14 - Aulas tenebrosas e brigas de garotas
A semana tinha virado e eu estava mais sociável, não falei com Jake depois de sexta feira e Henry foi embora logo depois dizendo que tinha que encontrar sua mãe.
Mal conversei com Nina sobre o que aconteceu por aquela aposta estúpida e por ela estar de saída, ultimamente ela fica muito mais com Rubens e os novos amigos do que comigo, estou morrendo de ciúmes.
A aposta agora começou a me preocupar, pois eu percebi que talvez ela possa se realizar e não sou eu quem vai ganhar o dinheiro.
— Bom dia Spivot — Henry sorri
Estamos na entrada da faculdade.
— Bom dia — sorrio também
Ele não me beijou, o que é compreensível já que eu virei o rosto aquele dia, acho que ficou irritado.
— Precisa de ajuda? — pergunta apontando para os livros
— Ah não! — sorrio constrangida — Vamos para prédios diferentes — explico
— Entendi, vamos almoçar juntos hoje quero falar com você — ele pisca um olho e vai embora.
Aquilo me deixa irritada, odeio que as pessoas falem que querem alguma coisa e me deixam na expectativa.
— Por que está para aí? — Thomas pergunta aparecendo na minha frente
— Por que você passa tanto tempo aqui? — pergunto indo em direção ao prédio B
— Gosto deste lugar — ele sorri e pega meus livros
Minhas bochechas esquentam e eu me irrito com isso.
— Bem, eu estou atrasada — digo pegando meus livros de volta — Ate depois Thomy — digo andando rapidamente
Essa gente que só aparece para me atrapalhar, bufo e ando mais rápido que posso vou chegar atrasada e o professor Singer não vai me deixar entrar.
Chego à sala ofegante e quase pulo de alegria ao perceber que não começou porem minha alegria logo se esvai quando vejo Jake na parte superior agarrado a uma loira, uma loira bem familiar na verdade. É claro que é familiar é a mesma que deu em cima dele naquele dia na boate, o flete deu certo já que a linga dele esta na garganta dela.
Sento-me nas primeiras fileiras e aquilo me irrita, odeio ficar muito perto do telão, ainda mais em aulas como hoje que vai se tratar de ver historias e casos difíceis da psiquiatria.
— Bom dia futuros psiquiatras ou pacientes — o professor entra na sala
Todos murmuram um bom dia meio desanimado.
— Se o paciente de vocês fosse depender do entusiasmo de vocês eles morreriam — o homem retruca irritado
Todos repetem o "Bom dia" mais entusiasmado desta vez e ele sorri satisfeito, às vezes sinto que estou em uma sala do fundamental.
— Na aula de hoje veremos um caso de depressão pós-parto, ela existe e na maioria das vezes é ignorada ou negada tanto pelos pacientes quanto pelos seus familiares. Após assistir o vídeo vamos debater qual seria a opinião de vocês para tratar deste caso!
— Não íamos ver sobre traumas infantis? — um homem careca ergue a mão para questionar
— Traumas infantis podem esperar a próxima aula, vocês tem noção do quanto depressão pós-parto afeta as mulheres? Uma a cada cinco tem, isso as que procura ajuda porque tem aquelas que são inibidas pela família e sofrem em silencio — diz serio
— Mais depressão pós-parto é mais sobre baixa de hormônios do que psicologia. — uma garota opina
— Isso quer dizer que não é importante? — uma ruiva ao meu lado questiona
— Quer dizer que nem sempre é pela parte psiquiatra, uma obstetra identifica isso — a mesma responde.
— Mais a paciente claramente vai precisar de um acompanhamento psicológico — um homem moreno retruca
— Vocês podem discutir a importância do tratamento ou não depois, o que precisam saber agora é que qualquer doença precisa de um acompanhamento psicológico — o professor interrompe as discussões — Nenhum ser humano consegue lidar com nenhum tipo de doença sem terapia, saber que algo esta te consumindo de dentro para fora é pesado demais para a mente frágil do ser humano — diz com um suspiro — Agora vamos assistir!
Sem enrolação ou opiniões o professor solta o vídeo e a sala entra em um estado de pleno silencio.
"Meu nome é Amélia Sanders, tenho 38 anos e tive depressão pós-parto logo após ter meu segundo filho."
A mulher que aparece no vídeo tem uma aparência saudável, porem algumas sequencias de fotos a mostram antes, os olhos cansados e fundos pelas olheiras, cabelos negros opacos e secos, pele oleosa e pálida, boca rachada e corpo magro demais.
"Meu filho mais velho estava com 7 anos e eu queria ter outro bebe, o problema é que nos últimos meses de gravidez eu estava duvidando se era aquilo mesmo que eu queria, eu tinha sido afastada do meu emprego como atendente em uma loja de roupa e meu marido trabalhada de manha ate a noite em uma fabrica de enlatados, o dinheiro esta baixo e eu não sabia se aquela tinha sido uma boa decisão."
"Eu falei com meu marido sobre o cansaço e tristeza repentina mais ele disse que devia ser por o bebe estar muito perto de nascer, como ele estava feliz com mais um menino eu acabei aceitando aquilo e me conformei que logo passaria."
O sorriso triste que ela demonstra me da um aperto no coração. Parecia que ela nunca rinha saído desse estado de topor.
"As semanas se passaram e finalmente chegou o dia do parto, eu tive um parto de 36 horas foi tudo muito complicado e doloroso, eu era alérgica a medicamentos e não pude tomar nada para dor o medico não queria arriscar uma cessaria pela posição do bebe e eu tive que sofre e espera todo aquele tempo."
"Sem perceber durante aquelas horas eu fiquei com raiva do meu bebe, eu só queria que ele saísse logo para eu me livrar daquele parasita dentro de mim, eu sentia que ele estava me consumindo e aquilo me apavorava."
A mulher para e seca as lagrimas em seguida toma um copo de agua que lhe oferecem por trás das câmeras, provavelmente se sentindo culpada com os termos que estava usando para descrever seu filho.
"Meu filho finalmente nasceu e meu marido ficou radiante eu fiquei aliviada e pensei que era por que queria ver logo meu bebe, mas quando a enfermeira o colocou nos meus braços e eu vi aquele rostinho pequeno ainda sujo de sangue, as mãozinhas e a fragilidade eu só queria jogar ele longe e chorar. Eu não conseguia me conformar que aquele ser dependeria de mim para viver sendo que eu mesma não sabia como fazer mais isso".
Minhas mãos começam a suar, cera que minha mão passou por isso? Será que este foi o motivo de ela ter abandonado duas menininhas? Ou era que ela só morreu mesmo? As duvidas de um órfão nunca acabam, ainda mais quando ele nunca consegue descobrir sua origem, sinto que falta uma parte de mim, como se eu nunca fosse saber quem eu sou.
"Eu comecei a chorar ali mesmo, o desespero me consumia e aquela criança me deixava sufocada, meu marido pensou que eu estava chorando de emoção e felicidade quando na verdade eu sentia que poderia morrer."
"Durante o período que fiquei no hospital eu não conseguia amamentar e me sentia muito aliviada por isso, só que o tempo acabou e saímos do hospital. Meu marido me deixou em casa e logo foi trabalhar poucos minutos depois ele começou a chorar e eu sabia que era fome só que eu simplesmente não conseguia deixar que ele mamasse em mim, mas meu outro filho veio ao meu quarto perguntando o motivo de tanto choro e eu finalmente deixei que o neném mamasse."
"O que antes tinha sido a experiência mais magica da minha vida, agora era a pior forma de tortura do mundo. Eu chorei o tempo todo que ele mamava."
" Eu comecei a definhar pouco a pouco, durante os seis meses de sua vida eu não dormia mesmo nos estados mais insanos de cansaço, só pegava o neném no colo para amamentar, nem para embalçar ele para que o mesmo dormisse eu fazia. Meu marido percebeu meu estado e disse que levaria meu filho embora pois eu estava ficando louca e eu entrei em desespero."
"Eu não queria aquele filho e não suportaria me separar dele, eu não entendia o que estava acontecendo e estava cansada e triste demais para tentar entender. Foi quando minha sogra foi me visitar e percebendo meu estado falou com o filho e ambos me levaram em um psiquiatra, eu não queria ir, pois tinha medo de ser diagnosticada como doente mental e durante o primeiro mês inteiro eu não falava nada, eu fingia que estava tudo bem e me forçava pegar o peso nos braços para que eu não precisasse continuar."
