2 - Um acidente com prejuízo e um acordo suspeito
Minha bunda doí mais isso não é nada comparado a dor emocional ao ver meu laptop estilhaçado no chão, um ano de economia jogados no lixo.
— Ei garota, você está bem?— a mesma voz masculina me chama atenção
Olho para cima tentando conter a raiva que ferve meu sangue dando de cara com um homem alto, musculoso, com olhos negros enigmáticos, cabelos castanhos, barba alinhada e uma terrível boca carnuda. Ele estreita os olhos me analisando também e bufo me pondo em pé, ignorando a mão estendida.
— Você quebrou meu laptop — resmungo irritada
— Foi sem querer — ele coça a cabeça
— Diz isso para ele — aponto para os restos do meu bebê
—Foi só um computador, não é o fim do mundo — ele revira os olhos
— Fale por você — retruco pegando meu computador
— Desculpe eu não...
— Olha — o encaro irritada — Você já causou danos o suficiente, a mim e minha dignidade. Então se me der licença tenho uma aula para ir — reviro os olhos
— Você é nova aqui né? —ele da um pequeno sorriso
— Não vejo como isso pode ser da sua conta — aperto meu laptop com força
— Você esta certa — ele assente — Desculpe mais uma vez, estressadinha — ele pisca um olho
— Esse não....
Ele sorri malicioso como se eu estivesse comprovando a tese dele, bufo e passo por ele irritada e frustrada pelo rubor que se espalha mais uma vez pelo meu rosto.
Babaca.
Vou ter que ligar para Nina e pedir o antigo notebook dela emprestado, ela vai jogar na minha cara que eu devia tomar mais cuidado, mas vai valer a pena. Eu não precisaria se aquele brutamontes sexy não tivesse me atirado pelo chão, minha bunda ainda dói.
Entro na sala de aula e vejo Lena sentada na primeira fileira, ela está sozinha lendo um livro, pela capa me parece O morro dos ventos Uivantes, sinceramente eu odiei esse livro, a quantidade de detalhes deixa o livro extremamente cansativo, então desisti no primeiro capítulo. Não me orgulho disso.
— Oi — cumprimento sentando ao seu lado
Ela desvia os olhos do livro um pouco irritada, sei bem como é frustante ser atrapalhada no meio da leitura mais ela é a única pessoa que eu conheço e não quero me sentir mais deslocada do que já estou.
— E aí Supergirl — ela sorri e fecha o livro
Arqueiro as sobrancelhas um pouco surpresa pelo nome e por ela fechar o livro.
— Me chamou de Lena Luthor então quis devolver o apelido — ela sorri um pouco sem graça
— Eu gostei — sorrio e dou de ombros
— Legal — ela assente
— Então... — aponto para o livro — Você gosta? — estreito os olhos curiosa
— Não muito — ela suspira — Mais preciso terminar para fazer um trabalho que o professor pediu. — completa enfiando o livro na bolsa
— Entendi — sorrio
— O que aconteceu com o computador? — ela aponta
— Ah! Isso. — suspiro derrotada encarando meu fracasso — Um cara idiota me derrubou e por consequência quebrou meu computador — sorrio tristemente
— Isso é um problema — ela faz um bico
— Eu sei bem disso — reviro os olhos — Vou ter que implorar outro pra minha irmã mas.... — dou de ombros — Aquele idiota fez isso e eu não tenho outra escolha. — suspiro derrotada
— Você deveria fazer ele pagar outro — ela sorri
— O que? — franzo o cenho
— É — ela da de ombros — Se a culpa foi dele ele deveria ao menos te pagar outro. — diz erguendo as sobrancelhas
— Eu... eu nem sei quem ele é — balanço a cabeça negativamente
— To aqui já tem um ano, talvez eu saiba — ela bate palmas animada
— E como eu vou fazer isso? — a encaro confusa
— Descrever ele? — ela estreita os olhos
— Não! — acabo rindo e nego com a cabeça — Não! Pedir outro computador — explico
— Ah — ela abre a boca surpresa — Bom, eu não sei — diz dando de ombros
— Isso não é nada inspirador — sorrio constrangida
— Sou a garota das ideias, como elas são executadas é com quem eu as dei. — ela pisca o olho com uma expressão divertida
— Você esta estranhamente correta — tento fazer uma careta mais acabo rindo
— Eu gosto bastante disso — ela também ri
— Senhoritas, tem algo a adicionar a nossa complexa aula de hoje? — a professora nos encara um pouco irritada
Sinto meu rosto esquentar no mesmo instante, quase me sinto no colegial.
— Desculpe senhorita Sanders não vai mais acontecer — Lena diz tranquilamente
A senhora me encara por cima dos óculos quadrados , seus olhos azuis são severos e as rugas nos olhos deixam ela pouco mais assuadora, assinto rapidamente para me livrar daquele olhar inquisidor, acho que não vou me dar bem com essa mulher.
Para um primeiro dia as coisas não estavam sendo tão animadoras quanto eu pensei, talvez o dia da minha irma esteja sendo bem mais movimentado ou menos desastroso com certeza.
Estou morrendo de fome, depois de uma hora inteira com a simpática sra. Sanders eu só quero comer ate não aguentar mais.
— Não parece que é seu primeiro dia aqui — Lena comenta com um sorriso zombeteiro
— Por que? — a encaro curiosa
— Não tem o brilho da animação, como se tudo fosse possível e você flutuasse no arco iris — ela afina a voz e rodopia como uma criança
Bem, eu estou animada só que estou animada na realidade.
— Esta dizendo que os novatos tem 7 anos? — pergunto segurando a risada
—Ta mais pra cinco — ela da de ombros
Não me aguento e caio na gargalhada, descobri que Lena é muita mais extrovertida do que parece e espero que nos tornemos amigas.
Ainda rindo pego minha bandeja para entrar na fila mais meus olhos capturam, cercado de mulheres e homens, o idiota do corredor. Meu sangue ferve só de lembrar do meu notebook estraçalhado.
— Olha só Lena - puxo o braço da garota ao meu lado — É o cara que eu te falei — indico com a cabeça
— Esta falando do Jake? — pergunta com os olhos arregalados
— Esse é o nome dele? — a encaro com o cenho franzido
É um nome bem simplório.
— Bem — ela faz um biquinho — As garotas chamam ele de Doutor Gostosão — diz dando de ombros
— O que? — olho para o cara com sorriso descrente — Não sei de onde tiraram esse apelido ridículo — reviro os olhos
— Não mesmo? — pergunta me encarando
— Só porque ele tem músculos não significa que é gostoso — dou de ombros
— O gostoso não se intitula apenas aos músculos — ela sorri misteriosa — Deveria ir la e falar com ele — me incentiva
— Com toda aquela gente envolta? — pergunto meio insegura
— É isso ou nada de computador novo — ela da de ombros
Ela esta certa, preciso ir lá e falar com ele. Afinal a culpa de eu estar encrencada no meu primeiro dia de aula é dele. Respiro fundo e forço minhas pernas a caminharem na sua direção, Lena me acompanha quase vibrando de felicidade e seguro o impulso de revirar os olhos, ela é meio maluca e de malucos eu entendo bem.
Chegando perto do emaranhado de pessoas, escuto os flertes, todas as garotas se atirando no tal Jake e os outros caras tentando consolar aquelas que ele dispensa, sinceramente isso é podre. Levo a mão ao rosto para ajeitar os óculos e me lembro que eles não estão mais aqui, para a faculdade Nina me fez usar as lentes de contato mesmo que escondam a real cor dos meus olhos, sinto falta do tique nervoso que sempre me acalmava.
— Com licença — peço com a voz um pouco fraca
Claro que sou completamente ignorada no meio de todos aqueles abutres disputando pela refeição do dia, mulheres podem ser em sua grande maioria, pouco babacas e autodestrutivas, ainda mais aquelas que sentem precisar de um homem para se sentir alguém. Tudo que elas precisam é de terapia e na minoria das vezes um sacode da vida para acordarem e se darem conta de como são suficientes sozinhas. A mente humana feminina é engraçada, tão empoderada para algumas coisas e tão frágeis para as outras, é realmente fascinante.
Lena me cutuca impaciente, me desvencilho dela e pigarreio, nada. A encaro um pouco perdida, ela arqueia as sobrancelhas e me incentiva a tentar de novo, suspiro cansada, me sinto na porcaria do ensino médio. Forço uma tosse que sai como se eu estivesse me engasgando perto da morte, todos me encaram surpresos e irritados, a ultima parte pelas mulheres.
Engulo a seco e pigarreio forçando um sorriso envergonhado.
— Oi eu...
— Ei, você não é a loira do corredor? — o babaca me reconhece
Seguro a vontade de morrer bem ali e me forço a ser destemida e confiante, nunca foi bem um problema pra mim.
— Isso, eu queria...
— Oi gatinha, Thomas ao seu dispor — um garoto ruivo me interrompe com um sorriso galanteador
Ele me faz uma reverencia e pega minha mão tremula sem permissão dando um beijo nas costas da mesma.
— Com licença — puxo minha mão bruscamente — Eu queria falar com você — encaro o babaca
— Todas querem queridinha — a morena que eu esbarrei mais cedo alfineta
Não me surpreende que alguém como ela esteja agarrada a alguém como ele, ambos parecem perfeitos idiotas.
— Bem, não me importo com as outras — retruco um pouco irritada com aquilo tudo
— Certamente deveria se vai ser só mais uma delas — a morena devolve friamente
— Só quero falar com ele e não pular em cima! — exclamo um pouco irritada
É claro que eu arrumaria problemas no primeiro dia na minha faculdade dos sonhos, não seria eu se não arrumasse.
— Se quiser o telefone posso te passar o meu — um moreno alto e musculoso pisca pra mim
Certo, ele era bonito, na verdade só bonito é pouco para descrever. Alto com o cabelo bem curto, sequencias de tatuagens cobrindo o braço esquerdo, lábios grandes e carnudos acompanhados por um sorriso reto e branco de tirar o folego, os olhos são verdes claros adornados por sobrancelhas grossas e bem cuidada, um físico atlético impressionante marcado pela regata branca que ele veste. Posso dizer que seria um cara a arrasar meu coração.
— Talvez eu não recusasse o telefone — Lena murmura ao meu lado
Me surpreendo por ter esquecido que ela me acompanhava, a encaro um pouco surpresa pelo descaramento e ela apenas da de ombros sem se importar em parecer cara de pau.
— Meu nome é Michel mais pode me chamar de amor da sua vida — o moreno pisca para minha amiga
Ela revira os olhos pela cantada boba mais não deixa de escapar um sorriso, e dizem que essas piadas não funcionam. Só porque é boba o suficiente para não imaginarmos que alguém tenha coragem de usa-las. Volto o olhar para o babaca que esta me encarando fixamente, curioso, eu diria. Não tem como ter certeza.
— Sobre o que quer falar? — a voz aveludada dele me arrepia
Eu já tinha notado que a voz dele era tão atraente? Ou ele todo na verdade.
— Sobre o desastre que você deixou o meu notebook — respondo erguendo minha tristeza diante de seus olhos escuros
— Eu não fiz isso — ele nega com as sobrancelhas unidas
Por Hecate até as sobrancelhas dele tem uma coisa, isso não deveria ser possível.
— Fez. — afirmo um pouco irritada — Você me derrubou na porta da sala e por sua culpa e esse corpo enorme meu computador esta destruído —aponto para ele um pouco alterada
— Eu já pedi desculpas — ele diz se desvencilhando da mulher agarrada ao seu braço
— Com certeza isso não resolve as coisas — retruco com os olhos levemente arregalados
— E o que quer que eu faça? — pergunta se aproximando
O perfume dele é o primeiro a me atingir e o cheiro forte e masculino me deixa levemente zonza, balanço a cabeça levemente tentando organizar minhas ideias e foco na irritação, a irritação me deixa levemente imune a toda essa beleza desnecessária.
— Quero que pelo menos pague o concerto dele — digo endireitando a postura
Ele arqueia as sobrancelhas um pouco surpreso e logo abre um meio sorriso.
— Ele não vai pagar nada pra você garo...
A mulher que estava agarrada a ele começa um chilique mais ele a silencia erguendo a mão sem desviar os olhos dos meus.
— Me encontre as 15hrs na entrada do estacionamento e eu levo o notebook para o concerto — diz sem desviar os olhos dos meus
— Isso é ótimo — pigarreio um pouco desconcertada
Foi ate que fácil pra falar a verdade.
— Mas — sua voz levemente zombeteira chama minha atenção — Quero algo em troca — diz passando a língua pelos lábios
— Não quer não! — retruco indignada
— Sim eu quero, não vou pagar o notebook de graça — ele cruza os braços me encarando e me desafiando
Por causa da altura dele tenho que erguer a cabeça para conseguir encara-lo e com os braços cruzados fazendo os músculos saltarem para fora ainda mais visíveis por cima de um moletom azul escuro ele parece ainda maior.
— Não é de graça, você o quebrou — insisto um pouco menos confiante
— Foi um infeliz acidente — ele suspira de forma teatral — Espero que não gaste tanto quanto eu imagino para arruma-lo — ele da de ombros e se vira para ir embora
Olho para Lena com os olhos arregalados e ela da de ombros indicando que esta tão surpresa como eu. Não quero fazer nada para esse cara, mais eu não tenho grana pra arrumar o computador e muito menos para um novo, dependendo do que for podemos negociar, eu sou boa disso.
— Espera — minha voz soa um pouco desesperada
Ele para e se vira novamente com um sorriso presunçoso, sinto uma pequena vontade de soca-lo, mas vejo os olhares raivosos e questionadores de todos envolta de nos dois.
— Sim? —pergunta cinicamente
— O que quer em troca?— pergunto erguendo o queixo
— Vamos deixar em debito — responde
— Como é? — franzo o cenho confusa
— Você fica me devendo um favor, é bem simples — ele da de ombros
— Isso é estranho —digo um pouco confusa
— É pegar ou largar — ele aumenta o sorriso
Olho para Lena indecisa, ela da de ombros como se fosse um pequeno preço a pagar, volto o olhar para o brutamontes que tem um sorriso quase infantil agora. O que ele esta tramando? Ele nem me conhece para todo esse trabalho, de qualquer forma talvez ele esqueça e eu saia no lucro de qualquer jeito é só me manter o mais afastada dele, não pode ser tão difícil em um lugar desse tamanho. Pela fama ele deve estar aqui a muitos anos e nem deve fazer as mesmas aulas que eu, um risco minimo por uma recompensa boa.
— Te encontro as três então — digo finalmente
Ele sorri e assente, finalmente reviro os olhos e saio dali o mais rápido que posso com Lena ao meu encalço.
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