glory and gore go hand in hand
15, JANEIRO DE 2025. Essa última semana passei uma quantidade significativa de tempo me sentindo incompleta e também me perguntando a razão de me sentir assim, porque tenho a vida que sempre quis. Então me odiei por me sentir ingrata por esta vida quase perfeita. Mas essa vida perfeita pode fazer você se sentir como um tigre em um parque de vida selvagem. É lindo por dentro, mas você não pode sair. É peculiar para mim que depois de todos esses anos, ainda fico ansiosa quando vejo um grupo de pessoas se amontoando do lado de fora da minha casa, apontando câmeras e celulares. Acho que ficou ainda mais incapacitante depois que as crianças nasceram, e aí chegou Ayse. Não quero que eles cresçam com esse sentimento, sabendo como é ser caçado. E não importa quão grande seja minha casa ou quantos álbuns eu venda, ainda serei o coelho indefeso porque os caçadores sempre serão mais numerosos do que eu.
— Oh meu Deus, eu sabia que isso iria acontecer em algum momento — Taylor tomou um gole do café que Jamie havia feito alguns minutos atrás. Ela colocou a xícara no balcão da cozinha e usou a mão livre para impedir que Rowan puxasse seu brinco.
Ele estava no colo dela porque choramingou para estar ali. Ayse e Hale estavam brincando na sala de estar com Levi enquanto Karlie os observava, com um Elijah adormecido ao lado. Jamie estava de frente para sua esposa, terminando com sua pequena tigela de salada de frango com pasta de grão de bico, acompanhada por um smoothie de espinafre com banana e proteína vegana com sabor de baunilha. Aquele era seu café da manhã, e o de Taylor não tinha sido diferente, mas ela trocou o smoothie por café. As crianças já haviam comido e tomado banho, então Jamie pôde se sentar e respirar um pouco mais calma - a programação da manhã havia funcionado bem. Ela ganhou alguns minutos para tomar um café da manhã decente antes de precisar deixar Northamptonshire e ir para o set interno de "Beautiful" em um estúdio em Londres.
— Sonhos de ansiedade? — Jamie perguntou. Era disso que ela estava falando. Jamie acordou na noite anterior para encontrar Taylor sorrindo em seu sono, mas o sorriso era como o sorriso mais assustador que ela já tinha visto. Ela perguntou com o que a garota estava sonhando assim que elas acordaram, e Taylor levou um momento para se lembrar. Mas ela se lembrou. E aí revirou os olhos, porque queria ter se esquecido.
— E também a minha realidade, mesmo quando não estou sonhando... É uma vida temperada com muita ansiedade — disse Taylor — E ontem eu sonhei que tinha gente tirando fotos minhas enquanto eu dormia, e aí eu só conseguia pensar "Taylor, você precisa sorrir! Tem gente tirando fotos de você!".
— Isso é sobre o outro dia?
— Totalmente — Taylor assentiu, e afastou a mão de Rowan novamente. — Rowe, eu sei que você me ama e me odeia ao mesmo tempo, mas você vai me machucar puxando meu brinco assim, cara.
— Olha... — ele colocou suas mãozinhas no rosto de Taylor e então o virou — Olha!
— Ele quer sua atenção, amor — Jamie riu baixinho — Isso é tudo.
— E ele a tem — disse Taylor, beijando a bochecha de Rowan — Mas ele precisa a compartilhar com você. É assim que as coisas funcionam aqui.
— Ok, hm, sobre o que vocês estava falando? — Jamie pegou o assunto anterior.
— Ah, a coisa dos paparazzi — lembrou ela — Isso ficou na minha cabeça, e essas coisas refletem nos meus sonhos.
Taylor havia passado três dias em Nova York, trabalhando, e aproveitou para sair com os amigos. A noite deveria ter sido calma, mas estando nos Estados Unidos, a atmosfera tornou-se sufocante. Em Londres, de alguma forma, ela conseguia se camuflar e viver como uma pessoa (quase) normal. Se alguém a visse e tirasse uma foto, a pessoa só postaria horas depois, tomando cuidado para não deixar claro onde tinha a encontrado. Era como um acordo tácito, especialmente quando Taylor estava com as crianças. Ela era gentil, dando parte de seu tempo, e os fãs retribuíam sua gentileza apenas deixando-a viver.
