you are enough
— Você está tendo tempo para descansar? — Rowan ouviu isso assim que entrou em casa. Ele deixou as malas no corredor e foi abraçar Jamie. Hale e Ayse seguiram logo atrás. A mais velha estava em uma ligação no celular, então ela abraçou a mãe, murmurando um suave "oi" e caminhou em direção ao escritório ali mesmo no andar de baixo.
— Eu tenho descansado bastante — respondeu Rowan. O garoto pegou uma maçã na fruteira e mordeu um pedaço, sentado em frente ao balcão da cozinha.
— E com quem Ayse está falando?
— É algum problema de trabalho — respondeu Hale, depois de abraçar Jamie. Ela se apoiou ao lado da mãe, de costas para a pia, de frente para Rowan — Ela tinha uma sessão no Electric Lady, mas obviamente teve que cancelar porque estamos aqui, então acho que está tentando remarcar isso.
— E o que vocês tem feito em Nashville? — Jamie quis saber.
— Nada demais — a garota deu de ombros.
— Eu não tenho feito muita coisa — disse Rowan, ressaltando o "eu", quase corrigindo-a, e Hale soube imediatamente o que ele iria dizer. Ela acabou revirando os olhos sem nem pensar muito — Porque estou ocupado com os treinos que começaram semana passada, enquanto Hale quase não para em casa. Ela e Florence saem praticamente todos os dias.
— Florence... — Jamie comentou, esperando que aquilo continuasse. Claro, ela sabia muito bem quem era Florence - ainda que não tivesse a conhecido pessoalmente. Hale odiava falar sobre os relacionamentos que tinha, mesmo que fossem poucos. Aquele era apenas o segundo. E, pelo menos nisso, ela era o completo oposto de Rowan, que não conseguia respirar sem comentar com Taylor que tinha feito isso. E isso era um ponto. Ele era muito próximo de Jamie, mas sempre que tinha algo para contar, era Taylor quem ficava sabendo primeiro.
— Ela tem passado muito tempo em Los Angeles por conta do trabalho, então eu apenas quis aproveitar a pouca distância — reiterou a garota — E saímos apenas duas vezes na semana, nos outros dias ficamos em casa, mas o Rowan não poderia saber disso porque mal sai do centro de treinamento.
— Rowan... — Jamie olhou para o mais novo.
— A Hale acabou de inventar, eu saio sim. Eu treino durante à noite, mas passo o dia em casa, juro. E eu também fiz algumas viagens rápidas nas últimas semanas. Saí algumas vezes para jantar com tio Ryan e tia Blake em Nova York. James apareceu com o noivo em um dos dias, e na última sexta-feira Ayse, Inez e Betty também nos acompanharam.
— Ouvi dizer que Betty terminou com o namorado — comentou Hale. Ela fez isso porque Rowan havia falado sobre Florence, então ela estava tentando retribuir. Rowan e Betty namoraram por um tempo no ano anterior. As coisas terminaram tão bem quanto poderiam, considerando que foi um rompimento. A garota começou a namorar outro garoto logo depois. Rowan tinha dito que a idade tornava as coisas um pouco difíceis. Ele tinha acabado de completar 21 anos, Betty tinha 24 e eles pareciam ter perspectivas muito diferentes, porque Rowan parecia mais do que nunca extremamente focado no trabalho. Ele não estava tentando enganar ninguém, então foi honesto dizendo que seria um péssimo parceiro se seguisse com aquilo. Ryan ficou mais arrasado do que Betty. Ele disse que esperava que tudo desse certo, porque conhecia Rowan, tinha o visto crescer e sabia como o garoto era. Ele realmente gostava de Rowan.
— Ah, não — Jamie lamentou — Ele parecia tão bom para ela. E Ryan não parecia odiá-lo, o que é praticamente um milagre. Ele odeia todos os namorados das filhas.
— Com razão — disse Rowan — James e Inez só fizeram escolhas erradas. O cara do Maine? Aquele outro da Tisch? Quero dizer, eu fui o único que se salvou.
— Você foi o pior deles, cara — apontou Hale. Ela estava brincando, é claro.
— Ok, não fale assim com seu irmão — Jamie murmurou, sorrindo — Ele tentou.
— Mãe...
— Mãe... — Hale revirou os olhos, imitando o mais velho — Eu te odeio, Rowan. Sinceramente.
— E você continua mentindo — ele disse — Ei, cadê a mamãe?
— Ela foi buscar o Malthe. Iggy e Flossy foram com ela.
— Malthe está treinando? — Hale perguntou.
Jamie assentiu que sim. Malthe estava no time de futebol americano da City. No começo ele tinha entrado no time por causa de Taylor, mas acabou gostando muito da coisa toda. E, sem surpresa, Jamie e Taylor incentivavam os filhos a permanecerem ativos. Esporte era sempre alguma coisa. Iggy talvez fosse o único que odiava parte daquilo. Ele jogava críquete na escola, mas não gostava tanto. No resto do tempo o que tinha como um hobby honesto era o grafite. Não era incomum o ver rabiscando qualquer coisa em Stockwell, mas o garoto nunca ia desacompanhado, sempre na companhia de Malthe.
Além disso, a dinâmica de criação das crianças tinha tomado rumos diferentes anos antes. A casa da família continuava em Northamptonshire. Foi lá que a base se estabeleceu, mas quando Rowan completou dez anos e se interessou ainda mais pelo Hóquei, ele se mudou para os Estados Unidos para ter essa experiência mais ampla. Foi uma decisão difícil, principalmente porque Jamie não sabia se estava tão certa em deixar o filho envolvido nessa rotina agitada, ainda mais longe dela. Foi também nessa época que descobriram o diabetes tipo 1 do garoto, e então parecia ainda mais difícil se acostumar com a mudança. Mas, morando com a avó, Rowan sempre voltava para a Inglaterra nos finais de semana, ou a família ia vê-lo. Não a toa que, ao longo de todos esses anos, o menino tinha perdido parte do sotaque inglês. Ele falava exatamente como Taylor.
Com essa distância, Hale foi a que sentiu mais, mas a linha de contato entre ela e o irmão permaneceu. Quando ela foi para a faculdade em Paris, no primeiro dia, Rowan estava lá a apoiando. Ela revirou os olhos, porque Taylor e Jamie também tinham ido a deixar na frente da faculdade, mas no fundo sorriu agradecida porque estava mais nervosa do que tinha deixado transparecer. No primeiro jogo profissional de Rowan, pela NHL, Hale estava lá também. Na verdade, a família inteira estava na arena. Terminando a graduação, Hale seguiu para Nashville, e agora ela dividia o antigo apartamento de Taylor no centro com o irmão. Aquele mesmo apartamento, o que parecia um sonho adolescente, mas que tinha sido renovado e estava bem mais polido. As cores ainda estavam por lá. O forno ainda permanecia cheio de adesivos, ainda havia um lago com carpas, além das cadeiras com a bandeira do Reino Unido e a gaiola cheia de livros no canto da sala. Com a renovação, quando Taylor entrou no lugar, ainda era o mesmo lugar de antes, mas parecia novo. Ela quase se sentiu de volta a 2009.
— Ele já está mandando aplicações para as universidades, e acho que tem pensado sobre Ohio State — Jamie disse.
— Ohio State o que quer? — Hale perguntou, um pouco surpresa. Ela não tinha ideia de como Malthe vinha jogando, mas a faculdade de Ohio era definitivamente conhecida pelo futebol, pelo nível técnico e pelo número alto de estrelas da NFL que tinham passado por lá.
— Eles estão mandando um avaliador em três semanas — Jamie respondeu — É um jogo importante.
— Ok, isso parece muito bom — Rowan falou — Eu queria poder tentar vir, acho que vou fazer isso. Estou na pista todos os dias, treinando, alguns dias para patinar e alguns dias para me recuperar e apenas não perder o ritmo, então... Não sei.
— Hm, me diga, como anda a coisa toda do seu contrato? — Jamie perguntou.
— Eu sou agente livre restrito, e acho que vou optar por um contrato de curto prazo esse ano, mantendo a flexibilidade no futuro, para que eu possa sair se for esse o caso.
— E você está pensando em sair?
— Eu quero levantar a Stanley Cup, mãe, e quero fazer isso com os Predators, mas o GM parece completamente alheio. Ele acha que a gente pode manter o roster e tentar fazer a mesma corrida, mas eu duvido. Nós somos um time bom, não um time ótimo. E ninguém se mexeu até agora para mudar isso.
— Você deveria ir para Nova York — Hale comentou.
— Rangers? — Rowan perguntou.
— Ou Islanders — ela deu de ombros — Eles teriam um bom pacote se você pedisse troca, e eu não acho que os Predators teriam o que dizer sobre isso.
— É meio que um dos principais destinos da NHL — ele disse — Quando você olha para isso, e esta é a minha opinião, os principais destinos da liga no momento são os times de Nova York, então eu não sei como funcionaria. Um outro destino provavelmente seria Vegas. Mas sabe, quando o Predators me draftou, eu achei que teríamos um tempo competitivo, disputando campeonatos ano após ano, mas não aconteceu. Meu primeiro ano foi muito bom individualmente, mas não chegamos longe. No ano passado, quando passamos pelos playoffs, quase caímos na série contra o Avalanches, mas chegamos na final e aí fomos varridos pelos Bruins. E nada mudou de um ano para o outro. A ideia era estar lá para vencer. Não acho que eu vou vencer nada esse ano.
Rowan era bem parecido com Taylor quando o assunto era trabalho. Ele estava sempre se cobrando. Sempre esperando o melhor. E não, ele não estava contando os dias para deixar o mercado de Nashville, que ainda era pequeno, e seguir para um de maior alcance, mas também não queria continuar em um lugar, sonhando com um título sendo que o head office não parecia se importar em montar um time ao redor dele.
Ele estava se dedicando a uma equipe e uma cidade que adorava, muito porque era uma cidade muito importante para Taylor, e também porque estar perto de Andrea, para ele, era um ponto mais do que positivo. Além de que Nashville o amava de volta. Isso também contava. Mas as possibilidades eram infinitas para Rowan. Ele poderia continuar com o Predators por três anos, ou então optar pela troca. E partindo daí, parecia bem óbvio que achar uma equipe disposta a pagar por ele não seria difícil.
Eventualmente, ali naquela mesma conversa, Ayse deixou o escritório tentando não parecer estressada, mas Jamie reparou na expressão assim que viu a filha. A mais nova cruzou a cozinha e se sentou ao lado de Rowan depois de abrir a geladeira para encher um copo com leite de amêndoas. Jamie perguntou o que tinha acontecido, e Ayse apenas comentou que tinha tido um problema e não poderia usar o Electric Lady na semana seguinte, então ela ligou para Jack, para perguntar se poderia usar o estúdio dele.
— Eu ainda estou terminando de montar o meu, mas tive um problema na obra — Ayse disse — E agora estamos atrasados por dois meses.
— Isso é normal, querida — Jamie disse — Infelizmente. Me diga, é o espaço no NoHo?
— Esse — ela respondeu.
— São dois minutos andando do apartamento da tia Gigi — Rowan comentou — E a vista de lá de cima é linda.
— Ugh... — Ayse passou uma das mãos no rosto, fechando os olhos por um momento — Eu só quero me mudar logo. Mas também não quero pensar nisso, porque estou tentando não me irritar — ela disse — Hm, onde é que a mamãe está?
— Foi buscar o Malthe — Hale respondeu.
— A Flossy e o Iggy foram com ela?
— Sim — a garota mais nova acenou, antes mesmo que Jamie pudesse dizer qualquer coisa.
— E o Iggy está melhor?
— Irritado — Jamie deu de ombros — Ainda. Mas não com a gente, é só a situação.
— Claro — Rowan murmurou, se lembrando do que tinha acontecido dias atrás. Ele ficou sabendo porque Malthe correu para ligar e falar sobre. Era o início da madrugada em Nashville, já de manhã na Inglaterra, e Malthe estava sussurrando do outro lado do celular sobre como Iggy tinha feito besteira. Rowan ainda não sabia direito os detalhes.
— E, bem, é o Iggy. Ele nunca se irrita, ele é completamente na dele, e é muito sensível. As coisas apenas aconteceram, então...
— O que foi que aconteceu mesmo? — Ayse perguntou — Eu lembro de ter a mamãe ligando para falar disso, mas ela mal disse os detalhes.
— Alguns garotos na escola estavam falando sobre a gente, e ele ficou com isso na cabeça. Isso veio acontecendo por um tempo, e então ele se envolveu em uma briga justamente por essa razão. Eu só recebi a ligação para ir o buscar porque o outro garoto terminou com um olho machucado.
— Que merda falaram? — Rowan perguntou.
— o Iggy apenas não falou mais do que eu sei — Jamie disse — Ele tem conversado com uma psicóloga sobre isso, então é algo. Mas claro, veio a coisa toda dele querer saber sobre porque tem duas mães. E aí eu precisei explicar como tudo funcionou, que Joe e Paul nos ajudaram a ter vocês, mas não foi nada além disso. Eles foram os doadores, nunca quiseram ser pais, nunca passou disso. E nós somos uma família do nosso próprio jeito.
— E o que ele disse? — Hale quis saber.
— Ele comentou que o Joe era muito legal por ter nos ajudado — Jamie sorriu gentilmente — E depois pediu desculpas por brigar. E, sabe, eu e a mãe de vocês sempre mantemos o caminho livre para todas as questões. Quando vocês dois quiseram saber sobre isso, eu expliquei sem problema — ela acenou na direção do filho — Eu disse.
