Capítulo Um
A incontestável cena do agressor fingindo ter ressentimentos pela vítima era nojento, seus olhos vermelhos estavam cansados de chorar pelos seus erros imperdoáveis. E eu estou cansada de tanta hipocrisia disfarçada de arrependimento.
O advogado de defesa tentava convencer o júri com suas palavras inúteis, não vejo a hora disso acabar, literalmente olho para o relógio enorme que tinha no final da sala.
—O réu é condenado pelo crime de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, e sequestro contra sua sobrinha de 11 anos. Em suma, aumento a pena máxima de 30 anos por 40 anos de reclusão, pois o crime doloso tirou a vida de uma de menor, e de acordo com o art. 121, §2º e §4º.—E sem hesitar, continuo. —Culpado.
Bato o martelo na mesa áspera, finalmente acabou essa merda de trabalho. Amor ao trabalho? Me poupe.
Desço do posto com um sorrisinho encantador nos lábios, ando com postura reta como se estivesse numa passarela enfatizada pelo ilustre poder que exerço por pura competência. A mãe do sujeito que matou friamente uma criança, agarrou-me pelo pescoço.
—Você não tem coração? Apenas olhou as horas e nem teve a decência de avaliar o caso corretamente, somos lixos por acaso para ser tratados assim?
—Aprenda a criar seu filho como ser humano! -Retiro suas mãos suja de mim e a derrubo no chão.
—Mãe! —O garoto de 20 anos tentava se aproximar, mas os guardas o levam.
A mulher encara meu rosto com a expressão agoniada, o Sr. Ryan Saymon Lewis intromete-se erguendo sua mão para ajudar a velha a se levantar, e depois pousou os olhos em mim.
—Obrigada—ela agradeceu, saindo.
—Não precisava derrubá-la agressivamente —comentou sem tirar os olhos esverdeados dos meus, admito que é uma bela vista a ser admirada. No entanto não custa o meu precioso tempo.
—Alguém pediu sua opinião? —pergunto ao advogado mais solicitado nesse âmbito. Abandono o lugar com a cabeça erguida, sem esperar sua resposta.
Perguntei só para ter a última palavra.
—Deve ter esquecido como é o amor fraternal, porque se soubesse a dor de uma mãe... Não a trataria sem compaixão. —Ele estava me seguindo, a altura desse homem estava me incomodando de tal maneira.
Odeio gente mais alta que eu. Parei bem em sua frente, mesmo estando com salto alto, continuo inferior a ele. Tento ficar nas pontas dos pés para demonstrar superioridade, porém foi a ideia mais idiota que completei na vida.
Sem controle do equilíbrio caí no chão empoeirado, escuto sua maldita risada tentando soar sútil.
—O réu é inocente— declarou ainda sorrindo, esboço um sorriso de lado enquanto levantava do piso e em seguida limpo a sujeira grudada na roupa caríssima. Humilhação era a única coisa que iria sentir nessa fração de segundos, por alguns segundos restauro o movimento das pernas. Ainda fraca pelo tombo insignificante, as pernas vacilam novamente e torcem para o lado.
Ryan segurou pela cintura a tempo antes de cair de novo no chão.
—Seu ego deve ter sido ferido por perder um caso pela primeira vez. Escute aqui, você não me convenceu o contrário, as provas estão todas expostas para o culpado...
—Poderia ter dado mais tempo ao meu cliente. —Aproximou mais ainda seu corpo perto do meu, sinto um certo incômodo com sua aproximação, mas permaneço na mesma posição com a cabeça erguida. — Eu te garanto que esse garoto ainda vai ser libertado, porque acredito que ainda falta alguma coisa.
—Acreditar é uma ilusão para alimentar sua mente fraca.
—Eu te levo até seu carro? —perguntou, suas mãos continuava segurando minha cintura, sinto o calor emanando delas. —Alice Gael?
Sua afeição parecia preocupada. O que está acontecendo comigo? Ele olhava o tremor das minhas pernas. As pessoas passavam encarando nós dois, tiro suas mãos de mim.
—Você está bem?
— Pra você é Srta. Alice Elizabeth de Gael. — Novamente digo a última palavra e o deixo plantado no meio do edifício, após alguns segundos caminho até o estacionamento fechado. Mas quem apagou as luzes? Elas não costumam ser desligadas nesse horário.
—A carteira! —Escuto a voz atrás de mim, alguém agarrou-me tão rápido por trás, ele deslizava a faca pelo meu pescoço, pude sentir o quanto era afiada. —Cuida, droga.
— Esta violando o Art.157 e seus anos serão mais longos do que apenas o furto, até isso você não sabe, se tivesse cometido um crime comum seria mais evidente sua saída rápida. Até para roubar é burro. — Após falar aperto no alarme de carro que estava segurando, ele se vira distraído pela o barulho e as luzes piscando, rapidamente acerto a bolsa no ladrão e corro para o carro, mas tropeço por causa do salto alto e minha cara se encontra com o chão.