"No entanto minha sogra se juntou com a minha mãe e ambas insistiram para que eu fosse e falasse, na mesma seção que eu me abri fui diagnosticada com depressão pós-parto e deste dia em diante as coisas começaram a melhorar."
O Professor para o vídeo e todos resmungam em frustração.
— O resto é ela falando como a vida dela virou um conto de fadas, não estamos aqui para ver a solução e sim achar uma — diz ríspido — Agora vamos começar a falar sobre como vocês tratariam esta paciente ou uma paciente como esta — diz apontando para imagem pausada da Amélia na tela.
— Acho que eu iniciaria o tratamento com medicamentos e...
— Bam! — o professor grita interrompendo algum do fundo — A mulher não precisa de drogas! Precisa de uma solução! — exclama irritado
— Mais os antidepressivos são de grande ajuda — a voz de Jake soa pela sala
— O ponto não é a eficiência e sim o psicológico, dopar a paciente só deixaria sua dor mais aceitável, trata-la com conversa e psicologia intensiva é o que possivelmente resolveria o problema — digo com a voz estranhamente firme.
Eu não sou do tipo que levanta a mão para falar em publico, mas tive que rebater desta vez.
— É exatamente disso que eu estou falando! — o professor sorri — Como é seu nome loirinha? — pergunta me encarando
— Kendra Spivot — sorrio um pouco constrangida com toda a atenção voltada para mim
— Muito bem senhorita Spivot, ao contrario de certos alunos vejo que presta atenção em minhas aulas — diz olhando irritado para Jake
— Eu não tenho culpa se as garotas não resistem a mim, professor — ele se gaba.
Seguro o impulso de me virar e o encarar profundamente chocada, o professor bufa em desaprovação.
— Seria um psicólogo brilhante se tentasse Sr Bush — diz balançando a cabeça, decepcionado - Muito bem, agora que já sabemos como iniciar o tratamento alguém tem ideia do que diria pra ela? — pergunta voltando a encarar a turma com uma carranca
A aula segue com varias discussões, porem nem eu e nem Jake dizemos nenhuma palavra, imagino que o fato de ele não falar nada é pelo simples fato da loira super linda no seu colo.
Eu por outro lado não consigo parar de pensar no caso da mulher, eu nunca tinha visto o depoimento de uma mulher que teve esse tipo de depressão, nem na internet ou em algum livro o modo como ela falou e como parecia se sentir culpada por ter passado por aquilo foi surreal.
É normal em grande maioria as mulheres serem culpadas por sofrer, quando uma mulher é estuprada ela pode ter se insinuado, quando uma mulher é agredida ela quem procurou pois deveria ficar quieta, quando uma mulher sofre depressão pós-parto dizem que não sabe agradecer a dadiva de ter um filho. As pessoas no geral se apegam tanto em um motivo que muita das vezes não param para analisar que pode ter sido uma doença.
Um homem doente estupra, um bêbado doentio bate, e uma mulher pode se assustar com a possibilidade de ter uma criança em seus braços, nem tudo se trata de milagres ou pecados, assim como não existe só preto no branco nem sempre uma reação foi causada por uma ação da própria pessoa que a sofre.
É claro que não existe explicação logica ou cura para determinados atos, porem quanto mais pessoas oprimirem e apagarem isso mais elas verão outras sucumbirem a troco de nada. Todos pensam que terapia é para loucos, o que eles não entendem é que todos somos um pouco loucos alguns mais do que outros, mas esta tudo bem precisar de outra pessoa para te ajudar a administrar isso.
— Muito bem pessoal nos vemos semana que vem o próximo tema é indefinido então estejam prontos para tudo — Sr Mason sorri diabólico
Eu sinceramente não sei como ele tranquiliza as pessoas, ele me dá medo, com os olhos negros, cabelos loiros, e rugas de expressão indicando que ele já passou por mais do que qualquer um naquela sala, ou ouviu muito mais.
— Oi Girassol — Jake aparece do meu lado
A loira que estava com a língua na garganta dele saiu rebolando e e eu estou sentada na minha mesa refletindo.
— Oi — murmuro guardando minhas coisas
— O que faz nesta aula? — pergunta tombando a cabela para o lado
— Acho que aprendendo — reviro os olhos um pouco irritada
Pergunta mais idiota.
