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Capítulo 9 (Parte 1).

No momento em que saí da sala me surpreendi ao ver que tinha parado de chover, mas comecei a ficar com medo quando o céu se escureceu dando passo à noite. Nunca chegava a noite no paraíso, motivo pelo qual o meu primeiro pensamento foi que algo terrível iria acontecer. Na primeira vez que tivemos uma drástica mudança climática ela veio acompanhada da trágica morte de Laylah, então eu não conseguia ter nenhuma concepção positiva sobre o repentino anoitecer que tinha invadido o nosso lar.

Cada vez escurecia mais e mais, dificultando poder enxergar qualquer coisa. Era em momentos assim que me arrependia por não estar continuamente ao lado de Miguel, ele saberia o que fazer e não entraria em pânico como eu.

-Mas o quê é isso? – Minha voz saiu trêmula quando fiz aquela pergunta, mesmo não tendo ninguém para me responder.

A lua mostrou-se, mas ela estava tremendamente sinistra: Sua clássica cor tinha sido substituída por um vermelho muito intenso, lhe dando um ar completamente aterrorizante. Mais do que nunca tinha a certeza de que havia algo errado e afastando os meus medos fiz a espada aparecer, minha promessa de proteger os meus irmãos ainda estava em pé e eu não erraria como tinha errado com a ruiva.

Deixei que meu inconsciente me guiasse e novamente me vi no local da criação, por algum motivo sempre tudo acontecia ali. Todos os anjos se encontravam reunidos formando dez extensas filas, e cada um deles portava sua respectiva arma e armadura. Andei pelo espaço livre até chegar ao início das tropas onde já se encontravam os três Arcanjos, me surpreendeu a rapidez com a qual todos tinham aparecido, fazendo que me questionasse quanto tempo havia perdido na minha tentativa de entender o que acontecia com a lua.

Posicionei-me junto a Miguel e olhei-o perguntando-lhe silenciosamente o que estava havendo, e ele simplesmente apontou em linha reta me fazendo ver o que ocorria: Frente a nós muitos dos nossos irmãos se juntavam também em filas, mas a diferença era que eles nos olhavam com ódio, rancor, raiva, como se fossemos uma ameaça.

Rafael se encontrava ao meu lado esquerdo e Gabriel ao lado direito de Miguel, ficando eu e o castanho no meio. Eles também tinham em sua posse as suas espadas, mas o Arcanjo principal se diferenciava por também ter em seu poder o característico escudo que tinha gravado nele um trecho do Livro dos Anjos.

-Miguel – Ele me olhou. – O quê significa tudo isto?

-Eu não sei Sebastiel, a minha única certeza é que não é nada bom.

Ia continuar com as minhas perguntas, mas me detive ao notar como os nossos opoentes criavam distância entre eles deixando que pelo caminho que tinha se formado aparecessem Taphiel e...

-Lúcifer? – Perguntamos eu e Miguel ao mesmo tempo, eu sem poder esconder a surpresa e ele a cólera.

-Olá irmãos – Ele sorriu maliciosamente, mas apenas olhou o Arcanjo. – O que acharam desta reunião familiar?

-O que você está fazendo, Lúcifer? Que ideia louca é esta? – O castanho não conseguia controlar a sua ira.

-Nada demais, apenas quero que vejam quem é Deus realmente.

-Do que você está falando? – Questionou Gabriel. – Você enlouqueceu?

-Todos vocês acham que ele é tão puro, tão bom, tão bondoso, mas estão errados! – O Querubim começava a aumentar o seu tom de voz. – Se ele é tão bom como vocês dizem, pois que apareça! Que apareça e se enfrente a mim! Que os poupe da guerra que está prestes a acontecer, que o seu Pai misericordioso os salve!

-É isso o que você quer, Lúcifer? – Rafael foi quem falou desta vez. – A atenção do nosso Pai?

O de cabelos escuros riu sem graça.

-Você acha que eu quero a atenção do nosso Pai? – Ele pronunciou a última palavra com asco. – Estou apenas tentando salvá-los de estar sob o poder de um ser que não lhes dá o que merecem. Ele ama aqueles repugnantes humanos mais do que algum dia vai amar vocês, vocês se sentem honrados por protegê-los, mas não percebem que ele só faz isso porque não se preocupa em perdê-los com tal de que seus queridos humanos estejam a salvo, e se não acreditam, vejam só o que aconteceu com a Laylah. Ele não nos ama, ele ama os humanos! Eu sim sou misericordioso e bondoso, é a mim que vocês tem que venerar!

-Você é insano se acha que vamos ter adoração por um traidor como você! – O castanho gritava furioso, mas sabia que se sentia tão magoado quanto eu. – Eu confiei em você, Lúcifer! Eu esqueci toda a desconfiança que você me transmitia para poder te dar uma oportunidade, e esse tempo todo você apenas esteve esperando o momento certo para nos trair!

-Não é minha culpa se você é tolo ao ponto de enxergar o bem em todos, mesmo quando ele não existe – Respondeu o de olhos escuros olhando sua espada com desinteresse.

-Lúcifer – Falei, mas ele não me olhou. – Lúcifer, olha para mim!

Ele me olhou e pude ver a frieza em seu olhar, eu não sabia quem era o anjo frente a mim, esse não era o meu irmão.

-Algo foi real, ou foi tudo parte de um plano? – A mágoa estava se transformando em rancor. – O Lúcifer que esteve ao meu lado esse tempo todo foi uma mentira? Este é o verdadeiro você?

Ele ficou calado.

-Me responde! – Gritei apertando fortemente a empunhadura da minha arma, sentindo outra vez o meu dedo queimar.

-É óbvio que todo foi um plano, Sebastiel – Comentou Taphiel sorrindo, ele desfrutava a situação. – Se achegar a você, ser o irmão incompreendido, todo foi um plano. Um plano bem sucedido, aliás, pois agora estamos aqui, frente a frente e prontos para os atacar.

-Já dei tempo suficiente para Deus aparecer, e eu não estou vendo Ele por aqui – Lúcifer avançou até ficar no espaço vazio que separava as suas tropas das nossas. – Acho que vocês sabem o que vem agora.

Eu e os Arcanjos nos colocamos em guarda, fazendo com que os anjos atrás de nós seguissem as nossas ações. O Querubim deu um leve sorriso e levantou a sua espada, esse foi o sinal para que os nossos adversários imitassem a nossa posição.

-Não esqueçam que isso poderia ter sido impedido – O de cabelos escuros abaixou sua arma. – Ah, quase esqueço! Taphiel, você não tem algo que mostrar aos nossos irmãos?

O anjo de olhos claros que até o momento estava alguns passos atrás de Lúcifer, caminhou até ficar junto a ele nos olhando com superioridade. Não sabia o que ele iria fazer, mas tudo foi entendido quando a foice começou a se materializar e ele a segurou sorrindo petulante.

-Como é possível? – Perguntou o castanho perturbado com o acontecimento.

-Não existe proteção que aguente o meu poder – Disse Lúcifer orgulhoso. – Agora que estamos todos prontos, Abbadon, Azazel, por favor, façam as honras.

Dois anjos que eram desconhecidos para mim se viraram para olhar os seus companheiros de batalha e logo depois voltaram sua vista a nós, e segurando com firmeza as suas espadas eles deram um grito de guerra que desatou o caos no paraíso.

-Eternamente? – Perguntei a Miguel vendo como os anjos avançavam rapidamente para nos atacar.

-Eternamente, irmão – Respondeu ele ates de se defender do primeiro ataque.

O céu tinha se tornado um campo de batalha, flechas e feitiços voavam por encima das nossas cabeças em direção aos rivais graças aos anjos arqueiros e magos que faziam parte dos nossos soldados. Laylah era uma das feiticeiras, todos que formavam parte daquela classe possuíam um cajado e eram comandados pelo Mestre, um irmão que parecia mais um avô pela sua longa barba.

Os Magos lutavam lado a lado com os Elementos, anjos que controlavam o fogo, a água e o vento, só não controlavam –ainda- a terra. Enquanto os primeiros atraíam os inimigos com a sua magia, os segundos se encarregavam de deixá-los desarmados com os seus poderes, já que na maioria das vezes derretiam as suas armas ou simplesmente as faziam voar para bem longe.

As tropas de Lúcifer e Taphiel não nos superavam em quantidade, mas sim no quesito força e altura, pois eles tinham gigantes –anjos de enorme contextura física que não usavam armas- e anjos tanque igual de grandes que os outros que levavam consigo martelos, espadas e até mesmo machados. Dizer que vê-los não me provocou nada seria uma vil mentira, rezava para não ter que me enfrentar com nenhum deles.

Os treinos não se comparavam nem um pouco com a guerra, principalmente porque eu tinha lutado o tempo todo com dois anjos simultaneamente e não com dez. Eu já estava dando o meu máximo, mas sabia que a situação só pioraria e teria que despertar completamente o meu poder.

Os opoentes me rodearam criando um círculo e deixando-me no meio do mesmo, provocando que eu risse com descrença ao notar quão injusto seria esse enfrentamento. Fechei os olhos e segurei com firmeza a espada, eu os venceria e não permitiria que fizessem mal a ninguém.

Abri lentamente os meus olhos e sorri de lado, era hora do show. Meus adversários correram juntos em minha direção e eu detive um soco que ia acertar o meu rosto se não tivesse me protegido com minha arma, se podia dizer que estava num pesadelo, pois quem tinha me atacado era um gigante que só sabia usar a brutalidade. Ele segurou fortemente a espada tentando dobrá-la enquanto meus reflexos captaram dois anjos tentando me atingir pelas costas, e aproveitando que o meu descomunal irmão sustinha a arma virei de costas a ele e me impulsionei colocando minhas mãos sobre as suas para assim poder pular e chutar a cabeça dos inimigos com cada uma das minhas pernas, deixando-os desacordados pela potência.

Antes que o maior reagisse tomei posse da minha espada de volta e avancei até os outros rebeldes, só tinha acabado com dois, ainda faltavam oito. Meu novo rival tinha o mesmo tipo de artefato que eu, mas não lutava sozinho, pois mais seis irmãos o acompanhavam. Se derrubasse todos eles abriria uma grande vantagem já que só faltaria o gigante, e, muito possivelmente, ganharia.

Travei uma árdua batalha contra o anjo no mesmo momento em que tentava me defender dos outros com chutes e cotoveladas, mas mesmo assim recebi alguns cortes que conseguiram traspassar a armadura. Estava ficando cansado, e mesmo não gostando do que iria fazer, era um risco que devia correr.

Aproveitando que tinha um adversário atrás e outro enfrente, abaixei provocando que as suas espadas acabassem uma no peito do outro os machucando gravemente. Dois a menos. Afastei-me rapidamente antes que eles caíssem encima de mim, notando os olhares de fúria que me davam os concorrentes que ainda não derrotava. Eles eram capazes de me matar, mas não estava nos meus planos deixar que isso acontecesse.

O colosso se achegava a mim com passos pesados e eu arregalei os olhos quando vi que ele tinha um machado, não bastava com ter cinco anjos loucos por vingança do seu lado, ele também tinha que ter uma arma assassina.

Todos abaixamos quando um anjo voou por encima de nós e caiu a poucos metros de distância, mas o que realmente me fez preocupar e enfurecer foi ver que vários anjos começavam a cair tendo em sua pele aquele corte que assegurava a sua morte.

A raiva me recorreu dos pés à cabeça e o mesmo aconteceu com os outros soldados de Deus, nós não iriamos matar, mas sim íamos fazer que os culpados pagassem por todas as baixas em nossas tropas. A queimação no meu dedo voltou a se fazer presente e olhei os traidores frente a mim colérico, por alguns segundos esqueceria a compaixão.

-Que o Pai os ajude – Falei antes de voltar ao ataque.

Os cinco rivais menores se enfrentaram a mim enquanto o maior manteve a distância, como se esperasse o momento certo para acabar comigo. Os anjos me socavam, me chutavam, me acertavam com as suas diferentes armas, mas nada me derrubava, me sentia mais forte do que nunca. Chutei o queixo de um e antes que caísse o utilizei como escudo para que recebesse o ataque do seu companheiro, ao mesmo tempo em que enfiava minha espada na barriga do terceiro opoente. Eles me olhavam horrorizados, não contavam com as minhas habilidades e fortaleza, muito menos com a minha cólera. Quando soltei o irmão que tinha usado para me proteger e retirei minha arma da barriga do contrário, puxei o último pelo cabelo levantando-o e jogando-o contra dois dos seus parceiros, sendo um deles o que tinha ferido, graças a mim, seu próprio colega de batalha.

Apenas restava um inimigo, sem contar o gigante enraivecido. Deixei cair minha espada e andei devagar até o primeiro, notando como ele alternava o seu olhar entre mim e os corpos inconscientes que tinha deixado para trás.