Isso não acontecia nos Estados Unidos. Então, embora adorasse estar em Nova York, ela odiava pisar lá cada dia mais. No geral, ela só tinha paz quando estava na propriedade em Bedford, mas isso porque a casa estava fora do caminho comum e ninguém conseguia chegar até lá. Ela precisaria voltar para Nova York em algumas semanas, e o faria na companhia de Jamie e dos filhos, já que a inglesa tinha praticamente dois meses de gravação em Nova York, onde aconteceria a filmagem principal de "Beautiful". E, pelo menos para Taylor, parecia óbvio naquele momento que elas iriam direto para Bedford, depois para a cidade para trabalhar, mas não voltariam para seu apartamento em Tribeca. Levaria pouco mais de uma hora na estrada para dormir em Bedford, mas fariam isso. Muito porque, por enquanto, parecia como o certo.
— Você deveria apenas falar sobre isso — Jamie apontou, e Taylor deu a ela um olhar que quase gritava "sério?".
— Eu não vou ver um psicólogo para isso, se é o que você está sugerindo — ela falou — Eu entendo, você ama ter alguém para falar sobre tudo-
— Porque é bom que alguém me escute quanto a essas coisas — Jamie falou — E ver a minha psicóloga somada ao nosso aconselhamento, tem sido realmente importante.
— Bem, eu prefiro apenas conversar com a minha mãe — Taylor deu de ombros — Ela sempre ajuda, e você sabe como nossas conversas são boas.
— Eu sei — ela disse, não por dizer. Jamie realmente sabia. Andrea era quase como a confidente-conselheira de Taylor, tudo em uma só. Elas eram muito conectadas, sem surpresas, e se falavam todo dia. Era realmente pouco o que Andrea não sabia.
— E isso eventualmente passa — ela garantiu, e então tomou mais um gole do café forte — Noel comentou ontem também que a polícia na frente do apartamento em Tribeca impediu um homem de invadir o lugar. Um dos garotos da segurança ouviu o alarme, por sorte ele estava no apartamento da equipe de segurança , do outro lado do corredor.
— É, Noel disse isso para mim também.
— É muito fodido pensar que estamos acostumadas com isso, e esse tipo de coisa é o nosso "assunto da manhã". Ninguém deveria conversar tão frequentemente sobre pessoas desconhecidas invadindo sua casa.
— Sem usar essas palavras na frente das crianças — Jamie a repreendeu, mas por sorte Rowan parecia alheio demais a conversa para pescar a palavra errada - e Taylor agradeceu silenciosamente, enquanto murmurava um "desculpa" na direção da esposa.
— Mas é sério. Ninguém deveria mesmo conversar sobre esse tipo de coisa — Taylor disse — E o cara que foi preso tentando invadir o apartamento chegou ainda a comentar que estava fazendo aquilo porque sentiu que me conhecia. É só... Eu ainda fico morrendo de medo de acontecer esse tipo de coisa quando estivermos lá.
— Nós estamos bem quanto a isso. Nada vai acontecer, T — Jamie falou. E ela acreditava, honestamente. A equipe de segurança era extensa e dividida entre New York e Northamptonshire. Na verdade, elas tinham pessoas em todos os lugares, porque, obviamente, as propriedades nunca eram deixadas sem cuidados. A equipe de segurança de Los Angeles era uma à parte, ainda havia uma equipe que acompanhava Andrea em Nashville e Scott em Tampa, e os dois seguranças que mantinham a visão no apartamento no centro de Nashville. A casa de férias em Watch Hill estava sempre sendo vigiada, ainda mais porque as pessoas ainda tinham uma mania terrível de tentar invadir a extensão da praia logo a frente, que também pertencia a Taylor - de tempos em tempos os seguranças precisavam escoltar uma ou duas pessoas para longe do muro, e então deixar claro o óbvio, de que aquilo era propriedade privada.
Noel e Max eram as pessoas que as acompanhavam por todo o canto, e eles eram praticamente família. As crianças os chamavam de "tios" e elas dificilmente davam um passo fora de casa se não com eles. No geral, a vida das duas nunca era apenas elas, e, depois de tanto tempo, Jamie tinha aprendido a se adaptar a isso. Tinha Taylor, e então tudo que vinha com ela, porque, para apenas a colocar em um avião e então seguir com a americana da Inglaterra para os Estados Unidos, a logística era maior que o normal. Ela era um nível acima até para outras pessoas igualmente conhecidas.
Por isso era tão bom estar ali na Inglaterra, porque as coisas pareciam um pouco mais normais, mais controladas, menos intensas.
Ali, naquele dia, depois do café da manhã, Jamie subiu as escadas para se arrumar para o dia e então, alguns minutos depois estava se despedindo de Taylor, de Karlie e das crianças e seguindo para o set de sua diretora em "Beautiful" , Lisa Cholodenko, em Londres, junto de Max.
Karlie estava ali em Northamptonshire pelo dia porque Taylor comentou que seria bom alguma companhia, e Cenric estava longe de qualquer maneira. Ele tinha viajado naquela manhã para Itália, resolvendo coisas de trabalho, então Karlie ficaria com as amigas pelos próximos dois dias, e aí, na sexta-feira à tarde, quando ele voltasse, eles estariam seguindo para a casa em Miami, onde se encontrariam com a família de Karlie, que voaria para lá de Saint Louis.
Os planos eram esses, e terminaram sendo esses. Karlie voltou para Miami, e pouco mais de duas semanas depois, naquele fim de janeiro, Jamie, Taylor e as crianças seguiram para os Estados Unidos também. Depois de um fim de 2024 mais calmo, com o aniversário de Taylor passado em família, ali mesmo em Northamptonshire, e então o aniversário de Ayse no parque da Disney em Paris, estar de volta aos Estados Unidos era certamente uma mudança. Era agitado, mas mesmo as crianças pareciam cada dia mais acostumadas com isso.
Mas isso era por conta de "Beautiful". Com o filme de Todd, Jamie estaria de volta à Inglaterra. Assim que "Beautiful" encerrasse as filmagens, elas voltariam, então o resto do ano pareceria mais como um ambiente centrado e controlado, muito mais do que pelos últimos dois anos. E esse era um bom ponto.
Chegando em Bedford, com duas semanas cheias gravando, no segundo fim de semana ali no estado de Nova York, Jamie colocou os pés em casa apenas para se arrumar e então se preparar para sair com Taylor, enquanto indicava na direção de Austin e Sydney o que eles deveriam fazer e a que horas as crianças iriam para a cama. Taylor tinha sido convidada para uma das já costumeiras noites de jogos do QuestLove, o músico e integrante do The Roots - a banda que acompanhava o Jimmy Fallon em seu Talk Show. Aquilo não era nenhuma novidade, porque Taylor tinha estado em muitas dessas noites de jogos nos últimos anos, mas Jamie nunca a acompanhava. Naquele sábado a imagem mudou um pouco, e, deixando Austin e a namorada de babás, elas pegaram a estrada saindo de Bedford e seguiram para a cidade de Nova York, indo especificamente para o Astor Club, um "smokeasy" privado em Lower East Side.
Não havia placa na porta do Astor Club. Na verdade, não havia nada que o diferenciasse dos prédios monótonos que cercavam a rua do centro de Manhattan. Tudo parecia bem comum, e era difícil saber o que acontecia da porta para dentro.
Taylor seguiu para o Lower East Side dirigindo seu G-Wagon. Noel e Max seguiram na Escalade, logo atrás. A ideia era chegar sem chamar a atenção, mas ainda era quatro da tarde, e duas ou três pessoas filmaram Taylor e Jamie quando elas deixaram o carro e entraram no prédio do Astor Club. Alguns minutos depois as imagens estavam na internet, e então, sem tanto custo, a localização logo se tornou conhecida, enquanto as duas sumiam prédio adentro.
O toque de uma campainha as levou para um hall de entrada, à frente de um porteiro, mas mesmo assim não havia muito o que ver por ali. Apenas passando por portas suficientes, que o espaço se revelava. Um salão mal iluminado apareceu. Era íntimo, decorado com sofás, cadeiras, mesas e cortinas de veludo. Um Banksy estava muito bem acomodado na parede de tijolos expostos.
Aquele era um dos primeiros lounges de Cannabis que anos antes tinha começado a operar em Nova York, um "smokeasy", que tinha sido aberto quando a coisa toda ainda não era legal. A lista de convidados era seletiva em dias normais. Nas noites de jogos do QuestLove isso se tornava ainda mais exclusivo. Com figuras como Jason Sudeikis, Michael Che, Ebon Moss-Bachrach e Ayo Edebiri. Não era todo mundo que recebia a mensagem de Ahmir dizendo algo como "Ei, vou fazer esse encontro no Astor. Seria legal ver você por lá".
As pessoas chegavam ali por indicação. Ahmir então buscava suas informações e elas passavam por um processo de verificação apenas para garantir que tudo parecia certo e o ambiente reservado permaneceria, sem que nenhuma informação saísse à parte das fotos que Ahmir sempre publicava no Instagram, dos Photo Dump das noites de jogos.
O Astor cobrava uma taxa de adesão para entrada e havia produtos de cannabis disponíveis no local. Tinham seda de qualidade, piteiras longa de papel, murano ou vidro, e filtros biodegradáveis. Pipes e Bongs de vidro também estavam por ali, assim como vaporizadores de mesa, canetinhas ou mesmo vaporizadores portáteis. Tudo ficava espalhado pelo local. Em um dos ambientes também tinha uma área de bar com ofertas em exibição, com a melhor maconha e resina que o dinheiro poderia comprar - mas o dinheiro em si não era o que falava mais alto. Afinal, a coisa toda era tão exclusiva que havia uma lista de espera de quase 800 pessoas para os dias comuns no clube. As anuidades variavam de US$ 2.500 a $ 4.000 (mais uma taxa inicial de $ 750 a $ 5.000), mas, novamente, apenas dinheiro não garantia a entrada. A admissão era decidida pela comissão de membros, e a lista de Ahmir, ou QuestLove - como ele era chamado de qualquer maneira - era totalmente à parte. Uma pessoa comum poderia ser admitida no Astor, mas ela muito provavelmente não poderia nem mesmo colocar os pés no clube nas quintas e sábados em que as noites de jogos de Ahmir aconteciam.
A atmosfera era descontraída quando Taylor entrou no espaço de mãos dadas com Jamie. O ar estava tingido em animação, e o som de risadas e conversas preenchia o espaço por todos os cantos. As pessoas estavam espalhadas, algumas mergulhadas em intensos jogos de cartas, enquanto outras descansavam em sofás, apenas aproveitando o som baixo de Doomsday do MF DOOM soando das caixas de som.
Gigi estava por ali, ao lado de Cara. Elas dividiam uma mesa com mais algumas outras pessoas - a maioria gente que Jamie tinha visto através de telas, mas nunca tinha conhecido pessoalmente. Gigi quem acenou para as amigas, e quando elas se aproximaram, a modelo foi logo abrindo os braços para abraçar Jamie.
— Olha quem resolveu participar da nossa festa! — ela disse, brincando. Aquilo já era realmente um costume entre todos ali - mas uma primeira vez para Jamie.
— Eu preciso saber sobre o que vocês tanto falam — ela conversou, e então sorriu.
Cara cumprimentou Jamie logo em seguida, enquanto Gigi foi abraçar Taylor. Taylor também abraçou Cara, antes de se sentar ao lado da esposa ao redor da mesa onde acontecia uma partida de Cards Against Humanity.
— Estamos no meio de um jogo que é praticamente ilegal em alguns países — Cara brincou, segurando suas cartas na mão — Vamos lá, isso aqui vai ser divertido.
— Eu preciso de pelo menos três drinques antes de fazer isso — Taylor falou.
— E ainda nem começamos — Gigi riu — Vocês estão definitivamente dentro, vamos lá.
