Capítulo 4
Matteo
A universidade não é longe de casa, consigo chegar com alguns minutos de antecedência, é um prédio enorme, muito maior do que aquele em que eu estava em minha cidade. Isso parece irônico devido ao tamanho do local, mas parece que eles realmente se importam com os estudos aqui.
Quando entro no elevador, escolho o meu andar e viro-me para a porta, não demora muito e uma mulher entra, por mais que eu tente não consigo tirar os olhos dela. Ela é loira, alta, tem um corpo incrível e seu rosto é perfeito, a garota me encara e sorri para mim, mostrando que sabe como é bonita.
— Bom dia, prazer Giulia – diz e estende a mão para mim.
Eu a cumprimento sentindo sua pele macia, é o tipo de mulher que dificilmente passará despercebida e é também aquela que sempre vai atrair o interesse dos homens, o melhor é ver que a garota em minha frente tem essa mesma certeza que eu.
— Prazer, meu nome é Matteo – cumprimento-a e ela sorri ainda mais.
— É um nome muito bonito – murmura.
— Obrigado, o seu também é – falo sentindo que se eu não falasse nada a situação ficaria estranha.
— Você é novo, vai trabalhar ou… Estudar? - indaga me analisando.
— Trabalhar – digo me sentindo desconfortável com a forma que ela me encara.
Nenhuma mulher nunca deixou tão claro seu interesse, se eu a beijasse agora tenho certeza que transaria comigo neste elevador, e eu realmente estou disposto a isso, no entanto tem algo dentro de mim me impedindo, alguma coisa em minha mente me diz para não tocá-la, pois as consequências não valeriam a pena. A confusão se forma, pois não vejo esse impedimento.
— Interessante – diz e passa a língua pelo lábio inferior.
Giulia é uma sedutora, e quando isso fica tão explicito assim o interesse do outro não se torna muito grande, pois perde o mistério. É fácil saber o que uma sedutora vai fazer, gente assim não consegue ter muitos segredos.
Paro de encará-la e foco minha atenção na porta do elevador, não demora muito e chegamos no andar que por coincidência vamos descer os dois no mesmo local, nos despedimos e me direciono a sala de Nicolas, temos muitas coisas para conversar.
Assim que chego na sala sua secretária me informa que estou sendo aguardado e me acompanhada até o lugar em que ele está. A sala é um pouco distante da que eu havia me direcionado, parece ser bem reservada e creio que isso é uma vantagem que ele tem.
Após a garota entrar na sala e me anunciar eu a acompanho, me deparo com uma decoração rustica muito bonita, as coisas foram reformadas, mas nada substituído, acho interessante como eles gostam de se manter como no passado, parece que o novo não os agrada, mas devo admitir que possuem um ótimo gosto.
— Pode ir que eu assumo daqui, obrigada Marie – diz e a garota sai apressada.
Eu o encaro por um tempo, vejo que é um homem que já passou dos cinquenta anos, no entanto é muito bem conservado, deve ser por isso que Marie se sentiu tão envergonhada apenas por ouvir a voz dele, será que esse homem sabe do interesse da garota? Encaro sua mão e ele não tem aliança, vejo que se a menina tentar pode conseguir algo, mas ela parece muito tímida.
— Finalmente vamos nos conhecer pessoalmente – exclama e sorri, ele parece ter um humor ótimo nesse frio.
— Sim, estava esperando por este momento – digo animado.
Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Nicolas me passa informações sobre o trabalho das quais ele considera interessante, outras coisas eu pergunto, em poucos minutos nos direcionamos para a sala dos professores, é o momento de apresentação.
Assim que entro na sala, vejo alguns professores sentados, encaro a moça do elevador e ela sorri para mim como se fossemos íntimos e isso não me surpreende de nenhuma maneira.
Nicolas cumprimenta um por um, dá para perceber como ele é querido e respeitado aqui, percebo que é um ambiente de trabalho muito bom.
— Alguém falou com Emma? Ela nunca atrasa, algo deve ter acontecido – exclama e um arrepio percorre o meu corpo.
Recordo-me do nome e automaticamente me lembro do mercado, será que é ela? Será que é a minha Emma? Essas indagações fazem o meu coração disparar, nós nem nos conhecemos e eu já sinto como se nos amássemos.