-Não vou deixar que faça comigo o mesmo que fez com eles – Disse o anjo segurando uma lança com duas pontas.

-Isso não é nada comparado ao que vocês fizeram com os meus.

-Não fomos nós! Apenas um dos nossos pode matar, mas nós não.

-Quem? – Perguntei ficando cara a cara com ele.

-Descubra sozinho – Ele abriu suas asas e alçou voo me levando junto com ele.

Tentava me soltar, mas sabia que era uma ação arriscada, ele tinha uma lança com a qual facilmente poderia me ferir. O rebelde começou a reclamar de dor e eu não entendia o porquê, até que vi como um grupo de arqueiros atirava flechas em suas asas obrigando-o a fechá-las.

O anjo começava a cair e consequentemente eu também, mas ele foi preso em uma cela mágica pelos Magos e antes que eu pudesse abrir as minhas asas Rafael chegou e me deixou no chão frente a frente com o gigante, coisa pela qual não sabia se reclamar ou agradecer, mas optei pela segunda opção quando percebi que os meus cortes estavam curados.

Para a minha má sorte, meu grande opoente tinha arranjado mais um machado e eu tinha tido a grande ideia de deixar a minha espada, até que eu a buscasse ele já teria me vencido cinco vezes consecutiva. Olhei-o com um pouco de medo, teria que enfrentá-lo sem armas e ao mesmo tempo sair inteiro dessa luta. Pensei em Laylah, Miguel e até mesmo em Lúcifer, ficando chateado comigo mesmo por pensar no Querubim.

O anjo de dois machados caminhou até onde eu estava enquanto falava que ia acabar comigo, mas antes que pudesse dar mais um passo ele pisou em algum tipo de armadilha que eu não tinha reparado que estava ali e foi prendido por umas correntes douradas. Eu não tinha feito aquilo, então comecei a procurar o meu salvador ate que o vi atrás do colosso: Era Gabriel.

O loiro Arcanjo acenou e continuou usando toda a sua força para manter o inimigo preso, e eu, desesperado por ajudá-lo, abri minhas asas e me elevei até ficar na altura do nosso rival, pronto para chutá-lo.

-Sebastiel! – Falou o loiro. – Não faz is-...

Antes que ele terminasse a frase, chutei com todas as minhas forças o anjo que tentava destruir as correntes com os machados, fazendo que ele começasse a girar. Gabriel, vendo que não tinha o que fazer, segurou fortemente as correntes e começou a girá-las ao seu redor, arrastando o gigante até conseguir elevá-lo provocando que ele acabasse com os inimigos que havia ali perto. Mas, o que nem eu e nem ele tínhamos percebido era que misturados com os rebeldes também estavam os nossos soldados.

Não sabia o que fazer, se descesse também seria arrastado e Gabriel tampouco podia parar. Desde a altura consegui ver Miguel, quem olhava a situação rodeado de corpos dos traidores buscando alguma solução. Ele ajoelhou e o olhei confuso, mas de repente ele socou o chão e todos os anjos aliados perto de nós voaram longe ficando a salvo, se mantendo em pé apenas os que não faziam parte das nossas tropas. Graças à ajuda do Arcanjo principal, o loiro conseguiu derrubar todos os opoentes sem ferir nenhum inocente e eu consegui me tranquilizar ao ver que meus irmãos estavam todos bem.

Quando ia descer para continuar batalhando, visualizei como uma das minhas irmãs que reconheci como Sophia tentava escapar de Taphiel. Consumido pelo ódio, voei velozmente em direção a eles e antes que o de olhos azuis pudesse machucá-la, abracei-a nos envolvendo com as minhas asas. Uma esfera azul nos cobriu evitando que a foice nos tocasse, todos nos olharam por alguns segundos antes de voltar a lutar.

Beijei a cabeça da minha irmã e me senti um pouco melhor comigo mesmo, pelo menos tinha impossibilitado que ela tivesse o mesmo final que Laylah. A esfera se desvaneceu e pedi à Sophia que corresse e fugisse dali, coisa que ela fez sem hesitar. Ao ver que ela já estava numa distância segura, notei que a espada que tinha deixado atrás estava em minha mão, deixando-me chocado porque eu não tinha ido buscá-la e mesmo assim ela estava comigo.

Frente a mim estava Taphiel, justo como eu queria.

-Vejam só, o anjo Sebastiel conseguiu salvar alguém – Ele riu e fez que suas asas também aparecessem. – Foi uma pena que Laylah não tenha tido a mesma sorte.

-Foi você, não foi? – Perguntei apontando-o com a espada.

-Sim, não, quem sabe?

-Deixa de ser cínico, Taphiel! – Meu ódio por ele só ia em aumento. – Eu não podia ter certeza de que você era o culpado, pois se suponha que a foice não estava em teu poder. Mas quando eu te vi com ela eu soube que sempre estive certo, você matou a Laylah e matou os meus irmãos nesta guerra.

-Eu não quero te dizer se você está certo ou errado, prefiro te mostrar.

Ele segurou o meu pescoço e me olhou fixamente, eu não compreendia o que ele tentava fazer, mas de repente tudo se calou ao meu redor e senti que algo se desprendia do meu corpo.

Em um abrir e fechar de olhos já não me encontrava na guerra e sim na ala invisível, Taphiel tampouco segurava o meu pescoço, pois ele se encontrava uns metros a frente de costas a mim, e do lado dele estava a ruiva, minha pequena.

-Onde está o que pedi? – Perguntou o de olhos claros.

Laylah não respondeu, só fez o cajado aparecer.

-Boa menina – Ele acariciou os cabelos dela, me fazendo apertar os punhos com raiva. – Agora, faça a sua mágica.

Ela o olhou, e com mãos trêmulas fez o que sempre fazia para o jardim aparecer. Quando ele se mostrou, eles avançaram e eu os segui mantendo distância, por algum motivo não podia chegar perto deles.

-É um lugar bonito – A ruiva olhou-o com incredulidade. – O quê? Eu vejo beleza nas coisas, não sou um monstro. Bom, não completamente.

-Tenho as minhas dúvidas sobre isso se consideramos o que você está prestes a fazer – Sussurrou a minha irmã.

-Não ache que é pessoal – Ele segurou-a pelo braço. – Mas você pode estragar o meu plano, não posso correr riscos.

-Eu sei – Ela se separou bruscamente dele. – Você já deixou isso bem claro.

Eles continuaram o seu caminho e eu parei ao perceber onde eles estavam indo: A cachoeira. Corri até voltar a ficar na mesma longitude que antes, sabia o que ia acontecer, sabia o que Taphiel queria me mostrar, mas mesmo querendo sair dessa lembrança eu não podia, ele tinha me prendido ali e eu só sairia quando o de olhos claros quisesse.

Os acompanhei enquanto subiam pelas pedras até a cima da cascata, mais especificamente ao local que tanto me assustava. Ter me sentido daquela forma na primeira vez que vi a cachoeira começava a fazer sentido, de algum jeito eu sabia que algo iria acontecer nesse lugar e meu corpo estava tentando me avisar. Se essa hipótese estivesse certa, então o quê significava ter sentido o mesmo quando eu e Rafael nos conhecemos?

Quando chegamos ao topo, por um instante me desliguei de tudo e apenas observei Laylah. Os seus ruivos fios de cabelo dançavam junto com o vento, suas mãos se agarravam fortemente às suas vestes como sempre acontecia quando ela estava nervosa e os seus olhos brilhavam, minha pequena sempre teve uma luz especial que cativava qualquer um, a qual sempre era notada em seu olhar. Queria tocá-la, abraçá-la, salvá-la... Eu sentia tantas saudades dela.

-Eu vou necessitar o seu cajado – Voltei à realidade quando escutei essas palavras.

-Por que você precisaria dele?

-Quando você partir, se levar a sua arma junto este lugar deixará de existir, e eu preciso que ele exista.

-Para quê você precisa do meu jardim? – Mesmo estando calma, minha irmã demonstrava o seu descontento com a fala do contrário.

-Eu não tenho porquê te dar explicações, Laylah.

-Eu não vou te dar o meu cajado, Taphiel – A ruiva o enfrentou. – Se eu tenho que ir embora, ele irá comigo.

Em um rápido movimento, o anjo agarrou-a pelo pescoço a enforcando, fazendo com que ela tentasse bater nele para se soltar. Queria poder fazer algo para socorrê-la, mas não podia graças a uma barreira invisível que me impedia estar próximo deles. Sentia-me frustrado, chateado, impotente. Não queria ver mais, não podia vê-la sofrer.

-Escuta com muita atenção – Ele apertou o agarre sobre a garganta dela. – Você me dá o cajado e eu deixo que se despeça dos seus amados irmãos, ou eu mato você e jogo o seu corpo em algum lugar do céu no qual nunca irão te achar. A escolha é toda sua.

Taphiel a soltou e ela caiu no chão, havia marcas em sua pele que rapidamente sumiram, ele tinha agredido ela, a minha irmã. Eu batia desesperadamente na barreira sentindo que um líquido escorria das minhas mãos, mas não havia nada nelas que explicasse essa sensação. Laylah me necessitava, por que eu não podia estar com ela? Por que o meu irmão era tão cruel ao ponto de fazer-me ver tudo isso?

Ainda no chão, a ruiva levantou o seu braço e fez sua arma surgir, entregando-a ao de olhos azuis. Eu sabia o quanto ela amava o seu cajado, e ela tinha renunciado a ele para ter a oportunidade de se despedir de todos nós.

-Viu como foi fácil? – Disse o de cabelos escuros apreciando o objeto em suas mãos. – Poderíamos ter evitado toda esta situação, não gosto de ser agressivo.

-Faça logo o que tiver que fazer – Respondeu ela se levantando.

Ele apenas observou-a com um sorriso, e sem deixar de olhá-la materializou a foice. Laylah recuou um passo e levou as mãos à boca, surpresa e aflita porque o nosso irmão tinha recuperado aquele perigoso artefato.

-Como é possível você ter ela? Miguel a tirou de você.

-Tenho os meus segredos e métodos, mas agora, se despeça do seu cajado.

Nem eu nem minha irmã entendemos o que ele tinha dito, até que o mesmo colocou a arma da ruiva entre as pedras e fazendo uso da sua foice, partiu o cajado. Laylah gritou espantada e eu fiquei mais colérico do que já estava, não havia necessidade de fazer aquilo.

-Por que você fez isso?! Qual o teu problema?!

-Preciso apenas disto – Ele pegou a parte que segurava a esfera. – O resto é inservível.

Taphiel jogou no lago a outra metade do cajado, ficando apenas com o que lhe seria "útil". Por mais incrível que fosse a esfera ainda brilhava como se nada tivesse acontecido, e não deixou de fazer o seu trabalho nem mesmo quando o anjo incrustou o pedaço da arma entre umas pedras, exibindo-o como se de um troféu se tratasse.

De repente, o sol começou a desaparecer quando nuvens o cobriram, e eu entendi o que isso significava. Gritei e implorei para sair daquele pesadelo, mas nada dava resultado.

-Taphiel! Taphiel me tira daqui! – Eu queria voltar pra guerra, não queria estar ali. – Por favor! Eu não quero ver isso!

Ele me ignorou, pois eu ainda continuava no mesmo lugar. O de olhos azuis fez a ruiva virar e ficar de costas a ele, empurrando-a levemente até fazê-la ficar na ponta do penhasco. Por favor, não.

Taphiel a prendeu com a mão esquerda enquanto a direita segurava a foice, e eu ainda tentava, sem sucesso, traspassar a barreira.

-Isto não deveria ter sido assim – Ele colocou a ponta da arma no peito de Laylah. – Mas você foi abençoada, ou amaldiçoada, com um poder que não me traria nenhum benefício e sim problemas.

Bruscamente a foice adentrou o corpo da minha irmã, fazendo-a gritar.

-Eu te perdoo Taphiel – A mão do nomeado tremeu e eu olhei a minha irmã incrédulo. – Você está cego pela sede de poder ao ponto de não medir esforços para conseguir o que quer, mas não é culpa tua, você foi criado assim. Eu te perdoo irmão.

Quando achei que o de cabelos escuros ia repensar as suas ações, ele aprofundou o corte estendendo-o até a barriga dela, rasgando as suas roupas e pele. As pernas de Laylah se debilitaram e as minhas também, mas o de olhos claros a segurou para que não caísse.

-Laylah, Laylah, Laylah – Ele falou deixando sua foice no chão e carregando a ruiva com força. – A tua tentativa de conseguir clemência falhou miseravelmente.

-Eu apenas... Disse o que sentia.

-Eu não quero te escutar mais – Ele a soltou provocando que ela desabasse bruscamente nas pedras. – Olha, a esfera sente que você está partindo, não é encantador?

Parei de olhar a minha irmã e observei o objeto mencionado, o brilho estava extremamente fraco e começava a desaparecer. Olhei o jardim e notei como as aves e flores perdiam a sua cor, a vida também as estava deixando.

-Como não posso permitir que este lugar desapareça, usarei esta luz que amavelmente você tirou do seu corpo e me deu para impedir isso.

Olhei a foice e em sua ponta se encontravam fragmentos de luz, elemento da nossa criação. Ele apoiou o artefato na esfera e os retalhos se desprenderam, transformando-se em parte da bola branca e dourada lhe devolvendo o brilho.

-Infelizmente este lugar já não será bonito – Taphiel olhou Laylah. – Mas para você ver que sou um anjo solidário, eu te dei algo meu em troca da sua luz.

-Do que você... Está falando? – A voz da ruiva saía em murmúrios.

-Disso – Ele assinalou o corte e eu e minha irmã o olhamos, vendo como líquido preto aparecia. – Nós damos o que temos, você tem luz, e eu, bom, isso.

-O quê vai fazer comigo agora? – O que sentia vendo-a naquele estado era indescritível, aquela era uma cena que nunca se apagaria da minha memória.

-Eu falei que você poderia se despedir se colaborasse, e colaborou – O de olhos azuis levantou ela e a colocou em seus braços, a foice já tinha sumido. – Vou te levar a um lugar no qual possam te encontrar e ao mesmo tempo eu não corra perigo de ser visto. Se ainda tiver forças você poderá andar sozinha e pedir ajuda, tudo depende de quanto irá aguentar.

-Terminemos com isso de uma vez – Laylah se segurou no pescoço do nosso irmão e fechou os olhos.

Os vi partir descendo pelas rochas, mas mesmo querendo segui-los não conseguia, meu corpo não respondia às minhas tentativas de me mexer. Subitamente, todo começou a tremer e se desvanecer ao meu redor, eu estava saindo da lembrança.

-Bem-vindo de volta, Sebastiel.

-Por que, Taphiel?! Por que?! – Deixei a raiva me consumir e a queimação aumentou exponencialmente, mas não me importei. – Ela não merecia esse final! Eu juro Taphiel, eu juro que vou te fazer pagar pela morte da Laylah!

-Eu estou aterrorizado – Ele deteve o meu primeiro golpe. – O quê será de mim agora que o grande Sebastiel sabe que eu matei a sua irmãzinha querida?

Não lhe respondi com palavras, mas sim com ações. O ódio que invadia cada parte do meu ser era o responsável por cada ataque que eu deferia sobre o anjo frente a mim, eu queria machucá-lo, pela primeira vez queria fazer mal a alguém. Ele não conseguia se proteger de tudo, coisa que me deixava totalmente satisfeito ao vê-lo cada vez mais enraivecido, rosnando como se de um animal selvagem se tratasse.

A sua foice se agarrou na minha espada e me permiti sentir medo, olhando a lâmina reparei como ela estava infectada em sua totalidade pelo líquido preto que representava a morte de um anjo. Quantos irmãos tínhamos perdido nessa guerra?

-Eu estou muito, mas muito cansado de você – Seu olhar ameaçador transmitia todo o ódio e desgosto que tinha por mim. – Mas ainda há uma última coisa que quero te mostrar, você precisa ver que realmente está rodeado de traidores.

-Eu não quero saber e muito menos ver nada – Cada palavra que eu dizia era com notório desprezo. – Eu apenas quero que você nos deixe em paz, a todos nós. Quer me matar? Mate-me, mas deixe os meus irmãos em paz.

-Isso também inclui Lúcifer? Quer que ele te deixe em paz?

Fiquei calado, não tinha certeza da minha resposta.

-Ele é um traidor pior do que eu, Sebastiel.

-Ele não matou a minha irmã – Respondi relembrando tudo o que tinha visto naquela lembrança.

-Tem razão, ele não matou. Mas ele é o responsável por eu ter a minha foice de volta. – Taphiel se calou por alguns segundos antes de voltar a falar. – E ele sempre soube que eu era o culpado.

Retrocedi como se tivessem me dado um soco, era impossível, não podia ser verdade. Puxei o meu cabelo e gritei enraivecido quando a lógica se fez presente, se Lúcifer tinha traído todos os nossos irmãos, por que ele não faria o mesmo comigo?

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