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Capítulo 14

Olhar o céu estrelado nas noites de insônia sempre me acalmava. Eu não sei explicar, mas era uma paz fora do comum.

E essa noite em especial, eu estava com muita insônia. A ansiedade me empatava de dormir. Ansiedade para que o ano termine logo e eu possa, enfim, seguir a minha vida, longe do desprezo de Regina e das meninas e não atrapalhar mais a vida de ninguém. Ansiedade por não saber o que acontecerá a partir de agora. Ansiedade, principalmente, por imaginar um futuro incerto.

Uma parte de mim sabia que, quando eu estivesse longe, eu sentiria falta de Guilhermina e de Teodoro. Eles se tornaram pessoas muito importantes na minha vida, mas eu não queria mais atrapalhar tanto a vida do meu pai adotivo, muito menos incomodar Guilhermina com minhas lamentações. Será necessário que eu saia desta casa o mais rápido que eu conseguir, por mim e por eles.

Por um instante eu senti que não estava sozinha. Quero dizer, sozinha no local em que eu me encontrava, porque dentro de mim, era exatamente sozinha que eu me sentia.

Quando olhei para o lado, notei que Teodoro se aproximava. Estranhei vê-lo acordado àquela hora. Já era bem tarde e, inclusive eu, já deveria ter ido dormir. Mas tudo o que ele fez foi se aproximar um pouco mais, até que ficasse ao meu lado.

“Acho que não sou o único que não está conseguindo dormir essa noite.” Ele sentou na cadeira vazia ao meu lado. Apesar de tentar forçar o sorriso, eu via em seus olhos que ele não parecia feliz. É claro que eu tenho uma parcela de culpa em sua infelicidade, afinal, as brigas com sua esposa ocorrem por causa da minha presença aqui, como a própria Regina deixou bem claro. Se eu não tivesse entrado naquela casa, nada daquilo estaria acontecendo. “Tudo bem com você?”, ele quis saber.

“Sim", eu respondi, mas sabia que essa não era a resposta verdadeira. Tudo me inquietava e a sensação de vazio, bem, ela só aumentava. Mas ele não precisava saber como eu me sentia. “É que eu... eu gosto de olhar as estrelas. Me acalma.” Respondi com sinceridade. A natureza em si me acalmava, não importava se já tivesse tudo escuro e a cidade dormisse no silêncio da noite.

“Então somos dois", ele respondeu e agora seu sorriso parecia um pouco mais verdadeiro. “Quando eu tinha sua idade, sempre sofria de insônia. E, acredite, o que me acalmava era exatamente isso o que estamos fazendo agora, olhar o céu, cheio de estrelas.”

“Mesmo?”, perguntei com interesse. Eu sempre quis saber um pouco mais sobre os gostos e costumes da minha família adotiva, antes de eu ser adotada, mas era bem raro termos um momento de conversa. “Eu costumava fazer isso, desde mais nova”, afirmei. “Tinha dias, lá no orfanato, que eu ficava acordada sozinha, olhando o céu e imaginando várias coisas, até o dia em que eu seria adotada.” Eu fiquei em silêncio por um instante, pensando no que acabei de falar. É verdade, eu sonhava todas as noites com o dia em que me adotariam. E ele chegou, não é mesmo?

“Então, parece que, ao menos uma das minhas filhas se assemelha a mim. As meninas nunca gostaram muito de apreciar a natureza, acho que elas herdaram os gostos da mãe.”

Eu continuei em silêncio. Era estranho e desconcertante ouvir isso, porque, eu não sou sua filha, as gêmeas são.

“Você não costuma falar muito sobre como era viver no orfanato”, ele prosseguiu, após perceber o meu silêncio duradouro. “Como te tratavam lá? Você tinha muitos amigos?”

Com certeza, eu acho que a forma como me tratavam no orfanato, era bem melhor do que o jeito que Regina me trata, desde que pus os pés nesta casa. Mas é claro que eu não diria isso a ele.

“Apesar de ter muita vontade de ser adotada, como a maioria das crianças que viviam lá comigo, não era tão ruim morar lá”, afirmei com sinceridade. “Lá, nós temos que dividir atenções com muitas crianças, mas é perceptível que alguns funcionários tem seus preferidos. Bem, a tia Érica era a que eu mais gostava. Desde que ela começou a trabalhar no orfanato, eu sentia que ela tinha um carinho muito grande por mim. Era como se ela já me conhecesse de longa data, não sei explicar.”

“É mesmo? E onde está a Érica? Eu gostaria de conhecer e agradecer a mulher que cuidou tão bem da minha filha.”

Eu me entristeci na hora. Lembrar da tia Érica era doloroso. A forma como a perdemos foi triste e eu ainda sinto muita saudade. Os bons momentos que eu vivi ao lado dela, nunca foram apagados.

“Ela foi atropelada, dois anos antes de eu ser adotada”, sequei uma lágrima solitária que rolou sobre a minha bochecha. “Quem testemunhou, disse que não foi um acidente. O motorista parecia estar esperando o instante em que iria... em que iria fazer a atrocidade que ele fez.”

Ele ficou surpreso com o que eu disse, como todo mundo ficou, quando aconteceu aquele acidente. Ela era uma pessoa tão boa, ninguém poderia imaginar que teria inimigos. Alguns até cogitaram ser um ex-namorado inconformado com o término.

Teodoro me abraçou, após perceber a minha tristeza. Por um momento, eu consegui me sentir sua filha, porque, era um abraço paterno e tão sincero, que eu não sei explicar. Como eu gostaria de ser sua filha biológica, de ter o sangue daquele homem tão bom correndo em minhas veias.

“E o que aconteceu com o motorista?”

“Foi preso", engoli seco, como se tivesse algo entalado na minha garganta. E realmente tinha. Era a raiva e a revolta por ter perdido uma pessoa tão importante para mim, e ainda de uma forma tão cruel. “Ele disse que teve um mandante, mas não confessou quem era. Isso quer dizer que a pessoa que mandou pôr um fim na vida da tia Érica, continua solta por aí, vivendo como se nada tivesse acontecido.”

Sim, isso me revoltava tanto. Saber que os verdadeiros criminosos continuam soltos por aí, fazendo o que bem entendem, fazendo, quem sabe até, novas vítimas e sendo protegidos pelos seus comparsas.

“Eu lamento sua perda e, a partir de agora, eu quero me envolver nesse caso também, descobrir quem foi o mandante desse crime. Apesar de não ser a minha área de atuação, eu tenho alguns colegas advogados que são criminalistas. Eu prometo que vou tentar trazer paz à memória dos que amavam a Érica. Por eles e, principalmente, por você, minha filha.”

Sua filha. Era assim que eu gostaria de me sentir. Filha daquele homem que parecia me amar tanto.

Não sei se vou conseguir chamá-lo de pai, algum dia, mas apenas este momento que estamos tendo e a sua preocupação para comigo e com alguém que ele nem conhecia, mas que era importante para mim, já vai ter valido a pena.

“E você?”, perguntei, criando coragem para buscar saber um pouco sobre ele, sobre sua vida. “Eu também não sei muito sobre seu passado. Só que conheceu a Regina quando ainda estavam na escola.”

Ele descansou as costas na cadeira, voltando a encarar o céu escuro sobre nossas cabeças. Uma nostalgia parecia começar tomar conta dos seus pensamentos.

“Sim, Regina e eu nos conhecemos na escola. Mas ela não foi minha primeira namorada."

Olhei para ele, questionando apenas com os olhos, meus olhos tão castanhos iguais aos seus, quem foi sua primeira namorada, já que ele parecia ter tido muitos sentimentos por ela, a julgar pela expressão triste e saudosa que pôs no rosto.

“Minha primeira namorada foi uma outra colega", explicou. “Não sei se você sabe, mas eu era péssimo aluno em inglês."

Um sorriso escapou dos meus lábios, pois era exatamente o que acontecia comigo. Eu também odiava aquela disciplina, só gostava mesmo da professora.

“Tinha uma colega que era muito boa em inglês. Os avós paternos dela eram canadenses, da parte do Canadá onde eles falam inglês, não francês, por isso ela era fluente em inglês. E então, ela começou me ajudar na disciplina, em troca, eu a ajudaria em outras que ela não era muito boa."

Inevitavelmente, eu recordei de Caio, ele também me ofereceu ajuda em matemática, após tirar uma nota alta em literatura, graças a mim. Fiquei triste por pensar no meu amigo, principalmente porque não estávamos nos falando mais. Eu sentia tanta falta dele. Nunca imaginei que seria tão difícil ficar distante assim.

“Depois de algumas semanas de estudos, começamos a namorar”, ele prosseguiu. “Ficamos juntos por alguns anos, a época em que eu fui mais feliz. Eu a amava como jamais amei nenhuma outra mulher. Mas, por alguma razão, ela se afastou de mim, depois que eu retornei de uma curta viagem que fiz, não atendia mais minhas ligações, e até quando eu fui à casa dela, ela pediu para que sua mãe me mandasse embora.”

A dor começou se fazer presente no seu tom de voz. Me arrependi por ter perguntado sobre seu passado. Estava bem claro que Teodoro ainda não havia superado o fim do namoro.

“Deve ter sido muito difícil", segurei a mão dele, em uma tentativa de passar algum tipo de conforto para Teodoro. “Se eu soubesse que ainda machucava tanto falar sobre isso, eu não teria perguntado."

Ele meneou a cabeça, em um gesto de negação.

“Eu gostei que você perguntou. Madalena e Samara não gostam muito de conversar comigo, mas você... Com você eu sinto que posso falar sobre mim, sobre tudo o que aconteceu no meu passado, antes de você chegar na minha vida."

Passei o restante da noite pensando no que ele me disse. Deve ser difícil perder alguém que ama muito, principalmente se a pessoa não quiser mais falar com você. E, pensei em mim também. Mas incrivelmente não foi Edu quem apareceu na minha cabeça, antes que eu pegasse no sono. A última pessoa que eu pensei, naquele dia, após o meu pai, foi em Caio.

♡♡♡

As marcas ao redor dos meus olhos denunciavam o meu sono escasso na noite anterior. Conversar com Teodoro foi bom, de certo modo, mas não diminuiu a insônia.

Mas sabe qual foi uma das coisas mais difíceis quando cheguei a escola? Ter que desviar de Caio e das suas tentativas frustradas de falar comigo. Ele já tinha se tornado um amigo. Meu melhor amigo. E é exatamente por isso eu fiquei tão brava. Amigos não se tratam daquela forma como ele me tratou. E o pior era saber que eu só estava tentando entender o que se passava com ele. Tá certo, eu posso ter ficado brava com ele, já que a falta cometida foi contra Edu, mas foi algo passageiro, porque eu aprendi a me colocar no lugar das outras pessoas e tentar compreender todos os lados.

Só que neste exato momento, eu não me coloquei e nem quero me colocar no lugar dele.

“A gente pode conversar?”, meu colega perguntou, após me acompanhar no caminho para a sala de aula.

“Não.” Respondi, convicta da minha resposta. Eu posso até ser muito cruel e até mesmo um pouco imatura. Mas aquele sentimento de rancor é mais forte do que eu.

“É sério, Elena”, ele parou de caminhar e eu, bem, apesar de já ter uma certa distância, parei também e me virei para ele, que continuou. “Me desculpe por ter falado com você daquele jeito. Eu estava... eu estava com raiva de tudo, raiva da minha vida, e acabei descontando em você.”

Eu quis tanto abraçá-lo, naquele momento, dizer que ele ficaria bem, mesmo que eu não tivesse certeza disso, e pedir que ele não me tratasse mais daquele jeito para que não precisássemos nos afastar mais.

“O problema não foi o jeito que você falou, mas o que você falou, Caio”, fui muito sincera com ele. Eu posso até passar a maior parte do tempo sonhando com Edu, com o meu príncipe encantado, como ele mesmo disse, mas o meu mundo está longe de ser encantado, muito pelo contrário, eu vivo no mundo real e algumas pessoas do meu convívio não costumam ser muito boas comigo.

De verdade, eu adoraria viver em um mundo encantado, onde, por mais que eu sofresse, eu saberia que no final, tudo acabaria bem. Mas eu não sou uma princesa, não é mesmo? No fim das contas, nenhum príncipe vai bater na minha porta com um sapato em suas mãos. Até porque, eu nem tenho um sapato de festa, como a Cinderela. O único que eu tinha, foi destruído pela Regina.

“Me faz um favor?”, pedi, e percebi a hora em que ele me encarou de volta. Parecia ansioso pela minha resposta, ao mesmo tempo em que parecia temê-la também. “Não fala comigo durante esse tempo. Eu estou magoada e agora, nada que você disser, vai mudar o que estou sentindo.”

Ele balançou a cabeça em afirmação, e eu senti muito, muito mesmo, não conseguir desculpá-lo. Mas eu sabia que não iria conseguir ficar tanto tempo distante de uma das poucas pessoas que se importam comigo, tanto quanto eu também me importo.

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