Capítulo 5
Emma
Matteo é fato tão bonito como eu havia sonhado, seu corpo é musculoso e ele é alto demonstra uma força que a muito tempo não vejo, Matteo parece ser decidido e firme, jamais pensei que acharia uma personalidade rígida atraente, no entanto aqui estou eu, vendo nele tudo o que me deixa encantada, bom estava assim até ver a maneira que olhou para Giulia.
Quando seus olhos cruzam com os meus tenho certeza que me reconheceu, penso que deseja conversar sobre isso e mesmo sem saber como agir não hesito quando está em minha frente, já faz anos e este momento finalmente chegou, pensei que nunca fosse vivê-lo e agora sinto-me extremamente ansiosa por isso.
— Você costuma chegar atrasada sempre? - questiona encarando-me.
O encaro sem entender, temos tanta coisa para conversar e ele quer falar sobre meia hora de atraso? Tudo bem que não fui correta, mas hoje tive um imprevisto, e foi apenas hoje. Leon não se sentia muito bem e eu queria ter certeza que tinha melhorado antes de sair de casa, por acaso pode deixar alguém doente em casa? Enquanto pensava percebi que ele estava olhando para minha aliança e foi a primeira vez que me senti mal por usá-la. Após alguns minutos, percebi que ainda não o tinha respondido.
— Não, hoje eu tive um imprevisto – digo simplesmente.
Seus olhos indagadores me observam, é como se quisesse me falar mais do que isso, eu aguardo por perguntas que façam sentido para mim, ele é o cara dos meus sonhos, entretanto age bem diferente de tudo o que idealizei.
— Compreendo Emma, mas espero mais de você, não ache que agora poderá ter esse comportamento, não sei como era o outro coordenador, contudo isso não importa. Sou o coordenador agora e não gosto de atrasos – afirma encarando-me.
O seu olhar é frio, não tem aquele olhar meigo e apaixonado, suas palavras não são para me confortar, este não é o homem que esperei vir me resgatar durante quinze anos, ele não é meu. A realidade vem para bater em mim, sinto um cansaço extremo em meu corpo, minha respiração falha durante alguns segundos, não sei o que está de fato acontecendo.
— Tudo bem – murmuro, não consigo dizer mais nada.
Matteo me observa como se desconfiasse de minha resposta, como se me analisasse, olhos em seus olhos, mas não vejo o que queria, não encontro o homem que esperei por tanto tempo e isso dói como algo jamais doeu.
— Apenas isso? - investiga.
Balanço a cabeça confirmando, desejo que essa conversa acabe, pois não me sinto pronta para isso, não estava preparada para algo desse tipo, minha cabeça dói, rezo pela minha cama.
— Matteo, finalmente te achei – exclama Giulia.
Ela vem em nossa direção, seu sorriso é lindo assim como a garota. O homem que sempre idealizei olha em seu direção, seus olhos brilham e ele sorri, um sorriso lindo e perfeito exatamente como sempre sonhei, todavia o cara por quem mantive uma paixão secreta por todos esses anos não sorri para mim.
— Eu estava aqui o tempo todo, o que deseja? - indaga ainda sorrindo.
— Não tenho aula agora, pensei em te mostrar alguns lugares – fala e sorri.
Ele assenti e levanta sem ao menos olhar em minha direção. Quando saem da sala libero todo o ar que prendi, claro que ele olharia assim para ela. Giulia é linda, gentil e verdadeira, não é fútil por conta da beleza, é uma mulher extremamente inteligente, posso afirmar sua perfeição, fico me perguntando onde estava com a cabeça em todos esses anos quando achei que ele me amaria.
Levanto apressada e vou para o banheiro, sem me controlar coloco para fora todo o meu café da manhã, acho que vomitei umas quatro vezes e três delas só tinha um liquido estranho, quando finalmente consigo parar lavo o rosto e a boca, olho-me no espelho percebendo como estou patética, meu olhar vago e o rosto abatido, sinto as lágrimas invadirem meu rosto, mas as controlo, não vou chorar aqui, não posso fazer isso.
Reúno o que me resta de coragem e pego minhas coisas, vou direto para o elevador e escolho o andar do estacionamento. Isso só pode ser um pesadelo, eu preciso urgentemente acordar. Quando chego no estacionamento entro no carro e começo a dirigir, saio do prédio e somente agora deixo as lágrimas saírem, preciso do meu refugio, não penso duas e vou para a casa dela.
Oma, sempre cuidou de mim, não conheço os meus pais, ela me criou para nunca precisar deles e conseguiu, mas sempre precisarei da minha avó e agora quando estaciono em frente a sua casa, não me atento a nada ao redor, apenas entro apressada usando a chave que me deu, vejo uma senhorinha sentada no sofá, seus olhos doces me encaram como se soubessem toda a verdade antes que eu pudesse lhe dizer, esta mulher sabe tudo sobre mim.
— Venha niña deixe-me cuidar de você – fala assim que me vê, ela sempre gostou de me chamar desta forma, minha bisa a chamava assim.
— Oma, tem algo muito errado comigo – exclamo deitando no sofá e colocando a cabeça em seu colo.
Ela acaricia meus cabelos e isso tem o poder de me acalmar, nunca escondi nada de minha avó, portanto não preciso lhe contar toda a historia de Matteo, esta senhora já a ouviu muitas vezes.
— Ele está aqui – digo tentando controlar minhas lágrimas.
Não preciso lhe dizer o seu nome, só existe uma pessoa capaz de me deixar desta forma, é sempre ela que me ajuda a superar tudo, essa não é a primeira vez.
— Não esperava por isso, não é filha? - indaga de forma carinhosa.
— Não, sempre sonhei com ele, Matteo nunca saiu do meu lado, mas este homem que tem sua aparência, seus olhos, seu sorriso… É muito diferente do homem que estava em meus sonhos – esclareço.
— Ele não agiu como pensava? - questiona buscando me compreender.
— Não, é como se fosse apenas um homem comum, se encantou por Giulia, Oma, ele não me reconheceu, eu jamais o esqueci e nunca signifiquei nada de verdade – confesso em voz alta, preciso encarar a realidade.
Ela não me responde de imediato, as lágrimas voltam com força quando me dou conta que não sou nada para o homem que nunca saiu dos meus sonhos por mais que eu tentasse esquecê-lo.
Eu lutei tanto para tirá-lo de minha vida, em muitos momentos me imaginei sem ao menos conhecê-lo, mas nada funcionou, nunca amei Leon completamente, por que ele jamais saiu de minha mente e agora tudo parece confuso e falho. Sinto os meus olhos se tornarem pesados e o carinho em meu cabelo é feito com mais delicadeza, sinto que começo a relaxar.
Eu o amei, em todos os momentos, com todo o meu coração e agora isso faz com que eu me sinta a pessoa mais injusta do mundo, pois jamais pude amar alguém assim e ele não se recorda do que já significamos um para o outro.
— Ele continua atrás de você? - indaga Matteo.
São quatro horas da manhã, sempre conversamos de madrugada, ele é meu melhor amigo mesmo ficando com sono durante o dia vale a pena, falar com ele é o que me conforta, fico o dia inteiro esperando por esse momento.
— Sim, não aceita que terminamos, não sei mais o que fazer – desabafo.
— Eu queria estar ai Emma, iria cuidar de você e manteria ele longe, mas não posso ir por causa do trabalho – diz preocupado.
Eu ainda não trabalhava, com quinze anos a escola é o único lugar que vou, mas Matteo já tem vinte e cinco, sua realidade é diferente, entendo que não pode estar aqui.
— Eu sei, fique tranquilo. Oma cuida de mim, ele não pode se aproximar da casa e na escola os professores estão de olho – afirmo para tranquilizá-lo.
Ele demora um pouco para me responder, não sei direito o que está pensando, aguardo ansiosamente por sua mensagem.
— Quando eu estiver de férias vou ai, conversarei com Oma e o manterei longe se precisar, não importa o tempo Emma, eu sempre cuidarei de ti – garante.
Meu coração dispara com suas palavras, sei que não está mentindo, ele é uma das pessoas que mais posso confiar.
Acordo sentindo-me completamente dolorida, Oma não está mais comigo, imagino que deve ter ido resolver algo, ela sempre sai assim, pois é muito ocupada. Sinto-me um pouco mais calma, pelo menos não quero mais chorar, vejo que já passa das três da tarde, Giulia me ligou algumas vezes, não retorno a ligação, falar com ela é a última coisa que desejo.
Subo as escadas e vou tomar um banho, pego algumas roupas que deixo aqui na casa de minha avó e me visto, olho-me no espelho e percebo que ainda estou abatida, resolvo deitar um pouco na cama, não sinto fome, apenas o cansaço toma conta de mim e a a dor no corpo parece aumentar, pelo menos o enjoo diminuiu. Fecho os olhos novamente, no entanto os abro rapidamente, não quero dormir, não quero o refugiu falso dos meus sonhos, não tenho mais esperança, as lágrimas voltam, contudo eu as guardo, preciso ficar bem para ir pra casa.
Se Leon me questionar o que responderei? Sinto um calafrio percorrer o meu corpo, cubro-me e fico pensando em tudo o que aconteceu neste dia, meu telefone toca, vejo que é Giulia novamente e a ignoro, neste momento falar com ela só vai aumentar a dor, às vezes parece que não vou aguentar.
É como se um sonho tivesse sido destruído, neste momento percebo que o homem que tanto idealizei só existe em minha cabeça, e isso me faz pensar, existe mais alguma situação em que estou mentindo para mim mesma? Como resposta Leon surge em minha mente.
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