gritou chamando a atenção de todos.

-Lúcifer, não!

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