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Capítulo 44 - Leila

O caminho para casa é longo e silencioso demais. Ruas, prédios, luzes se acendendo lentamente na cidade, a vida inevitavelmente acontecendo longe desse carro e dos meus problemas. Me afundo no banco e aperto meus olhos com força, engolindo a vontade de chorar que só se torna maior a cada segundo.

Nunca, em toda minha vida, eu quis tanto gritar e chorar e continuar chorando até as minhas forças acabarem. Eu adoraria estar com raiva também, porque a raiva é um sentimento passageiro e remediável, mas eu só sinto um vazio imenso no peito, que vai se misturando com decepção e uma mágoa crescente conforme a minha ficha vai caindo.

Há uma voz no fundo da minha cabeça repetindo sem parar "eu sabia!" e eu sabia mesmo que o meu conto de fadas tinha prazo de validade, eu só escolhi ignorar os avisos que eu estava dando a mim mesma durante todo esse tempo, me iludindo ao achar que eu merecia ser feliz de algum jeito. Pelo visto eu estava enganada.

Não consigo sequer olhar para Danilo desde que ouvi de Marcos que Seu Fausto não está doente coisa nenhuma. Eu preferia de verdade não ter que falar com Danilo tão cedo, no entanto eu preciso entender ao menos o motivo para ele ter me feito de idiota todo esse tempo, porque Danilo deve ter alguma desculpa para me dar. Não é possível que alguém consiga ser tão frio e fingido por tanto tempo sem nenhuma razão. Deve haver algo que o motivou a fazer isso e eu quero saber o que é.

Assim que chegamos no apartamento, desabo no sofá, enterrando meu rosto nas mãos e ignorando os apelos de Sansão e Dalila por carinho. Eu queria tanto não ter entendido nada mais cedo, eu queria tanto continuar na ignorância e ter voltado para casa com boas histórias para contar, acariciar meus bichinhos e ter uma noite agradável. Eu queria tanto poder apagar tudo isso da minha memória, eu queria, Deus sabe o quanto eu queria nunca saber dessa maldita verdade, mas não há mais muito o que eu possa fazer e não há como ignorar o que Danilo fez só para manter minha ilusão viva.

Danilo se senta ao meu lado ainda em silêncio. Engulo mais uma vez o choro que me sobe pela garganta ao puxar o ar com força. Ele se aproxima mais de mim e eu sinto quando uma de suas mãos toca meu cabelo. Minha reação é afastá-lo e fazer isso nos coloca frente a frente, um olhando para o outro. Eu tinha receio de encará-lo e não ver nos olhos dele o homem com quem eu dividi a vida todos esses meses, mas ainda parece o mesmo Danilo que eu conheço ali e eu sinceramente não sei o quanto disso é bom ou ruim.

— Leila... — A voz dele falha. Minha garganta se aperta de novo.

— Por que? — Eu o interrompo, deixando meus sentimentos falarem mais alto agora. — Por que você me deixou acreditar nisso esse tempo todo? Por que você fez isso comigo, Danilo?

Ele baixa os olhos, incapaz de me encarar. Me ocorre todos os momentos em que eu achei que Danilo estava à beira de um abismo por causa da situação do avô, todas as vezes que eu acordei durante a noite, pensando que era um dia a menos para Seu Fausto, no quanto Danilo assistiu a isso tudo e não disse nada. Como ele conseguiu ser tão insensível assim? Como ele teve coragem?

Fico de pé e me afasto do sofá. Não confio mais em mim mesma para ficar perto de Danilo. São tantos sentimentos ruins vindo à tona, que eu nem consigo definir o que se passa dentro de mim, só sei que eu não estou nada bem.

— Leila, as coisas não são assim. Eu assumo, eu errei feio com você, mas as coisas não são assim.

— E como são? — Eu o rebato, frustrada. — Como eu não percebi isso antes? Como eu fui idiota todo esse tempo!

Ele se levanta também, tentando me alcançar, mas eu me reteso. Não quero que ele me toque, não quero que tente me convencer de que está tudo bem como ele sempre faz, quando claramente não está nada bem entre nós dois.

