A semana foi péssima ou ótima, tudo depende do ponto de vista. Passei ela toda com Michel, a nova namorada dele, Helena, e é claro, Girassol. Depois que eu falei que queria ser só amigo dela me arrependi no mesmo instante, que coisa mais idiota a se dizer. E ela ficou lá parada, me encarando como se eu tivesse acabado de matar o peixinho dourado dela, foi horrível. 

— Tá com a cabeça onde? — a loira ao meu lado pergunta empurrando meu ombro de brincadeira 

A encaro por um instante, os olhos azuis escondidos pela lente me fazem pensar o que mais ela esconde por trás do sorriso esperto. 

— Em você — respondo abrindo um sorriso malicioso — Sempre em você, Girassol — suas bochechas coram e me sinto bem com isso 

— Acho que a proposta de amizade não inclui flerte descarado — a loira murmura tomando um gole do suco de maçã 

Encaro a ondulação da sua garganta enquanto o liquido desce e como ela lambe os lábios ao depositar o copo da mesa, meu corpo todo formiga e mais uma vez durante a semana toda fico irritado pela forma que meu corpo reage a ela. 

— Tudo comigo inclui flerte descarado — dou de ombros 

— Bem, não reclame quando eu resolver flertar de volta — ela sorri sem me encarar 

— Acho que estou ansioso por isso — respondo impulsivamente 

Ela me encara com os olhos arregalados e antes que diga alguma coisa um furacão ruivo interrompe nosso almoço. 

— Bom dia, Loirinha! — Thomas sorri e beija a bochecha de Kendra 

Franzo o cenho com a cena, até onde eu sei eles mal se conhecem. 

— Trouxe o que eu te pedi? — a loira pergunta com um sorriso contido 

— Você pede eu faço, majestade — ele sorri estendendo a ela um embrulho rosa 

— Eu agradeço, meu honrado servo. — ele pega o embrulho rapidamente 

— Que casal mais bonitinho — Kat sorri se sentando ao meu lado 

O sorriso de Kendra se vai imediatamente, como todas as vezes que ela e minha prima se encontram. 

— Olá KitKat, faz tempo que não vejo essa carinha linda. — Thomas pisca para minha prima 

É claro que as bochechas dela coram, ela sempre teve uma queda pelo meu amigo. E mesmo com os flertes eles nunca tiveram nada. 

— Olá, Pica-pau — ela devolve a piscadela 

— Que nojo — Helena comenta 

Kendra prossegue em silencio, agora ela encara o embrulho como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Ela esta com ciúmes, mas por quê? 

— Por que não cuida do seu relacionamentozinho precário, Helena? —  Kat sibila para a morena 

— Por que você não toma cuidado da forma que fala da minha namorada? — Michel rebate 

— Não é como se eu estivesse mentindo. — ela zomba — Não é, Jake? — pergunta me encarando 

Helena e Michel me encaram também e fico irritado com a incrível habilidade da minha prima em causar discórdia. 

— Me deixa fora das piadinhas, Kat — respondo me concentrando no meu lanche 

— Por que esta tão irritado, Jake? — minha prima arqueia as sobrancelhas 

— Por que não descobre como desaparecer e sai logo daqui? — Kendra dispara para minha prima 

Toda a mesa fica em silencio por um instante ate que uma risada ecoa pelo lugar e encaro completamente chocado enquanto a gêmea de Kendra se senta na mesa. 

— Ual, irmãzinha. Essa foi muito boa! — Nina aprova encarando minha prima — Você não é a mulher que jogou suco na minha irmã? — a morena encara minha prima com os olhos estreitos 

— Você diz depois de ela sujar todo meu vestido com a comida barata deste refeitório? — Kat devolve a hostilidade 

— Nina, fica fora disso. — Kendra interrompe a irmã 

Mais a morena não desvia o olhar da minha prima e muito menos fica de fora. 

— Você anda por essa faculdade como se fosse a melhor de todos, mais você não é. — ela estala a língua — Cuidado com essa mascara, Katrina. Talvez se tira-la pode descobrir que é bem melhor sem ela. 

Kendra resmunga alguma coisa, mas Nina se levanta e leva a irmã para longe enquanto a mesa volta a ficar em silencio. 

— Essa dai tem presença — Michel assovia 

— Kat... 

Minha prima se levanta e vai embora antes que eu possa dizer alguma coisa. 

— Ajudou bastante, Michel — Thomas o repreende 

— Eu não fiz nada, ué — o moreno se defende 

— Você foi um babaca — retruco me levantando 

— Eu sempre sou um babaca, ela sabe disso — ele retruca com uma careta 

— Sabe, amor. Isso não é algo para se vangloriar — Helena murmura apertando a mão do namorado 

Vejo as gêmeas conversando no canto do refeitório e vejo minha prima sair, não sem antes lançar um olhar raivoso para as duas. Isso não vai acabar bem. 

— Thomas, podemos conversar? — chamo meu amigo 

— Sobre o que? — pergunta se levantando 

— Preciso ter um assunto especifico para falar com meu amigo? — franzo o cenho 

— Precisa se quer falar agora mesmo. — responde olhando para as irmãs 

Aquilo me deixa estranhamente incomodado, qual a relação entre ele e Kendra e porque eu pareço um idiota ciumento ao pensar sobre isso? 

— Pode ser outra hora então — forço um sorriso e volto a me sentar 

Observo Thomas ir ate as garotas e colocar o braço ao redor da cintura de Kendra, meu sangue ferve e tenho vontade de levantar e arrancar aquele braço enxerido dali, mas não posso, porque disse que queria ser amigo dela e porque seria algo muito idiota. 

— Por acaso eles estão juntos? — pergunto para Helena 

— Supergirl e o Ruivo gostoso? — a morena franze o cenho 

— Ruivo gostoso? Sério? — Michel a encara incrédulo 

— Sou comprometida não cega — ela da de ombros 

— Então posso chamar Kendra de Loira gostosa? — ele arqueia as sobrancelhas 

— Não. — eu e a morena respondemos ao mesmo tempo 

Meu rosto esquenta e Michel abre um sorriso malicioso. 

— Não esta apaixonado né? — zomba 

— Cala a boca — retruco 

— Espera! — Helena me encara com o cenho franzido — Esta apaixonado pela Supergirl? 

— Hã... apaixonado é algo muito forte para se dizer — pigarreio sem conseguir encara-la — E é estranho que a chame assim — critico 

— Mas você disse que queria ser apenas amigo dela. — rebate com a expressão confusa — E sim,  Girassol é muito melhor — ela bufa 

— É mais... — balanço a cabeça desviando do assunto dos apelidos — Eu estava com medo de dizer pra ela — murmuro sentindo a garganta secar 

— Nossa! Como você é idiota! — ela nega com a cabeça como se não pudesse acreditar no que eu acabei de dizer 

— Ei! — reclamo ofendido 

Não é porque ela é namorada do meu melhor amigo que precisa me insultar desta forma, que folgada. 

— A Kendra estava caidinha por você! — ela passa as mãos pelos cabelos frustrada 

Aquilo é um tapa na cara. 

— Ela gostava? — pergunto com a voz rouca 

— Que bonitinho — Michel ri e sinto vontade de soca-lo 

— É claro que sim seu idiota. — ele me encara com raiva — Ela até terminou com o Henry por você. — murmura 

— Ela fez o quê? — arregalo o s olhos 

Acho que fui muito exagerado no choque já que metade do refeitório me encara, inclusive Girassol. Quando nossos olhares se encontram eu não consigo ver nada ali, nenhum sentimento, nada que indique que ela esta apaixonada por mim. Talvez todas as vezes que ela me disse ser uma boa mentirosa sejam verdade, ou talvez ela não sinta nada tão forte,  ninguém consegue esconder algo assim dos olhos. 

— Jake, meu amigo, você deu uma puta de uma mancada. — o moreno prossegue debochando 

— Eu nem sabia disso! — me defendo 

— Porque você é um mulherengo cego e sem vergonha — Helena suspira 

— Você não acha que é muito intrometida não? — a encaro irritado 

— Levando em consideração que eu  acabei de te contar um segredo da minha melhor amiga? Eu acho que não — ela da de ombros 

— E de que me adianta que eu saiba disso? — sibilo 

— Isso é com você — ela da de ombros —  Beije ela, jure amor eterno ou se afaste. 

— E porque esta me contando isso? — estreito os olhos 

— Gosto de vocês juntos, acho que combinam e Kendra jamais tomaria a iniciativa, não depois do banho de agua fria que você jogou nela.  — ela ri com a ultima parte    

Me sinto um idiota, ela terminou com o loiro perfeito por mim e eu propus amizade, agora posso perde-la para um dos meus amigos mais antigos.  Só que em minha defesa eu não sabia de nada daquilo, é claro que eu sinto a tensão entre nós. Mais eu sou homem, posso sentir tensão sexual com qualquer uma, não tinha como saber que ela sentia o mesmo.

— E o que eu faço pra conquista-la? — pergunto decidido

Helena abre um sorriso brilhante e Michel um malicioso. 

— Bom dia, Raio de Sol. — sorrio passando o braço pelos ombros de Kendra

— O que você quer?— Pergunta lutando para manter os livros nos braços

— Soube que seu aniversário é no domingo que vem, é verdade? — pergunto tirando os livros dela e carregando junto com os meus

— E porque isso seria da sua conta? — estreita os olhos ao me encarar

— Achei que fôssemos amigos! — retruco ofendido

— E somos. — ela concorda rapidamente

Aquilo me incomoda bastante, mas não me deixo abalar.

— Amigos sabem as datas de aniversário um do outro — prossigo abrindo um pequeno sorriso travesso

— E qual é a sua data de aniversário? — arqueia uma sobrancelha

Daria de tudo para ver o azul brilhante dos seus olhos, embora esse preto profundo me deixe ainda mais excitado. Prendo a respiração ordenando que meu corpo pare de reagir a ela, pareço a droga de um adolescente no cio.

— Isso não é importante — dispenso a pergunta com um gesto de mão

Ela me encara confusa e acabo rindo da expressão, isso foi totalmente contraditório.

— Sabe, você é bem estranho e...

— Jake! Que bom que te achei! — Kat sorri radiante ao parar bem na minha frente

Faço uma careta para minha prima e ela franze o cenho ao perceber quem está do meu lado, essas duas ainda vão arrumar muita confusão.

— O que você quer, Katrina? — pergunto emburrado

— Não fique bravo comigo mais eu não vou poder ir no feriado de ação de graças — ela  dispara rapidamente

Levo um segundo para compreender a traição e sinto vontade de soca-la.

— Você o quê? —pergunto com os dentes cerrados

— Surgiu um compromisso inadiável e eu não vou poder ir — diz com as bochechas coradas

— Não me importa o que seja, quero que desmarque. — rosno

Kendra continua quieta e parada ao meu lado, o que é bem estranho para seu temperamento hostil com minha prima.

— Desculpe J, não posso adiar isso. — murmura com os olhos culpados

— Você não pode me abandonar lá! Temos um acordo! — insisto — E é Ação de graças, quem tem compromisso nesse dia?— franzo o cenho confuso 

— Eu tenho, e sei que temos o acordo,  eu prometo que vou recompensar, mais não vai dar mesmo. Por favor, por favor me desculpe! — pede agarrando a gola da minha camisa

A loira ao meu lado parece ficar tensa e mesmo com toda raiva e frustração meu corpo reage a isso, ela tem ciúmes de mim.

— Quero algo em troca. — suspiro cedendo

— Qualquer coisa!—responde imediatamente — Qualquer coisa mesmo — reforça com um sorriso radiante

— Quero uma nova caixa de pincéis e uma palheta completa de tintas — digo me desvencilhando de seu toque

— Como é? — ela me encara horrorizada

— Não me encare assim, queridinha. — ronrono abrindo um sorriso preguiçoso — Ate parece que pedi para se prostituir. — faço minha melhor cara de inocente

— Seria menos pior — retruca cruzando os braços — Você sabe que isso é muito caro, eu teria que pedir dinheiro para minha mãe.

— Se eu serei obrigado a passar um dia inteiro na toca do leão você pode pedir o cartão da mamãe — dou de ombros alegremente

— Você é um porco desgraçado! — ela rosna e sai pisando duro

— É sempre bom fazer negócios com você, Katsinha — grito para ela que me responde com um gesto vulgar.

Sorrio satisfeito, eu precisava mesmo de outro kit de pintura, gastei o último com retrados da Kendra. Mesmo que me custe um dia inteiro com meus tios e primos. Pelo menos vou ver meus pais e minha irmã, tudo tem um lado bom.

— Isso foi interessante — Kendra murmura

Quase me esqueci que ela estava ali, o plano de Helena e Michel estava em ação. Já se passaram uma semana desde que descobri que Kendra também gosta de mim, e o plano Conquistar a Girassol estava em ação, por sorte Thomas e Henry não tem dados as caras, isso significa mesmo competição e mais chance de  sucesso.

— Vamos voltar para nossa conversa, o dia do seu aniversário. — voltamos a caminhar

— Porque é tão importante pra você saber disso? — franze o cenho

— Quero te fazer uma surpresa e por isso preciso saber o dia exato — minto

Eu já sei o dia, já tenho a surpresa, mais quero que ela dia e ansiosa.

— Não é uma surpresa se você me contar — ela retruca

— Isso é comigo, só preciso que me diga a data — rebato impaciente

Ela é muito teimosa.

— Porque parecia tão chateado com sua namorada? — desvia o assunto

— Namorada? Que namorada? — estreito os olhos

— A Katrina e você não estão juntos? — pergunta entrando na sala

Só a menção daquilo me deixa enjoado, Kat é linda e tal, mas é minha prima! Praticamente minha irmã, tomamos banho juntos. Pensar nela assim é terrível.

— Não, credo! Você é doida? — arregalo os olhos — Ela é minha prima, praticamente irmã. — explico tentando tirar a ideia nojenta da cabeça

Kendra arregala os olhos e suas bochechas coram ao perceber o engano, se eu não tivesse tão enojado zombaria dela.

— Me desculpe eu achei que... Bem eu achei... — ela engole a seco e deixo que ela se embole um pouco mais

Suas bochechas ficam ainda mais vermelhas e esqueço o nojo ou a incredulidade, acabo gargalhando sem me importar com a sala cheia, essa mulher é doida.

— O importante é que sabe a verdade agora, então, por favor, não diga Kat e namorada na mesma frase de novo. — peço como uma careta

— Tudo bem, desculpe. — ela pede erguendo as mãos em sinal de rendição

— Vai me falar a data ou não? — volto ao assunto principal 

— Vai me contar porque obrigou sua prima a te dar suborno — arqueia as sobrancelhas 

— E porque quer saber disso? — pergunto intrigado 

Não gosto de falar sobre meus problemas familiares. É infantil e irritante.

 — Somos amigos — ela da de ombros 

Garota ardilosa. 

— Certo — murmuro arrumando meus livros na mesa — Tem esse almoço de família que eu sou obrigado a ir todo ano e...

—  Normalmente é o que as famílias fazem em um dos feriados mais importantes do ano — ela  zomba 

— ... Kat tem um jantar com a mãe, o aniversário para ser mais exato,  minha tia não gosta de se juntar com a família por isso Kat não é obrigada ir nos feriados. — prossigo ignorando sua piadinha — Mas ela detesta os jantares tanto quanto eu detesto os almoços... 

— Você almoçam na Ação de Graças — franze o cenho 

— Sim — reviro os olhos pela segunda interrupção — Minha mão disse que era ridículo passar o dia com  vontade de comer tudo pela frente e decidiu fazer assim — explico 

— Sua mãe parece ser incrível — ela sorri impressionada 

Incrivelmente maluca, zombo mentalmente. 

— Ela é sim — assinto rapidamente — Sobre Kat e eu, detestamos as formalidades e...

— E vocês  fizeram um trato de estar sempre juntos para que não passem pela tortura sozinhos. — ela completa 

A encaro boquiaberto e percebo outra coisa que amo nela, a facilidade de entender as pessoas e nunca julgar o que sentem. 

— Exatamente isso, também prometemos nunca furar isso, por nada no mundo. E se fizéssemos teríamos o direito de  pedir qualquer coisa para o outro — explico 

— A família de vocês parece encantadora — ela torce o nariz com ironia 

— Não são tão ruins, só um pouco diferentes de nós — dou de ombros 

— E o que vai fazer agora que sua prima te deixou na mão? — me encara curiosa 

— Eu tenho que ir, então eu vou — solto um suspiro derrotado 

— E porque não falta? 

