Capítulo 10
Matteo
Ser o coordenador não limita o meu trabalho apenas na faculdade, me designaram para a organização da festa. Bom, em geral vamos passar dois dias em uma pousada, iremos hoje à noite e só voltaremos no domingo, ficaremos sexta e sábado, e no domingo poderemos retornar para nossa vida.
Para mim é maravilhoso, pois vou conhecer um pouco mais do lugar que escolhi para morar, no entanto desconfio de que talvez não seja tão bom para todos, em especial para Emma, senti ela um pouco tensa nesses últimos dias.
Como sou da organização vim mais cedo para a pousada, o lugar é esplendido. Estamos em cima de uma montanha, existe uma passagem cercada por pinheiros e o chão é de paralelepípedos, a cerca é de madeira.
O caminho que nos leva até a pousada parece um cenário perfeito para um filme. A pousada não deixa a desejar, é construída com madeira, pintada de marrom e as janelas de branco nos últimos andares tem uma bandeira do país como em quase todas as casas daqui.
É notável que a cidade respeita extremamente a natureza, devido a quantidade de plantas que cercam o ambiente. Após deixar as malas no quarto e organizar em cada quarto que cada um vai ficar, retiro-me e vou dar uma volta, conhecer o local onde estou é a melhor forma de proporcionar bons passeios, já que a intenção por trás de tudo isso é fazer com que os professores relaxem um pouco.
Após um tempo de caminhada, encontro um dos lugares mais bonitos que já vi. A água da cachoeira cai com força, essa montanha é ainda mais alta da que estamos. Sigo por uma estrada de terra que me leva a uma ponte de madeira, ela passa por trás da água. Fico parado observando a água cair, esse é realmente um lugar inacreditável.
Meu telefone começa a tocar, saio do transe e ao pegá-lo noto que já está tarde, assim que atendo começo a caminhar indo de volta para a pousada.
— Ellie – digo surpreso.
— Matteo, como está? - indaga.
— Bem, estou naquele evento que te contei – falo me sentindo mais empolgado.
— Que legal, vai ter um tempo a mais com Emma – diz e isso me deixa nervoso.
— Isso não vai acontecer, ela é casada Ellie, não se esqueça disso, por outro lado acho que a garota me reprova de todas as maneiras – digo não muito contente com a realidade.
— Como pode dizer isso, um dia ela amou você – fala e isso me leva de volta para algo que reprimi.
“Você tem certeza disso?” - indago.
Emma parece muito tensa, escreveu coisas que não sei se me contaria se estivesse bem. Pelo que entendi seu ex namorado a está perseguindo e eu por mais que queira não posso largar tudo aqui para ir atrás dela, a garota é muito nova.
“Não sei o que fazer, está tudo confuso… Queria que estivesse aqui” – digita.
Sinto minha respiração acelerar, pois isso é o que eu realmente queria, no entanto não quero me arriscar, sou dez anos mais velho do que ela, isso não seria bem visto e eu provavelmente seria muito julgado, preciso seguir com a minha vida.
“Eu queria estar ai, mas não posso… Emma se voltar para ele, bom, sabe que nossa amizade terá que mudar.” - falo, sei que já lhe disse isso algumas vezes, contudo preciso que não se esqueça.
O silêncio se faz, longos minutos passam e eu sei que ela pensa que a estou abandonando, todavia em minha mente estou apenas respeitando sua vida, infelizmente temos vidas diferentes.
“Eu confundi tudo, por um momento você foi o príncipe que ia me salvar, nunca quis responsabilizá-lo por isso, eu só… Só precisava de alguém e você foi minha válvula de escape, mas Matteo, você está certo, temos vidas diferentes.” - suas palavras cortam-me lentamente, sei que falhei.
“Você é minha válvula de escape também.” - escrevo, mas já era tarde demais.
Eu deveria ter dito algo, lhe explicado minha realidade, fui um covarde e a garota que tornava minhas noites mais tranquilas, não ficou mais online para falar comigo e isso só prova a minha covardia.
— Ela nunca me disse essas palavras – murmuro.
— Não é tudo que precisa ser dito, você só não a ouviu – fala.
— Isso não importa, nós dois mudamos, ela nem se lembra de mim Ellie, o que aconteceu entre nós parece que foi em outra vida, sei que ama romances, mas na minha história você não está lendo um – repreendo-a e a ouço sorrir.
— Isso é o que vou descobrir – afirma.
— O que pensa em fazer? - questiono receoso.
— Logo saberá – diz e se despede.