— Quando eu perguntei sobre os meus pais — Ayse murmurou.
— Eu respondi — ela pontuou — Eu já até perdi a conta de algumas vezes disse que quero que vocês sintam que podem, porque podem, conversar comigo.
— Mas eu entendo, o Iggy é mais quieto, ele sempre leva as coisas até o último estado antes de se abrir — Hale falou — E isso é meio que um assunto implícito, tipo, o tio Paul e o Joe estão aqui sempre, e na manhã de Natal eles sempre aparecem também. O Joe chorou me vendo na formatura da escola!
— Sobre isso também, nós meio que somos filhos ótimos, alguém tinha que se envolver em alguma briga em algum momento — Rowan brincou.
— Querido, você me deu dor de cabeça por todos os seus irmãos juntos. Eu não preciso de ninguém se envolvendo em briga alguma.
Mais tarde, quando Taylor voltou para casa, Rowan tinha acabado de descer as escadas, depois de guardar suas malas junto das de Ayse e Hale em seus quartos. A mais velha estava segurando a porta para que Félicité, Ignatius e Malthe passassem, e viu o filho caminhar pelo corredor. Quando ela fechou a porta, se inclinou para o abraçar. Rowan deixou um beijo no rosto da mãe, questionando como ela estava antes de abraçar Malthe e Iggy e então pegar a irmã mais nova no colo, por um momento, a fazendo rir de leve.
Nos dias recentes, não era sempre que a família se reunia como um todo. Rowan tinha a NHL, Hale tinha o próprio trabalho nos Estados Unidos, vivendo nessa linha entre Nashville e Nova York. Ayse tinha moradia fixa na cidade, então por grande parte do tempo eles estavam longe. Se Taylor dissesse que tinha se acostumado com isso, ela estaria mentindo. Mas eles tinham crescido, e era parte do processo deixar que seguissem o próprio caminho. Mas aqueles momentos, com os três em casa, nunca deixavam de ser incríveis. A viagem da vez foi por conta de um evento que a família foi convidada em Kensington. O Rei William e seu baile de gala anual, destinados a caridade. Um daqueles eventos que Jamie odiava ter que ir, mas estava indo porque a causa, pelo menos, era boa. Hale compartilhava a mesma opinião, mas Ayse e Rowan estavam consideravelmente animados para aquilo.
No dia seguinte, sexta-feira, a manhã da família começou bem como o esperado. Transcorrendo como sempre acontecia. O alarme de Jamie tocou às 6h45. Ela e Taylor dividiram o banho e depois foram direto para a academia no térreo de sua casa, onde treinaram na esteira por 30 minutos. Então, Jamie foi acordar as crianças. Taylor preparou o café da manhã e logo viu Félicite e Ignatius descerem as escadas para comer um pouco antes da escola. Malthe demorou um pouco mais do que o esperado, porque tinha um teste importante usando um livro como referência, mas tinha se esquecido completamente de onde tinha colocado o livro, então ele desceu as escadas bem quando eles precisavam sair, e alcançou apenas um croissant, dando um beijo no rosto de Taylor antes de acompanhar os irmãos pela porta. Normalmente, era Jamie quem os levava para a escola, naquele manhã ela fez isso como o costume.
Quando ela estava ocupada, Taylor fazia isso, e quando nenhuma das duas podia, então Rob e Max cuidavam disso. Rob era o novo segurança das crianças, e Max era agora o chefe de segurança, no lugar de Noel, que tinha se aposentado anos atrás. Em uma decisão acertada que tinha feito Hale ficar irritada por uma semana inteira - ela tinha 13 anos na época e, por todo esse tempo Noel era mais como um tio das crianças do que um funcionário de Taylor. E, de maneira honesta, ele era parte da família, mas estava com pouco mais de sessenta anos e estava com Taylor desde o início. Ele viu ela ter o coração partido mais vezes do que poderia contar nos dedos, e também a viu se apaixonar e então construir uma família que era praticamente uma família para ele também. Foram anos, mas em algum momento aquele momento chegaria. Quando chegou, Jamie e Taylor compraram essa casa no Upper West Side para Noel, para que ele pudesse ficar perto das irmãs. Hale vivia em Nashville, mas sempre que estava em Nova York ela ia visitar o mais velho. Rowan fazia o mesmo, e Ayse passava por lá praticamente todos os dias, sem contar nas vezes em que eles saíam para uma tarde mais calma ou um almoço simples.
Naquela manhã, seguinte a chegada dos mais velhos, Jamie voltou depois de deixar as crianças na escola e então ela e Taylor foram para uma sessão cansativa de musculação de uma hora com um personal trainer, e depois saíram para um almoço com Karlie e Cenric, na companhia de Ayse, Hale e Rowan. Jamie precisou perguntar sobre Elijah, e Karlie disse que ele estava em Paris, trabalhando, e ficaria por lá nas semanas seguintes. O mais novo ainda vivia com os pais, porque dizia que queria esperar o tempo certo para achar o próprio espaço e, de qualquer maneira, ele vinha passando mais tempo longe do que em casa. No ano anterior tinha se formado arquitetura, dividindo a mesma turma que Hale e agora estava trabalhando em um escritório em Paris. Ele estava, obviamente, apenas atrasando o momento de se mudar de vez para a cidade, e isso Karlie sabia.
Quanto a Levi, em abril, ele tinha se casado com a modelo Lea de Seine – filha de Irina Shayk e Bradley Cooper – em uma cerimônia na propriedade da família da garota na Itália. Aos 23 anos, ele era quatro anos mais novo que a esposa, e bem mais novo que os pais quando Cenric e Karlie finalmente se casaram, mas parecia tão certo disso que Karlie o apoiou da maneira que podia. Levi tinha crescido para se tornar um garoto incrível, então aquilo não soava como uma preocupação. Ele era fotógrafo e agora vivia em Los Angeles. E a mãe de Lea era uma das melhores amigas de Karlie, então a família era muito unida.
Parecia bem claro como o tempo tinha passado e muito tinha mudado. Para Jamie, à parte do fato de que seus filhos cresceram, ela também enfrentou momentos difíceis. O mais complicado talvez tenha sido há pouco mais de três anos, quando Deborah faleceu quatro dias após ser internada por sofrer um ataque cardíaco durante um voo que fez de Nova York para Londres. Ela estava voltando depois de passar um tempo com Kit na cidade. Ele estava gravando um filme por lá na época, e Deborah aproveitou para ver os netos também, com Ayse cursando a NYU, assim como Cate - a filha mais nova de Kit e Rose -, e Winston terminando sua graduação em Julliard. Foi brutal, e ainda era difícil para Jamie falar sobre porque na verdade tudo tinha acontecido muito de repente. Depois disso, David vendeu a casa em Northamptonshire e foi morar com John que, meses antes da morte da mãe, tinha se separado da esposa. O mais velho não tinha filhos e a companhia do pai parecia acertada. Eles ainda viviam em uma casa logo ao lado de onde Kit e Rose moravam.
Nessa mesma época, um bocado de matérias saiu dizendo que Jamie estava pensando em parar de atuar por conta da situação – de novo. "De novo", porque ela já tinha feito declarações que implicavam na mesma coisa. Com mais de 170 prêmios de atuação no currículo, incluindo duas estatuetas do Oscar por melhor atriz, coadjuvante e principal, e mais uma por Melhor Canção Original, que dividiu com Taylor, em um projeto que idealizaram juntas, ela parecia mesmo no topo do próprio jogo, então pensar em parar não parecia como uma coisa distante. E aquela vontade não era ocasional, pelo contrário, era contínua. Diariamente ou semanalmente, com certeza, ela pensava naquilo. Era como um caso de amor, então ela se apaixonava e desapaixonava por isso e precisava ser seduzida de volta a atuação. À medida que Jamie envelhecia, atuar parecia cada vez mais perturbador. Quando ela era mais jovem, se perguntava por que os atores mais velhos que admirava continuavam falando em desistir. Agora, ali, percebia que era porque eles queriam manter uma conexão com os últimos resquícios da própria sanidade.
No mesmo ano que Deborah faleceu, Jamie então fechou tudo. Ela apenas parou e respirou. Não tinha nada assinado pelos meses seguintes, então continuou assim. No ano seguinte ela até fez uma corrida junto de Paul no teatro, com Lungs, mas apenas isso. No entanto, as coisas estavam começando a caminhar. Ela produziu um thriller da Apple TV + e co-produziu e estrelou um filme britânico de nome "Grade 8". Ela apenas disse não para algumas coisas, porque achou que era hora de ficar um pouco quieta, mas em alguns meses estaria de volta à Broadway, com uma adaptação de Joe de uma das primeiras peças de Chekhov, atuando ao lado de Paul. E não, aquilo não era ela tentando capturar seu primeiro Tony, depois de duas decepções na premiação - mas talvez fosse exatamente isso.
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