Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 3

Eu lembro que um dos meus sonhos de infância – quando eu ainda não tinha sido adotada – era descobrir que sou filha de um Rei e única herdeira de algum Reino da Europa, como a Mia Thermopolis em O Diário da Princesa.

Mas é claro que isso ficou para trás. Hoje eu já não sonho mais em ser uma princesa. Tudo o que mais desejo é poder sair dessa casa. Não que eu esteja sendo mal agradecida, principalmente com Teodoro e Guilhermina, que sempre me trataram tão bem, eu só não queria mais ouvir os insultos de Regina. Quanto a servir ela e suas filhas, eu não me incomodava, já que, pelo menos, eu sentia que estava fazendo algo de útil, o que me incomodava mesmo eram suas palavras e seu olhar de ódio sendo direcionado a mim.

E, por falar em Teodoro, escutei dois toques na porta do meu quarto, sendo acompanhados pela sua voz me chamando para que eu descesse até a sala, pois queria falar comigo e com as gêmeas.

Temi bastante que tivesse acontecido alguma coisa. Ele sempre vem até meu quarto perguntar como passei o dia, mas nunca me pediu para comparecer à sala, como fazia neste exato momento.

Quando eu era pequena, o meu maior medo era que eles se cansassem de mim e me mandassem embora. Eu ainda temo que o Teodoro não queira mais ficar comigo, só que agora eu já tenho dezessete anos e aprendi muitas coisas, em breve serei maior de idade e, não sei se isso é bom ou ruim.

Após guardar meus livros, fiz o que ele pediu, e saí do meu quarto, tentando me preparar psicologicamente para qualquer coisa que estivesse por vir, mas tinha certeza que iria desatar a chorar, caso ele brigasse comigo, ou algo do tipo, já que todas as palavras de Teodoro direcionadas a mim eram apenas de carinho, e nem consigo imaginar se ele fizesse o contrário.

“Elena", ele sorriu para mim, após me ver descendo as escadas. “Eu só estava esperando você.”

Eu fiquei um pouco mais aliviada, ao notar sua expressão suave, não parecia bravo comigo ou com qualquer outra pessoa.

Teodoro tirou três caixas de dentro de uma sacola de alguma dessas lojas caras que eu não consegui ler o nome.

O primeiro embrulho ele entregou para Madalena, que ficou feliz da vida quando pegou uma bolsa de couro bege. Confesso que até eu fiquei um pouco hipnotizada com a beleza daquela bolsa, e, se não me engano, foi a mesma bolsa que ela afirmou querer tanto, uma vez. A segunda caixa foi para Samara. Ela ganhou um lindo vestido de festa, do jeitinho que ela tinha falado que queria. Seus olhos brilharam quando aproximou a roupa de si mesma, moldando em seu próprio corpo.

Quando eu abri a minha caixa, vi um lindo par de sapatos azuis refletindo na íris dos meus olhos castanhos. Instantaneamente eu abri um sorriso. Nunca me imaginei ganhando um presente tão lindo quanto aquele. Meu coração estava aos pulos de tanta felicidade.

“Obrigada, Teodoro", eu disse, quase com lágrimas nos olhos.

Ele sorriu para mim, mas parecia ter uma certa tristeza em seu rosto, só não entendi o motivo, já que até alguns segundos atrás ele parecia tão feliz.

“Ei, não precisa agradecer”, mesmo com apenas um olhar, eu conseguia sentir todo o carinho de Teodoro comigo. Eu nunca soube explicar, mas era como se ele realmente gostasse de mim como uma filha. Ele se envergou um pouco mais, para ficar do meu tamanho. “Quando você vai começar a me chamar de pai, hein?”, ele perguntou quase em um sussurro. Acredito que Regina e as meninas não escutaram a sua pergunta. Elas estavam mais interessadas em analisar os meus sapatos.

Aquela pergunta nem mesmo eu sabia responder. Eu gostava de Teodoro, muito mesmo. Adoraria ser filha biológica dele. Mas a verdade é que eu nunca me senti parte da família. Quando cheguei nessa casa, Regina deixou bem claro que ela era mãe apenas de Madalena e Samara, não apenas com palavras, mas com atitudes também.