— Não, você não foi idiota. Eu inventei tudo isso no começo, porque achei que você iria se arrepender do contrato e desistir. Eu tentei te contar diversas vezes, eu só não sabia como fazer isso e as coisas entre a gente foram acontecendo e...

— E você deve ter se sentido bem confortável me enganando, não é mesmo?

— Não, Leila, eu nunca me senti tão mal em toda minha vida...

— Mas isso não te impediu de mentir! — Eu o corto novamente, minha voz tornando-se gradativamente mais aguda. — Eu não ia desistir, Danilo! Você não precisava fazer isso, você podia ter sido honesto desde o início.

— Eu sei, eu sei, eu sei. — Ele balança a cabeça nervosamente. — Eu planejava te contar tudo com calma assim que chegássemos em casa hoje, eu juro para você.

Olho para ele com desconfiança. Não consigo acreditar que ele desmentiria essa história justo hoje depois de eu ter acidentalmente descoberto tudo. Danilo deve realmente achar que sou burra ou qualquer coisa do tipo para pelo menos pensar que eu simplesmente acreditaria nessa desculpa esfarrapada. Para mim está mais do que claro que ele me deixaria no escuro pelo resto da vida se tivesse tido a oportunidade.

Dou as costas para ele, voltando a andar de um lado para o outro na sala. Por mais que eu tente, é difícil demais engolir toda essa mentirada e o pior é que eu sinto que ainda tem muita coisa que não sei e tão pouco vou gostar de saber.

Me viro devagar para ele, tomando fôlego para perguntar algo que está martelando na minha cabeça. Não é fácil enfrentar nada disso, mas já que começamos a tirar tudo a limpo, é melhor que seja feito tudo de uma vez.

— Se o seu avô não está morrendo, por que você precisava tanto se casar?

Danilo hesita e eu tenho certeza apenas por aquela reação que finalmente cheguei à raiz de tudo. Meu coração dispara dentro do peito e eu sei, no fundo eu sei, que o que quer que ele tenha para me dizer a partir de agora vai doer ainda mais do que já está doendo.

— Vovô vai se aposentar do Grupo. Eu me achava qualificado o bastante, mas ele não concordava. Ele me disse que eu precisava "sossegar" para merecer a confiança dele e então eu conheci você. Na época tudo parecia perfeito, você precisava de dinheiro, eu precisava de alguém como você e... E o resto você já sabe.

Aquilo é demais para que eu consiga digerir, é baixo demais, é cruel demais! Não tenho mais forças para segurar as lágrimas e eu me permito chorar pela primeira vez desde que meu castelo de areia começou a desabar.

Então foi tudo por um cargo, tudo isso foi por um maldito cargo! Se eu já me sentia mal dentro de um casamento por conveniência para realizar os últimos desejos de um homem prestes a morrer, não consigo ter palavras para descrever o quanto me sinto suja e usada sabendo dos reais motivos de Danilo para ter feito o que fez. E o pior de tudo é que eu me apaixonei por alguém capaz disso e sabe-se lá mais do quê.

As mensagens do acionista me voltam à mente. Me lembro das palavras dele sobre como Danilo sempre esteve disposto a tudo para conseguir a presidência da empresa. Eu me recusei tanto a associar aquela pessoa das mensagens ao Danilo com quem me casei, mas eles são a mesma pessoa, eu que nunca consegui enxergar. Como eu nunca consegui ver tudo isso? Como eu pude ser tão estúpida?

— Leila, me ouve...

Balanço a cabeça em negativa. Não quero ouvir mais nada que saia da boca dele, não quero mais olhar para ele, não quero respirar o mesmo ar que ele. Caminho até o quarto a passos trôpegos e, infelizmente, Danilo vem atrás de mim.

— O que você vai fazer?

Não respondo. Em vez disso eu escancaro as portas do guarda-roupa e começo a arrancar uma por uma das minhas peças das prateleiras e gavetas. Há uma bolsa de viagem por aqui, sei que ela não será o suficiente para guardar tudo que eu trouxe para essa casa, mas vai ter que servir por hora.

— Leila, para com isso! — Danilo pede, segurando firmemente um dos meus braços e me impedindo de jogar mais roupas no chão. — Leila, por favor, vamos apenas conversar.

— Conversar? Agora você quer conversar? — Praticamente grito aquilo em meio a dor que se acumula no meu peito. — Você mente por meses e agora quer conversar? Você devia ter me dito, Danilo! Você devia ter me dito quem você era de verdade!

— Eu sou exatamente como você me conheceu. Eu errei, eu errei muito, mas eu nunca menti quanto ao que eu sinto por você.

— E eu posso acreditar nisso? — Sinto mais uma torrente de lágrimas chegando aos meus olhos. Me forço ao máximo para me livrar do aperto de Danilo, quase em desespero. — Se você tivesse me dito desde o início, eu nunca, eu juro que nunca mesmo teria deixado as coisas chegarem a esse ponto entre nós dois!

Ele fica pálido. Então me solta tão de repente, que acabo me desequilibrando. Preciso procurar apoio no guarda-roupa atrás de mim para não cair, não só pelo desequilíbrio, mas porque minhas pernas não funcionam mais como deveriam.

— O que você quer dizer com isso? — A pergunta de Danilo é cautelosa e me faz estremecer de cima a baixo. — O que você quer dizer com não deixar as coisas chegarem nesse ponto entre nós dois?

A respiração de Danilo está pesada e só agora consigo reparar nas lágrimas em seus olhos. Me recosto de vez no guarda-roupa e fecho os olhos. Ele sabe o que eu quis dizer, só quer ouvir de mim em alto e bom som, no entanto eu não estou mais tão certa das palavras que eu disparei minutos atrás.

— Leila! — Ele diz meu nome mais alto do que o normal, a voz carregada de uma angústia que eu só ouvi uma única vez, quando ele e Marcos brigaram há alguns meses pelo que eu posso imaginar agora ser a presidência da empresa.

Pensar em como eu o consolei naquela noite, em como eu fui burra todo esse tempo achando que Danilo estava sendo injustiçado de tantas maneiras, reacende minha fúria. Eu abro os olhos para o encarar de novo entre as lágrimas que não param de cair.

— Eu quis dizer que se eu soubesse disso desde o início, eu jamais teria me permitido amar você.

— Você não pode estar falando sério... Você está dizendo que se arrepende, é isso?

— Eu estou dizendo que eu não sei quem você é e que eu não posso amar quem eu não conheço!

— Leila... — Ele tenta se aproximar.

— Não. — Eu o impeço, estendendo uma das mãos. — Por favor, fica longe de mim. Eu preciso de um tempo para me acalmar e pensar.

— Um tempo? Quanto tempo?

— Não sei! Eu só não quero ficar perto de você agora.

— Certo. — Ele esfrega o rosto para disfarçar as próprias lágrimas. — Fica aqui, eu passo a noite em outro lugar.

— Não, essa é sua casa e... — Começo a argumentar.

— Até horas atrás era a nossa casa. — Danilo me corta. Há tanta dor naquela frase, que eu me encolho involuntariamente.

Nós tínhamos tantas coisas juntos, tantas coisas nossas e eu nem sei mais se existe um nós. Na verdade, não consigo nem saber se de verdade já houve um nós.

— Fica aqui. — Ele diz de novo e eu sei que aquela frase significa muito mais do que ele diz em voz alta. — Nós podemos conversar melhor amanhã?

Eu balanço a cabeça devagar, concordando. Não sei se amanhã eu estarei pronta para conversar, não sei se algum dia eu serei capaz de passar por cima de tudo isso e olhar para ele sem me lembrar de hoje, mas sei também que não adianta gritar e brigar agora, só nos machucaríamos mais.

Danilo se aproxima de mim de novo e dessa vez eu não o afasto. Delicadamente, ele beija o topo da minha cabeça, se afastando logo em seguida, quase como se temesse minha reação.

— Boa noite. — Ele diz num fio de voz.

— Boa noite.

Continuo me apoiando no guarda-roupa, imóvel, aguardando que ele desapareça do quarto e depois saia pela porta do apartamento. Só quando tenho certeza que estou de fato sozinha, eu me vejo escorregando até o chão e voltando a chorar.

Não preguei os olhos durante à noite. Me fiz inúmeras perguntas durante as horas intermináveis da madrugada as quais não encontrei respostas. Como eu não vi essa tragédia anunciada? Como eu pude acreditar tão cegamente em tudo? Como eu tive coragem de me apaixonar desse jeito sem pensar nas consequências? Como e como e como e como...

Em algum momento cheguei à conclusão de que não adianta remoer nada disso. Não fui eu quem enganei ninguém além de mim mesma. Foi Danilo quem começou tudo isso e eu não posso me culpar por algo que não fiz. Eu me apaixonei... Não, muito pior do que isso, eu acabei amando de todo coração um homem que na verdade não conheço.

Na minha cabeça é impossível que o Danilo preocupado com a saúde do avô seja o mesmo Danilo que inventou que esse mesmo avô estava com uma doença terminal e ainda forjou um casamento para conseguir um cargo. Danilo já é rico, vive enchendo a boca para dizer o quão orgulhoso é da Eco Habitação, não é como se ele precisasse se tornar presidente do Grupo Torres e ele não precisar é o que me deixa ainda mais magoada. Foi tudo por ambição, por ganância, por dinheiro. Esse não é o Danilo que eu amo, me recuso a aceitar isso, mesmo que seja a mais pura verdade.

Eu fui tão cautelosa no início, eu tentei fazer de tudo para que nosso casamento não passasse de um mero contrato profissional e falhei, falhei demais tentando me manter firme. Eu não consigo entender se eu criei na minha cabeça um Danilo que não existe, muito menos compreendo quando foi que eu deixei de enxergá-lo como o meu investidor e comecei a vê-lo como um homem. Não entender nada disso e nem aceitar a minha realidade agora é o que me faz ficar remoendo perguntas sem respostas.

Danilo não é quem eu pensava que fosse. Esse casamento não passa de um investimento, de um negócio. Sempre foi isso e teria sido mais fácil para mim ter conseguido pensar desta forma desde o começo. Se eu soubesse que tipo de pessoa Danilo era quando assinei aquele contrato, eu não estaria no chão de um quarto, cercada por roupas amarrotadas e chorando copiosamente enquanto assisto o dia amanhecer.

Não vai demorar muito para que Danilo entre por essa porta de novo. Não faço ideia de onde ele passou a noite e tentei me convencer de que eu não me importava, mas o fato é que nós teremos que nos encarar quando ele voltar e eu definitivamente não estou pronta para isso. Qualquer coisa que ele tenha a dizer não vai apagar o que ele fez e nem amenizar as coisas. Eu nunca devia ter me permitido quebrar as regras que nós dois nos impusemos naquela sala na Eco Habitação, há mais de seis meses atrás. Eu nunca devia sequer ter pisado naquela empresa. Eu nunca devia ter vindo parar aqui.

Aquele pensamento me arranca do chão e eu volto a fazer o que eu devia ter feito desde ontem: as minhas malas. Arrumo tudo que posso em duas bolsas, escolhendo peças de roupa e objetos mais importantes. Busco na agenda do celular o número de um táxi que possa me tirar daqui a essa hora da manhã e ignoro os ganidos de Sansão quando passo pela porta do apartamento com as minhas coisas. Sei que se eu olhar para ele e para Dalila, vou querer ficar mais um pouco e eu não posso ficar aqui.

Acabou. Precisa acabar.

Antes de sair, porém, deixo sobre a mesa da sala as alianças e um último pedido para Danilo: o divórcio.

— Ele está ligando de novo. — Madu diz, virando a tela do celular para mim.

Me encolho debaixo do cobertor e aperto os olhos. Desliguei meu celular e desapareci, não disse nem para Jonas onde eu estaria e pedi a Bruna que não deixasse Danilo preocupar minha tia, caso ele aparecesse por lá. Me escondi na quitinete minúscula que Madu mora e espero que até eu ter condições de encarar Danilo, meu esconderijo seja suficiente.

Agora minha amiga finalmente sabe o porquê de Danilo e eu termos nos casado, já que eu guardei o segredo dele com minha própria vida, pensando inocentemente ser o melhor jeito de proteger Seu Fausto. Madu ficou sem reação, bem diferente de como eu esperava que ela ficasse. Acredito que, apesar de sempre esperar o pior das pessoas, nem Madu estava pronta para ver a imagem que ela tinha de Danilo desmoronar assim.

Madu apenas me ouviu chorar por horas e me acolheu em seus braços como a amiga incrível que ela é. Eu precisava contar para alguém sobre tudo ou meu peito explodiria e sou muito grata por poder confiar em Madu em um momento tão crítico para mim.

— Leila... — Ela insiste, o celular em sua mão vibrando com uma nova ligação.

— Eu não quero que ele saiba onde eu estou.

— Tudo bem, Leila, mas até quando? — O tom dela é gentil, mas eu sinto como se suas palavras pudessem apertar minha garganta.

Me sento na cama e puxo os joelhos até o peito. Inconscientemente, tento girar minha aliança no anelar esquerdo, mas não há mais nada além do sinal onde um dia os anéis estiveram. Me sinto miserável por sentir tanta falta até mesmo daquilo.

— Eu não consigo lidar com isso agora, Madu, por favor.

— Leila, ele deve estar preocupado com você. Por mais babaca que ele tenha sido todo esse tempo, eu tenho certeza que ele não teria me ligado vinte e duas vezes se não estivesse preocupado.

— Talvez ele esteja com medo que eu conte para todo mundo sobre o contrato e acabe de vez com as chances de ascensão dele no Grupo Torres. — Respondo com amargura. Eu estava evitando esse pensamento, contudo nem ele me parece impossível depois de tudo que descobri.

— É, talvez seja isso. Se você, que conviveu com ele durante seis meses, está dizendo que é isso, então deve ser isso. — Madu dá de ombros.

Solto o ar dos pulmões, me sentindo exausta. Ela está dando voltas, pois não sabe como me dizer algo que provavelmente vai me magoar ainda mais.

— Apenas fale de uma vez o que você está pensando.

— Promete que não vai se chatear comigo? — Madu estende a mão e enlaça seu dedinho mindinho no meu.

Esboço o mais próximo de um sorriso para ela ao assentir.

— É que eu acho que você está fugindo e nós duas sabemos que você tem tendência a fazer isso.

— Eu não estou fugindo de nada, eu só não quero falar com ele. Eu tenho esse direito, não tenho?!

— Teria se você fosse uma adolescente, não uma mulher casada, cujo marido, ou ex-marido, é investidor da sua empresa.

Me levanto da cama, me irritando mais do que eu achei que me irritaria com o que ela me diz. Eu não estou fugindo, sei que não estou, porque eu não sou mais assim. Eu só estou me priorizando no momento e me enganei quando achei que Madu me entenderia.

— Tudo bem, Leila, digamos que você não está fugindo dos seus problemas. — Madu se levanta também, gesticulando como uma professora ensinando as primeiras sílabas para uma criança. — Ainda assim você não pode simplesmente acabar um casamento com um bilhete. Vocês tiveram uma vida juntos durante meses, tem o investimento da E. M., tem a família de vocês, tem...

— Não foi um casamento de verdade! — Eu a corto, exasperada.

— Como não foi? Até ontem vocês estavam completamente apaixonados um pelo outro, casados de todos os jeitos possíveis, como não foi de verdade? — Apesar de não alterar a voz, só pela vermelhidão em seu rosto, eu sei que Madu está por um fio de perder a paciência comigo.

— Eu só queria que você entendesse o quanto tudo está sendo difícil para mim, Madu, só isso.

— E eu entendo. Mas você está parecendo uma criancinha birrenta, Leila, e é meu dever como amiga te fazer enxergar certas coisas. — Ela me segura pela mão e me faz sentar novamente na cama. — Olha, se você não consegue passar por cima disso, e eu nem estou te pedindo para relevar nada, ao menos coloque um ponto final decente na história de vocês.

Minhas lágrimas ameaçam cair de novo. Eu pareço ter me tornado uma nuvem de chuva que não se cansa de despejar água para fora, pois quanto mais eu choro, mais meu peito se aperta e mais difícil se torna conter as lágrimas.

— Colocar um ponto final na minha história com Danilo... — Sinto o peso daquelas palavras quando eu as digo em voz alta.

— É o que você quer, não é?

— É? — Questiono mais para mim mesma do que para Madu.

— Se nem você sabe bem, é melhor pensar mais sobre isso com calma.

Colocar um ponto final na minha história com Danilo..., deixo aquilo ressoar dentro de mim como um mantra.

Eu deixei uma carta pedindo o divórcio, eu saí de casa e sou eu quem não consegue mais suportar a ideia de ficar casada com um homem que mentiu tão descaradamente todo esse tempo. A uma altura dessas e sabendo de tudo que sei, eu deveria estar certa do que eu quero, mas a verdade é que eu não estou e é exatamente por isso que não quero falar com Danilo agora.

O que sinto por Danilo é muito forte e ainda está muito vivo dentro de mim, no entanto eu não consigo assimilar tudo o que ele fez, não consigo aceitar e acredito que eu nunca consiga, ao mesmo tempo em que eu não sei se conseguiria manter essa mesma postura se estivéssemos diante um do outro. Perdoar Danilo significa passar por cima de mim mesma e dos meus princípios, e eu não sou capaz de tanto. Não perdoá-lo, por outro lado, significa sufocar tudo que sinto por ele.

Pensar nisso me deixa, acima de tudo, assustada. Foi por isso que eu quis me afastar, encontrando na distância uma saída temporária. Não quero que Danilo saiba onde eu estou, porque eu o conheço e sei que em menos de dez minutos ele apareceria batendo na porta de Madu. Porém, essa é a maneira mais fácil de resolver tudo. Honestamente, isso é mesmo uma fuga. Eu estou fugindo como a boa e velha medrosa que eu sou.

O celular da minha amiga vibra novamente com a vigésima terceira ligação. Dessa vez, eu a encorajo a atender. Ela desliza o dedo pela tela do aparelho e segura minha mão apertado.

— Danilo. — Madu diz o nome dele devagar, sem tirar os olhos do meu rosto. — Sim, ela está bem. Ela está comigo e está bem, é tudo que você precisa saber.

Ele diz alguma coisa que não consigo entender, mas Madu me olha tão estranho, que não pode ser boa coisa. Minha amiga solta um suspiro e diz algo em concordância. Então, tira o celular da orelha e liga o alto-falante. Tento me levantar, mas Madu me mantém no lugar, segurando minha mão com um pouco mais de força.

— Fala logo antes que eu me arrependa.

Leila... — A voz de Danilo escapa do alto-falante. Ele esteve chorando, sei que sim, eu o conheço... Ou conhecia. — Leila, onde você estiver, eu só quero que você saiba que apesar de tudo, eu amo você. Eu amo muito você.

Eu sinto as mesmas palavras se acumulando na minha língua e antes que eu ceda ao impulso de dizê-las em voz alta, tomo o celular da mão de Madu e encerro a chamada.

Mais uma vez, estou chorando copiosamente, me afundando lentamente nos travesseiros e me perguntando o porquê de tudo ser tão doloroso desse jeito. É tudo tão injusto, eu estava tão feliz, as coisas estavam finalmente dando tão certo e de repente minha vida é virada do avesso. É quase como se a felicidade fosse algo não permitido para mim.

Madu se acomoda do meu lado na cama. Ela acaricia meu cabelo sem dizer mais nada, enquanto eu continuo chorando sem parar pelos minutos que se seguem. Fico grata pelo silêncio dela, que, por enquanto, é tudo o que eu preciso.

Calma aí que a gente ainda tem uns capítulos pela frente, hein? hahaha

Oi, pessoal, como vão? Espero que bem, apesar do coração apertado por causa desses dois </3

Essa semana uma grande amiga minha fez dois desenhos lindos do Danilo e da Leila e eu acabei de postá-los no instagram literário @ historiasdathaly, se puderem conferir, juro que ficaram a coisa mais linda do mundo ♥

Muito obrigada por acompanharem a história ate aqui. Nos vemos no próximo domingo ♥

Bjx,

Thaly =)

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