Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 10

Eu nunca fui o tipo de garota que fica se lamentando por algo que não deu certo, ou triste, pelos cantos, quando uma pessoa me diz algo ofensivo. Sempre busco algum jeito de espantar a tristeza. Agora não seria diferente, certo?

Eu estava disposta a não me importar mais com o desprezo de Regina por mim. Não seria tarefa fácil, mas se eu me esforçasse, iria conseguir.

Decidida a não incomodar mais Guilhermina com minhas lamúrias, eu fui passar um tempo na área externa da casa, respirar um ar que não tivesse impregnado com a presença de Regina e das gêmeas.

Olhando aquela tarde tão ensolarada, eu recordei de algumas vezes em que eu e as outras crianças do orfanato passávamos bastante tempo juntas, admirando o céu todo azul, sem nuvens ou qualquer outra coisa que anunciasse o início de chuva. Seria excelente poder sair daquela casa, só para me distrair um pouco e ter cabeça para voltar aos estudos. Se eu reprovasse em alguma disciplina, tenho certeza que as coisas se complicariam ainda mais para o meu lado.

O problema é que eu nunca consigo pegar nos livros quando Regina e as gêmeas estão em casa, eu preciso sempre ficar à disposição das três. Mas justo hoje, em especial, que Regina e Madalena resolveram sair, eu realmente não vou conseguir me concentrar em nada.

Continuei sentada ali, do lado de fora da casa, pensando em como era melhor que o tempo em que eu não tinha sido adotada. Algumas pessoas reclamam da vida que leva, mas é necessário que passem por algumas experiências desagradáveis para perceberem que, na verdade, eram felizes sem saber. Não sei se posso dizer que eu era uma destas pessoas, já que antes eu era uma criança que tinha sonhos como qualquer outra. Sonhava em ter uma família, pais que me amassem, assim como eu estaria disposta a amá-los, e, claro, irmãos. 

Eu estava me sentindo como a Rapunzel, presa na torre, à espera do seu príncipe para livrá-la do cativeiro. Mas ao contrário dela, eu não estava presa em uma torre, as vezes chego até a pensar que fui eu mesma quem se colocou naquele cativeiro imaginário. Eu também não tenho um príncipe encantado, como todas as princesas. Na verdade, eu nem chego a ser uma princesa, muito pelo contrário, estou longe disso. E, quanto ao garoto que eu sonhava ser meu príncipe, está ocupado demais tendo encontro com outra garota. Quer dizer, eu suponho que seja com ele que Madalena foi se encontrar.

Passei o resto do dia esperando e torcendo para que a noite chegasse logo, e junto com ela, meu horário preferido, aquele em que eu me deitava na minha cama, e me permitia descansar depois de todo o trabalho que tive durante o dia, e, claro, esperando que o dia amanhasse logo, pois um novo dia vem sempre cercado de novas expectativas, sem contar que é um dia a menos para eu ter a minha tão sonhada liberdade. Liberdade sim, pois em breve eu me formo no ensino médio. Sei que não vai ser tão fácil assim, conseguir um emprego, mas eu vou lutar pela minha independência financeira, principalmente, pela minha alforria, se é que posso assim dizer.

Quando eu já estava prestes a retornar para dentro de casa, notei que alguém se aproximava, de bicicleta. Estranhei ao ver Caio por lá. Não sei onde ele mora, mas acredito que não seja naquela rua, já que o ônibus que ele pega é um que vai para outro lado, um pouco distante dali, que segue uma rota completamente diferente da que eu sigo.

Ele pareceu hesitar um pouco, quando me viu, mas decidiu parar seu trajeto, descer da bicicleta e caminhar até mim. Seu olhar parecia perdido, como na última vez em que nós conversamos. Mas meu colega continuava tentando esconder que também tinha problemas, como qualquer outra pessoa.

Eu ficava me perguntando qual seria o seu problema. Ele era bem mais fechado do que os outros, assim como eu, que também preferia não dizer o que acontecia dentro da casa em que moro. Regina já me ameaçou diversas vezes, caso eu abrisse a boca e contasse para alguém sobre as coisas que ela faz comigo, e como a boa covarde que sou, obedeci mais uma ordem sua.

“Oi", falei, um pouco sem graça. Eu não sabia como agir quando estava perto de outras pessoas que não são do meu convívio, principalmente se a tal pessoa se tratar de um garoto. Um garoto que, até pouco tempo, eu sentia medo, pois achava que ele me odiasse. “Pensei que você não morasse por aqui, digo, nessa rua.”

Eu realmente não tinha nada melhor para dizer, então, aquilo foi tudo o que saiu da minha boca e de forma completamente automática. Mas ele continuava com o pensamento distante, pelo menos era o que parecia. Apesar de estudarmos na mesma turma há tanto tempo, eu nunca o observei a ponto de perceber sua forma de agir. Na verdade, ele era só mais im colega que eu acreditava que não veria nunca mais, após terminarmos o ensino médio.

Desviei o olhar para os dedos das minhas próprias mãos, que já estavam começando a ficar calejadas, devido ao serviço que faço todos os dias. Fixei os olhos naquela parte do meu corpo, como se a minha vida dependesse daquilo.

Seu silêncio não estava sendo a parte mais agradável. Apesar de não ter feito nenhuma pergunta em específico, minha frase anterior foi uma tentativa de iniciar um diálogo. 

“E realmente não moro", ele respondeu, despreocupadamente. “Eu só sai para...”, ele fez uma pausa, como se tivesse escolhendo as palavras certas para falar. “Para aproveitar o dia ensolarado.”

Sorri fracamente. Ele teve a mesma ideia que eu. A diferença é que, apesar da vontade esmagadora de fazer algo assim, eu não teria coragem de sair desse jeito, sem ter um destino certo. E se Regina me encontrasse? Tenho certeza que ela brigaria comigo e iria dobrar meu trabalho dentro daquela casa.

As vezes eu gostaria de ser menos eu, entende? Mudar um pouco essa minha personalidade retraída. Talvez isso fosse a solução para uma mudança mais brusca na minha vida pessoal. Ou talvez não. Talvez se eu fosse do tipo de garota que enfrentasse Regina, ela não iria me tratar tão mal, ou então, ela teria feito Teodoro não querer mais a minha guarda, quando eu era mais nova. Mas, naquela época, eu ainda tinha esperança de que as coisas iriam mudar, e então, acabei completamente submissa aos caprichos dela e de suas filhas.

“Você está bem?”, ele parecia ler meus pensamentos. Tive essa impressão, ao julgar sua face um pouco preocupada enquanto olhava para mim.

Eu pensei em perguntá-lo a mesma coisa, se ele estava bem, mas Caio acabou sendo mais rápido. Talvez ele não viajasse tanto em seus pensamentos, como eu costumava fazer.

Afirmei com a cabeça, enquanto relutava para conter as lágrimas que queriam voltar a aparecer em meus olhos. Eu não sei o porquê, mas parece que quando alguém pergunta se estamos bem, a vontade de desabar volta com força.

Senti seu olhar queimando meu rosto, e tive certeza que fiquei mais vermelha do que a maçã envenenada que a Rainha deu à Branca de Neve. Eu ainda não conseguia entender sua aproximação repentina, mas, por enquanto, estava tudo bem, eu realmente não me importava, pois até que estava começando a gostar um pouco de Caio. Ele é uma boa pessoa. Um bom amigo, eu diria.

“Você mente mal, sabia?”, ele deixou a bicicleta no passeio e se aproximou um pouco mais de mim. “Posso fazer alguma coisa para mudar o seu humor?”

Preciso confessar que fiquei um pouco admirada com seu desejo de me alegrar, a qualquer custo. Talvez ele fosse um bom amigo. Isso, é claro, se ele quisesse ser meu amigo e não se afastasse de mim, como meus pais biológicos fizeram. Como a minha mãe adotiva também faz diariamente, e não posso me esquecer, as minhas irmãs, também.

“Obrigada, Caio, mas... São só alguns assuntos particulares, como toda família tem.” Admiti aquilo, sentindo uma pontada no coração. Acredito que a única coisa que iria me alegrar, naquele momento, seria poder voltar ao tempo e jamais ter escutado o que Regina falou de mim, ou melhor, ter insistido para não ser adotada por aquele casal que tanto atraiu minha admiração, na época.

Ele cruzou os braços e recostou a cabeça na parede. Parecia bastante cansado, não só um cansaço físico, mas emocional também. Era como se o meu colega também estivesse esgotado de algo.

Por um instante, eu pensei em perguntar se ele estava bem, mas preferi não o fazer. Não sei, mas eu percebo o esforço que ele faz para que as pessoas não percebam a tristeza que invade o seu olhar, algumas vezes. Eu não gostaria de ser tão invasiva.

“Você tem razão." Olhei, surpresa, para ele, sem entender o que queria dizer com eu tenho razão. “Eu realmente não moro perto. Só que... Eu sabia que você morava por esse bairro, porque já te vi pegando o ônibus, e... É isso. Eu queria te ver."

“Me ver? Por que?"

Ele pareceu se arrepender do que tinha dito, principalmente após minha pergunta. Mesmo assim, não deixou de me responder, muito menos parecia disposto a inventar uma desculpa qualquer. Posso estar enganada, mas ele não parece ser mentiroso, nem nada assim.

“Você foi uma das poucas pessoas com quem consegui me sentir bem, nesses últimos dias."

“Entendi", afirmei, sorrindo para ele. Acho que meu sorriso o fez desarmar um pouco, já que ele pareceu ficar bem mais aliviado. “Eu também gosto de conversar com você, Caio. Você é um bom amigo."

Notei que o sorriso que estava prestes a aparecer em seu rosto, desapareceu como em um passe de mágica. Será que eu falei alguma coisa errada? Só pode ter sido isso, para ele ter uma reação assim.

“Eu disse alguma coisa que você não gostou?", perguntei, preocupada.

“Não. Você não disse nada demais, Elena, relaxa. Eu só lembrei que preciso ir."

Se eu, de fato, não tinha falado nada demais, então, seria bem melhor, porque, por um instante eu fiquei realmente preocupada com sua brusca mudança de humor.

Ele pegou sua bicicleta da calçada, e desapareceu das minhas vistas. Quanto a mim, fiquei ali mais um tempo, até que já estivesse perto de Regina chegar.

♡♡♡

Eu era pequena, deveria ter uns nove anos, já que havia acabado de ser adotada, estava feliz, muito feliz, olhando para todos os lugares e os móveis daquela casa tão linda, como eu jamais tinha visto, pessoalmente. Todos eles sorriam para mim, pareciam felizes em me receber. Guilhermina se abaixou para ficar da minha altura, e disse que tinha feito mousse de chocolate. Eu fiquei ainda mais contente, pois adorava chocolate, como a maioria das crianças.

Teodoro, um pouco mais novo do que hoje, me mostrava meu quarto, um lindo quarto que tinha as paredes em um lindo tom de lilás, que era a minha cor preferida, e ainda tinha uma estante cheia de livros, alguns que ele mesmo fez questão de comprar, outros que ele disse que já tinha, pois também adorava ler. Regina também sorria, tão simpática como jamais vi, e ainda dizia para as gêmeas serem boazinhas comigo.

Era o melhor dia da minha vida. Eu estava realizando o meu maior sonho. Até que, naquele mesmo dia, horas mais tarde, Regina entrou no meu quarto, segurou meu braço com tanta força que as marcas dos seus dedos fizeram uma tatuagem em minha pele, e ela disse que eu nunca seria sua filha, e que estava proibida de chamar ela de mãe e Teodoro de pai. As lágrimas queimavam meus olhos, não só pela dor que senti nos braços, devido à força que ela colocou, mas algo dentro de mim também parecia doer. O meu sonho se tornou um pesadelo, e eu só queria acordar daquilo tudo.

Até que ouvi uma voz chamando meu nome.

“Elena", era uma voz doce e gentil, que, por alguma razão, me acalmava. “Está tudo bem com você?"

Abri os olhos e vi que a professora Patrícia me observava, preocupada. Só depois de alguns segundos, eu percebi que estava na sala de aula. Pior, eu estava dormindo na sala de aula, e sonhando, ou ainda pior, tendo pesadelo com o dia em que Regina e Teodoro foram me buscar no orfanato.

Aquele dia foi tão difícil, que eu até tinha esquecido alguns detalhes que vivi naquela época. Mas no sonho, tudo retornou com bastante clareza. Era como se eu ainda pudesse sentir a dor daquele dia.

Olhei para a professora de inglês, eu estava completamente envergonhada. Dormi sua aula inteira, perdi todos os assuntos que foram passados naquele dia. Aquilo nunca tinha acontecido antes, mas como Teodoro precisou fazer uma rápida viagem à trabalho, Regina aproveitou para me dar mais trabalho do que o de costume, e graças a isso, acabei dormindo tarde, e como precisei acordar ainda mais cedo, na manhã seguinte, para servir seu café, o resultado foi o de agora: eu, dormindo com a cabeça debruçada sobre a mesa da carteira.

“Desculpa, professora", pedi, completamente envergonhada. “Eu não queria perder sua aula. Me desculpa."

“Não precisa se desculpar", disse, docemente. “Está acontecendo alguma coisa, Elena? Você parece cansada, nesses últimos tempos."

Por incrível que pareça, ela foi a primeira pessoa que percebeu meu cansaço, e, de fato, eu estava me sentindo exausta de ter que fazer as atividades de escola, estudar para o vestibular, e ainda fazer todo o trabalho pesado que Regina me obrigava. E o mais interessante, é que minha professora só dar aula na nossa turma, uma vez na semana, mesmo assim, foi o suficiente para que percebesse. Acho que eu já estava deixando isso visível demais, e Regina não iria gostar nada disso.

Menti para minha professora, e disse que sim, estava tudo bem comigo. Era só o cansaço devido aos estudos para o vestibular. Não sei se ela acreditou em mim, mas preferiu não prolongar assunto.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro