the trees are filled with memories
MARCH 13, 2026 - LONDON, UK.
— Só mais um empurrão, amor — Jamie murmurou, mantendo o controle sobre Taylor. A cena era tão curiosa, mas tão familiar. Anos atrás, as coisas tinham acontecido de outra maneira, e era Jamie quem respirava pesadamente. Mas ali, estava Taylor, com tanta dor, que era quase uma surpresa que ela não estivesse levantando a voz e gritando ainda mais alto.
Os últimos dias tinham sido uma bagunça por si só. Jamie ficou na Inglaterra com Taylor, deixando de lado qualquer possível compromisso, por conta do início do último trimestre, e então o que já era muito difícil tornou-se absurdamente perturbador. Taylor estava contando os dias até poder ver seu filho, e Jamie estava contando os dias até que ela pudesse voltar à agir sem precisar sentir que tudo poderia ser visto como uma nota ruim. Taylor estava muito sensível, muito irritado, e um pouco assustada. Ela tinha consciência disso.
Quando chegou o dia, porém, ela parecia tão calma que Jamie sentiu-se um pouco mais aterrorizada do que ela. O engraçado de tudo isso foi que Malthe resolveu dar seu primeiro "oi" para as mães justamente nas primeiras horas do aniversário de Jamie. Era 13 de março e a inglesa não tinha nenhuma comemoração planejada. Na verdade, ela ficaria em casa e depois assistiria a outro episódio de Beat Bugs com os filhos, ou talvez a um filme da Barbie. Ela então planejava dividir um sorvete com eles e mergulhar alguns oreos no leite. Depois ela os colocaria na cama e se deitaria com Taylor. Parecia até que bem definido, mas é claro que Malthe decidiu surpreender todo mundo e acordou Taylor pouco depois das quatro da manhã do dia 13 e, a partir daí, Jamie só conseguia pensar em como seu filho estava nascendo. Ela esqueceu completamente que estava fazendo aniversário e, honestamente, ela não se lembraria tão cedo se não fosse pelo comentário de Taylor enquanto desejava parabéns bem quando elas estavam saindo de casa.
As duas deixaram os filhos com os pais de Jamie e seguiram para Londres. Por conta do horário, tão absurdamente cedo e, levanto em conta a diferença de seis horas comparada a Nashville, elas apenas mandaram uma mensagem para Andrea e Scott em vez de ligar, e também notificaram Austin. No geral, tudo parecia bem sob controle e as horas passaram de maneira desacelerada, mas, ao contrário de Jamie, o trabalho de parto de Taylor não durou tanto quanto poderia, ou tanto quanto era esperado que durasse.
Malthe nasceu às 9h11 daquele dia 13, pesando 2.756 gramas. O médico e as enfermeiras rapidamente o levaram para limpá-lo com cuidado antes que Taylor pudesse pegá-lo. Enquanto recuperava o fôlego, a mais velha examinou a sala, tentando encontrar alívio depois das horas de trabalho de parto e, honestamente, ela encontrou isso por um momento, mas não durou tanto tempo, pois Taylor terminou sentindo sua ansiedade aumentando. Ela não tinha escutado o choro do filho, não como se lembrava de ter ouvido Hale e Rowan em uma situação semelhante, alguns poucos anos atrás. Então seu estado foi imediatamente interrompido quando ela pontuou isso.
Jamie havia se afastado por um momento, e Taylor tentou se levantar, mas não funcionou muito bem e logo uma enfermeira veio ajudar, deixando claro que tudo parecia certo.
— Por que ele não está chorando? — Taylor perguntou, com medo de ouvir a resposta. Jamie estava no canto da sala, de olho no filho. Ela ouviu a pergunta de Taylor, mas não disse nada, um pouco absorta na situação.
— Está tudo bem — a mesma enfermeira entrou novamente na conversa — Está tudo bem. Ele não está chorando porque está muito ocupado absorvendo tudo. É sempre diferente — acrescentou ela com um sorriso tranquilizador, mas Taylor se acalmou apenas poucos minutos depois.
Jamie se virou, olhando para Taylor antes de voltar para o lado dela com o filho nos braços. Ela havia prometido a si mesma que tentaria não chorar. Conversando com Taylor, dias atrás, tinha dito que precisava ficar bem e não desabar completamente emocionada porque se ficasse assim não conseguiria fazer nada. Mas era fácil dizer, um pouco mais difícil de fazer.
— Ele é lindo — disse ela, mantendo o contato sobre o filho, aproximando-se de Taylor para que ela pudesse vê-lo — E está tudo bem, amor — Jamie acrescentou antes de colocar o filho no peito de Taylor. As lágrimas da mais velha rapidamente deixaram seus olhos e correram por seu rosto avermelhado enquanto ela segurava seu bebê perto do peito. Ela quase chorou, mas respirou com cuidado e tentou apenas aproveitar o momento, mantendo a calma.
As duas tiveram alguns momentos de silêncio com o filho. As pessoas concordaram com isso até que Jamie comentou se poderia tirar algumas fotos de Taylor e Malthe com seu celular. Era consideravelmente novo para ela estar naquela posição, e isso ela pensou. Então sim, Jamie estava fazendo algumas perguntas estúpidas. Uma das enfermeiras comentou que ela poderia fazer isso, e depois perguntou se Jamie gostaria que ela tirasse uma foto da família. A resposta acabou sendo positiva.
Outra enfermeira na sala estava terminando suas anotações em um arquivo antes de lembrar às duas que ela ainda estava lá. Ela disse que sairia por alguns minutos, mas voltaria para poder levar Malthe por um momento. Ele voltaria em breve, de qualquer maneira. Mas a mulher disse que as deixaria ali, aproveitando o tempo com o filho antes de tudo isso acontecer. Ela teve a gentileza de perguntar se as duas precisavam de alguma coisa, e Jamie apenas perguntando em uma sugestão se ela poderia avisar os pais das duas. Tinha essa linha aberta, e os contatos importantes, que tinham sido passados anteriormente, então definitivamente não seria um problema.
Jamie olhou para Taylor quando elas ficaram sozinhas por um momento. Mas o olhar de Taylor não tinha saído do filho, de maneira justificada. Ele parecia tão calmo, e Jamie riu um pouco pensando como esperava que ele continuasse assim. Eles tinham três crianças beirando o caos em casa, então um pouco de calmaria em meio a isso não seria de todo o mal.
Mais tarde, quando o dia começou a ir embora e Malthe voltou para o quarto muito bem limpo e quente em suas roupinhas, Jamie se juntou a Taylor na cama, tentando não ocupar tanto espaço, como se pudesse fazer besteira se fizesse isso. Taylor terminou comentando que ela poderia se aproximar, e respirando com cuidado ela fez isso, deixando um beijo suave no rosto da mais velha. Taylor tirou os olhos da criança em seus braços para olhar para Jamie.
— Obrigada por isso — Jamie disse, antes de se inclinar para beijar Taylor nos lábios. A mais velha retribuiu o beijo gentilmente, demorando um pouco mais no contato. Quando o beijo terminou, Jamie encostou a testa na de Taylor, e as duas sorriram uma para a outra antes que o bebê choramingasse baixinho contra o peito de Taylor. Elas olharam para baixo e sorriram suavemente antes de rir um pouco.
— Você quer o segurar? — Taylor perguntou. Jamie fez isso por um tempo pouco depois do nascimento, mas havia permanecido penas o observando desde então. Aquele contato inicial entre ele e Taylor era especial e importante. Ela sabia, e estava tentando ajudar nisso.
— Eu adoraria, mas você não quer o manter no seu colo por mais um momento?
— Eu posso fazer isso daqui a pouco, mas ele quer passar um tempo com você. Ele passou 9 meses comigo, é meio que a sua vez — Taylor brincou, e sorriu suavemente enquanto beijava a cabeça do filho antes de o passar gentilmente para Jamie.
Jamie não tinha muita ideia naquele primeiro dia, mas mais para frente, como em... talvez duas ou três semanas adiante, depois que Malthe já estava bem familiarizado em casa, depois que todos já tinham o conhecido, com os pais de Taylor viajando para Inglaterra por alguns dias e os sobrinhos das duas indo conhecer a pequena adição da família, a inglesa entrou em um espaço tão agitado que apenas ficar de pé na entrada de casa e colocar as lixeiras para fora parecia muito como um feriado de três noites - normalmente ela tomava um tempo ali, e apenas respirava fundo. Não era nenhuma brincadeira. Ela estava exausta, mas continuava fazendo o melhor que podia para que Taylor não se sentisse sobrecarregada. Em uma das noites, Jamie se sentou no sofá depois de colocar os filhos para dormir e apenas encarou o teto tentando pensar quem tinha a feito concordar em ter um quarto filho. Mas claro, aquilo sido coisa dela também.
E honestamente, Jamie estava amando aquilo. E odiando quando parecia sentir com peso o fato de que não dormia direito por tanto tempo. Mas, outra vez, ela nunca tinha tido um sono regulado. Malthe estava apenas deixando tudo ainda mais bagunçado. Rowan e Hale não facilitavam as coisas. Ayse parecia entender que deveria tentar ajudar, e ela fazia isso da maneira que poderia. Ela era comportada indo para cama no horário sem que ninguém precisasse falar mais do que uma vez, e quando Jamie ia a arrumar para a escola, também nunca tinha um problema.
Mas a relação entre maternidade e eficiência era complicada, e um pouco assustadora, porque mesmo que Jamie não tivesse ideia de um bocado de coisa - com o mesmo valendo para Taylor - ela ainda se desdobrava para que pudesse fazer as coisas da maneira certa. Como quando precisou consertar a máquina de lavar no meio da madrugada, mesmo nunca tendo tocado em uma chave inglesa antes na vida, e isso porque precisava a usar com os lençóis de Malthe e não poderia esperar até de manhã - assim como não estava nem mesmo interessada em acordar David para que ele dirigisse até a casa dela.
Ela passou a ler os roteiros que chegavam - mesmo que não tivesse pretensão de aceitar nada nos meses seguintes - enquanto empurrava um carrinho de bebê ou saía para caminhar com Ayse até o parque onde as crianças da escola sempre se encontravam pela tarde. Taylor fazia o mesmo e, isso ela conheceu, depois de criar três filhos pequenos e com um recém-nascido, ela ficou tão estimulada pela relativa passividade de Malthe que se tornou um turbilhão de produtividade a cada vez que o filho mais novo adormecia.
Claro que, devido às necessidades, desafios e distrações dos filhos, as duas ficariam longe do trabalho durante meses, resolvendo as coisas que tinham de resolver de casa. E elas agradeciam porque tinham estabilidade para isso sem se preocupar em como o dia seguinte poderia ser. Porque ter um bebê pequeno era ter toda a sua energia ocupada com a sobrevivência de outra pessoa. Uma pessoa que não entendia muito bem o que era, ou que você estava dizendo ou até mesmo como dormir. Malthe era um canal completamente em branco, aprendendo as coisas e entendendo tudo. Era por isso que, de um jeito óbvio, Taylor passava várias horas sem encontrar tempo para pensar sequer calçar um par de meias, fazer uma xícara de chá ou pegar um sanduíche para si mesma. Era um trabalho implacável e imprevisível e o turno dela era provavelmente de 24 horas por dia, sete dias por semana. Mas Taylor agradecia muito que Jamie tivesse a ajudando com isso. As coisas eram mais descomplicadas, como podiam ser, junto dela.
Em abril, justamente no dia em que Malthe completou um mês em casa, Taylor apresentou um pedido de financiamento muito bem bem sucedido para um estúdio, quanto a pré-produção de um projeto no cinema que ela tinha escrito meses atrás. Ela admitiu que não conseguia entender como. Ela não dormia há talvez 30 horas e mal conseguiu se lembrar onde colocou Malthe enquanto digitava tudo que precisava digitar - o garotinho estava dormindo com Jamie no sofá da sala enquanto Deborah cuidava dos gêmeos, os vendo brincar do lado de fora. Ayse estava assistindo desenho, ali na sala mesmo, em um volume muito baixo enquanto dividia o sofá menor com Meredith, Olivia e Benji. De qualquer maneira, Taylor fez o que ela precisava fazer, mesmo completamente cansada, porque estava se adaptando a cada mínima coisa.
Ela estava pedalando a toda velocidade.
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