Penso em questioná-la ainda mais, no entanto me surpreendo quando chego em frente a pousada e vejo que alguns professores já chegaram. Procuro por ela, mas não a vejo, ao invés disso Giulia corre em minha direção, penso se ela não sabe perceber quando o cara não está interessado.
— Que bom vê-lo – fala e vem me abraçar, a cumprimento rapidamente.
— Já viu seu quarto? - indago lembrando o que fiz.
— Sim, nossa estou bem longe do seu, pensei que ficaríamos um ao lado do outro – explica insatisfeita.
— O hotel não organizou dessa forma – justifico, não sei o que ela espera com essa viagem.
— Será que não podemos mudar? - sugere sorrindo.
Ela é linda, é uma mulher encantadora e inteligente, entretanto não estou disponível como ela deseja, penso em respondê-la, no entanto perco minhas palavras assim que a vejo. Emma chega e estaciona o carro um pouco longe dos demais, percebo que demora um pouco para sair do carro, observo toda a sua elegância, assisto-a indo para o porta malas e no momento que noto que esta sozinha me vou em sua direção.
— Boa noite Emma, quer ajuda com a mala? - indago.
Vejo que se assusta e me controlo para não rir, assim que ela me encara perco toda a felicidade que senti, devido a tristeza que vejo em seus olhos. Ela sorri para mim, um sorriso tão forçado e injusto, ela merece muito mais do que isso, antes que eu possa perguntar se precisa de alguma coisa, Giulia aparece, mostrando como consegue ser inconveniente.
— Emma, veio sozinha? - indaga.
Minha garota fecha os olhos com força, no entanto os abre rapidamente, é como se buscasse força para o momento, sei como se sente, nossa colega pode ser cruel.
— Boa noite Giulia, sim, o Leon teve um compromisso de trabalho – diz e sei que essa não é toda a verdade.
— Nossa, como você deixou isso acontecer, tinha meses que combinamos que ele viria, vou falar com meu amigo, o Leon deveria estar aqui – exclama e se afasta assim que alguém a chama.
— Você está bem? - investigo.
— Sim, eu não me importo muito de ele não vir, só os questionamentos da Giulia que me cansam, ela sabe como ser inconveniente – diz e eu sinto sua sinceridade.
— Já percebi isso, vem vou te acompanhar – asseguro e nos dirigimos para o hotel.
Deixo que ela vá sozinha na recepção, assim que pega a chave do quarto vamos para o elevador, o silêncio entre nós é ensurdecedor, eu queria dizer algo, no entanto não sei como agir neste momento. Assim que entramos no elevador o cheiro dela toma conta de mim, como entram mais pessoas Emma fica ao meu lado e eu não tenho outra escolha a não ser senti-la, olho para a sua pele macia que esta a mostra e anseio por tocá-la.
Controlo-me mesmo quando a excitação começa a aumentar, não é o melhor momento, mas o desejo começa a crescer cada vez mais, se o cheiro dela faz isso comigo fico imaginando o que aconteceria se a tocasse, acho que explodiria. No sétimo andar o elevador abre e as pessoas descem, ficamos só nós dois.
Espero que ela se afaste de mim, que dê alguns passos para me mostrar que jamais quis estar ao meu lado e que só permaneceu ali por que o elevador estava cheio, contudo isso não acontece, Emma fica ao meu lado mesmo com espaço suficiente para ficar do outro lado, sorrio ao perceber como isso fez eu me sentir, parece que tenho dezessete anos de novo.
Quando o elevador para descemos e andamos um pouco, no fim do corredor tem dois quartos, aguardo enquanto ela abre a porta do seu, entro com ela apenas para colocar a mala em um canto perto da parede, vejo quando vai direto para a janela, a acompanho rapidamente.
— Esse é o melhor lugar que eu poderia ficar – murmura enquanto olha a vista.
— Imaginei que ia gostar – assumo.
Emma me encara como se esperasse por mais, tenho tanto a dizer, mas não consigo encontrar as palavras certas, então fico em silêncio.
— Isso foi ideia sua? - questiona.
— Eu acertei não foi – digo e desvio o olhar do seu.
— Só espero que não seja muito solitário aqui em cima – fala e sorri.
— Se precisar de algo, estou no quarto ao lado – confesso e nós encaramos novamente.
— Quem mais está neste andar da equipe? - investiga.
Respiro fundo e a encaro, não pensei que ela estaria sozinha, apenas queria lhe dar privacidade, e ficar no quarto ao lado era só se por acaso ela precisasse de alguém.
— Só nós dois – murmuro.
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