Eu não sabia o que responder, baixei o olhar e fiquei apenas em silêncio. Acredito que Teodoro entendeu que eu preferia não responder a sua pergunta. Pelo menos não por enquanto.

“Tudo bem. Você não precisa fazer isso agora”, respirei aliviada por ele compreender que era embaraçoso para mim chamá-lo de pai, ainda mais sabendo que Regina e as meninas estão me encarando. “Mas eu vou torcer para que esse dia chegue, muito em breve.”

Teodoro sempre fazia questão que passássemos os fins de tarde em família, até a hora do jantar. Ele dizia que trabalhava muito e gostaria de aproveitar o tempo que tinha livre na companhia da família. Aquele era o único horário do dia em que Regina não me colocava para servir a mesa e me tratava até bem, de certa forma.

A hora do jantar era o meu horário preferido. Era como se a família que eu tanto sonhei em ter, de fato existisse na minha vida. Mas eu sabia que não era verdade, o único que realmente me aceita nessa casa é o Teodoro.

Após terminarmos a refeição, eu fiz questão de levantar para retirar a mesa. Era uma reação involuntária, já que sempre foi de costume que eu fizesse essa função na hora do café e do almoço.

“Elena, você não precisa fazer isso", Teodoro me olhava com reprovação. “Se todos nós sujamos a louça, é obrigação nossa limparmos as coisas, não apenas sua.”

“Ele tem razão, querida”, estranhei bastante o fato de Regina ter concordado com ele naquela questão e ainda ter me chamado de querida, cheguei até a me animar um pouco, imaginando que ela finalmente estava começando a me enxergar como alguém da família. Mas tive a certeza de que era apenas fingimento, após encarar seus olhos cheios de rancor voltados para minha direção.

Eu não queria dar motivos para aquela mulher me odiar ainda mais. Se ela já não gosta de mim sem eu ter feito absolutamente nada, imagina se eu desacatar uma ordem sua. Foi por isso que pus um sorriso no rosto, mesmo sem vontade.

“Não tem problema, eu gosto de ajudar nos afazeres domésticos”, disse, já retirando a mesa.

Virei as costas e saí de perto deles, antes que Teodoro insistisse que eu não deveria lavar a louça do jantar, pois caso eu não fizesse isso, tinha certeza de que Regina iria encontrar uma forma de dobrar minha punição no dia seguinte, como ela já fez outras vezes.

Tive uma grande surpresa quando Teodoro começou a me ajudar. Assim como eu estava fazendo, ele também ajudou a limpar a cozinha e até guardou a louça, enquanto eu lavava.

“Você deve estar cansado", iniciei, tentando fazê-lo deixar que eu cuidasse da bagunça. Eu já estava acostumada a fazer isso, afinal. “Pode deixar que eu termino de limpar a cozinha.”

“E perder a oportunidade de ficar mais tempo com a minha filha mais velha?”, ele sorriu para mim. Um sorriso paterno e tão cheio de sentimentos, que eu pude sentir uma pontada dentro do coração. Como eu gostaria que ele fosse realmente o meu pai biológico. Samara e Madalena tem muita sorte. “Nem pensar”, Teodoro prosseguiu, “qualquer tempo que eu passe com vocês, já me faz bem.”

Assim como prometido, ele ficou até o fim, me ajudando na arrumação da cozinha. Regina e as meninas não fizeram nada, ficaram apenas observando de longe, mas sem dizer uma palavra.

Aquele momento com Teodoro me fez tão bem. Eram momentos felizes como aquele que me faziam ter a certeza que eu tive sorte por ter sido adotada. Sei que pode parecer bobagem, afinal, estamos apenas limpando a cozinha juntos. Mas só o fato de estar fazendo algo na companhia de alguém da minha família adotiva, já me deixa em um estado de alegria fora do comum.

Observando aquele homem que havia me tirado do orfanato, eu pensava em como deveria ser meu pai biológico. Teodoro nunca abandonaria uma criança, principalmente sendo sua filha, e é por isso que eu penso que Samara e Madalena têm muita sorte por tê-lo como pai.

Quando terminamos, eu fui para o meu quarto. Eu não conseguia parar de admirar meus sapatos novos. Eu nunca tive um sapato de festa, sempre que tínhamos algum evento para ir, eu usava algum emprestado de uma das meninas, que sempre ficava folgado, já que o tamanho do meu pé é menor do que o delas.

Mas agora eu tenho um par de sapatos novos apenas para mim. Isso me deixa tão grata. Mas o que mais me alegrou foi o fato de ter sido lembrada por Teodoro.

Eu fiquei tão distraída, admirando o meu novo par de sapatos, que só me dei conta de que Regina estava dentro do meu quarto, após escutar a porta batendo com força.

Olhei assustada para ela. Regina não costuma entrar no meu quarto, a menos que seja para pedir – ou melhor, ordenar – que eu faça alguma coisa. Ela estava com as duas mãos atrás das costas, o que me deixava ainda mais desconfiada.

“O sapato", ela olhou para o meu par de sapatos novinho. “É lindo. Não é?”

Assenti. Eu não sabia exatamente o que ela queria com aquilo. Provavelmente sua intenção não era conversar como se fôssemos boas amigas, e foi exatamente isso que me deixou com medo.

“Sabe, Elena", ela falava tranquilamente, enquanto caminhava para perto de mim, com os olhos ainda vidrados no meu sapato, “eu não sei o que Teodoro viu em você. Desde que ele a encontrou naquele orfanato, parecia que estava enfeitiçado por você.” Eu continuava sem entender qual era a real intenção dela com toda aquela conversa, mas sabia que nada de bom poderia partir de Regina. “É uma pena que você nunca poderá usar estes sapatos.”

Rapidamente, ela arrancou os sapatos das minhas mãos, me deixando sem reação. O que mais aquela mulher poderia fazer para mim? Ela não teria coragem de tomar um presente que acabei de ganhar de Teodoro. Ou será que teria?

Sem pensar muito, eu ajoelhei diante dela. Sei que ficar de joelhos perante uma pessoa é uma enorme humilhação. Geralmente eu só ajoelho quando vou orar. Mas aquela foi a minha única reação, eu não podia deixá-la tomar os meus sapatos novos.

“O que você vai fazer?”, perguntei, sentindo as lágrimas se aproximarem dos meus olhos. “Por favor, é o meu presente.”

Se ela não conseguia sentir amor por mim, quem sabe pena a faria mudar de ideia de, seja lá o que ela planejava fazer. Nunca gostei que as pessoas sentissem pena de mim, mas aquela era uma medida extrema, eu precisava fazê-la parar.

“É uma pena que você calça trinta e quatro, esse sapato não vai caber nos pés da Madalena, que era quem tinha que ter ganhado esse par de sapatos.” Os olhos acinzentados dela, tomados por uma inveja fora do comum, analisavam o meu sapato.

Eu queria partir para cima dela e tomar o meu presente de suas mãos, dizer que jamais permitiria que ela levasse os meus sapatos embora consigo e que eles eram meus. Mas eu simplesmente travei, não conseguia enfrentá-la. Além de ser mais forte do que eu, apenas olhar para ela me causava pavor, principalmente com a fúria que tomava conta de toda a sua face.

“Diga adeus ao seus sapatos, Elena", ela disse, no mesmo instante em que mostrou o que segurava em suas mãos que, até pouco tempo, estavam escondidas atrás do seu corpo. Uma faca. Sim, uma faca que ela usou para arrancar os saltos dos meus sapatos.

Eu comecei a chorar. E chorar muito. Não era justo que ela fizesse aquilo comigo. Suas filhas também ganharam lindos presentes, exatamente como elas queriam.

Por que eu tinha que pagar por uma coisa que, aparentemente, não era culpa minha?

Sem dizer mais nada e com um olhar de vangloria, ela saiu do meu quarto, me olhando de cima e com um enorme desprezo.

Tomei o par de sapatos, agora já sem salto, nas minhas mãos, procurando uma forma de consertar o estrago feito por Regina. Mas eu nunca conseguiria fazê-lo ficar do mesmo jeito.

Eu não conseguia entender o motivo de tanta raiva. Regina não apenas me ignorava, ela me odiava também e estava disposta a tornar minha vida um inferno dentro daquela casa.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro