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Sionnacha

Eu sonhava com ela às vezes, essa mulher. Ela tinha cabelos longos e escuros, e se movia com graça.

Quem é ela?

No sonho seu rosto era difuso, mas eu podia sentir o seu sorriso, e um carinho e amor vindo de mim.

Quem é ela?

Ela saltava por troncos, sua risada com o vento. Meu sangue pulsava forte enquanto a via, me sentindo tão completo por vê-la sorrir.

Quem

É

Ela?

'Casa' uma voz dizia. 'Família', ela continuava. 'Sangue de Grá', 'Descendente de Eriu'.

Meu povo, meu refúgio. Meu sangue pulsando nas artérias em seu corpo pálido, como os rios profundos dentro da terra nos ligando.

Quem é ela?

Gritos, um pedindo de socorro não atendido. Fogo e fogo e fogo e dor...e nada.

Quem era ela?

'Mais um que você amou e não pôde salvar.'

—ISSO FOI TOTALMENTE DESNECESSÁRIO. — Sasuke resmungou pela décima quinta vez no caminho que faziam da enfermaria para os dormitórios. Itachi os acompanharia para levar Naruto até o dormitório, que precisava tomar um banho e sair do uniforme da aula. Na pressa de ajudar Sasuke nem mesmo havia se trocado, tendo resolvido ficar na enfermaria até ser liberado.

Ele sabia que Itachi e Sasuke só queria ter certeza de que ele não encontraria mais confusão pelo caminho.

— Eu estava completamente bem.

—Claro que estava, irmãozinho. — Itachi falou com ironia. — Apenas desmaiou levando uma bolada na cabeça, e ficou apagado por uns bons 10 minutos, e grogue por mais uma boa hora. Completamente normal.

—Eu disse que estava bem!

—E eu estou concordando com você. — Itachi piscou para Naruto que estava calado ao lado de Sasuke, apenas assistindo os dois com o olhar divertido. — Acho que a enfermeira não aceitaria você lá se não estivesse mal. A pobre moça não aguentaria todo esse seu humor por nada, só para ver essa sua carinha bonita.

Em momentos como aquele, Naruto quase podia fingir que estava tudo bem. Que era só mais um adolescente, que seu maior problema seria ter que assumir que estava gostando de um garoto, e ter que apresentar esse garoto para seu pai, talvez. Era tão...natural estar perto de Sasuke e Itachi assim. Ver Itachi provocando o irmãozinho, ver Sasuke fingindo estar irritado, mas ver todo o amor nos olhos dele, a adoração velada. Era como se já houvesse visto aquilo várias vezes. E aquilo lhe aquecia de uma forma impressionante. Acabou soltando uma pequena risada baixa, como não fazia há muito tempo, um sorriso pequeno adornando seus lábios ao ver Sasuke ficar vermelho com o comentário do irmão.

Só então reparou que os outros haviam se calado repentinamente. Olhou para eles, que o fitavam com uma expressão deslumbrada. O que de algum modo, no rosto sempre sério dos dois, parecia um tanto mais obscura; como se eles fossem predadores, pronto para atacá-lo ao mínimo movimento.

Fechou a cara e olhou para a frente. Aquela expressão no rosto deles lhe deixava ao mesmo tempo triste e com medo. Odiava que o olhassem daquela forma, mas de algum jeito, Sasuke ou Itachi o olhando assim era ainda mais assustador.

—Desculpa, Naruto. — A voz de Sasuke parecia ainda um pouco incerta, após uns bons trinta segundos de silêncio. — É só que é difícil ver você sorrindo assim... você parecia ainda mais...só me desculpe.

Naruto suspirou. Itachi apenas continuou calado, olhando para frente agora, uma expressão triste no rosto. Quase imperceptível, mas estava lá.

—Tudo bem. — respondeu com a voz baixa quando já via porta do seu dormitório, só para tossir um pouco e clarear a garganta.

Era Sasuke e Itachi. Não precisava ter medo deles certo?

Eu já disse, você não sabe.

Itachi prometeu. E Sasuke...não me machucaria.

Você confia demais nas pessoas. Você é inocente demais, por isso precisa de mim. Por isso estou sempre te salvando da sua estupidez.

Não quis responder àquilo. Porque em parte, era verdade.

—Eu encontro vocês no refeitório.

Não virou para ver a expressão deles ou esperou resposta, apenas destrancou a porta e entrou rapidamente, se odiando por sentir medo de Itachi e Sasuke. Eles não lhe fariam mal. Eles não lhe fariam, e não tinham culpa de o olhar daquela forma. Só precisava ficar um pouco longe e acalmar-se. Só isso.

Bom garoto.

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A batida na porta veio assim que saiu do banheiro. Sai devia ter ido ao refeitório há muito tempo, por isso pensou que poderia ser Itachi ou Sasuke.

—Já vai! — Gritou, se vestindo de forma apressada, uma bermuda puída e a mesma camisa do Star Wars que estava na cama. Já havia desistido de ir ao refeitório, e nem mesmo Itachi o obrigaria a ir.

Quando abriu a porta, se surpreendeu por ver Hinata na porta. Ela parecia incerta, como se não tivesse certeza se ele abriria. Seu rosto corou quando o fitou. Naruto ergueu uma sobrancelha de forma questionadora e ela desviou os olhos para os pés, o rosto desconfortável.

—Hina. Aconteceu algo? — Perguntou, sua voz assumindo o tom suave que sempre usava quando falava com Hinata. Vinha de forma automática, e a sentiu corar mais com isso.

—E.eu...só preciso conversar. Sai está aí? Posso...? — Ela levantou os olhos, o olhando com uma expressão tão determinada que Naruto paralisou no lugar. Aquela expressão lhe lembrava tanto...outra pessoa...em algum lugar...era só... — Naruto?

Notou que estava encarando a garota de forma vidrada, e ela o olhava de forma preocupada. Sorriu, um sorriso amarelo.

—Claro que pode entrar, Hina. Eu tinha desistido de ir ao refeitório. — Coçou a nuca, dando espaço para a menina entrar. Era contra a política do colégio as garotas entrarem nos quartos dos garotos. Mas, sinceramente, ele estava se fodendo para isso naquele ponto do campeonato.

Lhe virou as costas e se sentou na cama, passando as mãos nos cabelos úmidos para os pentear. Sabia que ela estava seguindo todos os seus movimentos, ainda sem se mover do centro do quarto. Naruto ignorou isso, batendo a mão no colchão para ela se sentar, sorrindo. Tentou não rir quando ela engoliu em seco, ainda mais corada. Até mesmo a voz na sua cabeça estava calada, curiosa com a atitude da garota.

Hinata parecia um animalzinho desconfiado quando se sentou a seu lado, com uma boa distância dele.

Um minuto se passou, em silêncio, até que Naruto suspirou.

—Então, Hina. O que queria me dizer... — incentivou. A garota limpou a garganta, as mãos no colo.

—V.você...hum...Naruto. —Ela engoliu em seco, respirando fundo. — Sua mão está machucada.

Naruto ergueu a sobrancelha com a frase. Franziu a testa, a expressão confusa sem largar a garota, que não o olhava nos olhos.

—Sim, eu caí na trilha. Todos já ouviram falar disso, não existem segredos nesse colégio. — Tentou soar divertido, o que não funcionou.

—Sua mão está machucada. E sua perna...estava machucada antes. — Naruto congelou. A garota o encarou dessa vez, o rosto sério. — E você também ficou um pouco resfriado.

—Hinata...eu não estou entendendo. — Disse sério.

—Eu sou observadora, Naruto. Crescer em uma casa em que você não é querida, onde ninguém parece perceber que você está até mesmo no mesmo cômodo... Observar era a única coisa que eu podia fazer. E eu fiquei boa nisso, muito boa nisso na verdade. Por isso me escolheram. Eu sou invisível.

— Ainda não entendi aonde quer chegar. — Se ergueu, juntando as coisas da sua mochila que estavam no chão. Seu coração a mil.

Hinata sabia, claro que ela sabia. Ele a via sempre o olhando, sempre o medindo. As pessoas não a notavam, mas ele sim. Ele sabia que Hinata sabia de tudo naquele colégio apenas em observar as pessoas. Era uma questão de tempo.

Merda.

As coisas só pioram.

— E.eu... — A voz dela saiu mais baixa. — Eu sei até o jeito como você caminha, Naruto. Sua postura quando você fica parado, parecendo sempre pronto para avançar em alguém ao mínimo movimento. Como você corre, sendo o mais rápido de todos. Você está sempre pronto, alerta. Naruto...olhe para mim.

A ignorou. Sentiu que ela ficava de pé. A mão pequena foi para seu braço que tencionou e suspirou, virando devagar, seu rosto ficando em branco.

—Obrigada. Por me salvar.

—Você devia ir para seu quarto. Agora. — Sua voz saiu baixa e fria. Ele não queria complicá-la ainda mais, se complicar ainda mais. — Você está confusa, Hinata.

O rosto dela fechou. Nunca havia visto Hinata com raiva, parecia um sentimento que ela não tinha. Mas ali estava. A mão apertou mais seu braço. E então ela ficou ainda mais determinada.

—Você também acha que sou inútil. Que estou errada. Vou confirmar então. Há uma coisa que eu não esqueceria, não confundiria.

—Hinata...o que diabos...

Antes que pudesse continuar sentiu os lábios dela nos seus, macios. Tomado pela surpresa, não reagiu, as mãos segurando os pulsos dela que estavam em seu rosto, o puxando para baixo.

Hinata quase sorriu. Era ele mesmo, não estava errada. Não esqueceria os lábios do sete, quando ele a salvou no lago. Era Naruto. Naruto era o sete.

Estava pronta para se soltar dele e dizer isso quando algo aconteceu. Ouviu Naruto gemer de forma dolorida na sua boca. Abriu os olhos que tinha fechado e viu os azuis dele vidrados, opacos.

E então foi tragada em um solavanco para outro lugar.

— Bruxas! Vocês não podem caçar nessas terras! — O homem gritou e sentiu a irmã mais nova se encolher atrás de si, derrubando a guirlanda de flores e se agarrando a suas costas.

Brin segurou o arco entre as mãos com força, colocando a caça no chão e encarando o grupo que as olhava de forma ameaçadora. Eram camponeses, analisou-os com os olhos cinzentos calculistas e viu que alguns traziam forquilhas e pedras.

O garoto.

O garoto que a vira caçando estava lá. Ele devia ter avisado na vila.

— Saiam já dessa terra! — O mesmo homem ruivo repetiu, ameaçando-as com a forquilha, mas sem avançar.

— Essa terra não tem dono. Ela pertence apenas aos deuses. — Respondeu calma, uma mão tentando acalmar a caçula a suas costas, que se sentia culpada por ter saído dos limites do vilarejo delas na floresta.

Era sempre assim. Eles encaravam o culto que faziam a natureza como uma forma de heresia, como se eles não fizessem ali há muito mais tempo, antes de serem obrigados a recuar cada vez mais dentro da floresta por segurança. Eles eram o real povo da Irlanda, um dos poucos que ainda conseguia perseverar e preservar algo da cultura e dos costumes, e não se render aos forasteiros que tentavam pintar algo puro e pelo como algo errado.

— Só há um Deus! — Um dos homens falou — Peguem ela! Olhem as ervas, olhem os desenhos na pele dela! Ela é um deles, é uma bruxa. As duas são!

— Brin... — Ouviu a voz da irmã, cheia de medo.

— Não se aproximem. — Avisou, mas já era tarde quando viu a multidão avançar. Armou o arco mais rápido do que qualquer um poderia, sendo não por menos a melhor caçadora da vila.

Ela não gostava de matar, não era algo que os deuses achavam certo. Toda forma de vida era sagrada. Sempre que caçava, pedia permissão aos animais. Permissão para matar, se alimentar, não mais do que isso, porque assim lhe foi ensinado. O tiro foi direto entre as pernas do homem que recuou e caiu no chão para trás. A multidão parou.

— Eu disse, não se aproximem. — Repetiu calma, os olhos firmes. — Estamos de saída, minha irmã e eu. Não fizemos nada errado, e não vou atacar se não atacarem.

Falando diretamente com o homem, ela não viu que outros se aproximavam por trás, as encurralando.

— Brin! — A irmã gritou, avisando do ataque covarde que recebiam pelas costas.

Ela virou a tempo de puxar e criança para o chão quando um pedaço de madeira passou a centímetros da sua cabeça. Ainda de joelhos armou o arco e dessa vez a flecha foi direto para a barriga do atacante, o sangue jorrando.

Com isso o pandemônio se deu início. Ela tentava manter um raio limpo ao redor das duas, até as flechas acabarem e começar a usar o próprio arco, mas eram muitos, ela não iria conseguir. Não conseguia proteger a irmã e tirá-las de lá. Ela morreria antes de permitir que a levassem.

Sentiu uma dor absurda na nuca, sua vista turvou. Ouviu o grito da irmã e percebeu que fora atingida. Alguém estava levando-a. Estavam levando sua família e iriam matá-la. Iriam matar as duas!

Tentou se erguer e recebeu mais uma pancada, dessa vez tentou proteger o rosto e seu braço foi atingido, com uma dor absurda, o fazendo perceber que fora quebrado.

— BRIN! BRIN!

Elas iam ser espancadas até a morte. Não podia deixar sua irmã morrer. Gritou por socorro, mesmo que fossem em vão.

E então, algo aconteceu. Ela ouviu um som rosnado, forte, poderoso, animalesco. Em algum lugar da sua mente quase desfocada, ela viu a forma saindo da floresta. Era uma raposa, ou seria uma. Uma raposa grande, maior do que qualquer lobo que já vira, quase como um urso. O pelo era dourado. Ela ouviu o rosnado, ouviu gritos.

E então, mais nada.

Acordou sentindo algo em seu couro cabeludo. Era uma dor fina e desconfortável, mas não insuportável. Abriu os olhos, assustada, ao lembrar o que havia acontecido.

— Fique parada, está tudo bem. — Uma voz rouca e suave, a voz mais linda que um dia ouvira falou, mas ainda não via nada, sua visão turva.

— Léia... — Chamou a irmã, tentando se erguer, e sendo novamente empurrada para baixo gentilmente. Era grama, sentia a suas costas. E estava tudo escuro, exceto por uma luz alaranjada de fogo, e uma esverdeada que vinha de algum lugar.

— Estou aqui, Brin. — A voz da irmã veio de algum lugar perto. Quieta, mas calma. Sem perigo. Isso a aquietou um pouco e conseguiu focar em quem estava acima de si, uma mão em sua cabeça.

Viu primeiro os cabelos dourados ao redor do rosto bronzeado. E então olhos azuis que estavam em sua cabeça se fizeram nos seus, eram frios, mas o sorriso era calmo. E tudo ao redor dele brilhava, assim como a luz verde que vira vinha da mão dele, em sua cabeça, lhe curando.

Ela quase parou de respirar, era simplesmente... o ser mais lindo que ela um dia vira. E ela soube ali, o que ele era.

— Tuatha de Danann. — Murmurou. E o jovem deus sorriu ainda mais, assentindo calmo.

Um deus. Um deus do seu povo, do povo das fadas. Lembrou então da raposa dourada que as salvara.

— Foi você... — murmurou, ainda grogue. — Raposa...

— Você pode se levantar agora, Brin. — Ele falou, a linda voz ecoando. Mãos gentis a ajudaram a se sentar e viu que estava perto de uma fogueira, de volta ao templo em que estivera naquele mesmo dia. Não sabia o que falar, apenas o encarava, estática, enquanto ele continuava ajoelhado a sua frente. Só conseguia pensar que ele era parecido com os desenhos. Ali estava a roupa de camurça escura, e a capa dourada em seus ombros. E a lança, a suas costas, apenas em tamanho menor.

Ele era muito mais impressionante do que havia imaginado. Pelo canto dos olhos podia perceber sua irmã sentada quietamente perto da fogueira, parecendo bem. Seu pensamento foi interrompido quando a mão macia foi a seu rosto.

— Está cheio de sangue. — Ele falou, o rosto calmo, os olhos azuis cinzentos suaves. — Mas já está curada. Seu braço também, assim poderemos ver sua dança com as flechas ainda muitas vezes. Você foi muito bem, Brin.

Não conseguia falar nada. O viu se erguer e se postar a sua frente. lhe estendendo a mão. Aceitou e se ergueu, percebendo que ele era do seu tamanho. Era jovem, muito jovem. Não devia ter nem mesmo sua idade.

— Minha aparência é a que quero assumir. — Ele falou, lendo seu pensamento em seu rosto. — Sou mais velho que sua vila, Brin.

Ela sentiu o rosto vermelho e ouviu uma risada rouca.

— Não se envergonhe. Você foi corajosa. Eu tenho observado você, eu tenho observado você e seu povo. Vocês são uns dos poucos que sobraram nessa terra que merecem o amor que meu povo pode dar. Ainda assim, se eu tinha dúvidas sobre isso, hoje elas se foram.

— Eu apenas... — Não terminou, envergonhada. O viu tirar a lança das costas, e a viu crescer, até ficar do tamanho que ela aparecia nas histórias. Uma lança dourada com a ponta em formato de fogo. Era ele, era mesmo ele. Não sabia se poderia falar. Não sabia ao certo.

— De agora em diante, seu povo está sobre minha proteção. Você está sobre minha proteção, minha Brin. — Ele sorriu, pegando sua mão e a trazendo para perto do fogo, ao lado da irmã que lhe sorriu, parecendo confortável ao receber um carinho do jovem deus. — Você pode perguntar, Brin. Você pode falar comigo. Você recebeu esse direito.

— O senhor é...Sionnacha...

Ele riu, alto dessa vez.

— Sim, me chamam assim. Seu povo me chama assim, assim como o que veio antes dele. Mas você, que carrega meu sangue, pode me chamar como os meus me chamam. Me chame de Aeron.

— Aeron? —Murmurou, incerta. Ele assentiu, e novamente ela viu aquela pura luz que dançava ao redor dele, calma, confortante, como se formas circulassem ao seu redor. Como se o vento se transformasse em partículas de luz e o saudasse ao tocar sua pele, seus cabelos, suas roupas, sua lança.

Sim, ele era Aeron. Ele era iluminado.

Foi como sair daquele lago. Puxou o ar, o contato entre os dois sendo quebrado, os dois caindo sentados no chão. E pelo rosto de Hinata, ainda mais pálido, o rosto apavorado dela, sabia que ela havia visto aquilo também. Ela havia visto tudo.

—Hinata... — Sua voz estava rouca e fraca, pedinte. A garota negou com a cabeça rapidamente, a expressão confusa, se arrastando para longe dele, longe de sua mão que havia estendido sem perceber.

—O que...O que foi...Foi real. Foi... — Ela balbuciou, e então se ergueu, tonta. Naruto tentou, caindo no processo, tentando não vomitar no carpete como sentia que estava quase fazendo.

—Hinata...Espere... Eu posso...

Ela não lhe deixou terminar. Em segundos a garota havia cruzado o quarto e ganhado a porta, correndo e a deixando aberta. Tentou se erguer novamente. Ele tinha que explicar para Hinata, não sabia nem o que estava explicando, mas não podia a deixar sair assim depois do que haviam visto. Confuso, enjoado, se ergueu aos tropeços e correu atrás dela, no corredor que achava que ela teria tomado.

Aeron gritava algo para si, mas não ouvia. Estava atordoado, descalço e com medo. Aquela havia sido a visão mais clara que tivera, e Hinata havia visto...não estava louco.

Seu corpo bateu em algo duro quando virava o corredor, sem diminuir o passo. Braços seguraram os seus pelos ombros impedindo que caísse para trás com o impacto. Fechou os olhos, soltando o ar em um ofego. E congelou.

—Naruto...

Aquela voz. Aquela maldita voz.

Sai de perto dele! SAIA DE PERTO DELE!!

Ergueu os olhos, devagar. Se livrou das mãos como se elas pudessem o queimar, se encostando na parede oposto, os olhos azuis tumultuosos, o corpo tremendo.

Obito.

O homem deu um passo em sua direção, incerto, o rosto dolorido, mas ignorou isso, se abraçando de forma protetora, os olhos tentando parecer ameaçadores, e não pateticamente assustados.

—Não se aproxime. — Sua voz saiu baixa, sussurrada.

Ele nunca pensara que podia acabar com tanto medo de Obito, mas seu corpo não o deixava enganar. Não quando sabia que Obito não era só um lunático bobo-alegre que pensara. Aquele homem era um monstro. E mesmo acostumado com monstros, tinha medo dele, mais do que tudo no momento. Porque desse monstro, seu avô não havia o ensinado a se defender.

Sua respiração ficou acelerada.

O homem parou, para sua surpresa. A mão que havia estendido, caindo ao lado de seu corpo, os punhos fechados.

—Me desculpe. — O homem falou de forma baixa, implorando. — Me perdoe, eu juro que eu não queria...

—Me foder? Me quebrar? — Sua voz saiu raivosa, quebrada. Sentiu lágrimas nos cantos dos olhos, mas as engoliu com esforço. Não choraria na frente daquele desgraçado. — Você queria isso. Você sempre quis. Você conseguiu no final, então me deixe em paz!

O homem passou a mão nos cabelos, um gesto desesperado. Naruto paralisou um pouco ao ver que ele estava... Chorando. Soluçando como uma criancinha. Aquilo o pegou de surpresa e congelou.

Não abaixe sua guarda! Não caia nesse truque!

Ajeitou sua postura de imediato, se protegendo.

—Eu não machucaria você de propósito, Naruto... Acredite em mim. — Ele o olhou desesperado, a voz rápida. — Eu fui... Ensinado a reagir de forma violenta. Eu fui... Condicionado desde sempre. Como uma arma, sem pensar, só agir. Eu venci esse jogo assim... Eu não queria te ferir, nunca quis. Eu lamento muito...

Ele só pode ser louco! Ele está mesmo fazendo isso? Pensou sem acreditar naquele desgraçado. Ele não podia estar se desculpando, não depois daquilo.

Me deixe assumir! Me deixe fazê-lo pagar...Eu quero matá-lo... Temos que matá-lo, antes que ele nos mate!

—Calado! —Olhou nos olhos do homem, com raiva. A voz baixa, para ninguém ouvir se estivesse por perto. — Seu maldito, você apunhalou minhas mãos. Você me espancou como se eu fosse seu maldito saco de areia. Me violentou. Está me chantageando, me torturando. Vá se desculpar com o diabo, fique longe de mim! Ou eu vou deixá-lo te esfaquear enquanto dorme!

Obito parou no ato de falar algo, ao ouvir ele dizer "ele", sem entender. Naruto parecia uma grande bagunça emocional a sua frente, quase se fundindo a parede para ficar longe. Sentiu seu coração doer, de forma quase física. Era terrível. Aquele medo nos olhos dele era doloroso.

—Fique longe dele.

Os dois olharam ao mesmo tempo para o garoto ruivo que chegava no corredor. Em segundos, ele estava na frente de Naruto, que havia paralisado, os olhos arregalados.

Obito olhou de um para o outro, com suspeita. Seu rosto que estava dolorido, ficou em branco de repente, os olhos com um brilho de realização. Naruto empalideceu imediatamente.

O homem apenas limpou as lágrimas com a manga do paletó, dando um último olhar nos dois sem falar uma palavra e ganhando o corredor, ignorando o olhar dos dois.

Gaara relaxou a postura quando viu o outro ir embora, e virou para Naruto, que estava ainda paralisado, o abraçando devagar, com medo de Naruto sair correndo ao tocar nele. Naruto não fez isso. E nem tão pouco retribuiu o abraço, ainda paralisado.

Apenas uma coisa na sua cabeça.

Obito sabia. Ele devia ter percebido. Gaara havia acabado de assinar sua sentença.

Eu falei.

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Naruto não havia aparecido no refeitório na noite anterior. Quando havia ido para seu dormitório, Sasuke em seu encalço, para levar algo para ele comer, o encontrou dormindo; Gaara sentado na cama de Sai, olhando o loiro com a expressão perdida.

Sabaku não havia falado nada, relaxando a postura tensa ao ver que eram os dois que haviam entrado no quarto. E sem falar uma palavra, ignorando o olhar assassino de Sasuke na porta, havia se erguido, tirando os cabelos de Naruto da testa que não parecia tranquilo nem mesmo durante o sono, e havia saído pelo corredor desejando boa noite de forma quieta. Itachi havia segurando o braço do irmão para o impedir de avançar do ruivo quando ele havia tocado Naruto.

Naruto nem se quer acordara, seu jantar esquecido. O vira pela manhã ao lado de Sasuke no refeitório, calado, o olhar perdido. E muitos olhares nele: Yamanaka o olhava de forma preocupada disfarçadamente, colocando mais comida em seu prato de vez em quando. Notou a Hyuuga, que sempre se sentava perto dele, em outra mesa, o olhar indo para o loiro calado quando pensava que ele não estava olhando. Ela não parecia ter dormido a noite.

Gaara havia sentado na mesa com os dois, ignorando Sasuke. Naruto parecia estar ignorando os dois, comendo, mas de forma tão alheia que parecia doloroso. O rosto em branco, lhe era tão terrivelmente familiar que Itachi, da sua mesa dos vencedores, teve que desviar os olhos, por que era doloroso demais vê-lo assim.

Era doloroso demais ver Aeron em Naruto.

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Como não tinham aula no domingo, nem mesmo atividades extras, eles podiam fazer o que quiserem. Muitos iam a academia, para treinar. Outros para a biblioteca, ou a sala de simulações. Naruto, particularmente, queria ficar na cama o dia inteiro e esquecer que existia, mas tinha muitas aulas para recuperar depois do seu...acidente. Terminara na biblioteca, fingindo que ainda era um aluno, e não que poderia morrer naquele buraco do inferno a qualquer movimento em falso no momento.

Não conseguia se concentrar, tirar Gaara do pensamento. Resolvera fugir do ruivo para não dar tanta bandeira, nunca imaginara que Gaara poderia ser tão descuidado para tentar o proteger. Sabia que o ruivo não havia feito por mal, fora instinto, mas ainda assim, ele queria ter um pouco de esperança que Obito não houvesse visto a verdade nas atitudes do amigo.

Se Gaara se ferisse por sua causa, não sabia o que faria.

E havia Hinata. Ela sim estava o ignorando como se não houvesse amanhã. E não tinha ideia do que fazer em relação ao que acontecera. Só sabia que ela viria por conta própria falar consigo, uma hora ou outra.

Havia notado também que sua mesa no intervalo estava cada vez mais lotada, e tinha medo do que isso significava. Quando mais gente ao redor de si, mais alvos Obito tinha para atingir. Havia tentando ser um idiota algumas vezes, ser rude, mas parecia que nada disso tinha efeito, além de ter que pedir desculpas quando Ino o olhava nada impressionada. Eles simplesmente não iam embora. Ficava feliz, mas também cada vez mais preocupado.

E então havia Sasuke. Que parecia tão um cão de guarda quanto Gaara no momento. Ele estava com um medo absurdo de acabar soltando algo para Sasuke também. Gaara e Hinata já estavam em perigo. Não podia colocar Sasuke também, e tão pouco conseguia afastá-lo. No momento isso doía demais, mas assumir que estavam...que eram algo...seria o mesmo que colocar um alvo pintado na testa dele. Mesmo que todo o colégio tivesse a suspeita de algo entre os dois, ele morreria negando até que saíssem dali. Se saíssem dali.

Otimismo, isso.

Não venha você me falar isso, seu bastardo paranoico. Você me mandou confiar em Itachi, e depois fica me mandando não confiar nele.

Só quero que leve em prática o ditado de confie apenas em si mesmo. Eu sei o que faço.

Você não sou eu.

Ele se calou e Naruto respirou aliviado. Estava ficando cada vez mais natural falar com "ele", "isso". O que quer que seja. E quando se torna natural ouvir vozes na sua cabeça, é um sinal ruim.

Não sou uma voz. Tenho um nome, e você sabe bem.

Que ótimo, agora ele estava ofendido e magoado. Muito bom. Perfeito.

Mordeu o lábio, ponderando. Então suspirou.

Aeron. Satisfeito?

Sentiu uma alegria que sabia que não era sua e quase riu exasperado.

Muito.

Ótimo. Me deixe estudar agora, Aeron. A não ser que saiba algo sobre a primeira revolução industrial, fique calado.

Não sou sua enciclopédia embutida, meu pequeno, mas sei uma coisa ou outra. Já vi muita coisa na minha vida. Você não pode nem imaginar.

Isso o surpreendeu tanto que levantou a cabeça do livro, olhando ao redor. A biblioteca estava quase vazia, se não fosse por uma garota em outra mesa, fone nos ouvidos e uma pilha de livros na frente dela, e outro garoto sentado no chão entre outras estantes, como ele, jogando no celular.

—Então, eu tinha um google na cabeça e não sabia. Vem me dizer isso agora, depois de tantos anos.

Ouviu uma risada divertida na sua cabeça.

Não se acostume. Tudo aconteceu na Inglaterra, como você sabe. Final do século XVIII. Eu posso lembrar do cheiro nas ruas. Da fumaça das fábricas...eu me lembro bem...

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Sasuke o achou no fim da tarde. Ele sempre o achava, por mais que Itachi o mandasse dar um tempo quando Naruto fugia assim, porque ele tinha seus motivos, ele não conseguia dar espaço para ele por tempo demais. Não quando sentia que Naruto estava angustiado. Passara o dia inteiro na sala de simulações para não ir atrás dele e o colocar em suas vistas, onde poderia o vigiar de perto.

Ele estava sozinho. De alguma forma, pensara que ele estaria com Gaara ou Itachi. O ruivo estava parecendo um cão de guarda, aquilo lhe daria nos nervos, se não sentisse estranhamente aliviado que havia mais uma pessoa para o vigiar. Ou pessoas. Havia notado a pequena esquadra se formando, quem não?

Naruto era um ímã tão grande para o desastre, que uma ajuda a mais era mais do que bem-vinda, apesar de odiar aquele ruivo rodeando o Uzumaki. Porém, ele já havia visto olhares e muitos de cobiça para cima de Naruto, e Gaara, por mais que não quisesse admitir, não era um deles.

Parou perto da estante, pensando se Naruto já havia o percebido como sempre, mas ele parecia concentrado demais, sentado no chão, uns 10 livros abertos a seu redor, o laptop na sua perna, escrevendo, os olhos fixos na tela. De repente ele parou de escrever e deu um pequeno sorriso, por alguma coisa que ele não entendia, como se houvesse ouvido algo engraçado. Sasuke admirou aquele sorriso pequeno de Naruto, tentando não deslizar como no outro dia e o encarar deslumbrado. Ele não queria ver aquele olhar machucado de Naruto de novo. Naruto ficava lindo quando sorria. Ele imaginava como seria se ele sorriso de verdade, todo dentes e olhos fechados, um daqueles sorrisos que alcançavam os olhos. Ele nunca mais havia sorrido assim.

Se aproximou e o outro parou de escrever novamente, os olhos azuis nos seus, nem um pouco surpresos de ele estar ali, como se já houvesse o notado.

— Você estava estudando. Deve estar doente. — Provocou, para tirar aquela expressão em branco do outro, que lhe parecia cada vez mais natural. Funcionou. As sobrancelhas loiras se juntaram, enfezadas, e o loiro virou a cara para ele.

Sasuke sorriu presunçoso.

—Se não sabe, eu já quase terminei meu último ano, seu idiota. —Naruto falou, voltando a escrever, um bico quase imperceptível nos lábios. — Só porque fui expulso daquele hospício que chamavam de escola, não quer dizer que não estudei nada lá. Não há nada aqui que já não tenha visto e .... Ei! Devolve isso, Sasuke!

O Uchiha franziu a testa, se sentando ao lado dele no pequeno espaço entre as estantes, pegando seu laptop do colo para ver o que Naruto tanto escrevia quando chegava. Era o trabalho que tinham que entregar sobre a primeira revolução industrial, sem fontes a não ser a dos 3 livros disponíveis sobre o assunto. Pediram 4000 palavras. Naruto já havia passado do número de palavras. E o texto parecia...bom.

Merda, parecia melhor que o seu até.

—Como você conseguiu isso com apenas esses três livros? — perguntou desconfiado. — Quase não tem referências aqui.

Naruto tomou o laptop, voltando a escrever. Sasuke o olhou de soslaio.

—Naruto, se tirou fontes da internet, a escola tem um sistema muito bom para descobrir isso, você sabe...Eu posso te ajudar, se quiser.

—Eu não tirei nada da internet, nem temos acesso à internet por esse sistema, Sasuke. Não sei como vocês conseguem burlar isso para usar Facebook, eu juro que não sei. — Naruto revirou os olhos. E então sorriu, parecendo divertido com algo. — Só descobri que tenho uma memória maravilhosa.

Sasuke ergueu a sobrancelha com isso. Naruto salvou o trabalho e fechou o computador portátil, esticando o pescoço para aliviar a tensão.

—E mais, garotão. —O olhou, ainda sorrindo. — Eu não preciso de um tutor. Eu seria seu tutor, na verdade. Não pareço, mas sou um veterano, apesar de ter estancado aqui. Não é à toa que durmo em quase todas as aulas. Não significa que sou tapado.

—Não disse isso. — Sasuke se defendeu, o rosto estoico. Mas Naruto não parecia zangado. Ele revirou os olhos, brincando com os livros na mão, com preguiça de levantar-se.

—Insinuou. Posso não ter a tão famosa inteligência Uchiha, mas minha mãe é uma das melhores cirurgiãs da América do Norte, e meu pai é conhecido pelo melhor estrategista. Minha avó, ela faz palestras em congressos de psiquiatria até hoje, e meu avô... — Naruto parou com isso, os olhos antes divertidos, tristes, de uma forma que fez o coração de Sasuke apertar. Segurou a mão enfaixada e ele pareceu surpreso, olhando a mão na sua em seu colo por alguns segundos, até relaxar, a apertando. — Meu avô foi o cara mais genial que conheci. Ele sabia de tudo. Seria sacanagem da genética, eu pelo menos não puxar um pouco a eles.

Era visível que falar da família era algo doloroso para Naruto. Seu pai havia lhe falado, sobre seu novo colega, antes de Naruto chegar na escola. Ele havia avisado Sasuke, sobre Naruto. Quem era o pai dele de verdade. Seu pai era amigo do pai dele, ele não pedira, porque Fugaku nunca pediria isso, mas aquilo foi uma insinuação para ele cuidar um pouco de Naruto por lá. Por isso Sasuke fora tão contra Naruto no começo. Era Natural antagonizar uma ordem não dita do pai. Saber que o pai se preocupava com um estranho.

Sasuke achava que nunca diria aquilo a Naruto.

Voltou o olhar para o Uzumaki. O avô de Naruto devia ter sido um homem e tanto, para apenas a menção dele o fazer ficar assim. Para ele ter falado dele no passado, só significava que ele estava morto.

Ele não disse sinto muito, sabia o quanto o outro odiaria isso. Apenas virou o rosto, na posição em que estavam, a mão livre suavemente na bochecha do outro, e o beijou, docemente. Naruto ficou tenso no começo, mas logo relaxou, retribuindo o beijo da mesma forma, a mão livre na sua em seu rosto. Sasuke findou o beijo, passando o nariz no do outro de leve. Ele havia visto seu pai fazer isso com sua mãe em uma ocasião em que ele pensou que ninguém olhava.

Olhos azuis se abriram, o fitando com curiosidade. Sem tirar a mão do rosto do outro, seu polegar brincou com o lábio inferior de Naruto, contornando o formato, avaliando sem perceber. A boca de Naruto era a segunda coisa mais bonita que achava nele, primeiro vinha os olhos, de um tom de azul que pareciam mudar todo o tempo, e que agora o fitavam com ainda mais curiosidade pelo gesto.

—Que foi? — O sussurro foi baixo, incerto, o lábio dele se movendo ainda com seu polegar nele, a respiração quente na sua pele. — Você está sorrindo. Isso é assustador, você sabe disso?

Sasuke riu com o tom de voz desconfiado. Era tão fácil para ele rir perto de Naruto. Parecia natural demais. Uma coisa que ele tinha dentro de si há muito tempo. Ele parecia enfezado com sua risada, mas antes que pudesse dizer algo, Sasuke o beijou de novo, dessa vez com mais vontade. O sentiu entreabrir os lábios ao cabo de segundos, as mãos em seu rosto. Segurou a nuca loira com vontade, o puxando para o mais perto possível. Ignorou quando o laptop caiu do colo dele para o lado, a bagunça de livros abertos. Sentiu a língua dançando com a sua. Sentiu uma mordida em seu lábio, e não podia não pensar em como Naruto beijava bem. Muito bem. Na verdade, ele era a melhor pessoa que já havia beijado, e Sasuke era exigente.

Devia ter treinado aquilo muito. O que não era uma surpresa, Naruto era muito bonito, charmoso, as pessoas iam para a órbita dele naturalmente. E pelo jeito, de bobo não tinha nada.

Grunhiu com esse pensamento, possessivo. Não notara quando haviam mudado de posição. Havia puxado Naruto para seu colo sem parar o beijo, uma mão firme na nuca dele, a outra deslizando por suas costas. Sentiu as mãos menores em seus ombros, a única coisa que o impedia que puxá-lo ainda para mais perto, se possível.

Quando quebrou o beijo, ofegante, sua boca desceu para a mandíbula do outro, beijando com leveza que nem sabia existir, lambeu devagar o pescoço longilíneo. Estava quente, muito quente, e não havia outra maneira de fazer aquilo passar além de tocá-lo. Sua mão entrou na camisa frouxa do Uzumaki, com a outra, puxou seu quadril para mais perto, o ajeitando melhor em seu colo, sua excitação evidente tocando o outro.

Naruto congelou. No mesmo instante que alcançou a faixa no seu tórax ele começou a tremer, as mãos tentando o afastar. Ouviu a respiração rápida em seu ouvido.

— Espera. Para! Para!

Obedeceu de imediato, virando o rosto também ofegante e vendo os olhos azuis assustados. E então tristes, desviando dos seus.

—Desculpa Sasuke... Eu só... É difícil. Eu sou... Danificado.

Suspirou e o abraçou. Ele sentia que Naruto podia estar chorando, só não o fazia com esforço. Com medo. E não era por estarem na biblioteca e poderem serem pegos a qualquer momento. Não era esse seu medo. Nem dos ferimentos. Naruto estava com medo de sexo, e podia bem o entender.

Maldito Obito.

— Isso não é verdade, você não é danificado. — Sussurrou para o outro, que não respondeu nada. Naruto se soltou dele, sentando-se no chão, colocando os joelhos no queixo, se abraçando. Sasuke suspirou, lhe dando espaço até ele parar de tremer.

Colocou a mão em seus ombros, o trazendo para perto. Ele queria muito fazer sexo com Naruto. Mas, mais que tudo, não o queria ver assim. Ele esperaria o tempo que fosse. Ele o faria esquecer esse trauma a qualquer custo.

Quando ele finalmente pareceu relaxar, Sasuke pegou o laptop, querendo tirar aquela expressão triste e quebrada do outro de qualquer forma.

—Tudo bem, você disse que iria me tutorear, eu não terminei esse trabalho, e você parece muito bem nele.

Naruto ergueu a cabeça que ainda estava escondida nos joelhos, surpreso, os olhos, como Sasuke imaginava, estavam segurando as lágrimas.

Naruto sorriu, um sorriso pequeno.

—Eu não disse isso. — Ele esticou as pernas no chão, recolhendo os livros.

—Você insinuou.

Naruto pareceu pensar, e então sorriu de leve, terminando de colocar os livros em uma pilha e se erguendo, com esforço por conta das costelas.

— Você é a última pessoa daqui que precisa de tutor, Sasuke. — Ele falou, com a testa franzida. — Talvez exceto Shikamaru.

— Isso não é um não. — Ele bufou, guardando os livros, mas sorriu.

— Seu quarto, Sai vai me encher. E vamos "estudar". — Ele deu ênfase a frase, a expressão desconfiada. Sasuke assentiu, solene, segurando sua mão.

Ele não precisava de um tutor, isso era fato. Ele já havia terminado o trabalho há dias. Mas ele precisava ficar perto de Naruto, acima de tudo.

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Quando Obito saiu do elevador, estava dez minutos adiantado para o horário marcado para a reunião. Mas, não estava sozinho. Danzou Shimura e Hiashi Hyuuga já estavam em suas poltronas.

A sala era grande, as paredes tom carmesim com verde escuro, em contornos suaves, alguns quadros antigos e caros enfeitavam as paredes de forma monótona. Na parede da esquerda, no centro, dois rifles de caça estavam expostos com orgulho. Eram seus rifles dos quais sempre usava para caçar, os que havia usado para matar todos os animais que estavam em sua sala. Na da direita, a tela LCD Smart de setenta polegadas plugada a parede à cima, uma webcam. No teto enfeitado com gesso e luminárias embutidas, um lustre de cristal pendia grandioso. O chão coberto pelo carpete cinza, a sua frente, ao lado das cinco poltronas ficavam duas janelas amplas que iam até o chão, as cortinas negras abertas, deixando à vista o jardim iluminado do colégio, onde poucos alunos ainda caminhavam. As poltronas claras foram dispostas de maneira circular a frente da TV, na última poltrona, ao seu lado ficava uma mesinha de mogno.

Foi até a poltrona do meio e se sentou, afundando no estofado macio, de alta classe. Suspirando no processo, sabia bem o porquê da reunião, já a esperava, só não imaginou que demoraria tanto tempo para que a solicitassem. Não havia escapatória.

Ouviu um pigarreio e olhou rapidamente para Danzou. O homem vestido com um belo conjunto Armani, o encarava fixamente. Nunca teve medo daquele velho, sempre o achou um completo ignorante metido a besta. Sempre foi assim, ele lhe olhava como se fosse uma peste, um mero invasor em seu grupo de esnobes poderosos, inabaláveis. Ele devia pensar assim pois Obito nunca foi ninguém além de um mero Uchiha que ganhou o jogo de maneira excepcional. Nunca teve um cargo no governo, nem se infiltrou na máfia da família, ele nunca fez nada, simplesmente na primeira oportunidade se jogou no negócio de ser um diretor de colégio. Talvez por isso ele lhe julgava fraco.

Mas Obito não era fraco, muito menos o invasor que Danzou achava.

Tinha todo o direito de estar ali, talvez até mais do que qualquer um ali, depois de tudo que aqueles malditos o tiraram naquele jogo.

— Então... — Hiashi disse, sentado em sua poltrona de couro bege, a pose elegante de sempre era quase natural. — Algum de vocês sabe onde eles dois se enfiaram?

Obito acenou negativamente enquanto Danzou continuava em silêncio. O olhando daquela maneira desafiadora.

E já estava farto daquilo.

— O que foi, Shimura? Perdeu algo na minha cara?

O ar que já era carregado ficou pior. Hiashi passou a mão pelos cabelos, olhando pela janela distraidamente. Ignorando a rixa que estava perigosamente ao seu lado.

— Está esquecendo o seu lugar, talvez precise ler lembrado.

Obito abriu a boca para rebater, quando as portas do elevador se abriram, de onde saíram os últimos dois homens que iriam comparecer.

— Boa noite, cavalheiros. — Saldou o grisalho sorrindo. Tanto o Uchiha quanto o Shimura se endireitaram automaticamente. — Hoje infelizmente nosso amado Madara só vai dar o ar de vossa graça pelo vídeo conferência.

Obito os observou sentarem-se em suas poltronas. Tobirama cruzou as pernas e pegou um controle na mesa ao lado de sua poltrona. Ligou a tela, a face estoica de Madara aparecendo. Os cumprimentou com um leve aceno. Nagato Uzumaki tomou a outra poltrona, uma expressão que não conseguia distinguir no rosto que era sempre tão estoico. Seus instintos praticamente apitavam perigo com o olhar que recebeu dele, e tentou não se intimidar.

Tobirama suspirou teatralmente e tomou a palavra, novamente.

— Meus companheiros, eu os convoquei aqui para tomarmos uma decisão sobre este cidadão. — Apontou para ele. — Que não conseguiu se controlar e fez besteira com o garoto Namikaze. Claro que já sabíamos que uma hora ou outra algo como isso aconteceria com aquele ninfeto. Obito descontrolado como é...

— Primeiro. — Interrompeu, a voz alta, irritado. Na tela, o outro Uchiha ergueu uma sobrancelha. — Ele não é um ninfeto, e em segundo, aquilo não foi descontrole meu.

— Então não sei como se chama furar as mãos dele, espancar e foder o pirralho. Foi exatamente descontrole. Porque você parece um cachorro-louco, Uchiha, ataca qualquer um que passe a sua frente.

Apertou as mãos em punhos, sentindo raiva borbulhar em suas veias.

— Ora seu desgraçado...

— Chega! — todos se assustaram com a voz grossa e firme de Nagato que se levantou devagar. — Toda essa merda de lugar está em risco, Obito, por sua culpa, por suas ações desenfreadas.

O ambiente ficou mais sóbrio, e até mesmo Obito se calou.

—Há comentários?

Nagato assentiu devagar.

—Esses alunos...eles são mais espertos do que podemos imaginar. Os desaparecimentos dessa vez foram caóticos. O garoto pelo menos, a família dele sabia o que estava se passando, é um dos nossos. A garota Sabaku gerou mais dúvidas. — Danzou ficou tenso. — E então o Namikaze surge com esses ferimentos da noite para o dia. Marcas de enforcamento. O que acha que isso pode gerar?

Aquilo podia ser um problema. Era a primeira vez que eles colocavam jogadores de famílias que não estavam envolvidas. Pessoas que podiam ser investigadas. Um erro grave, ao que parece. Maldito Tobirama e suas ideias caóticas. Não pela primeira vez começou a duvidar sobre o que o Senju realmente queria naquela história toda, ainda mais o vendo sorrir naquele momento, como se tudo fosse divertido.

Obito interrompeu suas observações, a voz ainda mais tensa.

—Naruto sabe bem que deve mentir, e isso ele faz bem.

—Não fale o nome dele com toda essa familiaridade. — A voz de Nagato foi surpreendentemente furiosa ao o fitar, os olhos cinzentos frios. — Eu disse que ele seria minha responsabilidade e do Senju. — Se aproximou da poltrona onde Obito o olhou, também se erguendo alerta. — Eu disse que ele era problema meu, e ainda assim você se meteu.

E para surpresa de todos, Nagato acertou um soco certeiro na face de Obito que pela força, caiu de volta sentado.

— Mas que diabos...! — grunhiu estupefato, levando a mão a face agredida. Os outros os olhando.

— Isso é para você aprender a seguir ordens e ficar em seu território — Avisou baixo, olhando-o nos olhos negros. — Ele não é para ser tocado. Ele está aqui por uma razão, que você e sua mente estúpida não tem ideia.

—Nagato... — Danzou avisou. — Já chega.

Um silêncio sepulcral se espalhou pela sala, enquanto todos os expectadores esperavam a carnificina que poderia começar a qualquer segundo. O primeiro a falar foi o único que não havia falado nada ainda.

— Bem, acho que o assunto foi já resolvido, e a punição bem dada. — Madara deu de ombros, parecendo cansado de repente. — Qualquer coisa realmente importante me avisem, estou de férias na minha ilha particular, então sejam seletivos com o que forem me chamar.

A mensagem usuário desconectado pareceu na TV. E logo em seguida Hiashi se levantou, mas não recebendo um olhar sequer dos dois que ainda se olhavam daquela maneira homicida. Ele saiu deixando os outros sozinhos.

Obito não tinha a menor intenção de desvia o olhar de Nagato, pois de uma coisa ele sabia: Naruto lhe pertencia. Seja o que for que aqueles malditos estivessem jogando e escondendo, isso não mudava.

Foi com esse pensamento que acertou um soco no estômago de Nagato. Se jogando sobre ele.

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— Segunda-feira e o Naruto já sumiu! Tem cabimento isso Itachi?

Olhou o irmãozinho ao seu lado, Sasuke segurava sua caixinha de leite a apertando. Estavam na porta do refeitório, olhando para o corredor a procura dos cabelos loiros.

— Aquele exterminador deve ter algo contra café da manhã... — Sai se intrometeu, aparecendo ao lado dos dois. — Ino está possessa o procurando. E o ruivo quase botando um ovo na mesa.

— Minha conversa não é com você, é com meu irmão. — Sasuke rebateu carrancudo, o olhando de lado. O outro rapaz ergueu as sobrancelhas levantou as mãos de maneira rendida e voltou de onde veio.

— Pelo o que vejo. — Murmurou, se encostando à parede. — Ele não vai vir.

Sasuke grunhiu um xingamento e jogou a caixinha para o irmão, começando a andar rapidamente pelo corredor. A procura do Uzumaki desaparecido.

Itachi riu do desespero do irmão. Já sabia bem onde acharia Naruto.

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Quando Itachi olhou o garoto sentado no jardim secreto perto do labirinto, abaixo de uma árvore, teve ainda mais certeza que alguém mais atraente que ele não existia.

Os cabelos estavam sobre a testa, mais bagunçados que o normal, arrepiados. As roupas desalinhadas e as pernas esticadas, o rosto virado para cima, com os olhos fechados, a pele clara manchada pela luz do sol que se infiltrava entre as folhas, em formas dançantes. O formato do rosto estava mais triangular. Os lábios daquele ângulo pareciam mais grossos, o nariz arrebitado de uma forma que Itachi classificava como fofa, enquanto ele parecia estar apreciando a brisa que balançava levemente seus cabelos dourados.

Mas sabia que não era bem assim, as mãos enfaixadas apertadas em punhos sobre o colo deixavam bem evidente que ali nada está bem, nada estava calmo, e que naquela cabeça cheia de cabelos claros tinha um turbilhão de problemas.

Caminhou até ele devagar, mantendo suas mãos nos bolsos e parou ao seu lado. Que não havia mexido um músculo sequer. Mas sabia que ele o havia notado.

— I t a c h i... — Viu os lábios do outro se moverem devagar, pronunciando cada sílaba com ênfase desnecessária.

— Como que sabia que era eu? — perguntou, levemente curioso.

— O ritmo dos seus passos, são mais lentos e largos que os de Sasuke. — Ele respondeu, as mãos ainda apertadas no colo, o vento ficando mais forte, balançando o casaco longo e negro do mais velho. — Estou sem rumo, estou confuso, não consigo nem entender o que está acontecendo direito. Não consigo criar um pensamento coerente, eu não, não, consigo tomar nenhuma decisão.

Todas as palavras do Namikaze saíram com tanta angústia, tanta dor, que não se conteve e agachou-se ao seu lado. O rapaz retesou-se levemente, abrindo os olhos de azul tão deslumbrante, que o fitaram com intensidade, com aqueles sentimentos gritantes refletidos entres as hastes de tons mais claros que adornavam suas pupilas.

— Me conte. — pediu, tentando ser o mais suave possível, preso no olhar do rapaz.

— Gaara descobriu tudo, ele topou com... Com aquele homem ontem à noite, e acho que ele notou. — Naruto virou o rosto.

Itachi não ficou surpreso com aquilo, sabia que uma hora ou outra aquele ruivo iria descobrir tudo. O via nos arredores sempre, tentando se infiltrar entre eles, ainda mais depois do acontecimento com Naruto, ele parecia farejar no ar que tinha algo de muito errado ali. E no fim conseguira, estava preso aquilo como todos estavam, mas de forma mais intensa já que tinha ciência de tudo. Aquilo explicava as atitudes do ruivo na noite anterior e nessa manhã também. Ele não estava nem mesmo disfarçando.

— Ah, isso é ruim. — disse baixo, e foi alvo novamente dos olhos tão azuis. — O que fará agora?

Se surpreendeu quando viu o Naruto começar a rir, fechando os olhos e virando o rosto, de uma maneira estranha, aquela mesma maneira que o fazia lembrar da frieza de uma pessoa.

— O que acha? — perguntou retoricamente. O sorriso morrendo rapidamente. — Não tenho nada a fazer além de obedecer Obito e tentar abaixar a poeira. Aquele maldito escroto disse que... Que lamenta o que fez. Mas é mentira, tudo é uma grande mentira. Ele gostou, ele sempre quis aquilo, desde o começo o que ele queria era me foder. E conseguiu. Se eu bobear ele me pega para um segundo tempo. — Itachi viu com tristeza ele fechar novamente os olhos encostando a cabeça na árvore. — Não sei o que é isso que me faz assim. Não posso ter um amigo, não posso ter minha família ou sequer gostar de alguém sem que algo de ruim aconteça. Sou um amaldiçoado.

— Pare. — O cortou, firme, fazendo-o lhe olhar novamente, surpreso pelo tom que não deixava brechas. — Pare de falar isso de si mesmo. Nada vai acontecer a Gaara nem a ninguém. Eu prometi que lhe ajudaria a sair dessa, se me ajudasse também, seguindo o que eu disser. Obito não vai fazer aquilo novamente pelo simples fato que ele não tem coragem para tal. E que o que ele fez trouxe consequências para ele também.

Naruto o encarou, os azuis tomando um tom escuro, pirrônicos.

— Tipo o que? Que eu saiba não tenho nenhuma DST já tomei e tomo demais desses remédios...

— Digo que as consequências foram para ele vindas dos outros. Se é que me entende.

Ele pensou brevemente antes de assentir. Itachi dizia sobre os superiores à Obito, os que mandavam no jogo tanto quanto ele. Os jurados.

Itachi se levantou diante o olhar do garoto que estava pensativo, e lhe estendeu a mão, lhe lançando um olhar significativo.

— Você tem que comer algo. E não pode ficar burlando aula assim, tem uma vida acadêmica além de tudo. E Sasuke estava quase botando um ovo da última vez que o vi.

Ele ignorou sua mão e se levantou por conta própria, limpando a roupa das folhas. O Uchiha teve de olhar para baixo para olhar nos olhos claros do rapaz. Teria rido se não fosse a expressão que ele fazia.

— Sasuke devia aprender a se virar sem mim. — Murmurou baixo começando a caminhar em direção ao pavilhão.

— É como pedi-lo para não respirar. — Deu uma leve risada, mas seu olhar era amargo. — Ele nunca vai aprender a ficar sem você, não importa quanto tempo passe.

Naruto olhou estranhando aquela conversa, mas deixou para lá. Havia coisas que nem queria entender nos Uchihas.

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Sionnacha: Raposa

Aeron significa iluminado

Obs: Naruto usando a fonte "vozes da minha cabeça" com sucesso

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