Pensei que já tinha me acostumado com essa merda.
Antes que eu possa reagir ao homem mascarado sou puxada pelo cabelo, parecia que a morte vinha em câmera lenta quando a faca era direcionava para cortar a cabeça. Fechei os olhos, totalmente sem vantagem, se eu mexer um dedo serei morta. Reagir novamente pode ser o fim, mas agora qualquer opção seria.
De repente ele me solta, escuto a faca caindo do lado, abri os olhos e virei-me para trás. Ryan socou o rosto do ladrão em seguida ambos estavam numa briga de quem acaba morto primeiro.
—Agora será entre homens. —Ryan o derrubou e socou diversas vezes no rosto.
— Corrigindo, lixo contra lixo — falei.
Ryan olha para mim e no mesmo momento o ladrão o ataca deixando na posição anterior, fazendo a mesma coisa de antes. De longe jogo minha bolsa que vai alto demais, enfim desceu rápido e logo caiu na cabeça do assaltante, ele desmaiou.
—O que tem tanto nessa bolsa?
— Minha vida...
Ryan pega a bolsa branca que estava manchada com um pouco de sangue, logo avalia os sinais vitais do camarada, depois disso liga para emergência, e finalmente andou até onde continuo caída, estendeu a mão.
— Você vive caindo, Alice.
—Srta. Alice... —olho para a parede tentando evitar seu olhar, escuto um suspiro baixo.
—Vem cá, deixe cuidar desses machucados. — Segurou o braço que tinha ralado, afasto violentamente.
—Não é nada. — Levantei e andei as presas para entrar no carro, e pronta para dirigir. Entrei e fechei a porta, Ryan aparece na janela batendo com três dedos. Mostrou minha bolsa junto com a chave do carro, desço o vidro.
—Meu bem, não está esquecendo nada?— A Ironia dominava seu sorriso perfeito. Peguei rapidamente dele, e rodei a chave do carro. Depois desfez o sorriso. —Está bem mesmo?
—Saia antes que te atropele.
Ele levantou as mãos em redenção e deu passos para trás, sem olhar para trás sigo o meu caminho. Respiro fundo tentando ficar calma.
Não foi nada, não foi nada, não foi nada...
Bom samaritano? Ata, é mais para um idiota que se intromete! Homem contra homem? Ele quis dizer que sou indefesa só porque sou mulher, esse tipo de homem é um lixo.
Insuportável, indigente. Que raiva!
Estaciono o carro ao chegar no destino, saí tentando ser discreta, faz muito tempo que jurei não pisar mais na casa da dona Eliza.
A observo de longe carregando uma caixa de maçãs, ela continuava vendendo nesse lugar pequeno, devia pelo menos contratar alguém para carregar a mercadoria. Aquele homem ainda morava com ela, sinto um arrepio na espinha.
O nojento estava sentando a observando fazer todo o trabalho, ela tropeçou e caiu na lama, aperto com força meus punhos em tentativa de controle. Ninguém estendeu a mão para ela, não aguento mais ver isso, volto para o veículo e giro a chave. Mas permaneço parada aqui, as horas vão passando e continuo sentada sem me mover.
Jurei não voltar a essa casa! Jurei não voltar. O passado vai continuar no passado, tento converter meu pensamento nisso, contudo tomo coragem para ir embora, agora estou em movimento pronta para ir para o apartamento, controlo as lágrimas que estavam querendo surgir. Não vou chorar, ninguém merece minhas lágrimas, principalmente ela.
Enquanto me locomovia pelo trânsito, o celular tocava diversas vezes. Que merda de barulho, ignoro mais uma vez o barulho irritante, entretanto continuou sem parar. Devia ter desligado antes, sempre ignorava as ligações.
Quem é o maldito que me liga? Na verdade, afastei todos que chamava de amigos.
Odeio quando me ligam de repente atrapalhando o momento que estou tentando ter a noção da porcaria da vida. Ah, dane-se.
Tento pegar o celular olhando a estrada e o banco do lado, o maldito aparelho caiu mais para longe, alongo mais o braço.
Que inferno! Desisto de tentar atender, voltei a olhar para estrada, subitamente acabei batendo violentamente em outro veículo, bato a cabeça na frente machucando-a, além do estrondo arrebatador. Enquanto o sangue escorria pela testa, a minha consciência estava tendo coragem para admitir que era o fim. Lentamente as pálpebras se fechavam, e a dor física só aumentava na mesma intensidade das minhas emoções.
Olhei para o celular que continuava tocando, era um número desconhecido. Por um minuto pensei que fosse ela, minha mãe. Me enganei, por que tive essa esperança tola?
Então fechei os olhos e deixei a dor consumir tudo.
Espero que goste~~
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro