"Suas cores ( e tons de silêncio)"

Hyunjin permaneceu imóvel ao lado de Seungmin, observando-o dormir serenamente. Sentia-se abobado, uma mistura curiosa de rosa e verde se alastrando por si. Ele era néon, e suas cores vibravam, vividas e pigmentadas, mas, para o garoto de cabelos cor de alvorecer, suas cores se solviam em silêncios confortáveis e o cheiro doce de perfume. O Hwang, antes caos em púrpura néon, encontrava calmaria nos tons pastéis do garoto da biblioteca, com sua mania de ressonar baixinho enquanto tinha sua mente perdida em fantasia.

O moreno nunca havia se sentido dessa forma, como parte integrante de uma belíssima tela de cores antagônicas, que se abraçavam em calmaria e se tornavam sinestésicas, com cheiro de livro empoeirado e sabor de sentimentos novos que irrompiam.

Hyunjin segredara a si mesmo todas as cores contidas. Sentindo o púrpura se tornar forte. Ele não podia, e não deveria.

Ele era caos. E o caos jamais deveria esperar demasiado, ele se contorcia em si mesmo, no melhor retrato de desesperança que conseguia pintar com os dedos frágeis e trêmulos.

Ao que Seungmin resmungou durante o sono, os pensamentos do Hwang se retraíram, se dobrando em seu interior confuso. O cheirinho de shampoo que desprendia dos fios arruivados conseguia sobressair-se à toda a poeira fantástica das estantes, dando um ar muito mais acolhedor a aquele refúgio que abraçava o Hwang e todas as suas incertezas e medos.

— Está aqui há quanto tempo? — ouviu o Kim perguntar sonolento, sem abrir as pálpebras.

— Não faço ideia, mas tempo o suficiente. — ajeitou o corpo sentado no chão, com demasiado cuidado para não jogar peso demais sobre a estante que lhes servia de apoio para as costas.

— O suficiente para quê?— Seungmin se aconchegou no ombro de Hyunjin, tão sonolento que acabou não percebendo quando o mesmo prendeu a respiração.

Hyunjin se tornou expressionista. De Kandinsky a Munch, suas cores se ondulavam em tintura intensa, formando explosões de euforia impetuosas, ocasionando retesamento em seus braços e pernas e a sensação de congelamento no estômago, como se todo um inverno se formasse em seu interior.

— O suficiente para ver você. — se tornou néon novamente, mas, dessa vez, a face brilhava em vermelho vibrante, mostrando seu total constrangimento em revelar seus pensamentos sempre guardados às sete chaves.

Seungmin sorriu brevemente. E tal acontecimento, conjunto a todas as emoções daquele mesmo dia, se convertiam em verde claro, cor de grama, de infância e de primeiro amor.

Kim Seungmin se tornara a paleta de cores mais bela de todo o universo, com seu sorriso singelo e contido, com seus olhos castanhos que abrigavam estrelas e com suas delicadas cores que iam do azul ao rosa, do amarelo ao verde e mais além. O ruivo se tornou, em tão pouco tempo, um dos únicos conjuntos de pigmentos adolescentes o qual Hyunjin gostaria de descobrir todas as nuances.

— Por que a biblioteca? — Seungmin soltou, sendo rosa quartzo, doce e com a voz manhosa de sono. — Quero dizer, existem outros lugares para se matar aula.

Hyunjin levou uma das mãos até os fios cor de cereja, fazendo um leve movimento circular sobre eles, receoso. Como resposta, o Kim apenas se aproximou mais, para receber o afago. De fato, Seungmin sonolento era repleto de cores claras e repletas de aconchego.

— Acho que, talvez, porquê eu deveria matar aula na biblioteca. Não existe um motivo específico, mas, no fim eu estou aqui, não? Posso considerar obra do destino. — continuou o carinho singelo.

— Eu gosto do destino. — Seungmin soltou uma risadinha. — Obrigado por aquele dia, e por todos os outros.— a voz soou mais baixa, e o silêncio confortável se instaurou ali.

Hyunjin percebeu, então, que néon e pastel não eram tão distantes. Concluiu que a sensação de solidão era para todos, e que ninguém está isento do instinto social predatório.

— Não precisa agradecer, Seungmin. — falar em voz alta o nome do garoto tinha gosto de bala de cereja, a língua parecia brincar divertida. Era bom e, se não fosse parecer deveras estranho, ele teria repetido novamente, e mais diversas outras vezes, apenas para ter o prazer de saborear cada letra.

— Você é bom em guardar segredos, Cabulador de Aulas?— os olhos pequenos se viraram na direção do moreno.

— Não tenho para quem contar segredos, de qualquer forma. — respondeu simplista, arrancando mais um sorriso do ruivo.

— Eu não preciso frequentar a biblioteca todos os dias. — sussurrou, sorrindo zombeteiro, as cores cintilando e criando a cena mais linda já presenciada. — Estou cabulando as aulas, utilizando meus privilégios como voluntário da biblioteca.

Ele era néon. Kim Seungmin era tom pastel.

Pela primeira vez, Hyunjin quis pintar um quadro com suas próprias cores.

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quem é vivo sempre retorna, não é mesmo?

Cá estamos com mais um Capitulo de STCEA, e devo dizer que é muito gostosinho escrever o relacionamento dos seungjin evoluindo (aliás, Hyunjin volta pelo amor de deus tô com saudade).

Vou tentar ser mais breve nas atualizações, já que estou conseguindo me sentir animada novamente com a escrita, depois de longos 2 anos.

Enfim, espero que estejam gostando da fic.

Até breve, com amor
mxoonbebe.