Jamie riu, inclinando-se contra a mesa. Ela parou por um momento para observar as cartas de Gigi, e então escutou uma explicação simples de Jacob - que, como uma surpresa, também foi um convidado de Ahmir. Jamie o conhecia de anos atrás, dos sets de Game Of Thrones, por causa de Kit, mas agora ele era o Louis De Pointe na série de Interview With The Vampire e passava praticamente metade do ano em Nova York.
O jogo continuou, as cartas fluíram, as risadas também. A playlist de Ahmir parecia perfeita, com um bocado de R&B dos anos 2000, e ali na mesa onde Jamie estava, enquanto uns bebiam cerveja, outros tinham se limitado ao vinho. Taylor, sem tanta surpresa, ficou com sua taça de vinho branco, mas Jamie aceitou um copo de Guinness quando viu que a cerveja irlandesa estava por ali.
As rodadas de Cards Against Humanity foram pontuadas por algumas pausas, porque parte das pessoas da mesa acabavam sempre se levantando para pegar um refil de bebida ou então para ir buscar mais aperitivos, e, no geral, tinha sempre gente rodando de rodinha em rodinha, então logo a mesa onde Jamie estava acabou se integrando com outra e o espaço cresceu.
O jogo acabou mudando também, e então eles foram de Jenga a Taboo, e terminaram na versão adulta de Uno. A sala zumbia com o som de cartas embaralhadas e a mesa estava enfeitada com taças e copos, mesclados a uma névoa de cheiro doce de morango e banana, porque algumas pessoas estavam usando vape.
Em algum momento Jamie se levantou para pegar mais cerveja para ela e então alcançar mais um drink para Gigi, e nesse meio tempo ela acabou vendo seu lugar sendo ocupado por Kyle Mooney. Ela tinha o conhecido ali, mas ele era de longe uma das pessoas mais divertidas do lugar, o que rendeu uma brincadeira quando Jamie voltou reivindicando sua cadeira. Mas ela estava brincando de verdade, e, sem espaço para puxar outra cadeira e colocar ao lado de Taylor, Jamie terminou ocupando o espaço no colo da esposa por aquela rodada.
Sem perder o ritmo, ela se sentou com cuidado no colo de Taylor, seu copo de Guinness cuidadosamente equilibrado em uma mão, enquanto observava as cartas de Taylor. O que era um jogo solo terminou se transformado em algo em dupla, quando Jamie acabou jogando com as cartas da esposa. Os braços de Taylor estavam em volta da cintura de Jamie e aquela parecia uma boa união para uma rodada em particular. Elas trabalharam bem juntas, e jogaram com um entendimento compartilhado. As reviravoltas do jogo renderam algumas risadas, e, lá pelo fim, os dedos de Taylor traçaram alguns padrões preguiçosamente nas costas de Jamie, enquanto elas caminhavam para o cenário em que ganhavam a partida.
Em determinado momento da noite, infelizmente, o encontro divertido precisou se encerrar, e a ideia de Taylor era apenas deixar o prédio, entrar no carro e seguir para casa, mas isso acabou sendo uma situação completamente diferente quando, seguindo pelo prédio e então chegando no lounge, ela se deparou com uma cena caótica na frente do lugar. Era quase meia noite, mas New York não dormia, e tinha um frenesi de flashes de câmeras ali na frente do Astor, e fãs empolgados tentando ver Taylor, ainda que, a maioria nem soubesse com certeza se ela estava ali dentro ou não.
Max e Noel precisaram da ajuda da equipe de segurança do Astor para criar um caminho seguro, e, antes de se despedir, Taylor terminou pedindo desculpas para Ahmir, porque ela não imaginava que a situação terminaria dessa maneira. Ela também se despediu de Gigi e Cara, e o restante das pessoas, e em uma mistura de vergonha e descontentamento deixou o prédio logo atrás de Noel, enquanto Jamie a seguia com Max.
Taylor era boa em disfarçar suas reações, então ela apenas sorriu e acenou, ainda que por dentro estivesse apenas gritando "Meu Deus, por que vocês estão aqui?". Jamie acabou entregando mais, e a expressão dela ganhou um "quê" de incredulidade por todo o caminho. Muito porque, a coisa toda era apenas loucura.
Eventualmente elas chegaram no carro, mas Taylor não pôde voltar dirigindo, então ela entrou no banco de trás da Escalade enquanto Max voltou no G-Wagon. E, sem tanta surpresa, ela se manteve em silêncio pelo caminho, porque tinha tido uma boa noite, até que a coisa caminhou para um espaço bagunçado. E ainda que não falasse tanto sobre, porque não queria soar ingrata quanto ao trabalho que tinha, Jamie sabia como Taylor odiava esses momentos, especialmente quando estava com os amigos, porque ela queria apenas morrer de vergonha.
Pouco mais de uma hora depois, quando elas colocaram os pés em casa e encontraram o ambiente em silêncio, a primeira coisa que Taylor fez foi ver como os filhos estavam, e então ela os encontrou dormindo. Ela os observou por alguns minutos, mas eventualmente seguiu pelo corredor em direção ao quarto, e chegou ali escutando Jamie perguntar sobre as crianças e, depois de ter sua resposta, dizer que Austin e Sydney estavam no andar de baixo, no quarto de hóspedes.
Jamie aproveitou o espaço, o horário e o momento para perguntar também o que Taylor achava de um tempo embaixo do chuveiro, e foi realmente ali onde elas terminaram naquela madrugada. Com a água quente caindo em cascata sobre as duas enquanto elas já não tinham nada as cobrindo, com a tensão da noite muito lentamente se dissipando. A expressão de Taylor ainda era uma mistura de tristeza e vergonha persistentes, mas ela estava tentando não pensar tanto, ou pelo menos tentando deixar aquilo de lado por um momento para que conseguisse dormir bem assim que se deitasse.
— Eu não posso acreditar que isso aconteceu — ela comentou — Sério... E acho que preciso me desculpar, porque as coisas pareciam bem, mas então ninguém parece saber agir de uma maneira minimamente normal quando me vê nesse por aqui.
Jamie se virou para ela, seus olhos suaves e compreensivos. Ela estendeu a mão e gentilmente segurou o queixo de Taylor, fazendo ela encontrar seu olhar.
— Você não precisa se desculpar por algo que não tem controle, amor.
— Eu sei, mas é que... — a voz de Taylor suavizou — Eu odeio sentir que não posso nos proteger desse tipo de coisa. Isso aconteceu em uma noite leve com os nossos amigos, mas, apenas imagine se fosse em um momento com as crianças — ela disse, e disse isso porque era sobre o que estava pensando.
— Você não precisa nos proteger de tudo, amor. Faz parte da vida que escolhemos e lidamos com essas coisas juntas. Acho que hoje não esperava nada disso, mas com as crianças, nós estamos sempre pensando no que fazer para que elas não passem por isso. É um trabalho conjunto, e estamos nessa, ok?!
Taylor esboçou um pequeno sorriso, e então puxou Jamie para si. A diferença de altura entre elas não era realmente algo, com apenas três centímetros as separando, então tudo parecia bem equilibrado - apesar das brincadeiras de Taylor. A mais velha escondeu o rosto na curva do pescoço de Jamie. Alguns segundos depois Jamie se afastou, apenas para voltar a se inclinar, com seus lábios se aproximando dos de Taylor
Elas ficaram paradas por um momento, o som da água e das respirações constantes criando certo conforto. Taylor então respirou fundo, reunindo seus pensamentos. Ela tocou a testa de Jamie com a sua.
— Sabe, na primeira vez que nos beijamos, senti como se estivesse bebendo do rio Lete — ela murmurou, ganhando um olhar mais curioso da mais nova.
— O rio do esquecimento de Hades?
— Sim, aquele. Dizem que você bebe dele para esquecer sua vida passada. E, bem, quando nos beijamos, é como se eu tivesse esquecido tudo que veio antes de você, como uma lousa em branco.
— Isso é... bastante poético — ela sorriu.
— Bem, eu tenho meus momentos — Taylor brincou. Jamie pressionou um beijo suave nos lábios da garota, a proximidade criando uma intimidade gentil — Eu tenho muito sorte de ter te encontrado.
— Minha sorte parece muito boa também, T — Jamie falou — Eu te amo, mas você sabe disso.
— Eu sei — Taylor acenou — Mas nunca vou cansar de te ouvir dizendo isso.
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