Não demora muito e uma mulher entra na sala apressada, seus olhos encaram os meus e seu semblante muda, percebo-a apavorada, mas ela é boa em esconder o que sente, logo volta a ficar neutra. Sinto uma tensão tomar conta do meu corpo, é a mulher do mercado, é a mulher de 15 anos atrás, ela não mudou quase nada em sua aparência, continua linda e marcante, e seus olhos, são aqueles olhos que não conseguem esconder nada de mim.
— Desculpem o atraso, eu tive… Hum, eu tive uma noite ruim – diz e se apressa para ir se sentar.
Eu queria dizer algo a ela, entretanto sentia que nenhuma palavra com sentido sairia de meus lábios agora, não conseguia acreditar que estava diante da menina que marcou minha vida e que agora é uma mulher linda, penso se ela ainda é a mesma, pelos seus olhos creio que não mudou.
— Você está diferente Emma, o que aconteceu? - envio a mensagem.
Nós só conversamos por mensagens, nunca liguei para ouvir sua voz e ela também não me ligou. Conversar com ela durante a noite é o que motiva, são três da manhã, daqui a pouco vou trabalhar e não me importo de não dormir, pois estou com a garota que dominou meus pensamentos e isso compensa qualquer coisa.
— Não é nada, estava escrevendo – diz ainda tímida.
— O que você escreve? - questiono interessado.
— Poemas – informa.
— Posso ler? - pergunto.
— Tem certeza? Podem ser bem ruins – diz.
Nunca entendo o motivo de ela ser tão insegura, conversamos tanto que acho impossível Emma escrever algo ruim, essa garota é incrível e eu não poderia esperar algo que não fosse a beleza, tenho certeza que deve ser ótima em suas poesias.
— Quero ler sim – digo e aguardo.
Não demora muito e ela me envia, o poema é lindo e muito triste, consigo sentir suas emoções e isso me comove. Deus, como eu gostaria de estar ao seu lado para abraçá-la.
— É lindo Emma, é incrível sério, eu achei o máximo, você é muito talentosa – exclamo desejando falar ainda mais.
— Tem certeza? Eu realmente não sei se ficou bom – fala insegura.
— Ficou incrível, você é muito transparente quando escreve, eu pude sentir todas as suas emoções, foi uma ótima experiência para mim – assumo, desejando que ela perceba o que sinto, sem que eu tenha que implorar.
Recordo-me pensando que não é só na escrita que ela é transparente, em seus olhos também ou talvez eu que a ame desesperadamente e veja tudo o que ela tem por observá-la demais.
Sei que agora esta nervosa, fico pensando se me reconheceu, se sabe quem eu sou e o que fará com essa informação. Faz mais de dez anos que não conversamos, eu a abandonei, sempre menti para mim mesmo, disse que respeitava sua escolha, no entanto, a verdade é que senti medo da forma que ela me encantou.
Enquanto Nicolas fala com o pessoal eu não consigo tirar os olhos dela, tento e sei que nada esta certo, as lembranças vieram com tanta força que me sinto capaz de perceber as emoções que me despertou em outrora. Emma não olha em minha direção, em nenhum momento.
Suas mãos estão acomodadas no colo e seus olhos cravados em Nicolas, sinto o seu nervosismo, sei que deseja me encarar, que tem curiosidade de me ver, mas tem medo, posso afirmar isso por que eu também tenho.
Ela levanta a mão para tirar o cabelo do rosto e eu vejo… Algo que não esperava, pois sou presunçoso, mas é óbvio que isso aconteceria, por que ela é linda demais e incrível, nenhum homem a deixaria escapar. Sua aliança é discreta, sei que devo respeitar uma união, todavia não estamos falando de qualquer mulher, sei exatamente o que devo fazer agora.
Quando a apresentação é finalizada, todos se levantam para sair menos Emma, enquanto os professores saem da sala e Giulia sorri desesperadamente para mim, observo que a mulher que domina meus pensamentos continua sentada e coloca algumas pastas na mesa, quando me sinto mais confiante vou até ela.
— Emma não é? - indago já sabendo a resposta.
Seus olhos encontram os meus, sua intensidade estava lá, eu nunca os tinha visto, mas podia sentir em suas palavras.
— Sim – diz simplesmente.
— Podemos conversar? - indago reunindo toda a minha coragem.
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