A leannán buachalla
Os celtas tinham histórias de amor épicas, que transcendiam a morte. Quase todas permeadas por tragédias, mas havia uma ou outra com um final feliz.
Eu lembro de ler essas histórias, e pensar 'é impossível algo assim acontecer de verdade.'
O mais triste era que da tragédia eu entendia bem. Eu sabia o quanto a crueldade poderia chegar. O amor era que me fazia cético. E eu acredito que até uma parte de mim achava que é, talvez ele pudesse existir, eu via meus pais e meus avôs como exemplo afinal. Eu não achava que ele pudesse existir para alguém como eu.
Eu era, afinal, o changeling.
E depois, eu apenas ficara cínico demais para acreditar em algo assim.
E então veio Sasuke.
Justo, eu teria ficado feliz com menos drama nessa parte, mas se não fosse isso, não seria minha vida. E no fim eu consegui experimentar aquilo que nunca imaginei que conseguiria, que era ser amado intensamente como naquelas histórias.
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ESTAVA NOVAMENTE NAQUELA FLORESTA DENSA E ENEVOADA, Sasuke em suas costas, desacordado. Seus machucados doíam, suas mãos ardiam, os braços dormentes pelo peso. A adrenalina — metade de agonia, metade excitação, e uma alta dose de medo — passava por suas veias, lhe impulsionando a seguir.
Sabia que atrás deles estava um monstro. Podia ouvir os passos em compasso com os seus. Era quase como se aqueles olhos o pudessem enxergar através de toda a névoa, lama e árvores, e estivessem cravados em suas costas, brincando com sua sanidade.
Sentiu Sasuke se mexer, sentiu seu pé descalço rasgar ao pisar em uma pedra, e fechou os olhos pela dor excruciante. Mordeu o lábio, ouvindo o sussurro rouco.
— Me deixe aqui... Não vai conseguir fugir se continuar me carregando.
— Não. — respondeu num fôlego. — Nunca vou te deixar, ouviu bem?
O som de mais uma explosão varreu a floresta, sentiu seu tremor no chão.
Ofegante, sentiu as pernas fraquejarem, mas se forçou a continuar ouvindo os próprios passos no chão forrado por folhas. E tão rápido quanto veio, o som se foi, o deixando novamente naquela escuridão e silêncio ininterrupto.
— Naru... — Ouviu-o sussurrar. — Me deixe aqui.
— Não.
O outro garoto murmurou algo a mais, que não compreendeu. Ele perdera muito sangue por conta do tiro, e Naruto sabia que ou encontrava a saída daquele lugar ou Sasuke morreria.
Foi então que algo acertou com força suas pernas já lentas, e acabou despencando no chão, o corpo maior sobre o seu. Gemeu de dor nas panturrilhas, e pelo peso, com custo conseguindo o tirar de cima de si. Ouvindo-o respirar fundo pelo movimento. Levantou-se num pulo, mesmo sentindo o músculo machucado reclamar.
O negrume da noite era amedrontador quando olhou ao redor, conseguindo sentir o perigo, mas não o vendo por um longo instante.
E foi então que o viu sair da escuridão. Tobirama apareceu sorrindo a sua frente, a poucos metros, o mesmo sorriso sádico que já presenciara tantas vezes. Seu corpo tremeu, aqueles olhos pareciam cintilar na penumbra, o avaliando, o prendendo.
Tudo aconteceu rápido demais. Viu-o mover os lábios finos, dizendo algo que não conseguia ouvir, mas instintivamente virou para onde Sasuke estava. Seu corpo gelou, ficando estático ao ver Obito atrás de Sasuke, seu braço esquerdo envolvendo o peito dele, o erguendo. Com o direito segurava uma adaga em seu pescoço.
Sua adaga, a adaga que havia ganhado de seu avô. A adaga de Aeron.
Os dois homens sorriam, triunfantes. Sasuke lhe olhava, os olhos negros marejados, entregue, sem forças. Nem houve tempo de se mover.
Viu a adaga rasgar a garganta do Uchiha, sangue escorreu pelo ferimento fundo no mesmo instante que o via arregalar os olhos, matando-o.
— NÃO!
— Não!
Abriu os olhos, a palavra ainda em seus lábios, o único som na quietude do quarto. Não foi o grito que imaginava, somente um sussurro fraco e engasgado. Virou-se, respirando profundamente, tentando afastar aqueles sentimentos horríveis. Olhou aliviado para o garoto que dormia a seu lado na cama.
Há muito tempo vinha tendo aqueles sonhos. Achava que depois de um tempo eles passariam, que poderia ter uma noite de sono tranquila, mas aquelas cenas cismavam a lhe voltar todas as noites. Talvez, aquele fosse seu destino: carregar em sua mente uma morte que por pura sorte não acontecera. Não sabia o que era pior, sonhar com a morte que conseguiram evitar, ou todas as que não conseguiram. Todas as que ele mesmo executou.
Ajeitou-se sobre o edredom, virando de frente para o rapaz que dormia em total silêncio, rodeado pelos livros em que os dois estudavam antes de caírem no sono. Pela persiana vazavam alguns resquícios do sol do fim de tarde, que iluminavam o quarto brevemente, o possibilitando de ver o rosto ainda mais pálido de Sasuke. Observou os cílios negros que contrastavam com a pele de porcelana, os cabelos que emolduravam seu rosto, os lábios entreabertos, o peito coberto por uma camisa de algodão escura, que subia e descia levemente.
Sasuke era ainda mais encantador quando dormia, parecia inocente demais.
Por segundos a imagem voltou a sua mente, passando por suas retinas como um filme. O sangue, as lágrimas, a morte que o rodeava. Seu corpo se arrepiou e voltou à realidade num piscar de olhos.
Não é real. Afirmou novamente em pensamento. Sua garganta apertando. Ele está aqui comigo.
Não valia de nada voltar a lembrar de um sonho estúpido como aquele, afinal, tudo havia se resolvido. Tobirama e Obito estavam mortos, os outros envolvidos presos, Itachi estava bem e sua família estava a salvo. Sasuke estava vivo.
E era isso que importava.
— Naru...? — levantou o olhar para o outro, surpreso.
— Eu te acordei? — perguntou também num sussurro, olhando-o piscar preguiçosamente.
— Uhun.
— Então continue a dormir.
—Pensei que íamos estudar. — Mesmo sonolento ele ainda conseguia dar aquele sorriso sarrista. Estudar era mais uma desculpa do que qualquer coisa para se verem, já que seu pai, milagrosamente ainda não sabia do que se passava. Ou nem mesmo o pai de Sasuke. O esforço para recuperar o tempo perdido no ano louco que tiveram era parcialmente turvado por...outras atividades. — Ei, está tudo bem? Parece pálido.
Mas como ele consegue notar isso? Ele tá quase desmaiando de sono!
— Não é nada. — disse simplesmente.
— Hum. — O Uchiha se aproximou, com seu braço direito puxando-o, colando ambos os corpos. — Quente...
Naruto deixou escapar um sorriso; a única hora que Sasuke se mostrava dengoso e manhoso era quando estava com sono. E esse lado dele sempre aquecia seu coração.
Teve a testa beijada e se aconchegou no peito largo, o abraçando de volta. Por hora, poderia esquecer daqueles sonhos, e somente apreciar os braços fortes de Sasuke ao redor de seu corpo e aquele sentimento de que tudo estava perfeito.
Exceto por um detalhe. Será que contava e estragava o clima? Talvez fosse como remover um curativo, quando mais rápido falar melhor, e mais depressa. Era justo Sasuke saber o que estava vindo no caminho antes que o atropelasse e...
—Calado. — A voz resmungou, agora mais mal-humorada do que dengosa.
—Eu não disse nada!
—Está pensando.
—Nem vem Sasuke, a conexão já era.
Ergueu o rosto, beijando o queixo do outro devagar. O sentiu se arrepiar e sorriu, descendo o beijo pelo pescoço exposto, sentindo as mãos dele na sua coluna, descendo devagar. Rapidamente os dois rolaram na cama. Soltou uma risada surpresa e Sasuke estava acima de seu corpo, o olhando de forma triunfante. O cabelo bagunçado era muito atraente.
Ergueu uma sobrancelha, o instigando, e como resposta a boca logo estava na sua. Quando o soltou, estava ofegante.
—Não preciso dela pra saber quando pensa demais em algo. E pensa alto. — Sasuke murmurou, arranhando suas coxas por cima da calça, apenas para colocá-las ao redor da sua cintura, sem nenhuma resistência da sua parte. O deixou segurar seus pulsos também, fitando o outro de forma divertida. Os dois sabiam que podia escapar quando quisesse. Era tão fofinho Sasuke achando que podia dominar alguma coisa. — Tem algo a dizer?
—Na verdade...hum...— tentou desconversar e levantou o pescoço para beijá-lo, mas Sasuke desviou, o olhar já intrigado.
—Naruto...
—Hum, então, já estamos na metade de janeiro.
—Eu sei. Eu tenho calendário.
—Dúr...
—Sabe que vou olhar isso no google tradutor depois, vou saber se me insultou.
—Não prefere fazer sexo? Repetir o que fizemos na festa do Shikamaru semana passada. Com menos pressa dessa vez. E sem uma estátua gigante do power ranger vermelho nos olhando, quem diria que Shikamaru gosta de power rangers hein...
—Por mais que queira aceitar a oferta...E acredite, eu realmente quero muito, tenho um mal pressentimento sobre o que quer me contar, , já que está fazendo tanto esforço para mudar de assunto.
Suspirou, desenroscando as pernas da cintura do outro. Sasuke fez um muxoxo, mas permitiu, os dois se sentando de pernas cruzadas na cama. Piscou para se concentrar, o que era difícil com Naruto como o cabelo bagunçado da cama, a boca vermelha dos beijos e as bochechas ainda tão coradas. Realmente muito, muito difícil.
Talvez aceitar sua oferta não seria nada mal, mesmo com o perigo de Shisui entrar no seu quarto de repente como ele sempre fazia, sem nenhum controle de normas sociais e espaço. Como um Golden retrevier.
Sasuke sempre quis um cachorro, mas não assim.
—Daidi marcou nossa conversa pra hoje.
Oh oh.
—Nossa conversa...quer dizer...
Seria divertido ver a expressão apavorada de Sasuke em qualquer outra situação.
—Vou contar tudo pra ele. Inclusive... — apontou sugestivo para os dois. — Então...
—Ele vai me matar.
—Claro que não. Te protejo, mo ghrá — Beijou a ponta do nariz do garoto mais novo, que ainda parecia levemente apavorado. — Vai dar tudo certo.
— ....
— Peça o colete a prova de balas do Itachi emprestado. Por via das dúvidas.
...............
Tsunade estacionou seu velho Del Rey em frente à casa glamurosa do filho. Não entendia para que uma casa tão grande. Bufou levemente, removendo seus óculos de grau e trocando os sapatos que usava para dirigir. Suas roupas eram confortáveis, mas não menos refinadas. Havia acabado de sair de uma palestra que havia ministrado.
Cumprimentou o jardineiro e o mordomo. Não costumava muito visitar, sempre desconfortável com o lugar que sabia que já havia trazido tanto sofrimento para sua família. Fora ali que seu neto fora sequestrado. Fora ali que passaram dias difíceis depois da morte de Jiraya. E quando Naruto fora para o internato, toda a vida do lugar havia acabado.
Claro que estava ali por causa de Naruto, como sempre. Seu filho e nora sempre sabiam onde procurá-la, sua casa sempre estava aberta. E Naruto também, mais do que os dois até, gostava de procurar um bom refúgio na casa da avó. Aquele sim era parecido com ela. Gostava das coisas mais confortáveis do que extravagantes.
Minato, infelizmente, havia puxado ao lado dramático de Jiraya. Nem mesmo o casamento com Kushina havia mudado isso. Tsunade às vezes se perguntava se haviam o mimado demais.
Kushina estava na sala, o chá já servido à sua espera. Ela realmente o conhecia, aquela menina.
—Então?
—Estão no escritório, já há algumas horas. Subiram depois do café. — A ruiva suspirou, os olhos cinzentos tristes. — Se for mesmo tão ruim quando nós dois pensamos, e por apenas o que vi dos resultados dos exames...Não é uma conversa fácil para nenhum deles.
Tsunade assentiu.
—Ele vai falar também do rapaz?
—Você sabe? — Kushina piscou, surpresa.
Tsunade olhou de forma arrogante e presunçosa: — É claro, difícil não notar. O garoto segue meu neto para toda parte. Semana passada até regou minhas orquídeas.
—Eles não disfarçam muito bem. — Kushina assentiu divertida.
Foram interrompidas por o som de algo se quebrando e passos no andar de cima. As duas se entreolharam.
— COMO É? VOU ESFOLAR AQUELE GAROTO! ENTÃO TODO ESSE NEGÓCIO DE GRUPO DE ESTUDOS...VOU LIGAR PRA ANKO, AGORA!
—AH, NÃO VAI NÃO, DAIDI!
—SAI DAS MINHAS COSTAS NARUTO! E NÃO...NÃO ME OLHA DESSE JEITO! Não adianta chorar!
Tsunade dessa vez revirou os olhos. Minato era mesmo um drama queen. E Naruto um manipuladorzinho de primeira.
—NÃO ME OLHA ASSIM! KUSHINA!
—MAM!
—Oh céus.
Por que os homens daquela família tinham que ser tão dramáticos?
...............
A vida era boa para Fugaku.
Estava com seus dois filhos em casa, tinha uma esposa linda e inteligente como o diabo. Um trabalho que gostava. Bons amigos. Seu filho mais velho havia decidido parar com um trabalho perigoso que nunca quisera para ele e fazer uma faculdade que gostava, tirando um peso do seu peito. Seu filho mais novo estava indo pelo mesmo caminho do irmão, que nesse caso era bom também.
Haviam se mudado definitivamente para Seattle, o que sempre quisera fazer. Agora vivia perto de sua família, primos e tios. Agora Mikoto morava perto de sua melhor amiga, o que a deixava feliz, e se Mikoto estava feliz, Fugaku também estava.
Fora transferido definitivamente para o escritório de Minato, depois de tudo que acontecera. O que o deixava mais tranquilo, sabendo que trabalhava com alguém honesto, e que não julgaria após o desastre que Madara havia colocado sobre o nome da família.
Claro que tinham algumas coisas...problemáticas. Como o fato do sobrinho stalker que vivia ainda mais no pé do seu filho agora, depois que seu garoto descobrira o que até a avó dele sabia. E o fato de seu filho mais novo decidir se engraçar com o filho do homem mais perigoso que conhecia, e que dito homem agora o encarava de forma mortal enquanto a equipe ao redor tentava ser imparcial. E aquela era para ser uma reunião sobre os novos recrutas. Não sabia quando se tornara naquilo.
—Você devia ter me contado.
—Já disse que não sabia. — Grunhiu, realmente Minato podia ser um ser humano terrível. — A garota Hyuuga passou praticamente um final de semana na nossa casa, dormindo no quarto dele, eu pensei que os dois tinham alguma coisa, como eu ia imaginar isso!
Minato bufou. Ele era definitivamente um ser humano terrível.
—Hinata é apaixonada por Naruto.
—Hum...Isso explica os dois serem tão competitivos.
Minato jogou as mãos para o ar, em um gesto nada digno de alguém como ele.
— Estou cercado de traidores. Esses aí. — Ele apontou para trás, para alguns agentes que mesmo com a cara séria pareciam com os olhos estranhamente divertidos. — Disse para ficarem de olho no meu menino, e me escondem uma coisa dessas também.
— Com licença, senhor Namikaze. — A mulher de cabelos roxos ergueu a mão pedindo permissão para falar. — Mas cumprimos exatamente o que pediu. Falou para o alertarmos, agirmos e reportarmos sobre qualquer perigo.
—Alguém tentando roubar a inocência do meu filho se caracteriza como perigo!
— Inocência? — Alguém sussurrou de forma incrédula em algum lugar da sala, e teve certeza de que o som que ouviu de alguns agentes era de uma tentativa de segurar risadas.
Minato, claro, ignorou isso. Fugaku admirava a capacidade dele de ignorar o óbvio quando dizia respeito a sua visão angelical do filho. Ele queria desver algumas coisas que viu de Itachi e Shisui essa semana também.
— Seu filho vai na minha casa hoje, seis da noite, se apresentar de forma adequada. — Minato decretou, o dedo apontando na sua direção, porque aquele homem sabia como ser dramático. Isso, vindo de um Uchiha, era uma grande coisa. Fugaku conhecia pessoas dramáticas como ninguém. — Que não se atrase, que não venha com gracinhas.
Um ser humano terrível, realmente. Todos eles eram.
............
Várias vezes já imaginara que um dia teria de passar por aquilo, mas sempre manteve esse pensamento como algo clichê demais para acontecer. Mas ali estava ele, sentado naquele sofá ao lado de Sasuke, ambos sendo alvo dos olhares dos dois adultos.
Havia contado tudo a seu pai. Sobre Aeron, sobre tudo, como prometido. E consequentemente, sobre Sasuke. Omitindo alguns detalhes, claro. Queria Sasuke bem vivo ainda.
Dizer que seu pai havia ficado irritado no início era pouco, ainda mais em saber que durante aquele tempo todo andara saindo com Sasuke por suas costas. Sua mam ter rido da cara dele também não ajudara muito.
Kushina, com um de seus longos vestidos floridos, estava sorridente, olhando de um a outro animadamente. Ao contrário da mulher, seu marido estava sério, olhando fixamente para o Uchiha que parecia desconfortável no sofá. Suas mãos estavam apertadas sobre o colo, os olhos ligeiramente arregalados.
Sasuke estava completamente diferente do habitual ar confiante, pressionado pelo olhar intenso de Minato Namikaze.
Naruto suspirou, sabia como seu pai agia com todos que tentavam se aproximar dele, e depois de tudo aquilo que aconteceu, ele parecia ter piorado, muito. Aquele cuidado quase possessivo do pai, que tinha quando criança havia voltado com força total.
— Então... — foi o primeiro a romper o silêncio da ampla e luxuosa sala. — Mam, daidi, este é Sasuke Uchiha, meu namorado. — Olhou para os mais velhos, vendo o sorriso de sua mãe aumentar. Sasuke deu um meio sorriso, tentando parecer o mais apresentável possível. — Sasuke, esta é minha mam, que já conheceu no hospital, e meu daidi, Minato Namikaze... Bem, todos aqui já se conheciam.
Riu sem graça ao perceber que estava tagarelando de nervoso. Para piorar, sua mãe saltou do sofá, cruzando o espaço entre eles. Viu Sasuke se retesar no lugar, com um claro medo da mulher, mas foi pego de surpresa quando foi agarrado pelo ombro, obrigado a se levantar e abraçado pela mulher. Os braços finos agarraram seu corpo, a cabeça dela repousou em seu peito.
— Estou muito feliz por finalmente terem assumido! — Exclamou apertando mais o rapaz, que se sentia sufocado.
Ficou estático por momentos, não sabia bem o que fazer com as mãos, se retribuía ou não, já que estava em frente ao marido dela que os olhava. Se viu preso nos olhos azuis do homem, olhos intensos e hostis.
— Mam, ok, já deu. — Naruto interveio. Kushina riu sem graça e soltou o rapaz, mas antes puxando seu rosto, para que ficasse na mesma altura que o seu, colocando as duas mãos na lateral do rosto de Sasuke, e se viu sendo analisado minuciosamente. — Mam...
— Muito bem, Naruto! De perto ele é ainda mais lindo. Com certeza não herdou esse charme do pai dele.
— Mam! — ralhou, sua mãe não tinha como o envergonhar mais. Sabia bem que ela estava fazendo aquilo de propósito. Havia ouvido por alta a conversa dela com Mikoto por telefone. As duas estavam se divertido perversamente as custas dos dois. — Por favor...
— Certo, certo. — Se afastou, soltando Sasuke e voltando a se sentar, agarrando a mão do marido. Sasuke também se sentou, meio aturdido. — Quero que saibam que os apoio, não importa o que aconteça ou o que os outros achem. Sei que você, Sasuke, é um ótimo rapaz e que ajudou e protegeu meu filho, quando não estávamos lá... — seu olhar ficou triste, e Minato se virou para a olhar. — Eu... Agradeço novamente, por ter o ajudado...
— Sra. Uzumaki...
— Me chame somente de Kushina, querido, já disse, mas enfim, eu serei para sempre grata. Mas isto não é o motivo para eu os apoiar, e sim, porque meu filho te quer. — Deu de ombros, Minato deu um risinho pela ação despreocupada de esposa. Riso este que relaxou o corpo de Sasuke. Naruto somente suspirou novamente, agarrando a mão do Uchiha, que o olhou.
— É, eu o quero, mãe. — Apertou a mão do outro. Ambos se fitando com carinho.
— Não dei meu veredicto ainda. — Minato se pronunciou pela primeira vez. Sua voz firme, altiva, grossa. Sasuke e Naruto se viraram para o olhar. — Mas para isso quero ter uma conversa com você a sós, Uchiha.
Naruto não parecia muito abalado, somente deu um sorriso, tentando o reconfortar.
— Vai dar tudo certo, só não fique indiferente. — Deu um beijo na testa do outro. — Ele não é o bicho papão que parece.
Ele saiu junto a mãe, desaparecendo pelo portal de vidro que dava a sala de jantar. Sasuke sentia o coração disparado, as mãos suarem de nervoso. E se virou, olhando o homem. Segundo seu pai, o homem mais perigoso que conhecia.
Valeu mesmo, oto-san. Muito bom em acalmar seu filho.
O Namikaze apoiou os antebraços nas coxas cobertas pela calça social negra, inclinado no sofá que ficava a frente do rapaz. Os azuis avaliativos, percorreram silenciosamente o corpo sentado à sua frente. De repente se sentiu malvestido com sua roupa social herdada de Itachi. Ao contrário de Naruto, que usava roupas caras, mas confortáveis, o pai dele parecia muito bem saber usar o dinheiro que tinha para se vestir.
Sentiu-se ainda mais pressionado pela inspeção. Nunca achou que Minato seria tão assustador, ou que ficaria tão abalado com aquele homem. Era conhecido por seu orgulho e confiança. Nunca imaginou que com apenas um olhar poderia se sentir tão inadequado um dia.
— Não pense que porque conheço seu pai de longa data que vou puxar saco de você. — Sasuke o fitou, tentando retirar de sua face sua quase única expressão. Naruto disse para não ficar indiferente, mas era difícil quando o rosto que queria mesmo mostrar era de medo. — Pelo contrário, não irei mentir, não tenho nada que me faça te apoiar nessa relação com meu bebê. — Sasuke quis rir, mas se conteve. Se Naruto ouvisse aquilo... — Então, essa é a hora de me convencer.
Não sabia o que falar. Sasuke não era bom com aquilo, com pessoas. Nunca precisou ser bom de conversa, mas ficar calado não resolveria nada.
— Se-Senhor Namikaze... Eu amo seu filho e acho que é só isso que importa aqui. — Disse convicto, na última frase, pronunciada com muito mais confiança. — Ele também me ama, me protegeu, protegeu ao senhor e sua família, e quando eu pude fiz o mesmo. Acredito que não estou à altura dele, que não sou digno de amá-lo e ter o amor dele. Mas eu tenho, ele me ama, ele me quer. E isso que importa, para nós dois, não é, Senhor Namikaze?
Foi respondido com silêncio.
Minato o encarou por intermináveis segundos, e Sasuke começou a achar que havia dito algo de errado, suas mãos escorregadias pelo suor, quando finalmente o outro se pronunciou.
— Bela fala, Uchiha, nem você nem ninguém merece meu filho. — Concordou, cruzando os braços. — E está certo, o que importa é que se gostam, sei que se mesmo eu fosse contra, Naruto daria uma volta em tudo e não desistiria. Deus sabe que aquele garoto nunca ouviu ninguém na vida. — Teve de concordar com um maneio de cabeça. — Então, irei pela sua linha de raciocínio. — Se manteve o olhando de cima. — Mas quero saber sobre você, ou melhor, sobre o que ainda tive conhecimento.
Sasuke acenou positivamente, sério, se lembrando das palavras de Naruto naquela tarde quando foi buscá-lo.
"Ele vai perguntar sobre você, sobre nós. Não minta, mas também não diga a verdade."
Ótimo, ajudou muito, Dobe.
— Você tem dezessete anos, estou certo? Mais novo quase dois anos do que Naru, o que acha disso?
Que espécie de pergunta era aquela? Parecia até que estava em uma consulta com um psicólogo.
— Tenho 18. — Corrigiu, tentando aparentar que não se irritava quando o achavam mais novo do que era. — Acho normal, muitos casais têm diferença de idade... — Fez um trejeito coma boca, e viu o mais velho erguer uma sobrancelha. — Que pergunta...
— Idiota, eu sei. — Interveio. Sasuke se preparou para correr quando Minato se levantou, deixando evidente toda sua alta estatura, e corpo atlético escondido pelas roupas sociais, mas para sua surpresa e alívio, ele se encaminhou até a mesinha que ficava no canto da sala. Onde estavam dispostas várias garrafas de bebidas, algumas taças específicas para cada tipo, gelo e sal. — Você não tem 21, tecnicamente não poderia, mas acredito que tem prudência. Então, aceita uma taça de tequila?
Viu-o pegar uma garrafa quadrada e bem ornamentada, de um líquido amarronzado e o despejar em uma pequena taça de mão.
Sasuke reconhecia bem uma armadilha quando via uma.
— Não obrigado, não costumo beber. — Mentiu descaradamente, imagens mentais de si mesmo vomitando nos banheiros da escola sendo reprimidas. Não duvidava nada que aquele homem pudesse ler pensamentos.
— Hum. — Ele se virou, bebendo brevemente na taça, o olhar assustadoramente calmo. — Então Uchiha, já transou com ele?
Seu corpo inteiro paralisou. Foi pego de surpresa pela pergunta descarada. Não teve como não corar ligeiramente e desviar o olhar, encabulado. Novamente tentou reprimir imagens da sua cabeça.
Na mesma hora abriu a boca para mentir, mas foi interrompido.
— Diga a verdade. — Minato voltou a se aproximar, se sentando novamente no sofá. Sasuke estava desesperado. Com tudo que passou nos últimos tempos, nunca imaginou que a pessoa de um dia sentiria mais medo seria o pai de Naruto. Ele exalava poder, mas ainda assim, parecia calmo. E pessoas calmas eram as mais perigosas.
Queria ao menos sair vivo dali.
— Ah, nós... — Não tinha como escapar daquele olhar. O pai era ainda mais persuasivo do que o filho.
— Vamos lá. — O homem instigou, ainda parecendo calmo. — Vou saber se mentir.
— Sim. — Pronunciou o mais dignamente possível, sua voz quase em um sussurro. — É, sim.
Novamente o silêncio. Desviou os olhos para o tapete por alguns segundos, tentando escapar daqueles olhos, mas logo levantou o rosto, querendo ver a reação dele, que entornava a taça de tequila e depositava a taça na mesa ao lado do sofá. Viu-o olhar o chão por momentos, e suspirar.
Por algum motivo tinha um mau pressentimento.
Quando ele falou, sua voz ainda continuava no mesmo tom calmo e quase amigável,
— Vou te matar, depois arrancar isso que você chama de pênis e jogar para meus cães de guarda comerem. Seu maldito infeliz.
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— Nem foi tão ruim assim.
Era a quinta vez que Naruto falava aquilo, no caminho até sua casa. Tinha algumas escoriações, mas nada "tão" grave. Naruto e sua mãe haviam chegado antes que tivesse a ameaça cumprida.
— Claro, ao menos ainda tenho o Sasuke Júnior. — disse olhando o lado de fora do carro, sarrista. — A propósito, seu pai é assustador.
— Ah, logo você se acostuma. — Naruto disse dando de ombros, os olhos azuis desviando parou o carro no sinaleiro. — Mas como foi dizer que já fizemos aquilo justo pra ele? Estava louco?
— Ele disse para falar a verdade, e parecia até bem calmo. — Olhou Naruto, que deu uma pequena risada e levou a mão, acariciando a lateral do seu rosto suavemente. Sasuke quase fechou os olhos com o carinho inesperado. — Você disse para falar a verdade.
— Algumas, não todas. Sempre é bom moderar essas coisas com ele. — Ele sorriu, os olhos azuis cintilantes brilhando. — Mas ele gostou de você, se não tinha realmente te matado. Ele anda sempre armado. Ainda mais depois de descobrir que andamos aprontando um mês pelas costas dele, com ele sendo o último a saber, praticamente.
Sasuke não duvidava, e quase agradecia a sorte que tinha de não ter perdido a vida ali. Mas simplesmente repuxou os lábios levemente, em um sorriso que só Naruto reconheceria. Apesar de tudo, havia recebido um abraço confortável de sua sogra e um maneio irritado do sogro como despedida.
Olhou para Naruto, podendo apreciar a imagem dele finalmente. As calças escuras, uma camisa preta de manga longa, e uma jaqueta de couro bege bem surrada que deveria valer uma fortuna, mas que com certeza havia sido de outra pessoa em algum outro tempo. Como alguém conseguia ser tão atraente se vestindo de modo tão simples, não entendia.
— Possessivos, como vou lidar com vocês dois? — Naruto perguntou, aproximando o rosto de Sasuke, que fechou os olhos. — Hein, Sotalach?
O roçar de lábios não tardou a acontecer, e logo se transformado em um dos muito beijos necessitados e famintos dos dois. Naruto deslizou suas mãos para a nuca do Uchiha, agarrando os cabelos e os puxando, enquanto o outro o enlaçava quase o passando para o banco do passageiro, mas sendo impedidos pelo cinto.
Sasuke aproveitou para descer a mão pela coluna do rapaz e apertar a bunda dele. Naruto, gemeu surpreso contra sua boca. Sasuke nunca imaginou que um gemido surpreso pudesse soar tão pornográfico. Por como sua calça estava repentinamente muito apertada, seu corpo concordava com o pensamento.
O carro já estava ficando quente quando ouviram a alta buzina do carro de trás. Naruto se assustou e o empurrou de volta para o banco, sentando-se em seu lugar novamente. Engatou o carro e acelerou.
Ofegante, olhou para Sasuke no banco ao seu lado, e não conteve o riso, safado.
— Acho que terei de te ajudar, namorado. — Sasuke o olhou de soslaio, e retribuiu o sorriso, já entendendo do que o outro falava.
— Claro, se seu pai não souber, aceito a ajuda. Namorado.
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Naruto havia insistido que já tinha certa experiência em fugir do seu pai por algumas horas, ou melhor, dos 'olhos' do seu pai por algumas horas.
O que era uma ótima vantagem em um momento como aquele.
Isso e bancos reclináveis.
Sasuke preferia não pensar no que aconteceria se fossem pegos no momento. O carro estava suspeitosamente estacionado no cine driver fora da cidade, bem camuflado entre todos os outros, mas afastado o bastante para terem certa privacidade.
Era a coisa mais clichê que já tinha visto na vida: fazer sexo em um cine driver enquanto fugia do pai ciumento. Não seria ele a reclamar. Não com Naruto em seu colo, se movendo de forma tão graciosa com cada estocada que dava e fazendo um serviço em seu pescoço que não tinha ideia em como iria camuflar depois
Nunca imaginou que justo Naruto gostava de morder, mas, novamente, não estava reclamando.
—Eu não vou quebrar se me foder com mais força, sabe?
A voz rouca sussurrou em seu ouvido, e ficava muito feliz em cumprir o pedido, as mãos agarrando o quadril do outro com mais força, as pernas dele se enroscando mais ao redor da sua cintura no pouco espaço que tinham enquanto dava ao seu namorado o que ele queria. Estava sempre pronto a servir seu namorado no que ele queria.
Seu Namorado, que expressão linda.
Só não mais linda que Naruto abafando um gemido pornográfico em sua boca. As mãos pequenas agarradas em seu cabelo com tanta força que tinha certeza de que ficaria calvo em pouco tempo.
Naruto bateu a cabeça no teto ao ser erguer quase totalmente do seu colo para se abaixar de uma vez, mas ainda assim era perfeito. Sua visão escureceu com o movimento, e o segundo orgasmo veio forte. Por sorte bem na hora em que a mocinha do filme deu um grito, ou eles estariam bem encrencados.
Naruto continuou se movendo e logo ouviu o gemido abafado em uma mordida em seu ombro. O abraçou o firmando e a cabeça se escondeu ali, beijando levemente o seu pescoço em um pedido de desculpas, os dois respirando de forma ofegantes.
Sasuke poderia bem se acostumar com aquilo. Passou as mãos suavemente nas costas suadas, no cabelo pregado na nuca loira. Sentiu uma vibração que já conhecia, como um ronronar baixo vindo do outro com o carinho.
—Raposas mordem quando estão acasalando?
Naruto deu um soco fraco em seu ombro e abafou uma risada no cabelo suado.
—Vamos limpar essa bagunça, temos dez minutos até me acharem.
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Pontualmente em dez minutos alguém bateu na janela do carro. Os dois estavam limpos e compostos, sentados de forma comportada e assistindo o filme que ele nem mesmo sabia o nome.
Um homem com olhos assustadores — que ficavam ainda mais assustadores com uma lanterna na sua cara — os fitou quando Naruto abaixou o vidro com um sorriso cândido no rosto.
—Capitão Yamato! Que milagre o ver por aqui.
Naruto era tão cínico. O amava.
O homem os fitou como se visse sua alma, e então as janelas ainda embaçadas por vapor, e então o rosto de Sasuke. Naruto apenas sorria de forma sincera.
—Seu pai te espera em casa, Naruto.
—Oh, não vi a hora. — Naruto fez uma expressão envergonhada. — O filme estava tão bom. Vou só deixar Sasuke em casa.
—Eu acompanho vocês, caso haja outro filme pelo caminho.
Por que todo mundo na vida de Naruto tinha que ser tão assustador assim?
—Sem mais filmes, capitão. Foi bom te ver.
—Bom te ver também, Naruto. — O homem deu um pequeno sorriso, quase imperceptível. — As coisas estavam calmas demais por aqui sem você.
—Não mais!
—Estou vendo.
Ele deu um último olhar mortal em direção a Sasuke e saiu, tão rapidamente que Sasuke nem mesmo viu seu movimento.
—...poxa.
—Ele é legal né?
Naruto era um sádico. Um terrível sádico.
Sasuke o amava tanto que chegava a doer.
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Esquadrão de proteção ao Naruto
Arqueira: Namikaze matou o Uchiha?
Sotalach <3: Para o seu desprazer não, Hyuuga.
Arqueira: Que droga.
Princesa Ino: Que bom que tudo saiu bem
Princesa Ino: *'*'* ヽ(^o^)ノ
Smol God: Okay, quem mudou o nome do chat e meu nome?
Smol God: E valeu Ino <3 <3
StrangeArtist: Houve pelo menos algum tiro?
Smol God: Nope ¯\_(ツ)_/¯
StrangeArtist: Que droga, perdi dinheiro. Nem pra levar um tiro Uchiha.
GreenBeast: Fico tão feliz ಥ_ಥ
GreenBeast: Parabéns pela coragem Sasuke-san ᕦ(ò_óˇ)ᕤ
Sotalach <3: ...Obrigado. Eu acho.
LazeMan: Vocês são barulhentos.
BigMan: (ノ^_^)ノ*'*'*
Princesa Ino: \(~o~)/*'*'*
Smol God mudou seu nome para Sionnach
Smol God mudou o nome do chat para 'I survived bitch'
Ino princesa: I survived, bitch.
Sionnach: *'*'* ヽ(^o^)ノᕦ(ò_óˇ)ᕤ
StrangeArtist mudou o nome de Sionnach para Dickless
Dickless: Eu vou te matar
StrangeArtist: ᕕ( ᐛ )ᕗ
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Há anos Naruto não andava ali. Geralmente quando menino gostava de vir treinar com a equipe de seu pai, quando seu avô não podia.
Era nostálgico, realmente. Conhecia praticamente todos ainda, havia crescido com eles.
—Naruto?
Virou e encontrou Anko que sorria, parada no corredor com alguns outros agentes. Foi até ela retribuindo o sorriso charmosamente.
—Anko!
Se surpreendeu com o abraço dela, e retribuiu depois de alguns segundos. Mesmo que ela tenha sido sua sombra frequente nos últimos tempos, os ainda não haviam interagido de fato.
Sentia falta dela.
—Veio visitar o chefe?
—Buscá-lo para ver um jogo.
A mulher sorriu. Não se falavam há anos. Sabia que ela devia ter estado na ação que o resgatara, mas estava muito mal para ver qualquer. A mulher devia pensar nisso também, os olhos escurecendo de forma perigosa por alguns segundos. Ela sempre havia sido muito protetora com ele, afinal.
—Soube que anda treinando Hinata? Cuide bem dela para mim, por favor.
—Ah sim. A pequena Hyuuga. Minha melhor aprendiz, que tem um crush gigante em você, hun?
Naruto ficou vermelho e coçou a cabeça sem graça.
—Anko! — Os homens a chamaram no corredor e ela assentiu.
—Tenho que ir, bonitinho, não seja um estranho. Sei que namora agora, mas não é motivo para chutar os amigos.
Ficou ainda mais vermelho e cobriu o rosto que esquentou rapidamente. Claro que todos deviam saber da sua vida ali. Tinha certeza de que metade da agência já tinha sido mandada para o vigiar nos últimos dias.
Ainda bem que sua prática em evasão ainda continuava impecável.
Ela beijou seu rosto envergonhado, rindo dele.
Naruto sorriu bobo, com a mão na bochecha onde fora beijado. De certa forma, ela fora sua paixonite na adolescência. Aos treze anos, era normal adolescentes terem uma queda pela vizinha, ou professora, ou a garota mais bonita do colégio. Mas não Naruto. Ele tinha que se apaixonar pela agente sádica e mais temida da corporação do seu pai que conhecera em uma das vezes que viera vê-lo na base.
Hinata com certeza estava em boas mãos com Anko cuidando dela.
—Ora ora. Você deve ser o pivetinho do Minato.
Uma voz falou por suas costas, e só muitos anos treinando com seu avô que sabia ser um tanto furtivo o impediram de pular de susto. Se virou rapidamente, o corpo tenso, para se deparar com uma figura um tanto...incomum.
Ele poderia mesmo se passar por um adolescente, apesar de ter a impressão de que ele seria bem mais velho. Tinha o cabelo comprido solto, cobrindo um lado do rosto, e... aquilo era mesmo um piercing na sobrancelha dele. Usava roupas informais, jeans surrado e uma camisa com o nome de um filme em pré-estreia.
Com certeza uma figura que não se via sempre por ali.
O homem arregalou minimamente os olhos quando ele o encarou e fechou a cara por isso. Desde que Aeron havia...ido embora, que não havia passado por essa situação, antes bem comum. Ainda mais saindo com Sasuke. Sasuke, o cara mais bonito do mundo, o seu namorado, que acabava chamando tanta atenção que Naruto podia apenas passar desapercebido. Por um lado, ficava muito feliz em não receber nenhum olhar idiota, por outro ficava dividido entre rir do desconforto de Sasuke ou ficar incomodado com aquele bando de abutres em cima dele.
Quase sempre acabava rindo da cara dele.
Esse estranho foi rápido, e logo recuperou a postura, erguendo a mão em sua direção, que mantinha sua expressão cautelosa. Homens adultos fora da sua esfera já conhecida nunca eram boas notícias, em sua experiência.
— Louis Wayne. Um velho amigo do seu pai.
Naruto, com o rosto entre desconfiado e curioso aceitou a mão bem maior do que a sua, ainda que estranhamente fina e longa, quase feminina se não fossem os calos. O aperto foi firme e foi ele que livrou a mão, já que o homem não parecia inclinado a isso, analisando-o.
—Nunca ouvi falar de você. — Disse com a voz cautelosa.
O homem riu com a sinceridade, colocando as mãos nos bolsos.
—Não duvido disso.
.................
Louis estava se esforçando mesmo para não ficar encarando o garoto descaradamente, seus olhos o analisando, desde as roupas surrados que com certeza nada tinham a ver com Minato que sempre andava bem-vestido, até aquele rosto com uma curiosidade infantil cautelosa
E, inferno, o garoto era quente. Quente tipo Rob Lowe quando fez Sodapop Curtis em Outsiders em 1983. Mesmo vestido daquela forma falsamente simples (falsamente porque tinha certeza de que aquela jaqueta deveria valer mais do que seu salário), era sem dúvidas a pessoa mais bonita que já vira. Isso dizendo de alguém que convivia com Minato Namikaze.
E ele era tão pequeno que bem entendia toda aquela superproteção maníaca do Minato. E mais que tudo, ele exalava perigo. O que no pacote pequeno o deixava tão mais atraente.
Seus olhos caíram nas cicatrizes no rosto, marcas finas e brancas, do que antes foram feridas profundas. Ele lembrava do homem que fez isso com ele. Lembrava bem.
Ele já tinha matado por aquele garoto, sem nem mesmo ter conhecido ele.
Agora então.
—Não é educado encarar as pessoas, Senhor Wayne.
Com isso o homem tossiu. Bom, não era todo mundo que o deixava fora de guarda. O garoto o olhava com as sobrancelhas unidinhas, os braços cruzados e, é, com certeza aquele olhar de Batman era do Minato.
—Foi mal. Só checando, você parece mais com seu pai de longe.
Aquele olhar o analisava como se lesse sua alma. Até que ele sorriu. E Louis não sabia que ele podia ficar ainda mais quente.
—Espero que essa não seja nenhuma insinuação com minha altura.
Ele falou isso com um tom falso de ofensa, mas mais relaxado.
—Eu não tocaria nisso. — Fez um tom de defesa com as mãos. — Ouvir falar o que aconteceu, é bom saber que acordou garoto. Seu pai meio que pirou por aqui. E você fez um bom trabalho por sua conta.
O garoto ficou um pouco vermelho com isso e coçou a cabeça, desviando os olhos azuis para o lado.
— Nem tão bom, se acabei quase morto de qualquer forma. Mas, obrigado. E desculpe pelo meu pai, ele é meio que protetor demais.
Qualquer pessoa seria protetora com uma criaturinha como aquela. Ainda mais com aquela expressão constrangida. Por Deus, ele, Louis Wayne, que conhecia pessoalmente o garoto há menos de cinco minutos já entraria na frente de um trem por ele.
Tendo lido os relatórios sobre o caso Seatch, ele sabia que não poderia falar isso alto. O garoto não era só bonito, como era também quase uma arma fatal. Era difícil acreditar que uma coisinha pequena como aquela podia ter matado tantas pessoas, mesmo que em autodefesa. Ele não vira o corpo do Senju, mas ouvira boatos. O garoto o deixara estraçalhado.
Por mais que fosse difícil de acreditar que alguém que sorria assim tivesse um osso de violência no corpo, bastava uma simples analise corporal para saber que ele sim, ele podia matar alguém. Mesmo relaxado, o garoto estava pronto para ataca-lo se ele fizesse um movimento em falso ali mesmo.
—Sem problemas, garoto.
Recebeu um sorriso um pouco mais aberto com isso.
......................
Minato descia o elevador para a recepção. Hoje iria levar Naruto para um jogo, como nos velhos tempos. Agora era difícil achar tempo para ele sem aquele moleque Uchiha se meter no meio.
Qual não foi sua surpresa ao ver uma figura conhecida de pé em frente a seu filho que estava recostado de forma casual na parede perto das escadas, parecendo estarem em uma conversa animada. Naruto sorria. Franziu a testa para isso, se aproximando sorrateiro, não gostando nada daquilo.
—... Se precisar de mim, para qualquer coisa. — O homem estendeu um cartão para seu filho que o pegou com curiosidade nos azuis. — É só chamar. Sabe, se for para esconder um corpo, forjar provas, interrogar algum safado. Ou mesmo um drink. Você tem 21 já?
Minato quase revirou os olhos com isso. Viu o filho negar, o mesmo olhar curioso e infantil. Sério, não entendia como Naruto podia ser tão...inocente. Imaginou que namorando oficialmente ele...melhor não pensar nisso.
Minato cansou daquilo e se chegando por trás nas escadas, pegou o cartão da mão do filho assustando os dois.
—Não se preocupe, Wayne, se ele precisar de você, eu tenho seu número. —Falou com a voz baixa e ameaçadora. Naruto revirou os olhos com isso e o Wayne teve o descaramento de apenas rir.
—Oi, o pai chegou. — Louis falou, sem desfazer a postura casual. Minato passou as mãos nos ombros do filho que olhou para cima, os olhos ainda curiosos pela atitude. — Então é isso Naruto, nos vemos por aqui. Espero que quando se formar traga novos ventos para esse lugar fúnebre. Até aceitaria trabalhar aqui por isso.
—Fora, Louis. — Minato ameaçou e o homem riu. Naruto tinha que admitir que respeitava o homem pela audácia, não era todo mundo que desafiava seu pai assim. Ainda mais quando ele se inclinou para lhe dar um abraço rápido que o fez ficar tenso de imediato, e então colocar um cartão em seu bolso, piscando o olho. Tudo isso nas barbas de Minato.
E então o homem saiu, gingando e assobiando pelo corredor.
— Se ele não fosse tão útil para mim, estava morto agora. — Minato suspirou e Naruto riu, caminhando para a porta na frente do pai. — O que?
—Não entendo por que você implica com Sasuke. Cara, vocês são tão parecidos.
Minato fechou a cara com isso.
.....................
Era triste, mas Itachi já estava acostumado com a dor que sentia na perna. Apesar de toda a fisioterapia, o dano no ligamento havia sido permanente, e sempre usaria uma muleta.
Sasori havia o presenteado com uma bengala, feita por ele mesmo dias atrás. Nenhum de seus familiares e amigos o tratavam como um inválido, porém não podia dizer o mesmo das outras pessoas. A garçonete o continuava lançando olhares de pena desde que entrara, vindo a sua mesa com uma frequência estranha, e tentando descaradamente descobrir a razão da bengala. Havia um limite para tolerância, por isso apenas lia seu livro e fingia que não estava a ouvindo quando vinha.
Sentiu-se observado novamente, porém agora era diferente. Era uma sensação já conhecida.
Ergueu os olhos do livro e encontrou-se fitado descaradamente do outro lado do vidro da cafeteria. Shisui estava logo ali, segurando uma guarda-chuva negro, a famosa scarf vermelha no pescoço. Franziu o cenho e o outro riu, se aproximando do vidro e soprando no vidro, depois desenhando no vapor um coração.
Sentiu o rosto esquentar levemente. Não sabia como Shisui conseguia fazer isso tão facilmente. Segurou o olhar através do vidro por alguns segundos, até desistir de ler e fechar o livro, dando a atenção que o outro parecia querer. Ou não teria o seguido até um dos seus poucos refúgios na cidade.
Shisui sorriu largo, entrando e indo direto para o balcão, sacudindo os respingos de chuva e retornando com dois copos descartáveis, passando um pela mesa, antes de sentar-se à sua frente. Aceitou com um pequeno sorriso. Era um daqueles dias frios que acabara se acostumando depois de anos no internato. Os dois bebericaram silenciosos por um tempo. Um silêncio que não era desconfortável, que já estavam acostumados ao redor um do outro. Ainda assim, sabia que ele o queria dizer algo. O conhecia bem assim.
Já estava quase no fim da bebida quando o outro finalmente falou:
—Seu pai disse que foi aceito em Stanford.
Assentiu. A voz de Shisui tentava ser alegre, mas era impossível esconder a hesitação ali. Ergueu os olhos fitando o outro. Ele não o olhava, os olhos na chuva que caia lá fora. Seus olhos se suavizaram. Tocou a mão sobre a mesa e o primo o olhou surpreso. Era raro iniciar algum contato, com qualquer pessoa. Havia melhorado nos últimos meses após...tudo aquilo.
Mesmo que ainda não soubessem o que era exatamente, havia algo de diferente desde que descobrira os sentimentos do melhor amigo. Shisui havia estado do seu lado mais do que nunca, através da fisioterapia, através das crises do transtorno pós-traumático que sofria. E quando não podia se olhar no espelho, todas aquelas cicatrizes o assombrando...ele o dissera que era um sobrevivente e não uma falha. E Itachi acreditou nisso. Pela primeira vez, sentiu que não necessitava ser o protetor. Que poderia estar do outro lado.
Os dois olharam para as mãos juntas. Shisui juntou sua outra mão delicadamente, as esquentando entre as suas com um pequeno sorriso.
—Vou sentir sua falta. — A voz de Shisui estava estranhamente vulnerável ao dizer isso. Os cabelos cacheados úmidos da chuva lá fora, os olhos sem encontrar os seus, focados nas mãos dos dois. Itachi sentiu uma leveza no peito, no quanto ele era direto. Passara tanto tempo preso em segredos, havia esquecido como era ser aberto, como era estar com alguém que não escondia nada do que sentia.
— Só vou em setembro.
—Temos alguns meses então?
—Califórnia é logo ali. Shisui.
—Califórnia é do outro lado do país.
—Pode vir comigo, então.
—Quer que eu vá com você?
De certo modo, a pergunta pareceu mais do que aquilo. Ele levantou os olhos das mãos unidas na mesa e o fitou intensamente. E sabia, que ali era a grande virada no que estava só começando entre os dois. Depois de todos aqueles meses girando ao redor um do outro. Soltou uma das mãos cuidadosamente, a expressão do outro ficou hesitante por segundos, até a erguer até o rosto ainda frio do vento lá fora. O viu fechar os olhos, inclinando a cabeça ligeiramente em sua palma por conforto.
—Eu adoraria.
Quando saíram do café, ainda não haviam soltado as mãos.
...................
A leannán buachalla – seu namorado
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