Vidas de volta, paixões diferentes
O dia amanheceu nublado e frio. Jay abriu os olhos lentamente. Esboçou um largo sorriso ao perceber que estava em seu quarto, em sua casa. Isso só podia significar uma coisa. Correu até o espelho mais próximo.
- Estou de volta! - ele gargalhou alegremente. O Park apalpou seu rosto enquanto olhava para o reflexo no espelho. - Como eu senti minha falta!
Apertou cada parte de seu corpo.
- Hey garotão, como está? - falou enquanto olhava dentro das calças.
O rapaz começou a dançar divertidamente em frente ao espelho se admirando, estava alegre. Feliz por tudo ter voltado.
- Qual o motivo de tanta alegria? - levemente sonolenta, perguntou Gyuri ao se deparar com o filho dançando em frente ao espelho.
- Mãe! - correu para abraça-la.
A apertou em um abraço e começo a gira-la no ar, a mulher gargalhava. Sentia tanta falta dela...
- O que aconteceu? - ela sorria alegre nos braços do filho, o rapaz deu uma risadinha e suspirando com o queixo no topo da cabeça da mais velha.
- Não é nada... Só estou feliz por ter uma mãe tão maravilhosa como você!
[...]
Estranhamente ela alcançou seu despertador que fazia barulho. Desligou e o pôs no lugar onde estava. Ela bocejou e esticou os braços, por fim abriu os olhos. Yunjin franziu o cenho ao se deparar com seu quarto. Rapidamente, ela fez pressão com as mãos contra o colchão para levantar da cama e foi ao banheiro. Um sorriso apareceu em seus lábios ao ver seus olhos, sua pele branca e seus cabelos loiros. Seu corpo... Ele estava de volta. Olhou dentro do pijama e sorriu mais ainda.
- Deu certo... Ah, graças a Deus! - sorriu aliviada olhando-se no espelho.
Desceu de pijama e algumas pantufas nos pés, correndo para cozinha, sabia que seus pais estavam na tradicional rotina de acordarem cedo e conversarem um pouco antes de irem trabalhar. Se aproximou de sua mãe que estava de costas no fogão e deu um beijo rápido em sua bochecha, assustando-a.
- Bom dia, princesa... De onde vem tanta felicidade? - Jihyo perguntou sorrindo preparando ovos cozidos.
- Não sei de onde, mas sei que tem um lugar dentro de mim morrendo de saudades de comer seu café da manhã, omma. - Yunjin passou a mão na barriga fazendo careta, a mais velha ficou confusa, ontem mesmo ela tinha comido, mas deu de ombros, adolescentes... - E bom dia papa!
- Bom dia minha estrela. - Daniel se aproximou segurando um jornal e bagunçou seu cabelo, era um costume que ele tinha pegado esses dias só que com Jay, mas como Yunjin não sabia ela estranhou.
- Ya! Eu vou arrumar meu cabelo, pai!
O mais velho riu dos resmungos da filha. Yunjin sorriu de leve, estava com saudades de ouvir seu velho rindo. Amava o jeitinho de seus pais, eram incríveis.
[...]
Na casa dos Kim's, Chaewon se encontrava devidamente vestida naquele uniforme vermelho e branco, ela dava os últimos toques em seu cabelo enquanto se olhava em sua penteadeira. Ela sorriu sem ânimo ao ver-se. Ela ainda teria de aturar aquilo até que a escola acabasse.
- Bom dia querida! - assustou-se e viu seu pai parado na porta. Ela franziu o cenho confusa ao ver sua mãe ali também, mas eles não tinham que estar na empresa aquele horário?
- Bom dia Pupu. - Yoona depositou um beijo em sua testa.
- Bom dia? - Chaewon falou duvidosa, ela estava surpresa.
Seus pais em casa. Sua mãe lhe chamou pelo apelido de infância que Miyeon havia dado desde que era pequena. E ainda lhe dando beijo de bom dia. Isso só podia ser alguma brincadeira, devia ter alguma câmara filmando essa pegadinha. Chaewon olhou desconfiada em volta para se certificar.
- Está tudo bem com vocês?
Eles só podiam ter batido com a cabeça, essa era a única explicação contundente. Ou algum espírito havia visitado eles na noite passada lhes mostrando como sua vida seria miserável e triste daqui a alguns anos, só podia ser isso.
- Precisamos conversar. - seu pai se pronunciou novamente.
- Agora? - eles assentiram. - Não pode ser depois? Além do mais, vocês têm mais um dia cansativo e cheio hoje, certo?
Eles perceberam o tom de deboche e até chateado na voz dela. Chaewon virou-se pra frente na cadeira giratória voltando a arrumar-se. Yoona puxou uma cadeira e sentou-se em sua frente. Girou a cadeira de sua filha para que Chaewon olhasse pra ela e quando o fez, a menina desistiu e decidiu ouvir o que eles tinham para dizer.
- E temos... Mas você é mais importante e precisamos conversar agora. - Junho falou calmo.
- Okay... - surpreendeu-se um pouco com a frase dele.
- Eu e seu pai conversamos e... - Yoona percebeu que Chaewon a ouvia atentamente, então continuou. - Nós percebemos o quanto erramos.
- Como assim?
- Que estamos arrependidos. Nós não sabíamos que se sentia dessa forma. - a mais velha suspirou. - Desculpe por todas as vezes que demos mais atenção ao trabalho do que a você... - Yoona continuou. Chaewon limpou o ouvido para ver se estava escutando direito.
- Espero que um dia você possa nos perdoar por isso... - Junho chegou mais perto. - E quero que saiba que nós te amamos muito, okay? - olhou nos olhos da filha. - Você é a coisa mais importante para nós. Sempre foi! Mesmo que eu e sua mãe não soubéssemos demostrar.
- Eu amo você, Chaewon! - a voz da Kim mais velha saiu embargada. - Como pode supor que eu não te ame, que eu não lhe dou a mínima por causa de uma droga de coroa? Fui tão ruim a esse ponto?
Chaewon abaixou a cabeça. Aquilo fez com que eles soubessem, aquele simples ato fez com que todas as respostas fossem óbvias. Que fossem esclarecidas. Com carinho, Yoona levantou e olhou nos olhos castanhos tão parecidos com os seus.
- Jamais pense que nós não te amamos. Ou que preferimos Miyeon ao invés de você. Jamais diga isso, okay? - sussurrou acariciando seu rostinho.
Chaewon não respondeu, estava incapaz de dizer algo. Yoona pegou Chaewon pelo braço suavemente e a fez sentar-se em seu colo. A mais nova soltou um soluço que estava preso e se aconchegou no peito dela. Seu pai acariciou seus cabelos e olhou nos olhos que estavam tão marejados.
- Se você nos der uma segunda chance, prometemos que dessa vez vai ser diferente. Queremos muito consertar nossos erros com você. Você nos perdoa? Se não quiser nos responder agora tudo bem, nós entendemos... - Chaewon levantou a cabeça.
- Sim! Deus, sim eu perdoo vocês.
Aquilo era tudo que Chaewon queria. Nada mais se passou em sua cabeça, a não ser dizer sim. Perdoa-los. Nada mais importava, ela apenas queria aquilo e por algum motivo ela estava tendo. E agora eles queriam fazer parte de sua vida, queriam consertar os erros. Se redimir. Chaewon não podia estar mais feliz. O homem e a mulher esboçaram um sorriso aliviado e a envolveram em conjunto em um abraço.
- Amamos você, querida... - Junho murmurou apertando-a.
- E a propósito... - Yoona sorriu olhando pra filha. - Você estava maravilhosa como rainha do baile.
- Vocês me viram? - sua feição mudou para radiante, seus olhinhos brilharam.
A mulher piscou positivamente enquanto se levantava e se dirigia até a saída do quarto, acompanhada de Junho. Chaewon sorriu mais ainda com a constatação.
- O que fizeram vocês mudarem de ideia?
Os dois pararam seu trajeto, trocaram um olhar e por fim, olharam-na com um sorriso.
- Jay. Ele nos fez enxergar tudo que não conseguíamos perceber antes. - a mulher respondeu simplesmente, para logo depois sair do quarto.
- Ah e Chaewonie... - Chaewon olhou para seu pai que lhe chamou. - Amo você!
- Também amo você, papa... - ele sorriu.
O homem seguiu sua esposa deixando Chaewon sozinha. A mesma sorriu balançando a cabeça. Jay... novamente Jay. Todas essas coisas maravilhosas que estavam acontecendo em sua vida era tudo por causa dele. Ela não quis perder mais tempo, e se apressou... Queria vê-lo na escola.
[...]
Jay estava sorridente em seu armário pegando alguns livros para a próxima aula. Esperava por Yunjin, sabia que também logo estaria ali. Alguém tocou seu ombro e ele se virou. Ele levou uma surpresa, não foi Yunjin que estava ali, mas sim uma Chaewon saltitante e sorridente ao ver seu namorado. Ele ficou tenso e bastante nervoso.
- Amor!
Chaewon o apertou em um abraço de urso, Jay logo ficou um pouco desconfortável. Tentando desviar o olhar da mais baixa, também não tocando-a.
- Você sabe o quanto eu te amo, não sabe? - a Kim murmurou e Jay ficou ainda mais tenso.
- Chaewon espera... - sua fala foi interrompida por um beijo dela.
O beijo durou por alguns segundos, depois de fazê-lo Chaewon franziu o cenho olhando os olhos dele. Algo a atingiu. Um sentimento estranho, mas não era o mesmo que ela estava acostumada a sentir toda vez que o beijava. Ela se sentiu estranha de repente, ela não sabia ao certo... Então voltou a beija-lo, dessa vez mais demoradamente. Precisava entender o que estava acontecendo.
Por ordem do destino, foi nesse momento que Yunjin entrou em cena e o sorriso que carregava em seu rosto se desfez como fumaça ao se deparar com Chaewon, sua Chaewonie... beijando Jay. Droga, ela sabia que isso aconteceria. Mas ela não conseguiu olhar para outro lugar.
- Chaewon para! - Jay a afastou segurando seus ombros sem muita força e pôde ver Yunjin tristonha um pouco distante os observando.
- Eu ahm... O quê...? - Chaewon murmurou contra o vácuo, seus olhos viajavam tentando entender aquilo.
Por que estava diferente? Chaewon não gostou nada daquilo. Ela fez milhões de perguntas em seu interior e Jay percebeu a guerra que se fazia nela.
- A gente pode conversar depois? Estou com pressa.
Jay se afastou, deixando uma Chaewon confusa para trás com uma pergunta insistente em sua cabeça:
Por que não sentiu absolutamente nada ao beija-lo?
Ela se virou vendo Jay indo à passos longos até a sala. No meio do caminho, conseguiu ver a silhueta de Yunjin, vestida de um jeito completamente diferente. Uma calça rasgada e uma blusa azul, seu cabelo estava solto. Ela não conseguiu ver algo além disso e do olhar da Huh, já que ela praticamente correu dando a volta no corredor.
[...]
- Esse corpo realmente lhe cai bem! - Somi sorriu antes de envolver Jay em um abraço apertado.
Sem deixar é claro, de apertar o bumbum do rapaz no meio desse abraço. Ele riu tímido com o gesto típico da garota.
- Então... Já estou pronto para ganhar meu beijo? - o Park sorriu animado.
- Prontíssimo meu amor... - Somi estava pronta para sem cerimônia tascar um beijo no garoto quando Yunjin entrou no meio dos dois, separando-os.
A loira estava ali o tempo todo avulsa à conversa de ambos, a única coisa em que pensava era como contar pra Chaewon. Tentar de alguma forma. Seria a única chance. Yunjin tinha três opções do que podia vir acontecer: Ou Chaewon te diria um não logo de cara; Ou ela pensaria e no fim diria que não; Ou por milagre ela diria um sim. O sim estava nas opções e ela queria se arriscar.
- Eu estou precisado de vocês agora e vocês só pensam em beijar?! - Yunjin balbuciou irritada.
Os três estavam na casa de Jay, em seu quarto. Os dois estavam sentados na cama do garoto enquanto Yunjin andava de um lado pro outro.
- Eu sei que você não gostou nenhum pouco de vê-la me beijando, mas você tem de entender que eu não tive como evitar e além do mais ela ainda não sabe de nada Yunjin. Nós precisamos contar pra ela... Você precisa contar pra ela!
Yunjin engoliu em seco e Jay se jogou na cama, emburrecido pela amiga ter interrompido seu precioso quase beijo.
- É Jeny... chegou o grande momento. Tem que contar tudo pra ela. Ela vai saber de qualquer forma... O momento é agora. - Somi decretou.
- Não vai adiantar de nada, ela não vai me querer porque ela não deve gostar de garotas!
Jay a olhou por um momento e seu olhar se tornou completamente incrédulo. Ele calmamente se sentou no colchão, ainda com os olhos fixos em Yunjin.
- De onde veio isso? - indignou-se.
- O que?
- Yunjin... Mas nada disso impede dela amar você! - Jay falou firme. - Ela só vai amar você e pronto, ela não precisa se definir primeiro! Sabemos que ela sente sim algo pela pessoa que você foi para ela, o "Jay" que ela conheceu, se declarou foi você e não eu. - ele fez aspas.
- Ela não vai amar, okay? Porque ela ama você! - Yunjin respirou fundo tentando diminuir o bolo que se formou em sua garganta. As palavras de seu melhor amigo entraram em um ouvido e saiu pelo outro, tamanha era sua incerteza e falta de esperança.
- Você não pode ter certeza disso, Yunjin... - os ombros de Somi balançaram. - Vai que, ela sempre teve uma queda por você mas nunca quis admitir. E quando descobrir vai adorar saber que sempre foi você?
a Jeon lembrou-se do dito acontecimento em sua festa de aniversário e quis rir, a Huh podia ser muito lerda, mas Somi sabia que Chaewon sentia sim uma queda por Yunjin muito antes de tudo isso de fonte dos desejos acontecer.
- Você não vai tentar me dar expectativas. Sempre que eu gero expectativas no fim acabo decepcionada!
- Você só vai descobrir isso quando contar. - Somi falou por fim. Yunjin suspirou. Ouviu um som estranho atrás de si mas não deu a mínima. Os olhou e continuou.
- Eu não vou conseguir... - Yunjin murmurou cansada, Somi viu ela fraquejar por um momento. - O que vocês querem que eu diga? Ah, Chaewon esse mês inteiro era eu quem estava no corpo do seu namorado. Eu, Huh Yunjin. A garota que você sempre machucou e odiou. A garota que agora está perdidamente apaixonada por você. E mal sabe você o quanto eu morro por fazer amor contigo!
A boca de Somi se abriu e logo um riso escandaloso saiu com a última declaração. Yunjin revirou seus olhos desistindo, e suas bochechas ruborizaram ao constatar que queria fazer amor com Chaewon.
Jay arregalou os olhos ao ver uma silhueta na porta. Primeiro achou que fosse sua mãe, mas Gyuri não tinha cabelo castanho e nem cabelos curtos onduladinhos...
Era Chaewon.
Chaewon estava ali! Ela tinha chegado a pouco tempo e ouviu tudo que precisava ouvir. A Kim estava perplexa, sentia o chão tremer embaixo de seus pés, e uma lágrima silenciosa caiu por seu rosto.
Depois que Jay lhe deixou com aquela dúvida na cabeça, ela precisava vê-lo, precisava entender o motivo de não sentir nada ao beija-lo. Quase perto do quarto percebeu que Somi e Yunjin estavam ali. E dessa vez não tinha porquê não acreditar...
Por mais absurdo que parecesse, era verdade! Eles nem sabiam que ela estava ali, então não teria motivo para mentir... Então era Yunjin o tempo todo? Então aquela despedida tinha realmente algum sentido? Então foi por isso que não sentiu nada ao beija-lo hoje?
Porque já não era mais Yunjin...
Então foi por ela em que realmente se apaixonou?
Tudo desmoronou e mais lágrimas escaparam. Sua cabeça rodava. Talvez no fundo sempre soubesse que não era ele, mas algo fez com que ela não quisesse aceitar.
Os olhos escuros que ela havia visto enquanto o beijava, era Yunjin? O sentimento, o beijo, o olhar, as palavras doces, o carinho, a atenção, o toque... Estava tudo diferente, era ela o tempo todo?
Era como se houvesse uma faca atravessando seu coração. Ela não conseguia acreditar, e em como aquilo era possível...
- Acho que você não precisa fazer isso Yunjin... - Jay sussurrou tão baixo com o olhar fixo na sua agora ex-namorada, que parecia estar petrificada.
Somi seguiu seu olhar e arregalou um pouco os olhos. Yunjin logo sentiu o medo domina-la.
- Por favor, Park Jongseong... Me diz que ela não está atrás de mim.
A loira não esperou pela resposta e se virou lentamente. Então se deparou com Chaewon na porta. A garota parecia quebrada. Chaewon estava quebrada... Yunjin sentiu seu coração parar dentro do seu peito, suas mãos suaram frio. Chaewon desviou seu olhar por um segundo para os olhos escuros sua cabeça começou a balançar a negativamente.
- Chaewon... - o nome saiu quase inaudível dos lábios de Yunjin.
Com isso, a Kim saiu correndo dali, sem dizer uma palavra. As lágrimas que caíam de seus olhos se misturavam com as lágrimas pesadas da chuva forte e barulhenta que se fazia do lado de fora.
Yunjin em completo desespero correu atrás da garota que amava. Mas ao se dar conta do que ocorria do lado de fora, ela parou. Ela tentou uma, duas, três, cinco vezes sair da casa e encarar seu maior medo. Droga, tinha que trovoar justo naquele momento? Os relâmpagos não davam trégua, o céu era riscado por eles e Yunjin estava morrendo de medo observando o céu cinza.
Então o medo de que não conseguisse alcançar Chaewon se tornou maior do que as trovoadas que se faziam.
- Chaewon! - gritou.
Chaewon chorava enquanto corria. Sabia que ela estava atrás de si. Então ela se lembrou de todos os momentos, e isso fez ela chorar mais. Ouvia os chamados de Yunjin mas ela não parou de fugir.
- Chaewon, por favor, espera!
Chaewon ouvia seus pedidos, a voz carregada em desespero e choroso. Ela soltava soluços sôfregos. Chaewon queria se esconder. Ela não queria que Yunjin a seguisse.
A cada trovão Yunjin choramingava entre gritos totalmente assustada, mas ela não parou até que finalmente conseguiu alcança-la segurando seu braço.
- Me deixa, me deixa! - Chaewon gritou sem pensar que a machucava, e tentava se soltar.
Yunjin não obedeceu. Ela puxou Chaewon para mais perto e a abraçou forte. Não a deixaria escapar, não tão fácil. Sabia o que Chaewon sentia naquele momento, ela foi tomada por uma grande ilusão e sua reação deveria ser pior do que estava tendo. Mas Yunjin não iria permitir que ela fosse embora. Não agora. Não depois de tudo que passaram juntas.
O choro de Chaewon acabou se tornando mais alto, ela começou a se debater e socar os ombros de Yunjin com força em todos os lugares. A americana não se importou, ela entendia a garota. Yunjin apenas abraçava a baixinha mais forte até Chaewon perceber que era inútil tentar fugir. Seu choro ainda era presente e ela foi encaixando o rosto no pescoço de Yunjin aos poucos, seus soluços não tinham fim. Mesmo com a chuva, ela sentiu o cheiro tão familiar durante todo o mês. Isso foi a acalmando aos poucos até que o choro e os soluços não eram mais presentes.
A chuva desabava sobre suas cabeças e Yunjin não deixou de abraça-la um segundo. Seus corpos estavam tão juntos... pareciam um só. Sentia o coração de Chaewon acelerado. As trovoadas ainda não cessavam mas não fizeram com que Yunjin a soltasse. E então a de olhos escuros sentiu as mãos dela circularem suavemente sua cintura. Ela soltou um suspiro aliviado e choroso.
- Não... - a Kim sussurrou completamente frágil. - Isso não pode estar acontecendo.
Yunjin separou-se apenas para ver o rosto de Chaewon. Mas ao se deparar com seus olhos vermelhos, a loira não pensou em outra coisa ao não ser beija-la com sofridão. Ao contrário do que pensava, Chaewon retribuiu ao seu beijo na mesma hora. Os lábios das duas estavam trêmulos mas ainda assim era gostosa a sensação de tê-los juntos de verdade. O primeiro beijo delas.
Yunjin puxou seu lábio inferior e suas lágrimas foram derramadas de seus olhos. Chaewon apertou seus braços nas costas daquela garota... Ela se sentia totalmente arrepiada e sabia que não era por causa da chuva. Os suspiros satisfeitos foram ouvidos pelas duas, os gemidos foram se tornando cada vez mais audível perante a forte chuva.
Yunjin segurou a cintura da Kim e deslizando sua língua em sua boca. E o mais incrível era que o dia frio não estava a incomodando, a nenhuma das duas. A boca quente de sua garota fazia ela ficar quente o suficiente. Os lábios se moviam em perfeição, já conhecidos uma pela outra, sentindo a textura gostosa junto com a água da chuva. Chaewon soltou um longo gemido manhoso quando Yunjin chupou sua língua calmamente, apertando forte sua cintura a puxando para mais perto, não estava esperando essa pegada tão firme da Huh, estava praticamente se derretendo nos braços delas como aquelas gotas da chuva que caíam sobre elas.
Mas logo após Chaewon perceber o que estava acontecendo com ela mesma, cortou o beijo.
- N-Não... Não me beije, não. - pedia sôfrega e o choro voltou.
- Por favor, não faz assim, meu bem... - Yunjin murmurou contra seus lábios. - Você disse que me amaria amanhã e depois e sempre. Você prometeu pra mim Chaewonie... - dizia entre soluços.
Chaewon tremia da cabeça aos pés e sentiu Yunjin aperta-la no abraço. Elas ficaram em silêncio apenas olhando nos olhos da outra e depois de ter visto seu estado de antes, totalmente apavorada, Chaewon lembrou-se de algo...
- Você tem medo... Medo de trovões e raios, não é? - a Kim perguntou levantando a cabeça para encarar a mais alta, Yunjin assentiu. - Por que veio atrás de mim?
O olhar de Yunjin vacilou contra aquela pergunta. Chaewon pensou em acariciar o rosto dela, mas se assustou com seu próprio pensamento, e assim ela não o fez.
- Porque o medo de perder alguém que eu amo é mil vezes pior do que todos os meus outros medos juntos.
A voz de Yunjin saiu um pouco trêmula com a presença de outro trovão. Chaewon sentia-se em ênfase ao ouvir sua resposta. Os olhos castanhos fixos nos olhos escuros, seu coração se aqueceu quando Yunjin acariciou sua bochecha e tirou alguns fios de cabelos molhados perto de seus olhos.
- Olhe no fundo dos meus olhos e veja o quanto eu te amo...
Chaewon não conseguiu não obedecê-la, então ela olhou e viu os sentimentos nos olhos escuros. E ela choramingou baixinho ao ver o que aquilo tudo significava. Chaewon não conseguiu evitar e a abraçou forte, Yunjin tentava se manter calma mas era visível sua fragilidade.
Ela não soube de onde veio essa imensa vontade, Chaewon só queria cuidar dela naquele momento. Então a abraçou apertado, Yunjin retribuía na mesma intensidade e sentiu-se feliz por Chaewon dar aquele passo. E Deus... Como era bom abraça-la! Yunjin queria ficar assim pro resto da vida se pudesse, sentindo aquele doce cheiro que fazia ela ficar inebriada a todo momento.
- Como você me ama? - a Kim olhou pra Yunjin outra vez. - Você me odeia Jennifer! Lembra?
Yunjin balançou a cabeça em negação e seus lábios suavemente beijaram o nariz gelado de Chaewon.
- Eu não te odeio... Como eu posso odiar o amor da minha vida? - seu olhar era puro amor e os lábios de Chaewon tremiam querendo chorar novamente. - Eu não sei explicar como isso aconteceu... Mas o amor supostamente é assim certo? Inexplicável... Você me fez amar e isso me assustou no início. - suspirou e algumas lágrimas teimosas caíram, mas Yunjin sorriu. - Mas não tinha para onde fugir, eu me apaixonei por você Chaewon. Eu nunca pensei que diria isso mas eu sou totalmente louca por você!
- Era você esse tempo todo? - Chaewon perguntou baixinho, ela tinha seus olhinhos surpresos, estava bastante confusa. A Huh não resistiu a fofura da mesma.
Yunjin começou a beijar o rosto de Chaewon com beijos suaves. Beijou sua testa, o nariz, os dois olhos, queixo... Chaewon estava inebriada com seus toques. Seus lábios foram o último lugar em que Yunjin beijou e ela sussurrou finalmente:
- Sim... era eu, meu amor.
- Você quem trouxe sorrisos sinceros de volta ao meu rosto... - a Kim continuou, Yunjin juntou suas testas enquanto a outra sussurrava. - Você quem me fez ganhar a coroa... Você quem falou com meus pais... Você quem me fez querer ser eu mesma... Você quem me fez estar pela primeira vez verdadeiramente... Apaixonada?
- Apaixonada? - Yunjin sussurrou como uma esperança e Chaewon fez algo que ela não esperava. Ela se afastou.
- Não... - Chaewon murmurou enquanto negava com a cabeça e separou-se da mais nova empurrando seus ombros devagar, negou várias vezes com a cabeça. - Não.
Foi então que Yunjin desabou pela primeira vez em sua vida. Vendo Chaewon sair correndo, desta vez, Yunjin não foi atrás dela. Sentiu os braços fortes de seu amigo a tomarem pelos ombros. Yunjin deixou ser carregada por ele e em seu peito chorou, enquanto era levada pra casa. Mas o seu coração seguia para a direção oposta a sua.
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