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it takes fire to find the weakness

Quando Jamie tinha cerca de cinco anos, assim que saiu de Londres para Worcester, imersa em seu próprio mundo, ela escreveu um mini ensaio. Deborah o guardou desde então, o mantendo em uma caixa cheia de fotos e cartas, mas se esqueceu dele por algum tempo. Jamie nem se lembrava disso também.

Deborah e David estavam se mudando de Londres para uma casa de dois andares em Northamptonshire, a quinze minutos a pé da casa de Jamie e Taylor, e por acaso, durante essa mudança recente, o papel foi desenterrado. Imaginando um futuro como adulta, Jamie escreveu: "Quando eu crescer, gostaria de ser outra pessoa. Eu ainda amaria minha família. Mas eu poderia acender uma fogueira e ir trabalhar. E quando eu me cansar de ser outra pessoa, acho que serei apenas eu."

Jamie ouviu Deborah lendo isso do outro lado de seu telefone celular durante o café da manhã em Los Angeles e acabou se divertindo com a lógica infantil por trás disso, porque de alguma forma aqueles sonhos fantasiosos e talvez não exatamente práticos se tornaram realidade. Uma realidade - pelo menos figurativamente. Ela interpretou sua cota de figuras densas, ainda na escola de teatro, e depois no cinema, e vestiu o traje figurativo de outras em personalidades completamente peculiares. E, embora ela vivesse para assumir projetos sem muito descanso, nos anos posteriores ficou evidente que mesmo quando ela viajava por longos períodos, morando com sua família entre a Inglaterra e os Estados Unidos, os pensamentos dela estavam sempre perto de casa; três filhos pequenos, uma esposa com quem partilhou todos os momentos. A família era uma espécie de sua órbita interior, talvez a forte atração gravitacional que tornava seu trabalho uma coisa tão agradável de se fazer. E, claro, se alguém pensava que Jamie não conseguia acender uma fogueira, eles estavam completamente errados - e Taylor deixou isso claro em Call It What You Want.

Essa aura transmitida por Jamie - que foi prevista pela criança que ela era há muito tempo - foi o que chamou a atenção de Todd Field em março de 2020, logo quando o mundo fechou por conta da pandemia do COVID-19, quando Normal People tomou a tela, e a atenção, de uma quantidade absurda de gente. Scott Lambert, Peter Kujawski e Kiska Higgs perguntaram se Todd poderia estar interessado em escrever um filme para eles. Era isso. Ele poderia escrever o que quisesse. Não havia tom, nem esboço, apenas o entusiasmo deles em fazer um filme juntos. Porque ali mesmo, no papel, isso poderia até soar como uma oportunidade de ouro, mas não tinha garantia que realmente seria. E claro, e Todd admitia, ele estava um pouco desconfiado disso. Receber esse tipo de liberdade e respeito significava que você queria desesperadamente ser digno disso. Então ele se perguntou, honestamente, se era. De qualquer forma, Todd enfiou a mão em uma gaveta e tirou um caderno velho de dentro. E lá estava ela, uma personagem complexa na casa dos trinta, aparentemente esperando por seu momento de brilhar.

Por muito tempo, Todd pensou em uma personagem que fazia uma promessa de autoeducação na infância para perseguir um sonho e, assim que o realizava, o sonho se transformava em pesadelo. Alguém que já viveu uma vida dedicada à arte, mas agora se via dirigindo uma instituição que revelou suas próprias fraquezas e tendências, proselitismo de suas regras para os outros apenas para quebrá-las com uma aparente total falta de autoconsciência. Mas, como diria Janet Malcolm, 'Estar ciente de sua desonestidade não é desculpa para isso.'

Todd não sabia muito sobre música clássica. Como muitas pessoas, ele foi apresentado a ela por meio de Leonard Bernstein. Quando você olha para as palestras que ele deu em Harvard na década de 1970, ele remove todas as pretensões possíveis e as substitui por amor. Bernstein deixou claro que a música clássica era ruído: você poderia tocar essa frase e fazê-la soar como "Dragnet" ou mudar a tonalidade e atacar e fazê-la soar como Charles Ives – era tudo a mesma coisa. Se você estivesse ouvindo a trilha sonora de um filme hoje, estaria ouvindo música nascida de obras canônicas, e era basicamente isso.

Ao escrever, Todd sabia que sua história seria um filme de ensaio, um filme de processo, e ele queria tentar transmitir a mecânica de tal coisa no palco e fora do palco. Uma preocupação em colocar um personagem nesse meio era que as pessoas que realmente vivem suas vidas dentro dele pudessem dar de ombros para o filme e dizer que entenderam errado, que apresentaram uma versão da disciplina em uma cidade de brinquedo. Portanto, era essencial que o trabalho de regência tivesse um papel real na narrativa e não apenas como um pano de fundo para outra coisa. A leitura de "For the Love of Music" de John Mauceri o colocou no caminho certo. Ele ligou para John e o encheu de perguntas baseadas no livro. Foi ele quem parou Todd e disse: "Leia meus outros livros primeiro, depois vamos conversar". Todd fez isso e se viu sob o feitiço de um verdadeiro mestre.

John planejou um curso de estudo para Todd, e os dois passaram horas ao telefone juntos. John foi incrivelmente generoso com seu conhecimento e tempo. Seu entusiasmo, muito parecido com seu antigo mentor Bernstein, era absolutamente contagiante. Durante anos, John passou noites de cinema no Hollywood Bowl, atraindo visitantes em sessões lotadas e ajudando a legitimar as trilhas sonoras de filmes nas mentes do público de música clássica. John tinha uma formação incomum para um maestro, pois realmente entendia a mecânica dos filmes. Portanto, eles tinham uma taquigrafia e, por questões práticas, Todd poderia apenas apresentar as ideias do enredo a ele para testar sua plausibilidade.

A Quinta Sinfonia de Mahler era um marco, não apenas na música clássica, mas também em outras formas. Durante anos, Todd ficou obcecado com as nuances sutis de várias pessoas que tiveram a intenção na orquestra, no salão e no maestro. Então, quando John o perguntou qual era sua música clássica favorita, ele cobriu os olhos e se tornou um apologista do Adagietto. John o repreendeu sem pensar duas vezes: "Ninguém que realmente leva a sério a música clássica é cínica em relação ao Adagietto. Esqueça Visconti. Construa sua coisa em torno da quinta."

Então foi isso que Todd fez. Ele suspirou cansado, vendo que pelo menos seis meses tinham se passado desde o momento em que tinha encontrado aquela oportunidade até o momento em que realmente colocou sua caneta no papel. A história seria centrada em uma regente principal, a primeira mulher na história de qualquer grande orquestra alemã, e seria enquadrada em um período de três semanas que envolvia a preparação para o lançamento de um livro na cidade de Nova York, além de uma apresentação em Berlim para uma gravação ao vivo da Deutsche Grammophon da Quinta Sinfonia de Mahler.

Depois disso, o roteiro apenas caminhou rapidamente. Doze semanas depois, Todd entregou o roteiro ao estúdio com uma ressalva; se eles odiassem, ele escreveria outra coisa, e continuaria escrevendo até que acertasse o tom. Eles não odiaram. O roteiro voltou, e tinha apenas uma nota: "Vá fazer isso."

Todd quis fazer isso. Ele se colocou disposto a deixar sua casa no Maine e sua vida tranquila longe de Hollywood, mas com uma única condição. "Qual é o nome daquela garota que vimos em Normal People?". "Jamie Harington" alguém comentou.

E então ele disse: "Ok, é ela que queremos". Mas Jamie teve seus anos mais cheios entres 2021 e 2022, com 2023 chegando para ocupar espaço também. Gravando três filmes em 2021, a gravidez em 2022, e então o ano sendo finalizado com "A Streetcar Named Desire", a peça também voltou a rodar no fim de 2023, na Broadway, depois de alguns meses cheios em que Jamie foi de um lado a outro com três crianças enquanto seguia uma turnê bilionária.

Todd tentou contato, e a coisa apenas não chegou a Jamie. Então ele esperou e esperou, e, finalmente, o momento parecia certo.

Jamie se esqueceu completamente de retornar Charlie quando ele encaminhou sua mensagem exasperada gritando para que ela o ligasse o mais rápido que pudesse, porque tinha coisa demais acontecendo, mas, no dia seguinte a chegada de Taylor na casa em Los Angeles, bem quando Paul a deu "tchau" comentando que estava indo para casa alugada antes de ir para o set de gravação, a inglesa alcançou seu celular - aproveitando o silêncio no ambiente, com Taylor e as crianças dormindo - e ligou para Charlie. O agente atendeu um pouco alheio, resolvendo qualquer outra coisa, mas assim que escutou a voz de Jamie, a única coisa que disse foi: "Estou te mandando o link dessa reunião para você em uma hora. Por favor, dê uma chance", e então, uma hora depois, ela acabou no escritório de casa, frente a câmera do MacBook, com uma xícara de chá logo ao lado, esperando alguém se conectar. O alguém era Todd Field, e ele suspirou contente assim que viu Jamie.

— É bom te ver — Todd disse. Do outro lado da tela, ele parecia estar em seu próprio escritório, com um boné na cabeça e agasalhado por completo; um sobretudo grosso por sobre seus ombros — Eu não achei que fosse tão difícil te alcançar, mas levando em conta seus últimos anos, ok. Eu te dou isso.

— Eu não tinha ideia de que você estava tentando me alcançar por todos esses anos — Jamie sorriu suavemente — E minha experiência recente com Todd's não é muito boa, eu espero que isso me leve a algum lugar — ela brincou.

— Ah, eu ouvi. Todd Haynes te disse "não".

— Você está sendo gentil. Ele nem mesmo me disse nada — ela riu, porque pensar naquilo já não era mais tão desconfortável. Ela tinha superado o fato de ter dado de cara na parede quanto ao trabalho com Haynes alguns dias depois da notícia de que aquilo não aconteceria mesmo — Ele desmarcou meu callback, e depois eu recebi apenas um "Gostamos do seu material, mas não é o que estamos procurando" direto do agente dele. E, você sabe, fazia algum tempo que isso não acontecia, então foi bom para me situar um pouco em meio a tudo isso.

— Mantenha seu pé no chão — Todd disse, muito mais como uma ironia do que qualquer outra coisa. Ele tinha escutado muito sobre Jamie, e, no geral, ela parecia ser uma das pessoas mais "normais" dentro daquele meio, em que o ego falava sempre mais alto.

— Acho que eu estava precisando disso.

— Bem, no meu caso, eu estou aqui esperando não ouvir um "Gostei do seu material, mas não é o que eu estou procurando" — Todd falou.

— Eu acho difícil você sair daqui ouvindo isso. Eu estou em desvantagem aqui, Todd.

— Bem, vamos ver — ele deu de ombros.

— Posso fazer uma pergunta antes?

— Claro, e se eu puder responder será ótimo.

— Você não dirige um filme há 18 anos. Por que agora? O que aconteceu?

— Simplesmente não consegui encontrar uma casa certa para nenhum dos meus projetos — Todd disse — Às vezes você trabalha em algo e as pessoas que o contratam não estão mais na empresa quando você termina o roteiro. Ou você escreve algo em que acha que está tendo a mesma conversa com alguém no estúdio, mas eles têm uma ideia diferente que simplesmente não funciona em conjunto com a sua. Questões orçamentárias também ajudam a explicar a série de projetos não produzidos que sobreviveram e desapareceram da minha vida. Eu, bem, eu moro no Maine com minha família, e eu me mantive no jogo dirigindo comerciais de TV, porque precisava continuar trabalhando. Mas meus padrões cinematográficos permanecem inalterados. Eu faço um tipo particular de filme que me interessa e não pretendo esperar que esses filmes interessem a mais ninguém — ele falou calmamente — Escolhi projetos que realmente pareciam complicados em termos de quanto as pessoas querem gastar. Alguns projetos tinham apoio, mas eles queriam fazê-los a um preço insustentável se você tivesse alguma esperança de passar mais um ano de sua vida trabalhando sete dias por semana, querendo sair do outro lado com algo de que não se envergonha.

— E agora você achou isso?

— Os executivos da Focus Features me ligaram dizendo 'Escreva o que quiser e nós faremos isso.' E o que eu escrevi era sobre poder. Eu estava mais quieto do que nunca durante a pandemia, e então, para me educar, li "For the Love of Music: A Conductor's Guide to the Art of Listening", de John Mauceri, o ex-assistente de Leonard Bernstein, que dirigiu a Orquestra do Hollywood Bowl por vários anos. John tornou-se um conselheiro inestimável. Passamos muitas semanas conversando e ele basicamente me deu uma aula magistral sobre a linguagem daquele mundo, as referências, a maneira como as pessoas falam umas com as outras, as piadas internas. Quando comecei a escrever esse roteiro eu segui de uma só vez, e então vi sua delicadeza em Normal People, na mesma época, e aí pensei "Preciso trabalhar com ela nisso". Eu disse, "Não vou rodar esse projeto se não for com essa mulher no papel principal, porque sei que ela pode entregar o que eu preciso", e eu estava apenas esperando que você estivesse livre, mas isso parecia ser demais levando em conta sua demanda. Eu fico feliz que podemos pelo menos conversar agora.

— Oh... Isso é um pouco surpreendente — Jamie sorriu suavemente — Mas eu tenho um ano cheio pela frente.

— Eu ouvi sobre isso.

— Eu ainda não li seu roteiro — ela lembrou.

— Posso te enviar assim que desligarmos a chamada — Todd garantiu — Então, seria motivador se você pudesse ler e me dessa uma resposta o quanto antes. Eu quero deixar claro que, esse filme só vai existir se tivermos você, mas sem pressão alguma — ele brincou.

— Ok, eu consigo sentir o ambiente relaxado — ela riu levemente — Podemos nos falar amanhã? Acho que consigo ler o roteiro ainda hoje, e tenho certeza que vou ter algumas questões.

— Posso te enviar meu número através do seu agente, e então você me liga quando quiser — ele combinou.

Jamie concordou, e se despediu animada antes de precisar voltar as questões do dia anterior. Ela queria mesmo abrir o arquivo que tinha acabado de receber de Todd e então tirar o dia para o ler, mas as crianças acordaram e então Taylor também se levantou, e logo tudo parecia como a rotina usual, com elas tendo que lidar com o que era uma manhã comum quando se tinha três filhos.

Taylor estava cansada, mas ela não parava nunca, então o dia foi gasto com os filhos, os ocupando com o que poderia os ocupar, e Jamie aproveitou esses momentos para ler o roteiro de Todd. A ideia chamou sua atenção logo de início. Todd colocou, já na segunda página, um aviso como: "Com base na contagem de páginas deste script, seria razoável supor que o total em execução de tempo para esse filme seria bem menos do que duas horas. No entanto, este não será um filme razoável. São mudanças de andamento e paisagens sonoras que exigem mais tempo do que o representado na página e, claro, muita música realizada na tela. Tudo isso para dizer, se vocês são loucos o suficiente para dar luz verde a este filme, se preparam para um comprimento necessário que represente essas práticas."

Com 94 páginas de roteiro, lá pelo fim da noite, quando Jamie terminou de o ler , com cuidado, ela mandou uma mensagem para Charlie perguntando como a agenda dela parecia estar naquele ano seguinte. A pergunta por trás da pergunta era mais como "Ok, posso encaixar o filme de Todd na minha agenda ou vou precisar abrir a mão de alguma coisa?". Charlie já não estava mais no escritório em Londres quando a mensagem chegou, muito menos acordado e conectado ao celular, então Jamie suspirou sabendo que muito provavelmente receberia sua resposta na manhã seguinte.

Quando Jamie subiu as escadas, para encontrar Taylor terminando de colocar Ayse para dormir, ela parou na porta, observando o momento, mas saiu antes que chamasse atenção e então foi ver como Hale e Rowan pareciam estar. E eles estavam bem. Era como um ótimo plano, os manter ocupados pelo dia, com suas atividades, e então, durante à noite, o sono sempre se seguia pela madrugada inteira.

Tudo ficaria ainda mais bem acomodado no ano seguinte. Os três começariam a natação e se ocupariam com outras atividades, Ayse entraria na Pré-Escola e eles estariam de volta a Inglaterra, onde ficariam perto dos primos. Jamie estava ansiosa por isso. Claro, ela teria trabalho, e muito provavelmente teria seus meses de vida agitada em sets de gravação, mas tinha uma ideia sobre como faria aquilo funcionar.

Taylor gastou algum tempo até entrar no quarto, depois de colocar Ayse para dormir, porque ela ainda desceu as escadas e passou alguns minutos conversando com Jack - sobre trabalho, claro. No tempo que ela colocou os pés no espaço, Jamie já estava deitada de costas na cama, e não muito tempo depois, saindo do banho já em seu pijama - que não era nada mais se não uma camisa gasta do Earth, Wind & Fire e uma cueca branca da Calvin Klein - Taylor se acomodou do lado da garota.

— Ei... — Taylor levantou o braço para colocar a mão atrás da cabeça. Jamie a encarou por um momento — Quer conversar? Ficamos meio que fingindo que tudo parecia normal por hoje, mas eu consigo te sentir daqui.

— Consegue?

— Sim, eu realmente consigo — Taylor sorriu com cuidado — Você é sempre muito legal comigo, e eu tento sempre ser legal com você, mas eu dou uns tropeços de tempos em tempos.

— Você realmente faz isso.

— E eu fico feliz que você é honesta concordando — ela brincou, e esperou uma risada, qualquer coisa. Mas não veio. Pelo contrário. Pequenas lágrimas começaram a escorrer dos olhos de Jamie e então começaram a cair no travesseiro — Ei, você está bem?

Jamie não estava triste a ponto de chorar - muito porque, dificilmente ela chorava em momentos como aquele. Então parecia difícil dizer com exatidão por qual motivo ela estava chorando, ou, pelo menos, começando a chorar. Taylor tocou com a mão no corpo de Jamie, logo abaixo do seu peito. Ela sentiu, e se acalmou um pouco, até começar a sentir as mesmas lágrimas voltando.

Taylor manteve o contato, a acariciando com as pontas dos seus dedos, como a maneira mais gentil que conseguia. Jamie limpou seu rosto com calma, e então pensou em dizer qualquer coisa, mas o silêncio foi tudo que veio. Pelo menos por um tempo.

— Eu só quero conseguir me deitar bem ao seu lado — ela murmurou — Nós não temos que manter uma conversa direito por hoje, só temos que conseguir passar por essa noite. Podemos fazer isso?

— Você sabe que precisa parar e conversar em algum momento comigo, né...? — Taylor perguntou suavemente.

Jamie tocou a mão de Taylor, então suspirou um pouco cansada, antes de dizer: "Eu sei sim".

A inglesa acordou um pouco tarde na manhã seguinte. Taylor fez o café da manhã para elas e as crianças, e então, depois daquele tempo, Jamie se enfiou no escritório e foi conversar com Charlie antes de conversar com Todd.

Charlie deu para ela uma ideia muito naturalmente óbvia de que com outras duas produções no calendário, ficaria difícil encaixar o roteiro de Todd naquele ano seguinte se a ideia era começar a gravar na segunda metade do ano. Bem, pelo menos o encaixar de maneira que desse a Jamie um tempo longe das câmeras. Mas era uma oportunidade tão boa que ela quase considerou pular de um filme para o outro. Seria como gravar um filme biográfico de Carole King, começando já em janeiro, e então seguindo para "Twisters" para conseguir começar agosto do próximo ano já imersa no set de gravação com Todd. Mas a preparação do filme começaria muito tempo antes, na verdade, assim que Jamie aceitasse a produção. E então 2025 parecia como uma imagem completamente insana.

Ela considerou, suspirou um pouco e pensou consigo mesma, até ter plena consciência de que não se daria tanto trabalho a ponto de ficar indo de um canto a outro por um ano inteiro, dividindo sua atenção em projetos que, honestamente, mereciam uma atenção própria. "Twisters" terminou fora do jogo, e foi um pouco amargo deixar o projeto de lado, mas Jamie não parecia saber muito bem como tirar o roteiro de Todd da cabeça. Ela precisava o fazer.

Então seria como gravar a Biopic de Carole no início do ano, tomando seu tempo até que em agosto começasse a gravar com Todd. No cronograma de filmagens "Beautiful", o projeto do início do ano, tomaria de janeiro até abril, então Jamie teria quatro meses até começar a filmar a fotografia principal do filme de Todd. Por todo esse tempo ela provavelmente estaria tentando entender como desvendar o que o mais velho tinha escrito. O personagem parecia tão absurdamente complexo, que para Jamie a parte divertida seria essa.

Jamie ainda falou com Todd naquele dia, e ele se animou mais do que poderia colocar em palavras. O resto do dia passou muito como os dias anteriores, com a diferença de que, depois de colocar os filhos para dormir, Taylor alcançou uma garrafa de vinho branco e então perguntou se Jamie poderia acompanhá-la.

Elas terminaram na sala de casa, sentadas no chão, muito perto uma da outra, com a luz de fora sendo a única coisa iluminando o lado de dentro, conversando sobre qualquer coisa. Taylor tinha um assunto em mente, mas não queria o pontuar de imediato - Jamie sabia, ela apenas não disse nada. Enquanto as duas estavam dividindo a mesma taça, surpreendentemente Jamie acabou tomando alguns gols de vinho branco a mais do que Taylor. Então o assunto alcançou o passado, e Jamie realmente gostou de falar sobre ele. Taylor gostou de ouvir.

À parte disso, parecia difícil descobrir como Jamie estava realmente se sentindo. Ela não estava fazendo nenhuma pressão sobre Taylor, pelo contrário, ela estava ali apenas falando que na época da faculdade tinha começado a ter uma ideia de suas próprias visões e ideias e então, alguns anos à frente parecia bem confiante de que sua visão não tinha mudado, e então Taylor estava ouvindo. Ouvindo e acenando, e pensando que gostava de como ela enxergava as coisas.

Mas elas precisavam conversar, e Taylor achou uma brecha quando comentou sobre o outro dia, e então começou a tentar deixar claro que elas precisavam se acertar, porque algumas coisas pareciam ainda muito estranhas.

Jamie não olhou para ela; seus olhos se fecharam. Ela murmurou qualquer coisa e então, quando encarou Taylor estava apenas tentando não chorar. E aí quis gritar consigo mesmo, porque ela não queria chorar, mas nos últimos dias só sabia fazer isso quando precisava confrontar Taylor.

— Espera, você está bem? — ela disse — Porque você está chorando?

— Eu não estou chorando — Jamie garantiu. Taylor tocou o lado do rosto da garota, e estava molhado — Eu não estou chorando.

— Você... — Taylor suspirou com calma — Isso é por minha culpa?

— Eu não sei.

— O que você quer que eu faça para melhorar as coisas?

— Eu realmente não sei, Taylor — Jamie foi honesta. Ela secou o rosto com o dorso da mão.

— Eu não entendo.

— Eu sei que não.

Taylor desviou o olhar por um momento. Ela estava preocupada - e ficou então um pouco irritada. Ela ficou ali, apenas encarando a parede por um momento, parecendo pronta para dizer o que precisava, mas como se estivesse tentando soar o menos dura possível.

— Deveríamos conversar sobre isso — ela disse — Você não pode simplesmente fazer com que eu me sinta mal porque não quer falar dessa situação. Eu não menti sobre nada, mas não falei o que deveria ter falado, e já pedi desculpas. Eu não tenho ideia do que posso dizer além disso.

— Eu estou te fazendo se sentir mal? É sobre isso que você está pensando?

— Jamie-

— Não — ela balançou a cabeça, rindo sem humor — Eu não quero assumir nada, mas você fica tão dentro da própria cabeça que às vezes faz coisas que me machucam e não tem a mínima noção disso.

— Ok... Se é isso que você pensa de mim, por que estamos fazendo isso?

— Isso?

— Por que estamos aqui?

— Você está realmente me perguntando isso? — Jamie quis saber, um pouco incrédula, tentando entender se tinha mesmo escutado aquilo, e se Taylor tinha um pouco de consciência sobre o que estava pontuando.

— Eu não sei — Taylor murmurou, se arrependendo de imediato do que disse minutos antes. Jamie se levantou, deixando a taça que segurava de lado, na mesa de centro. Taylor parecia em uma caminhada sem fim dizendo as coisas sem pensar. Jamie não faria aquilo. Ela nem mesmo sabia porque passar por aquela situação parecia tão difícil - e elas não tinham nem mesmo pontuado a coisa toda dos últimos shows, com The 1 e aquela besteira — Onde você está indo?

— Eu estou indo me deitar, Taylor.

— Por que não podemos resolver isso agora? — ela insistiu — Se o problema é eu não ter sido honesta, eu posso passar o resto da vida me desculpando sobre isso, se-

— O problema não é nem mesmo esse — Jamie a interrompeu — O problema é que isso parece ser mais importante para mim do que para você. Se a coisa toda não tivesse saído, você continuaria imaculada sem tocar no assunto, e isso é fodido para caralho, Taylor. E o problema maior... — ela riu sem tanto humor — É que eu passo a porra do meu tempo te assegurando que estou te dando o meu melhor e você obviamente não parece se importar em fazer o mesmo quando estamos falando de certos pontos.

— Eu não faço isso? — Taylor se surpreendeu; irritada — Eu fui o melhor que pude ser para você e para as crianças nos últimos anos.

— Isso não é sobre as crianças, Taylor. Você é uma mãe incrível, e eu nem mesmo estou falando disso. Isso é sobre mim — Jamie falou.

Taylor respirou fundo, antes de dizer qualquer coisa. Mas ela deveria ter ficado quieta de qualquer maneira, só não tinha muita ideia disso.

— Você está sendo muito dramática agora — Jamie ouviu aquilo, e então revirou os olhos e apenas deu as costas para Taylor.

— Foda-se você, Taylor — ela falou, e apenas não gritou porque não pretendia acordar ninguém.

Ela também não bateu a porta do quarto quando entrou, pensando nas crianças, mas a trancou, e ouviu quando Taylor tentou a abrir. A mais velha murmurou, do outro lado da porta, algo como: "Podemos conversar?" e então se repetiu mais uma ou duas vezes, até que desistiu e então Jamie escutou o barulho dos passos dela se afastando.

A inglesa ouviu tudo, mas, de repente, ela parecia mal o bastante para não querer falar nada. E então ela sabia que ficaria terrível, como tinha ficado noites atrás. Ela tentou dormir, mas não conseguiu, e às duas da manhã ela foi ao banheiro vomitar, e, uma vez que já parecia não ter nada para sair, ela se deitou no chão, e colocou a mão na testa reparando como parecia muito mais quente do que deveria estar.

Jamie não parecia estar sentindo nada à parte aquilo, mas ela fechou os olhos e então pensou com um pouco de raiva: "Talvez eu morra aqui, quem se importa?", e aí se arrependeu logo em seguida porque tinha Ayse, Hale e Rowan e então começou a chorar.

Ela era uma pessoa paciente, mas tinha esgotado a paciência, e odiava as coisas que estava sentindo, e o que aquilo revelava sobre si. Ela estava com medo, e, honestamente, a pior coisa diante de tudo aquilo era ter reparado como ela estava sempre muito consciente, sabendo ler Taylor para conseguir agir com ela, enquanto não ganhava aquilo em troca nos momentos que achava que deveria receber. Ela queria dizer as coisas mais cruéis que podia pensar na direção de Taylor... ou então apenas gritar até que não pudesse respirar.

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