— Eu não sabia que você queria ser psicóloga — ele franze o cenho
— E eu não sabia que isso era da sua conta — retruco me levantando
— Está tudo bem com você? — pergunta me acompanhado
— Estaria melhor se você não estivesse me perseguindo — respondo irritada
— Eu só queria te dar oi — ele da de ombros
— Você já disse, pode ir agora — digo andando mais rápido
Eu não sei bem o porquê mais estou irritada com ele, depois de toda aquela tensão na minha casa eu não imaginei o que aconteceria ao encontrá-lo novamente. Não sei se essa positividade dele me irritou, eu estava nervosa e confusa a troco de nada.
— Sabe, eu acho....
A voz irritante de Jake se perde quando entro no refeitório e esbarro em alguém, um grito feminino ecoa pelo lugar e arregalo os olhos ao ver a tal Katrina Madson caída no chão com uma bandeja de comida no colo
— Aí meu Deus! — ponho a mão na boca completamente chocada
— Eu não acredito! — Katrina se levanta irada
A garota é bem mais alta que eu e irritada parece dobrar de tamanho, tento não me encolher perante o olhar de ódio dela.
— Puxa vida me desculpe eu...
Se havia alguma chance de ela me desculpar foi completamente expurgada de sua mente com a explosão de gargalhadas que se espalhou por todo refeitório.
— Olha só o que você fez sua inútil! — a morena me fuzila com os olhos
— Me desculpe não era minha intenção foi um acidente — peço um pouco desesperada
O vestido azul claro, com um decote v alças grossas, seguindo apertado até os joelhos estava agora manchado e com uns pedaços de batata grudados nele, o cabelo que estava solto em ondas suaves estava sujo de suco e completamente arruinado, ela está um desastre e eu não poderia me sentir pior.
— Você é uma idiota! Olha só o que fez com a minha roupa! — grunhi passando a mão no vestido detonado
— Foi realmente sem querer — digo um pouco irritada
Ela não precisa ficar me insultando, foi apenas um acidente.
— Sem querer? Acha que isso vai pagar minha roupa? Você é uma incompetente — ela bufa irritada
— Olha aqui eu já pedi desculpas e não é da minha conta se você também não vê por onde anda, quanto ao vestido é só me mandar a droga da conta! — digo fuzilando-a com os olhos
Minhas mãos estão fechadas em punhos e lembro-me de como era no orfanado, um acidente desses teria rendido brigas e castigos, mas eu sou adulta agora e não vou pular no pescoço dela.
— Você pagar isso aqui? — aponta para o vestido com uma expressão debochada — Nem se vendesse todos os seus órgãos — revira os olhos com um sorriso maldoso
— Pelo menos estou tentando amenizar as coisas, mas aparentemente não é isso que você quer. — sibilo irritada
— Quero que você suma, pode fazer isso? — pergunta se aproximando do meu rosto
Olho em seus olhos castanhos claros, quase amarelados e vejo força ali, muita força e brilho próprio. Katrina não é uma doente desesperada é só uma garota exagerada e mimada.
— E então loirinha? — ela enrola uma mexa dos meus cabelos nos dedos — Vai sumir do meu caminho? — arqueia as sobrancelhas — Se ficar, vai aguentar as consequências — sorri dócil
— Eu não tenho medo de você — digo encarando seus olhos severamente
— Que pena — ela lamenta e pega um copo de suco despejando-o em mim
Arregalo os olhos ao sentir o líquido gelado escorrer da minha cabeça e ensopar minha blusa, meu punho se fecha novamente e seria muito fácil acabar com ela bem aqui e bem agora, não me importo se foi prejudicada logo depois só quero quebrar a cara dela.
— Vem Girassol, vamos embora — a voz de Jake me acalma
Sinto sua mão segurar a minha e abro os punhos sem tirar os olhos de Katrina que sorri vitoriosa.
— Vai pro inferno — digo e saio do refeitório
Jake me acompanha e me leva para o lado de fora.
— O que aconteceu com você? — Lena pergunta quando me vê no campus
— Acidente do refeitório — respondo com um suspiro
— Ah droga como vai assistir o resto das aulas assim? — pergunta horrorizada
— Eu não vou — respondo derrotada
— Não tem motivo pra isso eu levo você no banheiro da irmandade e você se troca lá — Jake diz preocupado
— Eu não tenho roupa Jake e se não notou a minha está arruinada — digo apontando para mim
— Só vem comigo — diz me puxando
Lena da de ombros e fica parada enquanto Jake me arrasta para uma enorme casa azul com uma plaquinha escrito "Bem vindo a Alfa Beta Tau" franzo o cenho com a mistura de significados porém não digo nada, preciso de um banho ou o cheiro azedo de laranja não vai sair do meu cabelo.
— Desculpe pela Katrina — Jake diz abrindo a porta da casa — Ela é um pouco radical as vezes — sorri envergonhado
Franzo o cenho com seu nervosismo, normalmente ele é confiante e durão, talvez essa garota seja uma amante ou algo do tipo, isso explicaria a implicância sem precedentes comigo.
Entro na casa ainda sem responder e analiso o lugar, homens são podres parece que um caminhão de lixo despejou tudo aqui durante cinco meses consecutivos, cheira mal e tem uma aparência péssima.
— Desculpe por isso também, eu não moro aqui — sorri constrangido
— Alguém consegue morar? — pergunto com uma careta de nojo
— Lá em cima é mais limpo — sorri apontando para as escadas
Assinto e o sigo para a parte de cima da casa, que não é nada melhor que a debaixo o enorme corredor está cheio de copos e garrafas espalhados e quebrados, o cheio de sexo é insuportável como se houvesse uma orgia por segundo.
— Esse é meu quarto, tem banheiro — sorri abrindo a primeira porta
Sorrio aliviada ao ver que o quarto de Jake é realmente mais organizado, uma cama de casal no canto e uma enorme mesa de ping-pong no meio, um sofá azul escuro, alguns quadros abstratos na parede, uma cômoda marrom e uma estante de livros e bonecos no canto perto de uma porta.
— Você pode tomar banho ali — aponta para a porta branca
— E quanto as roupas? — pergunto apreensiva
— Vou arrumar algumas — sorri
— Obrigada — agradeço e entro no banheiro
Tem um box pequeno, um vaso sanitário, pia e um grande espelho tudo em tons pastéis como a maioria dos banheiros, tranco a porta e me encaro no espelho. Estou horrível com o cabelo molhado e detonado, a blusa preta com uma mancha e minha calça jeans intacta, agradeço por isso. Tiro a roupa rapidamente e entro no chuveiro quente soltando um suspiro aliviado por não haver ratos ou baratas no ralo.
Lavo o cabelo com um shampoo com cheiro de chocolate que tem ali e saio o mais rápido que consigo, me enrolo na toalha branca e me preparo para sair.
— Jake já pegou as roupas? — chamo abrindo uma fresta da porta
— Já sim! — ele surge a minha frente e estende a roupa
Com uma mão seguro a toalha e pego a peça.
— O que é isso? — franzo o cenho balançando o pedaço de pano que ele me deu
— Roupa de garota? — franze o cenho
— Isso não é roupa é um pedaço de pano! — digo jogando pra ele de volta
— É o que todas usam —ele parece se encolher
— Claramente você não está por dentro das vestimentas femininas! E não sou qualquer uma — reclamo saindo do banheiro
Sem me importar se estou de toalha ou não ando confiante até sua cômoda e abri a primeira gaveta, cuecas e meias, pego uma cueca preta e abro a segunda, camisetas e camisas, pego uma camisa social azul clara e me viro para Jake.
— Você se importa? — balanço as peças para ele
— Com você usando minha cueca e minha camisa? — pergunta com os olhos arregalados — Isso é minha fantasia mais safada — diz abrindo sim sorriso malicioso
— Você é um idiota — reviro os olhos sentindo as bochechas esquentarem
— E você está sexy com essa toalha — diz se aproximando
— Eu estou toda descabelada e...
— Perfeitamente sexy — sorri colocando uma mecha do meu cabelo molhado para trás da minha orelha
Levanto o rosto para encarara-lo nos olhos e suas pupilas estão dilatadas, seu nariz quase toca o meu e sua respiração se mistura com a minha, o quarto parece ficar mais quente na medida que sua mão acaricia meu rosto com ternura, involuntariamente inclino a cabeça em direção ao seu toque buscando por mais, seus dedos tem pequenos calos na ponta que arranham levemente a pele macia do meu rosto causando um arrepio elétrico pela minha pele. Minhas mãos apertam firmemente a toalha e as peças de roupas tentando conter a ansiedade e expectativa do que pode vir a acontecer.
— Eu queria muito ver seus olhos assim tão de perto — ele sussurra próximo ao meu rosto
— O que tem de tão especial nos meus olhos? — pergunto sentindo o rosto corar
— É o azul mais brilhante e incrível que já vi em toda minha vida, eles são tão....
— Jake você...
Um cara abre a porta do quarto e dou um pulo para trás com o susto, o homem parado a porta esta tão perplexo quanto eu só não tão envergonhado.
— O que você quer Felix? — Jake pergunta se virando para o moreno
Quase tão alto e sexy quanto Michel.
— Desculpe cara, não sabia que estava com uma das suas garotas só queria perguntar se vai querer mandar a roupa para lavar — sorri constrangido.
— Eu lavo a roupa em casa — Jake responde pausadamente
— Certo, me desculpa — pede novamente e sai.
Jake se vira com uma expressão culpada e as palavras do tal Felix começam a se encaixar na minha cabeça.
— Uma das suas garotas? — pergunto entredentes
— Não é isso que você esta pensando — diz cocando a cabeça
— Ah não? — cruzo os braços e arqueio as sobrancelhas — O que é então? Você trás garotas aqui para o clube do livro? — estreito os olhos
Ele torce o nariz e olha para os lados, constrangido.
— O que planejava fazer com todo esse papinho de "olhos incríveis"? — pergunto fazendo aspas com as mãos
— Girassol eu só...
— Você me trouxe pro seu abatedouro! — vocifero furiosa
Eu quero muito estrangular ele agora e quero mais ainda estrangular a mim mesma por ser tão idiota.
— Você esta sendo radical — diz com uma careta
— E você esta sendo um galinha! — bato o pé irritada
— Bem, eu nunca disse que não era — ele da de ombros com um sorriso preguiçoso.
Aquilo me atinge com um tapa na cara, abro a boca em estado de choque e Jake também após perceber o que disse.
— Vai pro inferno seu idiota! — grito e entro no banheiro
Troco-me o mais rápido que posso para sair logo daquele lugar nojento, provavelmente o cheiro de sexo era inteiramente do seu quarto.
— Girassol, vamos conversar — ele diz contra a porta.
Não respondo, ao contrario disso penteio os cabelos molhados com os dedos mesmo e amarro a camisa dele um pouco acima do umbigo deixando um pouco da minha barriga a mostra, a cueca esta escondida na calça jeans e coloco as botas cano curto.
— A intensão era que você tomasse banho e ficasse melhor, só que você saiu com a toalha e depois daquilo na sua casa eu...
Abro a porta antes que ele termine a frase, eu não quero saber, porque saber significa se tornar parte de algo intenso e constrangedor, de forma alguma eu quero isso.
— Obrigada por me emprestar o chuveiro, te devo uma. — digo com a voz calma — Eu vou embora agora, depois eu devolvo as roupas. — aponto para a camisa
— Girassol, por favor, eu só quero...
A expressão sofrida dele me da um tipo de aperto no peito que passa bem rápido quando eu vejo o abatedouro no geral.
— Já chega por hoje — digo interrompendo-o com um gesto de mão — Ate depois — forço um sorriso
— Deixa eu pelo menos te levar então — pede com um olhar suplicante
— Prefiro ir andando — respondo firme
Sem esperar uma resposta ou algo a mais eu pego minha bolsa e saio daquele quarto, logo em seguida saio da casa torcendo para que ninguém me veja ser humilhada no refeitório é uma coisa bem ruim, ter rumores espalhados de estar de namoro, ou caso, com um dos maiores galinhas da faculdade é ainda pior. Não por Jake ser esse tipo de pessoa, mas pela informação ser falsa e me trazer problemas desnecessários.
Bom dia! Tarde! Noite!
Estou na reta final do livro, claro que ainda vai demorar pra eu postar tudo, mais estar terminando de escreve-lo é emocionante!!! Vejo vocês no sábado, bjo bjo
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro