Dóiteáin
Eu sempre fui fascinado com a adaga. Era um fascínio diferente, no entanto: Ao mesmo tempo que desejava tê-la com todas as forças, como se sentisse que era meu direito, também sentia medo dela.
Às vezes, ficava horas sentado no sofá a olhando exposta no suporte em que meu avô a colocara. Quanto mais tempo ficava ali, mais as vozes se acalmavam em minha cabeça e sentia-me estranhamente anestesiado. Exceto por uma pequena pontada em meu peito quando chegava perto demais, no mesmo lugar de uma estranha marca de nascença.
Eu a pedi a meu avô, várias vezes. Ele apenas balançava a cabeça, me olhava de forma triste, e pedia que não ficasse tanto tempo perto dela.
Quando ele morreu, minha avó veio deixar um pacote em minha casa. E ela estava ali, enrolada em um pano aveludado. Por anos só conseguia dormir com ela por perto. Por mais que a dor em meu peito sempre parecesse um pano de fundo, a sensação de anestesia, silêncio e apatia parecia cessar a dor e os gritos em minha cabeça.
Eu nunca soube se isso era uma coisa boa ou ruim.
FUMAÇA. ERA TUDO O QUE COBRIA SUA VISÃO. SUFOCANTE, QUENTE.
E então fogo.
Labaredas que lambiam tudo ao redor, o som crepitado da madeira, ruidosa, anunciando a destruição.
Abriu os olhos azuis que fechara apertados, como se para confirmar que aquilo era real e não um pesadelo. Estava parado em meio a sua aldeia. Ou que ela um dia fora. Agora eram apenas casas flamejantes, gritos de pessoas correndo, o gado fugindo, cercados pelo fogo. O fogo que vinha do céu, em bolas gigantes cuspidas pela montanha.
Ele havia visto apenas quando as cinzas foram cuspidas, até o capitão o arrastar a força, tentando obrigá-lo a deixar tudo para trás. A abandoná-lo.
Chegara tarde demais. Estavam todos condenados. Todos mortos. Não havia como fugir. A água havia se tornado corrosiva, podia ouvir ao longe os gritos das pessoas que tentavam fugir nos barcos.
Forçou as pernas a correrem.
— Dan! — Gritou, tentando achar a cabeça morena de seu melhor amigo, em meio as pessoas desesperadas. Ele era o mais importante para si no mundo, sua única família.
Tossiu, sentindo o pulmão congestionado com a fumaça acinzentada. Bolas caiam flamejantes. Sabia que não iriam sobreviver, mas ainda queria vê-lo.
— Isaak! — A voz o chamou através da multidão e viu os olhos negros aliviados. Seu coração acelerou, mesmo naquela situação e correu até ele que saia de uma orla de casas incendiadas que ficava ao norte da montanha, sujo de fuligem, tossindo, sendo amparado pelo ombro por outra figura mais velha e conhecida.
— Dan! Seo! — Gritou correndo até eles. Os cabelos loiros estavam grudados de suor. Estava ferido, as roupas rasgadas, mas ainda assim corria como se sua vida dependesse disso. E dependia, sua vida estava ali sendo amparada por Seo.
Foi de encontro aos dois, que vinham na mesma pressa, mesmo ainda mais feridos, enquanto o caos reinava como o próprio inferno. Seo caiu com Dan no mesmo instante que o outro garoto os alcançava, se jogando no chão de joelhos não se importando em feri-los no cascalho, o abraçando trêmulo.
— Dan! — Repetiu o nome inúmeras vezes, passando as mãos no rosto do outro que parecia atordoado, removendo o cabelo negro suado de seu rosto para ver cada detalhe. Ficou horrorizado ao notar que sangue fluía de forma livre de um ferimento na cabeça dele, escorrendo pela face esquerda, pingando em sua camisa antes branca.
— Uma pedra da montanha. — Seo explicou rasgando um pedaço da roupa. — Me ajude a arrastá-lo para longe da passagem.
Isaak assentiu e ambos ampararam o outro para o que antes havia sido o templo, agora sem teto. Sendo de pedra, era uma das poucas edificações que não ardia em chamas. Seria seguro ficar ali, por enquanto.
Dan foi posto no chão enquanto Seo tentando estancar o sangue que fluía da sua cabeça com uma bandagem. Isaak o mantinha em seu colo, agarrado a sua mão.
— Seo... — Falou, ao remover os cabelos dos olhos escuros de Dan, torcendo para que ele os abrisse. — É minha culpa... Eu... Se eu estivesse com ele... Se eu não fosse tão fraco...
— A montanha explodiu, nada é culpa sua. — O outro explicou com a voz cansada. — Nunca é sua culpa... Isso ia acontecer sempre... — Ele sussurrou a última parte, mas o ouviu.
— Do que fala?
— Isaak.
A voz murmurada o fez olhar para baixo e os olhos marejaram de alívio ao ver os negros abertos.
— Dan!
Os olhos presos, um no outro, pareciam não perceber o caos ainda ao redor.
— Aquele homem... — A voz fraca e raivosa sussurrou tocando o rosto acima de Isaak. Estavam sentados no chão, exaustos, Isaak recostado em uma pilastra que ainda jazia de pé com o outro rapaz deitado com a cabeça em seu colo.
Nenhum deles tinham mais forças, e novamente Seo apenas olhava, como mero telespectador daquilo tudo. Um ferimento largo cortava todo o lindo rosto de Isaak na face direita, da testa ao queixo em uma marca profunda que passava perto de seu olho o contornando. Deixando uma fenda de carne viva aberta, sangrando, feita claramente por uma faca.
— Ele...
— Já passou. — Isaak murmurou com estranha serenidade.
Olhando as roupas rasgadas do rapaz, o corte no rosto, não era difícil de saber o que havia acontecido.
— Eu fugi dele. — Isaak falou beijando a mão do outro, a retirando suavemente do ferimento que fora cruelmente causado. — Deixei-o no barco, eu sinto muito, ele mentiu para mim, ele disse que vocês estariam lá e eu fui... A essa hora o barco deve ter afundado com a água corrosiva.
Seo o olhou com certa tristeza. Isaak apenas rezava para que isso fosse verdade. Se ia morrer de qualquer forma, pelo menos não queria nunca mais ver aquele homem na vida.
— Me desculpe... Eu... Te amo Dan. — Encostaram as testas e Seo desviou os olhos com uma expressão de dor no rosto que não lhe escapou.
Tão imersos, eles não viram de onde veio. Isaak mal viu o que aconteceu, de onde o outro surgiu. Quando seus olhos caíram nele já era tarde demais. As roupas rasgadas e queimadas, os braços e pernas, onde pudesse ver, estava pipocado pelo fogo. A pele vermelha, a carne parecia ter derretido, sangue, cinzas, tudo misturado. Dos cabelos pouco restou. Ele era o capitão, ou o que sobrou dele.
Isaak só viu a faca vindo em direção a Dan e se moveu.
Os olhos azuis seguiram a mão em seu peito de forma atordoada, o choque momentâneo anestesiando a dor. O capitão, de olhos arregalados de puro horror ainda segurava a faca cravada em seu peito, a mesma que fatiara seu rosto horas atrás.
O sangue escorreu para fora do ferimento e sentiu algo se alojar em sua garganta, tossindo mais do líquido ao tentar respirar. E foi quando ele sentiu a dor.
Seus olhos lacrimejaram e segurou o pulso com a faca, encontrando os olhos do seu assassino. Naquele momento, apesar da certeza eminente da morte, Isaak sentiu o pavor o tomar.
Ele não queria morrer assim. Assustado, em agonia, ouvindo os gritos de dor de Dan, sabendo que logo depois ele o seguiria também.
— Não! Fica comigo Isaak, não vai, não vai... Isaak!
Isaak teve uma vida miserável, em constante pavor e dor e desesperança.
Quando deu seu último suspiro ele percebeu que sua morte não havia sido diferente.
— Dan!!
—Ei, acorda! Naruto!
Abriu os olhos arregalados, se sentando na cama depressa. Sua mão foi ao peito onde sentia uma dor absurda, no mesmo lugar onde a faca foi penetrada. O ar custava a sair e arfava em desespero, sentindo o sangue alojado em sua garganta. Comprimia o lugar, vendo o líquido jorrando, sujado suas mãos. As olhou, perplexo e ofegante.
Era real, o sangue era real.
— Naruto! Eu vou chamar alguém.
Foi então que tudo sumiu. Em um piscar de olhos, todo o sangue desapareceu. De suas roupas, de suas mãos. Foi quando entendeu o significado das palavras de Sai.
— NÃO! — Gritou agarrando a mão de Sai que estava se levantando da sua cama, assustado, perdendo todo o ar falso ao se deparar como desespero do outro. — Foi um pesadelo, só um pesadelo... Apenas... Eu...
Tremia muito, segurando as lágrimas. Os rostos sumiam de sua mente, não o permitindo lembrar claramente do sonho. Mas lembrava do medo, e de um rosto. O rosto tão parecido com Sasuke. E aquela sensação de perda, pior do que a dor da faca entrando em seu peito, do calor em sua pele juntamente com a fumaça tóxica.
— Foi só um pesadelo. — Repetiu, largando a mão de Sai, agarrando os cabelos loiros, os puxando e se acalmando sob o olhar incerto do colega de quarto.
— Você está piorando, eu pensei que alguém estava matando você.
E estava! Pensou calado, de cabeça baixa, ainda respirando de forma forçada.
— Desculpe Sai, pode voltar a dormir. — Sussurrou, se deitando de novo e virando para o lado da parede. O outro o olhou desconfiado algum tempo até suspirar e voltar para sua cama.
Naruto deixou as lágrimas saindo sem ruído. Estava com medo do que acontecia. Era tudo tão repentino, sem sentido. Sonhos, esses malditos sonhos que lhe tiravam o sono, as visões quando estava acordado. Sentia como se estivesse aos poucos enlouquecendo, sendo transportado forçadamente a um mundo que não pertencia. Os surtos que haviam acabado com criança haviam retornado com ainda mais força.
Quando não sonhava com corpos na cabana, seu avô e coisas do passado que não queria lembrar, eram essas cenas estranhas e não menos grotescas. Nunca acreditou em qualquer coisa parecida com o que estava vivenciando. Era difícil de crer, era impossível. Só tinha uma justificativa, era aquele lugar. Queria voltar no tempo e nunca ter vindo para aquele lugar. Conhecer Obito, aqueles sonhos estúpidos e ... Sasuke.
Lembrou-se do beijo e corou afundando a cabeça no travesseiro.
Argh! O que está acontecendo com você, Naruto? Ridículo! Um homem está ameaçando sua família e você fica pensando no beijo do sobrinho idiota dele!
O que o fazia se lembrar dos olhos predatórios do Uchiha mais velho. Sentia vontade de arrancar a própria pele ao recordar que ele o tocara. De algum modo, aquilo o fazia se sentir pior que tudo. Ele tinha medo daquele homem, como não teve de ninguém, e não sabia o porquê. E não era aquela situação, foi antes, no instante em que o viu.
Precisava se acalmar e pensar. A primeira coisa era... Se afastar de Sasuke.
Sentiu o peito se comprimir ao pensar nisso, mas se Obito já estava o usando, ameaçando a vida do próprio sobrinho apenas por ele ser o seu tutor imagine se ele...
Soubesse que se o irmão de Sasuke não houvesse chegado a gente bem podia ter transado naquele corredor.
Quase riu com a piada. Que não era bem piada. Ele havia aceitado esse nova descoberta pela atração do mesmo sexo surpreendentemente rápido. Se ao menos sua vida fosse tão simples quando isso.
Isso lhe lembrou o outro problema: Itachi Uchiha.
Não sabia o que pensar dele, apenas que ele lhe deixava estranho. Cauteloso, com um sentimento angustiante. Não era como o ódio de Obito, não era como o que sentia perto Sasuke. Era diferente.
E ele não sabia se era bom ou ruim.
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Naruto estava claramente o evitando.
Sasuke não estava acostumado com esse tipo de tratamento. Geralmente, quando ele beijava alguém, esse alguém estaria lambendo seu chão no dia seguinte. Naruto entrara na sala, atrasado, sem nem olhar em sua direção mais do que cinco segundos antes de desviar os orbes azuis e se sentar ao lado do Sabaku.
Sasuke apertou o lápis com tanta força que poderia quebrá-lo, fuzilando a nuca loira. Tentou ignorá-lo também, mas por vários motivos era impossível.
Primeiro: O beijo não era uma coisa muito fácil de deixar para lá. Ele tinha todos os detalhes gravados na retina. O sabor ainda continuava em sua boca, um gosto agradável, fresco, como limões ou algo assim e que combinava com o cheiro dos cabelos do outro. Lembrava-se do toque na pele, seus dedos chegavam a formigar apenas com a lembrança daquela sensação. Era macia, quente. Todo o corpo dele era quente, e em comparação a ele, pequeno. E além de tudo, os olhos eram os piores. Ou melhores. Dependendo do ângulo, melhores para se ver, piores para sua sanidade. Naruto era o desgraçado mais atraente que já conhecera, felizmente ou infelizmente, e aquele foi o melhor beijo da sua vida.
Segundo motivo: Sasuke estava preocupado. E inferno que não admitiria isso. Não só por ele ter desmaiado duas vezes em uma semana, mas o olhar transtornado dele. Naruto parecia acabado. Os olhos estavam levemente vermelhos, como se houvesse chorado por um bom tempo. Havia olheiras na pele bronzeada, que estava ficando pálida. Os cabelos pareciam mais sem jeito que o normal. No breve instante que vira seus olhos, notara a tristeza neles, a preocupação. Sasuke queria saber o que estava acontecendo.
E terceiro: Sasuke tinha que saber o que havia acontecido entre ele e Obito, o estado em que estava ao sair da sala, aqueles ferimentos. O interesse aparente de seu irmão e seu tio no garoto o deixava louco. Quando Obito aparecera naquela enfermaria com uma cara de preocupação, não engolira a historinha de que era amigo do pai do dobe. Sabia bem que Obito não fazia nada sem outros interesses. E o mesmo para Itachi. Ele disfarçava bem, mas aquele olhar sobre o Uzumaki... Não era normal do seu irmão.
E aquele infeliz ainda estava o ignorando após um beijo. Isso era inadmissível.
Ficou pensando no que fazer, mesmo que sua face continuasse impassível. Viu quando o loiro abaixou a cabeça na mesa. Olhou o perfil dele por baixo dos cabelos dourados. Ele realmente parecia cansado.
Quando a aula acabou, Naruto havia dormido, e Sasuke havia decidido de uma vez por todas que a situação era ridícula, iria falar com ele.
Guardou as coisas e viu o Sabaku tocar no ombro do outro que se assustou em demasia, olhando ao redor ofegante.
— Ei, calma. — Ele falou com a voz preocupada. — Vamos tomar o café.
— Mas...
— Sem mas. Levanta.
Seria até engraçada de ver a cara emburrada do loirinho, se não fosse a sensação desagradável da relação entre o garoto e o Sabaku. Parecia amigável demais.
E aquele Dobe ainda obedecia. Ele havia tido a impressão que ele não obedecia ninguém, mas lá estava lhe provando errado.
— Espera. — Se pegou falando. Sabaku se virou, mas Naruto congelou no lugar, olhando para frente enquanto arrumava suas coisas. — Não pode me ignorar Uzumaki. — Rosnou.
— Não duvide. — Ouviu um sussurro e Sabaku ergueu a sobrancelha confuso com a troca.
— Sabaku, pode nos deixar a sós. — Soltou antipático.
— Só se ele quiser. — Sabaku rebateu seco.
— Naruto? — Tentou ser suave. Impossível. — Temos um assunto.
Naruto suspirou e se virou. Os olhos azuis mostravam hesitação. Parecia que ia falar algo, mas abaixou a cabeça e virou para o lado, tomando coragem.
Gaara continuava esperando, sem saber se saia ou não. Estavam nisso quando ouviram o burburinho irritante no corredor dos alunos que ainda saiam.
Sasuke se irritou com o barulho, mas não tanto até ouvir a voz.
— Sr. Uzumaki.
Os três se viraram ao mesmo tempo, Sasuke apenas desviando o olhar que estava pregado em Naruto para a porta.
E lá estava a figura do seu irmão, com suas roupas de monitor e a face pregada na de Naruto, ignorando Sasuke completamente.
Naruto sentiu seu coração dar um salto ao ver Itachi. Sentiu aquela mesma sensação do outro dia, mas respirou fundo. Não ia desmaiar de novo, aquilo era ridículo demais. Apenas apertou o estojo que segurava para colocar na bolsa com mais força. Os olhos escuros profundos estavam nos seus, e por mais que quisesse desviar, não conseguia com sucesso.
— Sim? — Perguntou baixo, se endireitando e pegando a bolsa. Maldição que aqueles Uchihas não o deixavam em paz. Queria fugir dali.
O monitor entrou na sala e ouviu Sasuke dar algo parecido com um rosnado, o que seria engraçado em outra situação. Ele se postara levemente na sua frente. Gaara também sentira a tensão e se aproximara dele de forma protetora.
Naruto apenas tentou a todo custo não dar passos para trás a medida que o outro caminhava suavemente até ele por entre as cadeiras, algo no olhar dando uma leve suavizada, quase imperceptível, ao fitá-lo.
E foi essa expressão que ficou na sua cabeça, desencadeando sons e imagens. Um rosto tão parecido, sujo de fuligem, olhando na sua direção em uma rua.
— Vamos ver quem corre mais rápido!
Balançou a cabeça levemente, expulsando a visão.
— Peço que me acompanhe. — O monitor falou à sua frente, olhos nos seus e ignorando os outros dois. O olhando de cima fazendo Naruto se sentir pequeno, inferior. — De agora em diante, serei seu tutor.
O silêncio surpreso durou pouco.
— Eu sou o tutor dele. — Sasuke falou seco, mesmo que estivesse fervendo por dentro. Itachi desviou o olhar do Uzumaki e fitou o irmão intensamente. Eram como ver faíscas no ar, mas nenhum recuou. O mais velho removeu um papel do bolso e o entregou. — Sua dispensa de suas funções. Você já tem outro aluno.
— Para que tudo isso? — Naruto finalmente encontrou sua voz, olhando para Sasuke esquecendo que queria evitá-lo naquele momento.
Entre ficar longe de Sasuke e perto de Itachi, ele pegaria Sasuke em qualquer dia.
Eu pegaria Sasuke de qualquer forma. E isso não é hora de ser pervertido!
— Ordens do diretor. — Ao falar isso ele encarou Naruto intensamente, então sua voz baixou alguns tons e ele se aproximou de sua orelha. — Não é saudável recusar de sua parte.
Ele sabe! Esse desgraçado. A raiva subiu em Naruto ao fitar o outro. Ele queria vigiá-lo. E Se Itachi se pregava aquele papel, devia saber no que estava se metendo. Fechou os punhos, mas logo outro sentimento o tomou.
Impotência.
Não era isso que queria? Se afastar? Eis a oportunidade.
Colocou a mochila no ombro, tentando não encarar Sasuke que fitava o papel, ou Gaara que o olhava durante toda a confusão, medindo suas reações.
— Vamos logo. — Falou com o coração doendo, seguindo na frente passando pelos outros. Sentiu Itachi o seguindo, juntamente a outros olhos negros.
Apenas quando virara para sair olhou para trás, encontrando o rosto de Sasuke. Ele não sabia que expressão estava fazendo, mas a raiva no rosto do outro foi substituída por tristeza.
Desviou e seguiu.
Era a única saída no momento.
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Naruto seguiu pelo corredor, atraindo olhares curiosos e surpresos onde passava. Ele não importava, somente tentava conter sua ira contra o ser que o seguia. Itachi Uchiha agora seria seu tutor, mas essa maldita informação não parecia ainda ter sido traduzida por seu cérebro. Naquele momento, não poderia estar se sentindo pior, olhando para os próprios pés enquanto andava.
Obito havia cortado até mesmo seu vínculo com Sasuke, o colocado no controle dele sem nem mesmo estar ali. Apesar de toda a confusão, ele não queria ninguém além de Sasuke o seguindo. E mais que tudo, ele não queria alguém a mando de Obito tomando o lugar dele.
— Uzumaki.
— Não fale comigo. –Sua voz foi ríspida o bastante para fazer com que o outro realmente se calasse.
Não queria ter de falar daquela forma com Itachi, mas além de não se sentir bem com a presença dele, ainda havia o envolvimento claro dele com Obito. O filho da puta estava o tirando de perto de todos, de sua família e agora de Sasuke.
Deveria estar aliviado por Sasuke, era menos uma pessoa para se preocupar, mas seu lado egoísta não o deixava. Ele nem mesmo entendia porque estava reagindo de forma tão forte ao outro garoto, nunca havia sido assim com ninguém.
Odiava se sentir confuso.
Itachi continuou a o seguir, as mãos nos bolsos e o olhar baixo.
Naruto tinha toda razão por estar furioso, mas por estar irritado ele não iria lhe dar ouvidos se tentasse o acalmar no momento. Seja o que for que ele lembrasse, por mais que fosse incomodo pensar assim, Itachi logicamente sabia que Naruto não conhecia Itachi e muito menos confiava nele. Que razão teria para isso?
E Naruto era um tipo muito complicado de se lidar em certas situações, isso já havia percebido. Ele não era do tipo de abaixar a cabeça e esperar as coisas desenrolarem. E isso, naquela situação, era uma característica muito perigosa de se ter.
O observou seguir pelo corredor, mas passando reto da curva em que deveria fazer, para ir ao refeitório. Itachi pensou em interferir em seu trajeto, mas simplesmente o seguiu. Onde quer que estivesse indo, não tinha um bom pressentimento.
Até que ficou bem aparente para onde ele estava marchando.
Quase suspirou exasperado. Entre Sasuke e Naruto se perguntava quem era o mais impulsivo e difícil de manter fora de problemas.
— Para onde está indo? – Se pronunciou enquanto atravessavam o corredor, já vendo a porta grande de mogno.
— Não te interessa.
A voz dele estava gelada, baixa e sibilante. Ele deveria estar realmente furioso. Mais uma razão para pará-lo imediatamente.
— Interessa sim. Se estiver indo tirar satisfações do Obito, nem pense.
— Por quê?!
Naruto parou no meio do caminho, se virando na direção de Itachi, ambos quase se chocando. Itachi parou a poucos centímetros dele, surpreso. Sua expressão então suavizou, os olhos transmitindo uma calma inalcançável.
Isso só o deixou mais irritado. Naruto estava furioso demais para ser racional no momento.
— Por quê? – Itachi repetiu a pergunta como se a avaliasse, respondendo em seguida. – Porque ele não vai gostar de ser questionado. Se parar para pensar por segundos vai perceber que isso é uma péssima ideia.
Naruto conteve a vontade de lhe esmurrar o estômago e correr. Somente se virando de costas a ele, as mãos em punhos. Fechou os olhos, o coração palpitando, e imagens aparecendo por debaixo de suas pálpebras. Vivas e reais demais.
— Vamos ver quem corre mais rápido!
O adolescente gritou, correndo por ruas escuras e frias. Descia uma das ladeiras em direção a um cortiço que vira dias melhores. O dia estava nublado, e havia uma cacofonia ao redor vindo da feira mais abaixo.
— Ei! É o máximo que pode fazer? – Debochou, gargalhando, olhando para trás apenas para se deparar com Pierre já muito perto.
Maldito cara silencioso. Deu um grito de susto quando ele o pegou por trás, segurando sua cintura e o jogando nos ombros.
— Quem é o lento agora, hn, Ian?
— Naruto! – piscou despertando da visão, com Itachi lhe chacoalhando os ombros. – Naruto!
— Estou bem... – Desvencilhou-se das mãos grandes e frias que seguravam seus ombros, começando a andar desviando dele. Mãos iguais as que sentira momentos antes.
Primeiro Sasuke, agora Itachi também. Por que isso estava acontecendo?
Ao menos não estava tão tonto quanto das últimas vezes. Sua cabeça rodou apenas por segundos e se apoiou na parede. Respirou fundo, tentando recuperar algum controle.
— Naruto?
— Tudo isso é problema meu. — Murmurou, os olhos azuis chispando em fúria. — Não interfira.
Naruto nem mesmo sabia se estava falando da sua, admitia, ideia irracional de ir enfrentar o diretor no momento. Ele só estava farto de Uchihas interferindo na sua vida desde que entrara ali dentro. Não sabia de onde vinha tanta raiva, simplesmente a sentia. Itachi parecia lhe despertar tantos sentimentos conflituosos quem nem a si mesmo entendia.
Começou a marchar até a porta, desviando dele, mas teve o braço agarrado fortemente, o impedindo de continuar. Sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha com o toque, e se virou pronto para acertar um soco na face bonita do mais velho. Então parou.
Estavam próximos.
Muito próximos.
O rosto do mais velho levemente abaixado, para ficar a sua altura. Os olhos negros lhe fitavam de tão perto que achava que seria engolido pela escuridão. Estremeceu, o estômago esfriando, o coração palpitando. A voz de Itachi foi só um sussurro:
— E seus pais? Irá arriscar? – Sentiu um torpor estranho em si, como se a proximidade dele o deixasse atordoada.
Aquela maldita familiaridade.
— Me solte. – Abaixou o olhar cortando o contato visual. Itachi não se moveu. Seu tom endurecendo em uma ameaça direta. – Me. Solte.
— Só se prometer não ir atrás dele.
— Não preciso lhe prometer nada, não lhe devo nada. – Rosnou entre dentes, o lindo rosto contorcido em raiva e medo. Puro medo, cru e irracional. Ele não queria Itachi perto dele assim.
— Então irei te arrastar até seu quarto e te trancar lá, até que crie juízo. Então o que decide?
— Me solte.
— Prometa.
— Tsc! – Naruto virou o rosto, achando o chão de mármore mais interessante. – Prometo.
Depois de alguns segundos de hesitação, Itachi o soltou devagar. Tentando avaliar seus planos.
Naruto pensou em correr até a porta antes que ele o segurasse, só para ser do contra, ele sabia que era uma má ideia, mas havia prometido. E sempre cumpria suas promessas. Não quebraria sua filosofia de vida pela primeira vez somente por causa dele. Então engoliu sua vontade de esfaquear Obito e desviou novamente de Itachi, seguindo pelo caminho anterior.
Havia sido uma ideia bem idiota mesmo, bastava respirar por alguns segundos para perceber que não conseguiria nada além de se manter sozinho com Obito, o que era a última coisa que queria. Não que fosse admitir aquele...aquele... Tiarnasach
Podia pensar o dia inteiro em nomes para ele. Podia falar, e ele não teria ideia.
Até que pode não ser tão ruim. Sorriu para si mesmo
Aquele lugar estava mesmo o deixando histérico.
Itachi se virou, vendo aquela criatura problemática caminhar devagar, mancando, de volta pelo caminho. O corpo tenso, as mãos fechadas em punhos. Naruto conseguia ser mais impulsivo que Sasuke, isso era perigoso. Tinha que refreá-lo, se não a última chance de ambos seria jogada no lixo mais rápido que um piscar de olhos.
Para sua surpresa Naruto parou de forma abrupta no caminho, por alguns segundos, e deu uma risadinha baixa, para logo voltar a caminhar.
Balançou a cabeça de forma exasperada, acompanhando seu passo.
Criatura estranha.
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Sasuke retirava a camisa suja de suor, a jogando no chão aos pés da cama. Seu quarto seguia os padrões do colégio, simples. A única diferença era o tamanho, menor do que o normal. A vantagem disso era que não tinha que dividi-lo com ninguém. Apesar de odiar Obito, ele não era contra se aproveitar das vantagens de usar o nome da família para conseguir esses favoritismos.
Quem dizia que a vida era justa, estava sendo um grande mentiroso.
Se jogou na cama, tinha acabado de voltar da área de treinamento corpo-a-corpo, que sempre fazia aos sábados. Encarou o teto branco ornamentado por gesso, tentando limpar sua mente de pensamentos. Especificamente de Naruto Uzumaki.
Passou a mão pelo rosto, bufando, logo repousando o braço sobre o rosto, tapando seus olhos da luz fluorescente. Não se passaram minutos para que a imagem dele surgisse, o belo rosto dourado, de bochechas rosadas, lábios carnudos e avermelhados, o nariz fino, os olhos grandes e azuis. Daquele azul que você só vê em mares de água límpida de praias desertas, o azul superior a qualquer outro e...
Eu sou um idiota. Aqui soltando poesia sobre os olhos de um dobe.
Porém, não tinha como fugir desse fato. Naruto era, sem dúvidas, o ser mais bonito que já havia visto. Havia apenas algo nele que se tornava impossível desviar os olhos. E para o pior ou melhor, ele era tão excêntrico e estranho, e isso devia o fazer se afastar, mas o efeito era bem o contrário.
Não conteve o sorriso pequeno que riscou em seus lábios. Sasuke nunca havia se sentido atraído assim por ninguém, era uma estranha novidade. O que lhe irritava ainda mais por saber que ele estava embirrado consigo. Naruto era irracional demais em alguns momentos, para não dizer todos.
Tinha de admitir, estava com receio do que ele lhe falaria quando se encontrassem novamente. Sasuke nunca tentou ativamente correr atrás de alguém, era indigno do seu nome e nunca havia precisado. A situação era ridícula, mas não conseguia apenas desistir.
Talvez oka-san esteja certa, Uchihas ficam obcecados facilmente, não deve ser saudável.
Na sua mente veio a imagem de seu primo Shisui, olhando para seu irmão com a aquela expressão meio abobalhada por anos e sendo ignorado.
Que ótimo, não quero me tornar um Shisui!
Por sua sanidade, sabia que tinha de resolver isso o mais rápido possível, mas nem sabia quando isso ocorreria, afinal, não era mais tutor dele.
Maldito Itachi.
Até isso Itachi tinha roubado dele. Ele só veria Naruto nas aulas. Fora ele sempre estaria com seu irmão, o que impossibilitava de o ver sozinho, já que ele se 'escondia' em seu quarto após as aulas...
O quarto! Como não pensei nisso antes?
Sorriu mais ainda, encabulado consigo mesmo, mas não tinha como evitar. Sendo quase noite, faltando poucos minutos para o jantar, era a hora certa.
Se sentou rapidamente, já começando a desfazer o nó do cadarço do tênis.
Iria tomar um banho, vestir alguma coisa, e ir ver aquele Dobe estúpido.
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Parou de frente a porta, os dois nomes ali bem ilustrados, indicavam que estava no lugar certo. Por um momento hesitou em bater, mas logo inflou o peito e ergueu o queixo. Era um Uchiha afinal.
Antes que batesse, a porta foi aberta, revelando um Naruto de cabelos molhados e rosto pálido. Viu-o arregalar os olhos de surpresa, logo se contendo e endurecendo a expressão. Ele começou a fechar a porta em sua cara indignada - ninguém fechava a porta na cara de Sasuke! -, mas foi contido por Sasuke que a segurou.
— Me deixe entrar! Não seja infantil! – Disse com indignação, ainda segurando a porta que era forçada pelo loiro idiota.
— Eu vou fechar essa porta, e sugiro que sua mão não esteja entre ela e a parede quando eu fechar, Sasuke. – Seu tom era amedrontador, os olhos azuis brilhando em desagrado.
Eu sou um Uchiha, cacete! Não vou ter medo de um tampinha desses.
Um tampinha que havia o vencido em uma luta, mas ele ignorou isso.
— Isso se você conseguir, Dobe.
Provocou, jogando todo seu corpo contra a porta. Ao invés de colocar uma força contra, como esperava, o maldito soltou a porta totalmente e Sasuke caiu dentro do quarto.
Sasuke piscou os olhos do chão, atordoado com o desenrolar da situação. Olhou para cima e viu a expressão de Naruto se retorcer, entre a vontade de rir ou continuar furioso.
Sasuke fechou a cara e se ergueu com a maior dignidade que conseguia. Naruto se afastou dele, um som como um rosnado saindo da sua boca.
— Saia daqui!
E parece que a fúria venceu.
— Temos de conversar. – Fechou a porta, a trancando. – E só vou sair quando terminarmos de conversar. Civilizadamente. – Enfatizou.
— Não sei o que temos que conversar. Foi só um beijo, Sasuke. Não sei o porquê de estar vendo tanto nisso.
— Realmente? — Sasuke franziu a testa, desviando os olhos. —Não significou nada para você mesmo?
Naruto abriu a boca para confirmar que sim, mas não conseguiu mentir. Sasuke continuava o olhando, com uma expressão que o deixou desconfortável. Quando ele voltou a falar, sua voz tinha um tom autodepreciativo que fez Naruto ter vontade de morder a própria língua.
— Talvez eu que seja um idiota.
Aquilo era mais complicado do que imaginava. Naruto achou que ignorando Sasuke ele o deixaria em paz, mas parece que havia se enganado. E se enganado sobre sua capacidade de machucar ele.
Cruzou os braços em frente ao peito com força, os dedos apertados no antebraço oposto e desviou o olhar para o chão como se ele fosse mais interessante. Ele não queria ficar sozinho com ele tanto quanto não queria ficar sozinho com Obito, mas por motivos vastamente diferentes.
— Olhe para mim, Naruto. — A voz foi estranhamente suave, pedinte, ainda assim negou com a cabeça devagar, apertando os olhos e mordendo o lábio.
Imerso estava, só percebeu a proximidade perigosa quando a mão gelada tocou seu queixo erguendo sua cabeça com suavidade. A outra mão grande estava em seu ombro.
— Vamos, abra os olhos. — A voz era tão angustiada que os abriu devagar e encontrou Sasuke perto demais, segurando seu queixo o erguendo para lhe olhar o rosto. Estava paralisado pela preocupação nos olhos dele, causada por algo em seu rosto que não entendeu. — Naruto... Eu queria tanto entender você.
A mão que antes estivera em seu ombro fez companhia a do seu rosto, o tomando em concha, os polegares passeando pelas bochechas limpando resquícios de lágrimas que Naruto se quer percebera no próprio rosto.
Sasuke talvez teria acreditado na mentira se Naruto não estivesse naquele estado. Ele tentava machucar Sasuke, mas ele quem acabava chorando. Sasuke não sabia nem por onde começar para entender aquele sujeito.
— Você é estúpido. — Sua voz era terrivelmente terna. As mãos cruzadas se desfizeram e repousaram em seus antebraços, tentando tirar suas palmas dali, mas não permitiu.
— Hei! Sotalach! — O outro garoto reclamou sem, no entanto, cortar o contato. Sasuke considerava isso uma vitória.
— E mentiroso. — Sasuke continuou o ignorando — Você estava me escalando que nem uma árvore naquele corredor e depois diz que não significou nada.
Naruto ficou vermelho como um tomate e mais do que depressa Sasuke gemeu ao receber um tapa em seu braço, o obrigando a soltá-lo. Para alguém tão pequeno aquele sujeito tinha uma força incrível.
— Cala a boca Sotalach! Seu..seu..Amaid! Seafóideach!
— Não estou entendendo nada.
— Eu não estava escalando ninguém!
Bem melhor ele assim, com raiva. Sasuke pensou com o sorriso, vendo os olhos furiosos do ser miúdo a sua frente, a pose pronta para a briga.
— Não é do que eu lembro. E não vou nem entrar na parte dos gemidos...
O rosto pálido de Naruto ficou rubro.
— Eu vou te estrangular! — Ele foi para cima de Sasuke com ânsia, dando-lhe um soco raivoso que o outro desviou rindo. Naruto irritado era tão bonitinho.
O loirinho conseguiu acertá-lo na lateral do corpo, na tentativa de amenizar o golpe foi para trás rapidamente, suas pernas batendo de encontro a cama que estava ali. Agarrou o braço de Naruto tentando se segurar, mas acabou o levando junto, o corpo dele caindo em cima do seu.
Naruto paralisou ao reparar onde foram cair, ficando ainda mais vermelho, mas não conseguiu o intento de sair da situação. Sasuke o agarrou pelos ombros invertendo as posições, afundado o corpo do mais novo no colchão sobre seu peso, sentando-se em sua cintura e curvando o tronco sobre o outro com as mãos raivosas bem presas nas laterais do corpo.
— Capturado.
Os dois estavam vermelhos e ofegantes, pelo exercício e pela situação. Sasuke sentiu seu sorriso de triunfo diminuir. Naruto tinha uma expressão estranha no rosto, os olhos azuis intensos nos seus, o fitando por baixo dos cílios longos.
Sasuke sentiu sua boca secar, uma corrente elétrica percorrendo seu corpo. Quando Naruto falou, sua voz era baixa, os olhos desviando dos seus para sua boca.
— Me solta. Agora.
— Tem certeza? — Sussurrou, ainda com uma ponta de diversão na voz. — Você já teria se soltado se quisesse.
Ele não negou isso, mas também não respondeu. Devagar, Sasuke abaixou o rosto, encontrando o nariz gelado na bochecha dele.
— Sasuke.
A voz dele saiu em um sussurro, o hálito batendo em seu rosto.
— Você é tão engraçado zangado assim.
— Sotalach.
O viu se arrepiar quando riu muito perto do pescoço dele, a respiração batendo em um lugar sensível. As mãos que o prendiam relaxaram enquanto continuava o acalmando. Quando largou os braços dele totalmente, o corpo amoleceu na cama, agora que não estava mais restrito, todo a tensão restante dissipada.
Sasuke deixou seu corpo cair na cama devagar, o puxando para perto, os dois deitados de frente um para o outro na cama pequena. Deslizou o nariz pelo pescoço dele, subindo para o queixo, sorrindo quando sentiu uma mão dele em seu cabelo, respondendo. Suspirou, sentindo o cheiro do perfume dele, uma mão sua acariciando o rosto macio. Franziu o cenho ao notar algo ali. Ergueu os olhos e viu, intrigado, que havia finas cicatrizes nas bochechas, assimétricas e tão sutis que nunca havia percebido. Ali, tão perto, elas eram mais evidentes.
Uma mão tocou a sua e desviou os olhos, encontrando olhos azuis nos seus.
Ele parecia triste.
Sasuke absorveu todo o momento, aquele breve momento de intimidade, algo que não lembrava de ter sentido com ninguém antes.
Ele nem mesmo entendia como haviam chegado a isso, mas sabia que a razão era Naruto. Mesmo o conhecendo a tão pouco tempo, ele sabia que aquela atração não era passageira.
—Eu não sei explicar isso, mas não consigo ficar longe de você.
A confissão, sussurrada ali naquele momento, pareceu mais intensa do que imaginava. Sasuke quase se arrependeu de ter aberto a boca.
— Sasuke. — Naruto o olhou de forma perdida, Sasuke relaxou quando não foi imediatamente rejeitado.
— É tão irracional. — Continuou ainda acariciando o rosto dele. — Nunca me senti assim. Ter que ver você perto do meu irmão me faz querer esganá-lo.
Naruto rolou os olhos quando disse a última parte e Sasuke sorriu. Ele ainda não tinha o empurrado, pelo menos.
— E ver você responder tão bem a mim me faz não querer te soltar nunca mais. — Deu uma mordiscada de leve no queixo dele, beijos subindo para a garganta. O viu pender a cabeça para trás, lhe dando espaço, lhe dando permissão.
Sasuke sentiu que poderia morrer naquele momento. Uma mão de Naruto acariciou sua nuca. Ouviu um... Gemido? Levantou a cabeça curioso e a visão de Naruto vermelho, olhos fechados, lábios entreabertos, o fez perder o resto da sanidade.
Infiltrou uma mão na nuca do outro, levantando sua cabeça e o beijou. Sentiu as mãos tímidas de Naruto hesitarem em seu peito e pensou que ele o empurraria, mas logo elas subiram em seu pescoço, o puxando para mais perto, rolando os dois na cama. As pernas deles estavam entrelaçadas e usou os próprios pés para remover os tênis ouvindo o barulho deles caindo no chão, fazendo o mesmo com os de Naruto.
Ouviu mais um gemido e soltou a boca tentadora, o ouvindo arfando sem ar. Os olhos azuis se abriram e encontraram os seus. Naruto tinha um sorriso pequeno no rosto. Sasuke sentiu algo diferente era quase... Adoração. Essa era a palavra. Ele estava começando a adorar Naruto, mesmo com toda a excentricidade dele, ou por isso mesmo, ele não sabia dizer.
Eu não consigo mais ficar longe dele.
Sasuke o beijou de novo, o apertando em todos os lugares: os braços, as coxas, ouvindo um arfar assustado quando alcançou a bunda redonda.
— Ei!
Riu da reclamação por entre o beijo. Largou a boca dele e voltou a abusar do pescoço, a réplica dele morrendo em uma risada arfante. Levou uma mão atrevida para dentro da blusa do outro e o viu se encolher de encontro a palma gelada. As mãos pequenas agarraram seu cabelo, o puxando para cima e voltando a beijá-lo, com uma ferocidade que o deixou surpreso.
— Naruto!
As batidas na porta e a voz os fizeram paralisar, ainda com a boca na do outro.
— Naruto!
O loirinho o olhou assustado, tentando se erguer, mas Sasuke o segurou.
— Deixe que ele veja! — rosnou esquecendo a própria vergonha.
Itachi desgraçado!
— Sasuke, por favor. — Naruto implorou com os olhos assustados. Se Itachi visse aquilo contaria a Obito e as chances de manter Sasuke longe daquilo estariam acabadas.
—Por quê?
— Confie em mim, Sasuke, se esconda. Eu... — Naruto engoliu em seco. — Eu estou implorando.
Naruto implorando.
Isso o convenceu. O rosto do loiro estava pálido, os olhos azuis assustados. Soltou-o e o viu se colocar de pé, ajeitando os cabelos e a roupa, calçando os sapatos aos pulos.
— Já vou! — A voz saiu rouca e ele pigarreou.
Sasuke o olhou frustrado e confuso, mas ele nada lhe disse, apenas continuou lhe olhando de forma apelativa e apontou o banheiro para que ele se escondesse ali.
Assentiu a contragosto e se ergueu. Mas antes que Naruto fosse até a porta o puxou e o beijou, marcando território.
Naruto o empurrou, lhe jogando seus sapatos quase na cara e Sasuke riu baixo. Encabulado com seu próprio humor. Estava com um problema entre as pernas para resolver, ir para o banheiro não era má ideia.
Ao ver-se livre do outro, Naruto respirou fundo e abriu a porta encontrando Itachi olhando-o de forma curiosa, o analisando de cima abaixo.
Itachi mirou o rosto corado, o cabelo bagunçado e com uma leve camada de suor brilhante. E ele tinha certeza que havia ouvido a voz do seu irmão segundos atrás.
Ele não fez comentário algum, mas bem sabia o que aquilo significava. Apesar de sentir aquele aperto incomodo, ficou com vontade de rir do constrangimento do pequeno.
— O que quer? — o loirinho resmungou cruzando os braços e fechando a porta atrás de si. Os olhos grandes inquisidores e mal-humorados.
— Você demorou para ir ao refeitório. Vim buscá-lo.
— Não preciso de babá! — Itachi o ignorou e pegou em seu braço o puxando. — Ei! Me solte! Tiarnasach!
— Você está magro demais. Vamos, não seja difícil.
— O que o faz pensar que...
— Eles fizeram ramen.
A postura do garoto mudou totalmente ao ouvir o nome do prato.
Naruto soltou-se do braço de Itachi com brusquidão andando na frente resmungando.
— Por que não disse antes, amaid? — Ele perguntou, quase correndo apesar da perna machucada.
Itachi dessa vez deixou um sorriso adornar sua face.
Definitivamente, uma criatura muito estranha.
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Era difícil não perceber alguém que não estivesse olhando para Naruto no momento que entrou no refeitório. Para Naruto e para Itachi que estava ao seu lado, andando silencioso e altivo, parecendo ignorar todos. Os olhos dele estavam apenas no garoto andando teimosamente a sua frente, ignorando a atenção que chamava como se não fosse importante.
Itachi o observou com reservas enquanto ele se servia, uma vez que já não havia fila, o refeitório já cheio. Não precisou olhar ao redor para saber que Sasuke também não estava ali, confirmando suas suspeitas das atividades que Naruto fazia no quarto antes de o atrapalhar.
Ficou mais aliviado ao ver que o outro se servia de uma grande porção. Sabia que ele não se alimentava bem há dias, o vigiara naquele meio-tempo na penumbra desde o momento que o vira chegar ali. O momento em que percebera que as coisas haviam novamente entrado em movimento. Estranhara, que daquela vez, o encontrara tão tardiamente. Em todas as outras vezes ele era o primeiro a cruzar em sua vida, mas isso nunca os salvou.
Daquele momento seria diferente. Era a última chance de fazer algo. E como uma piada cruel, todos os fatos dessa vez eram estupidamente semelhantes a como tudo começou. O parentesco com Sasuke e Obito eram os mesmos. A personalidade dele exibia o mesmo encanto que o da primeira vez que o vira. E muitos outros pequenos detalhes, que deixavam claro sua impotência.
Mas não dessa vez.
Viu Naruto ignorar os acenos dos amigos e se sentar sozinho, fingindo não os ver. Suspirou ante a tentativa clara do outro. Talvez ele não fosse tão impulsivo quanto achara, afinal. Era cabeça quente, claramente, mas sabia pensar ao se afastar dos amigos diante da sombra de Obito ameaçando todos a seu redor, mal sabendo ele que ao colocar Itachi para vigiá-lo estava cometendo o maior erro da sua vida. Mas não tinha o homem dúvidas sobre si, nenhuma.
Sentou-se de frente ao outro na mesa vazia que ele escolhera, enquanto alunos ainda os olhavam, alguns sem disfarçar. Afinal, Itachi Uchiha era um vencedor. Eles nunca se misturavam com alunos normais, eles nunca eram postos como tutores. Eles continuavam no colégio como monitores por três anos após o término curricular apenas no treinamento que o colégio tinha em convênio com o governo, e então iam para o campo e sua vida de sucesso garantida.
Eles não tinham tempo para perder com outros alunos, ainda mais novatos, ainda mais um novato problemático como o Uzumaki. Mas todos notavam que algo de diferente devia estar sobre aquele garoto.
Sua aparência em primeiro tempo podia ser a causa, afinal não houve uma menina, — e mesmo alguns meninos — que não ficassem mesmo que minimamente admirados com as feições do garoto descendente de irlandês, ainda mais em um colégio cheio de adolescentes que tentavam reprimir seus hormônios em fúria.
O estranho era, que à primeira vista, ele não parecia nada demais. Diferente de Sasuke Uchiha, que de cara se via o quanto era atraente, com o novo aluno foi...estranho, no mínimo. Apenas no decorrer dos dias, ao vê-lo nos corredores, nas aulas, os alunos começaram a reparar nele, quase como magnetizados.
A pele possuía um bronzeado atípico para aquela área chuvosa, já que ele vinha das zonas ensolaradas do país. O cabelo loiro tinha uma bagunça charmosa, que não parecia proposital. O sorriso sincero, tão incomum ali. O rosto com traços bem feitos e atraentes, que nem as cicatrizes em seu rosto o desmereciam. Ele não era exatamente baixinho, mas mais baixo que muitos alunos da sua idade, ainda mais na companhia constante dos Uchihas que eram muito altos.
Muitas alunas agora assistiam as aulas de luta apenas com o pretexto de vê-lo sem camisa. Ele não tinha nada fora do lugar e muitas tentavam imaginar o significado da tatuagem que ele possuía nas costas.
E mais que tudo, era a aura agressiva, o cheiro de encrenca. Era atrativo. E aqueles olhos azuis tão expressivos, grandes, e até um tanto pudicos demais. Havia algo nele que prendia os olhos, talvez não à primeira vista, mas eventualmente era difícil de resistir.
Mas daí a ter o mérito estranho de ter os Uchihas em seu encalço, sendo que um deles era um vencedor, e ainda ficar amigo do Sabaku, o maior antissocial do colégio... Devia ter algo a mais. Era estranho. Não era para tanto.
— Vão ficar vesgos. — Naruto resmungou baixo e Itachi riu, o olhando comer sentando-se de forma aparentemente relaxada, mas alerta.
— Você não parece se importar. — Falou de forma casual.
Normalmente não era curioso, mas a personalidade dele daquele fez o deixava. Não o entendia de nenhuma forma. Ele parecia agressivo, perigoso, mas ao mesmo tempo inocente e vulnerável. E um tanto excêntrico. Era um enigma. Não sabia o que esperar, e isso era perigoso na situação que se encontravam.
— Que se fodam. — Naruto deu de ombros, comendo rápido, sentindo certa náusea ao ter o alimento caindo no seu estômago. Mesmo que tenha comido pela manhã, os dias sem comer direito cobraram seu preço.
— Coma devagar. — O outro rapaz falou com suavidade, notando seu desconforto.
Naruto o fez, mesmo resmungando. A voz de Itachi era estranhamente calmante, ele o obedecia sem perceber, e isso era estranho. A demais o desconforto que sentia perto dele, havia uma parte de si que sentia certo calor interno de conforto com aquela voz. Com a sensação estranha de... Alguém cuidando de si.
Esse pensamento o fez parar de comer e sentir um aperto no peito. Virou o rosto do prato e encontrou o olhar de Sasuke em outra mesa sobre si. O olhou apenas o suficiente para ele saber que se sentia tão desconfortável quanto ele com aquela situação, mas Sasuke mal notou isso, o olhar de ódio no irmão mais velho que o ignorava, sorrindo para Naruto de forma amena enquanto voltava a comer, agora com um nó na garganta.
— Amaid... — Murmurou amuado.
— Quem é idiota?
Itachi quase riu da expressão espantada do garoto que quase se engasgou com o restante do ramen que devorava.
— Você fala irlandês! — Acusou de forma traída.
— Sim. E entendi cada xingamento que murmurou contra mim hoje, se essa era a próxima pergunta.
Naruto corou, mas logo balançou a cabeça.
— Que bom que entendeu então! — Replicou. — Fiach dubh Tiarnasach!!
Itachi dessa vez riu com o xingamento infantil, e alguns, incluindo Sasuke olharam espantados para seu semblante divertido.
Naruto fez um bico cruzando os braços e mostrando a língua, depois proferindo mais uma série de xingamentos em irlandês. Itachi suspirou. Até naquilo ele era igual a primeira vez, que fora na Irlanda. Mas uma pegadinha cruel do destino e dos deuses.
Naruto deixava fluir a série de palavras rapidamente, frustrado. Ele sempre falava a língua aprendida com o avô, que falava consigo apenas no dialeto natal. De alguma forma era reconfortante. As palavras morreram na garganta apenas quando uma mão gelada tocou seu rosto. Levantou os olhos espantados pronto para estapeá-la, mas ela não estava mais ali.
— Estava sujo no canto da sua boca. — Itachi falou serenamente, lambendo o dedo com que limpara os lábios do outro. Naruto o olhava paralisado e vermelho. Fora tão rápido que quase ninguém captara o movimento apesar dos olhares sobre os dois.
Infelizmente, Sasuke sim. Naruto sentia a aura negra sobre o outro e virou os olhos rápidos o procurando, mas vira apenas suas costas enquanto ele saia do refeitório. Como muitos faziam o mesmo devido ao fim das horas, poucos perceberam sua perturbação e a origem dela.
Mas não teve tempo para pensar nisso, ouviu o barulho de outro prato sendo arrastado a sua frente e viu Itachi lhe oferecer sua porção em silêncio.
Deu de ombros. Não era nem louco de recusar ramen.
Aceitou sem nada dizer também, apenas comeu em silêncio, pensativo, ignorando os olhares sobre si.
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Na manhã seguinte, uma tempestade castigava todo o conglomerado de montanhas e arredores. O dia já começara escuro, com trovões baixos, mais constantes. A chuva batia incessantemente no vidro da janela que Sai havia se dado ao trabalho de fechar no meio da noite.
E novamente Naruto fora acordado aos cutucões. Sai parecia sempre ter uma maneira nova de lhe acordar todas as manhãs. Para sua sorte, não havia tido nenhum sonho ruim aquela noite. Isso o aliviou de uma maneira que era como se tivessem tirado um grande peso de suas costas. Era a primeira vez desde que chegara ao colégio que conseguiu dormir uma noite, talvez porque estivesse tão cansado que seu corpo lhe deu uma noite de misericórdia. Mas isso não queria dizer de que estava totalmente recomposto, na verdade, achava que teria de hibernar por um mês para colocar seu sono em dia.
Tomou um banho, se lembrando sem querer de Sasuke em seu quarto no dia anterior. Envergonhado teve de se aliviar com as próprias mãos, imaginando como o encararia depois de tudo aquilo.
Não entendia ele, Sasuke era completamente bipolar. Em um momento estava brigando, lhe mandando ir embora, em outro estava o beijando na penumbra do corredor. Era realmente um bipolar sem escrúpulos e sem vergonha. Só de lembrar-se das mãos frias em seu corpo, lhe apalpando, de seus lábios frios e molhados, seu corpo já reagia de forma humilhante. Mas não era isso o que incomodava, ele conseguiria lidar com uma relação física, o problema era que claramente Sasuke não estava interessado só nisso. E ele era bem vocal sobre isso, pelo jeito.
Naruto não sabia como lidar com esse tipo de sentimento, ainda tão novo para si, algo inusitado que nunca sentiu por alguém. Não que nunca tivesse tido uma relação parecida, com garotas sim, mas nunca com um garoto. Nunca com alguém como Sasuke. Nunca com aquele tipo de sentimento.
Saiu do banheiro já vestido, sem a gravata, mas com o blazer. Odiava gravatas, lhe apertavam a garganta e não sabia dar um nó decente. Então optava por não as utilizar, ou dar um nó simples frouxo.
Sai já havia terminado de se arrumar e lhe esperava sentado em sua cama, quando o viu, se levantou rapidamente, o olhar varrendo-o por completo, terminando seu trajeto nos olhos azuis nos quais se fixaram.
— O que foi? – Perguntou, desconfortável com o modo em que era encarado. Sai o olhava divertido, ao mesmo tempo com aquele ar falso de preocupação.
— Nada. Eu só estava vendo se tem algo de diferente em você.
Caminhou para a porta, com a mochila pendurada no ombro. Naruto pegou a sua no chão e o seguiu, curioso, para receber uma explicação mais clara.
— Diferente, do que está falando? – Naruto caminhou ao seu lado pelo corredor, alguns alunos ainda saindo de seus quartos. Estranhou Itachi não ter ido o buscar.
— Eu vi... — Seu estômago gelou, e quase corou. Não, não, não, que não seja o que estou pensando... – ... Quando o Uchiha saiu de fininho do nosso quarto.
Mas que merda.
Só tinha uma saída: Se fingir de ignorante.
— HEIN?! O que ele estava fazendo lá?! – Fingiu-se de indignado, cerrando os punhos, aumentando o tom de voz.
— Você realmente não sabe? – Sai ergueu uma sobrancelha, se virando para fitá-lo. – Eu vi quando você saiu também com o vencedor, depois de poucos minutos ele saiu quase correndo na mesma direção que vocês.
Naruto parou, sua mente tentando encontrar maneiras de se safar daquilo, mas o outro novamente foi mais rápido.
— Okay, sem problemas. Não sou homofóbico. — Sai deu de ombros, começando a andar. – Só não quero ter de presenciar uma foda de você e ele no quarto. Então me avisa antes e dou um jeito de dormir em outro lugar. Ou faz no quarto dele, ouvi falar que ele dorme sozinho. Privilégios da realeza.
Naruto corou, arregalando os olhos azuis, Sai havia dito aquilo em voz alta. Alta o bastante para todos desviarem a atenção para ele.
Sai, seu filho da mãe!
Teria o alcançado e acertado um chute no traseiro dele se o sinal não tivesse tocado. Naruto conteve a raiva. Já tinha tantos boatos seus por aí, e agora tinha mais um. Se tinha uma coisa que aprendeu naquele lugar é que as paredes têm ouvidos e bocas, as fofocas moviam aquele lugar.
O que o preocupava mais do que as fofocas e Sai, era Sasuke. Por mais que odiasse admitir, queria vê-lo. Sasuke não era o único que não conseguia mais ficar longe. Por mais perigoso que isso fosse, não tinha como evitar.
Precisava dele. Gostava dele.
Até demais.
— Ei, espera. Como assim ele tem um quarto sozinho?! Isso é injusto! Sai!
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Dóiteáin — Fogo
Sotalach — Arrogante
Tiarnasach – mandão
Amaid – idiota
Seafóideach – desgraçado
Fiach dubh — corvo
Arte no capítulo de CrazyClara
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