— Prometi para minha mãe e para minha irmã, não posso voltar com minha palavra. — respondo com sinceridade — Sem contar que amo o peru que minha mãe faz — dou de ombros 

Fora que minha mãe arrancaria minhas bolas se eu faltar, ela já ameaçou fazer isso. 

— Posso ir com você, se quiser — ela sugere 

 — Como? — a encaro espantado 

— Não me olhe com essa cara de panaca, sou sua amiga e se a coisa é tão ruim eu posso ajudar. — estala a língua como se aquilo não fosse nada 

Eu poderia beija-la agora, eu quero, só que ganharia um soco na cara. 

— Não vai passar com sua irmã? — franzo o cenho 

— Ela vai pra casa do namorado, eu também fui convidada mais acho estranho ele levar a namorada para conhecer os pais junto com a irmã gêmea dela — diz com uma careta bonitinha 

— Então eu agradeço imensamente — sorrio aliviado 

— Ah não, você vai me pagar. Quero o box de Gelo e fogo. — diz examinando as unhas 

— Não esta fazendo isso por puro amor e bondade no coração? — a encaro incrédulo 

— É claro que não! — ela ri — É meu feriado favorito e vou abandonar minha irmã para passar  com você, preciso de uma recompensa. 

— Você não presta. — resmungo 

— O sujo falando do mal lavado — ela suspira  

— Não basta o prazer da minha companhia a tarde toda? — abro um sorriso malicioso 

— Eu vejo seu rostinho lindo todos os dias, por hoje você não basta. — ela sorri satisfeita 

— Então, me acha bonito? — pergunto me aproximando dela 

Ela arregala os olhos e fica vermelha novamente, meu sorriso se alarga, adoro deixa-la sem jeito. 

— Vou espalhar suas fotos de bebe por toda faculdade e nunca mais irá transar na vida  — retruca se afastando 

— É ai que você se engana — solto uma risinho abafado 

— E por que? — pergunta irritada 

— Porque se me acha lindo agora, vai derreter toda ao ver o bebe Jake — gargalho 

Ela revira os olhos e se vira para o quadro, nosso professor entra e sei que a conversa acabou. 

— Para onde vamos? — Kendra pergunta assim que saímos da faculdade 

Sim é feriado mas tivemos que vir arrumar a biblioteca, cada ano alunos sortudos são escolhidos para ajudar a arrumar a escola ou se voluntariam para pontos extras. Fui escolhido e linda loura ao meu lado se voluntariou, confesso que não entendi o porquê, ela tem medias ótimas. 

— Loudoun County — respondo procurando o carro 

— Mas fica a duas horas daqui! — ela exclama 

— Foi você quem se voluntariou — dou de ombros 

— E vamos na sua moto? — me encara horrorizada 

— Achei que gostasse da minha moto — retruco ainda inspecionando o estacionamento 

— Eu gosto, mais não quero que minha bunda fique quadrada por passar duas horas em cima dela. 

— Pra sua sorte, nós iremos de carro — sorrio avistando o hb20 preto de sempre 

— Cadê o porche? — ela encara o carro com uma careta 

— Não da pra ir de porche para aquela cidade, a maior parte dela são plantações. E esse carro não é do Michel é do Travis — explico destravando o mesmo 

— Seu amigo mecânico? — pergunta com as bochechas coradas 

Ah é, quase nos beijamos naquela oficina, depois daquilo ela gritou comigo e decidi que era melhor sermos amigos. Péssima escolha, muito péssima mesmo. Mas apesar de tudo estou esperançoso quanto ao feriado, usarei meu charme para convence-la a gostar de mim novamente. 

— Esse mesmo — sorrio animado 

Ela morde o lábio inferior e sei que ela esta se lembrando, falei com Helena sobre a viagem, ela disse que é uma oportunidade para nos aproximarmos e estou contando com isso. Modo sedutor ativado. 

— Quero passar na minha casa primeiro — suspira entrando no carro 

— Por que? 

— Preciso de roupas, não vou para um almoço de família com jeans e regata — bufa 

— Achei que já tivesse separado tudo — reclamo 

Combinamos tudo semana passada.

— Eu separei, mas preciso pegar outra coisa mais elegante. — rebate impaciente 

— Qual o problema? Você esta bonita. — digo avaliando sua roupa 

Jeans escuros, uma regata azul claro, cardigã cinza por cima e a bota preta de cano curto. Pra dizer o mínimo ela esta muito gostosa. 

— O dia que as mulheres escutarem os homens estaremos perdidas — ela suspira dramaticamente — Minha casa é aqui do lado eu entro pego a roupa e me troco no carro, não vou demorar. 

— Eu tenho escolha? — suspiro ligando o motor 

— Posso não ir — ela da de ombros 

— Odeio você — retruco 

— Não odeia nada — ela sorri satisfeita 

Esta certa, nem de longe. Eu não poderia odiá-la. 

 Ela cumpriu a promessa, entrou no prédio e saiu rapidamente com uma bolsa enorme e um sorriso satisfeito. 

— Você foi bem rápida — digo assim que ela entra 

— Tive que ser, minha irmã estava... — ela faz uma careta — Ocupada. — termina engolindo a seco 

— Ela estava transando? — sorrio 

— Por que você é tão intrometido? — retruca com os rosto todo vermelho 

— Gosto de ver você assim — digo dando partida 

— Assim como? 

— Envergonhada. 

Não viro para ver sua reação, mas o carro fica em silencio e acabo rindo. 

— Então, como devo me comportar? — pergunta se olhando no espelho

— Seja você mesma. — dou de ombros 

— Tem certeza? — estreita os olhos 

— É mais do que o bastante — assinto — E minha mãe é ótima em detectar mentiras, então não adianta nem tentar — sorrio 

— Então não vai me apresentar como falsa namorada? — pergunta com um biquinho 

— Quer ser minha namorada, Girassol? — a encaro com um sorriso malicioso 

— Falsa. — ela corrige 

— Verdadeira — rebato 

Ela franze o cenho e me concentro na estrada. 

— Somos amigos, não somos? — pergunta receosa 

— É claro que somos. — assinto tranquilo 

— Ótimo, tem algo que eu deva saber? 

— Meu pai foi um cretino comigo, mas é ótimo com minha irmã. Então não fique sensibilizada se não nos dermos bem. — conto sem olha-la 

— Problemas com o pai, não sei como é — ela suspira 

— Por que sua família era perfeita e brilhante? — sugiro com deboche 

Ela fica em silencio novamente, já percebi que ela não gosta muito de falar sobre a família. Ou sobre o passado dela, o que só me deixa mais curioso.  

— Eu e minha irmã crescemos em um orfanato, não conheci meus pais — responde com a voz baixa 

Sinto vontade de socar minha cara. 

— Girassol eu sinto...

— Você não sabia. — ela me corta — Não tem motivo para se sentir culpado. — diz estalando a língua 

— Ta bom, e vocês nunca foram adotadas? — pergunto receoso 

— Fomos adotadas aos 13 pelo chef da máfia Francesa. 

Encaro ela boquiaberto e ela mantem a expressão neutra. 

— Você ta falando serio? — arregalo os olhos totalmente chocado 

— É claro que não! — ela gargalha — Você tinha que ver sua cara! — zomba 

Reviro os olhos irritado, que besta. Me enganou direitinho. 

— Garotinha sem noção. — resmungo 

— Não seja tão ranzinza, foi só uma brincadeirinha — ela enfim para de rir 

— Vai falar serio agora? — a encaro irritado 

— Não fomos adotadas, fugimos com 16 e nos viramos sozinhas desde então. — responde 

— Não deve ter sido fácil. — comento 

— Não foi, mais era melhor que aquele lugar horrível — ela torce o nariz com desgosto — Agora me conta, porque o seu relacionamento com seu pai não é bom? — ela muda de assunto  

— Sinceramente eu não sei, ele e eu sempre brigamos por qualquer coisa. Eu não era uma criança fácil, nem adolescente... 

— Muito menos adulto — ela sorri

— Isso — concordo — Ele me chama de irresponsável eu o chamo de idiota e a briga começa — dou de ombros 

— Nunca tentou se resolver com ele? 

— Não faça isso. — peço com a voz baixa 

— Fazer o que? — ela franze o cenho 

— Me avaliar. 

— Eu não... 

— Esta sim. — a corto — Eu também estudo isso, Girassol. Não faça isso comigo, não tente me consertar. — peço sem encara-la 

— Eu não estava tentando fazer isso, só queria saber mais de você — murmura 

O silencio volta para o carro e me arrependo de ter sido tão duro, mais sei como terapeutas pensam e não quero a garota que eu gosto tentando me avaliar, seria muito invasivo. 

— Me desculpe — peço baixinho 

— Também não gosto de falar dos meus problemas — ela da de ombros 

— Não acha que preciso ser concertado? — pergunto baixinho 

— Não acho que alguém precise, é tudo uma questão de perspectiva. — sorri 

— Isso é bom — murmuro 

— O que? — me encara curiosa 

— Saber como você pensa, é bom. 

— Gostaria de saber como você pensa — ela rebate com um toque de humor na voz 

— Você vai saber, assim que chegarmos nas minha casa — sorrio 

— Falando nisso, eu vou me trocar — ela sorri e joga a bolsa para o banco de trás

— Vai se trocar dentro do carro? — franzo o cenho 

— Já quero chegar lá apresentável — responde soltando o cinto — Não espie — avisa olhando em meus olhos 

Assinto silenciosamente e ela sorri satisfeita, então passa para o lado de trás me dando uma ótima visão da sua bunda maravilhosa ao lado da minha cara. 

— Bela bunda — elogio sem me conter 

— Cale a boca — ela retruca e sei que esta vermelha 

É difícil mais não espio enquanto ela tira as botas, jeans e toda a roupa para colocar alguma outra coisa que julgue apresentável. Quero muito espiar, mas que tipo de homem eu seria se mentisse para a garota que estou apaixonado? Exatamente, do tipo que não presta.

Então mantenho meus olhos na estrada e aperto o volante com força enquanto meu corpo todo formiga com a vontade de parar o carro ir para o banco de trás arrancar a roupa e transar com ela ate que ela fique com as pernas bambas de prazer.  Meu corpo reage a fantasia erótica, respiro fundo tentando acalmar a dor latejante lá de baixo. Ligo o som do carro e umas das musicas de cinquenta tons de cinza esta tocando, bufo frustrado e começo a murmurar coisas que me deixam enojado. 

— Minha avó de camisola, minha mãe comendo banana, Kat sendo minha namorada... 

— Você disse alguma coisa? 

Kendra pergunta ao pé do meu ouvido e a situação só piora. 

— Estava cantando — respondo com dificuldade 

— Essa musica é ótima — ela sorri ainda com os lábios ao pé do meu ouvido 

A desgraçada nem faz ideia do quanto isso me deixa louco. 

— Já terminou? — pergunto tentando me afastar dela 

— Será que sua mãe vai achar ruim se eu aparecer sem sutiã — pergunta se inclinado para frete 

Ela esta com um vestido azul escuro florido de alças finas e um decote discreto. 

— O que? O que esta fazendo? — pergunto exasperado 

— Você sabe dizer se uma mulher esta usando sutiã ou não, me diga se esta vulgar. — pede se inclinando mais um pouco 

— Você está louca? Para com isso — peço  desesperado 

— Mais eu não quero causar uma má impressão. — rebate me encarando 

A encaro com raiva e me forço a encarar seus seios, seus maravilhosos bem ali na minha frente que eu não posso tocar.

— Estão ótimos, não precisa se preocupar — murmuro com dificuldade 

— Ótimo! — ela sorri e passa para o banco da frente 

Sem, querer percebo a calcinha de renda azul clara por baixo e prendo a respiração para não surtar ali mesmo. 

— Você esta bem? — pergunta com o cenho franzido 

— To ótimo — resmungo 

— Então ta bom... — ela murmura ainda me encarando 

— Já estamos chegando. — anuncio por fim 

— Maravilha! — ela sorri animada 

Maravilha mesmo, a primeira coisa que farei ao chegar em casa é tomar um banho, não acredito que estou passando todo esse sufoco. 

Então lindinhos, eu esqueci de colocar na nota passada então vai ter que ser essa. A história do Thomas ficou vaga pq ela é gancho pra história de A droga de um clichê adolescente, qualquer coisinha que eu colocasse aqui seria um grande spoiler pra lá e poderia atrapalhar o plot tmb, então segurem seus corações a história completa está por vir, fiquem tranquilos. Cap atrasado pq sim né kkkkkk, espero que tenham gostado dois bjos!