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Capítulo 40 - Leila

Danilo está com a mesma cara de cachorrinho que dormiu na chuva desde ontem e eu me recuso a cair no drama dele. Sei que ele não tem exatamente culpa de tudo que está acontecendo, só que se eu não aproveitar isso para fazê-lo entender que precisa levar a opinião dos outros em conta ao menos de vez em quando, ele nunca vai aprender a dar valor às pessoas, o que é um defeito imenso em sua personalidade que gera reclamação constante, inclusive de toda família.

Ele tratou de pôr a mesa e fazer o café, porque sabe que eu adoro o café dele, além de ter acordado de madrugada para conseguir pão francês e os biscoitinhos de nata que eu também adoro. Só está faltando um buquê de flores do campo nessa mesa para que eu tenha certeza que ele está tentando copiar algum filme cafona para se desculpar comigo.

Até passa pela minha cabeça puxar assunto enquanto comemos, mas temo acabar descontando minha frustração nele, por isso tomamos o café como dois desconhecidos, sentados cada um de um lado da mesa sem dizer uma palavra. Confesso que isso me fez perceber que eu não gostei de brigar com ele e me dá ainda mais vontade de acabar com esse clima ruim. Brigar normalmente já é chato, brigar com alguém que temos obrigatoriamente que conviver é mil vezes pior.

Meu celular toca com uma ligação da minha mãe, que é o suficiente para azedar meu humor. Ela já deve saber sobre a notícia, pois fui fraca e acabei conversando com meus irmãos ontem. Sei que ambos não sabem guardar a língua dentro da boca, ainda que eu tenha explicado — do meu jeito — que tudo isso não passa de uma grande confusão. É tão frustrante, eu tive tanto trabalho para fazer minha mãe aceitar Danilo, e antes dela sequer ter digerido a ideia do meu casamento direito, algo dessa proporção acontece.

Acabamos o café num silêncio que se prolonga pelo caminho até o trabalho. Danilo parece cansado, com olheiras feias debaixo dos olhos e a barba por fazer. Pelo visto eu não fui a única a passar a noite em claro, considerando abrir a porta e me enfiar debaixo das cobertas dele. É impressionante o quanto as pequenas coisas entre nós dois estão me fazendo falta e não se passaram nem 12 horas que tivemos a nossa primeira discussão como um casal de verdade.

Coloco minha playlist para tocar no carro e aproveito o trânsito para ler alguns documentos do primeiro contrato da E. M. O próprio dono do prédio resolveu nos contratar como uma espécie de teste. De acordo com nosso locador, as despesas de luz em um de seus imóveis estão altas demais e mesmo já tendo entrado em contato com a companhia elétrica, nada muda. Ele espera que possamos resolver o problema e eu também espero que possamos fazer isso, porque essa pode ser uma excelente chance para a startup.

Danilo espia vez ou outra os papéis no meu colo e torce o nariz um pouco para as folhas com o carimbo de Heitor.

— Se você quiser, te passo o contato de um escritório bem mais eficaz do que esse aí. — Ele fala a segunda frase do dia depois de eu ter ignorado seu bom quando acordei.

— Eu gosto de Heitor e do escritório de advocacia que ele me recomendou.

— Ah é, você gosta bastante dele.

Finjo não escutar aquela frase que poderia muito bem ser dita um adolescente de 15 anos, mas a verdade é que minha garganta coça para começar a rir. É engraçado vê-lo todo inquieto e enciumado, é tão diferente do Danilo do meu dia a dia, que eu consigo achá-lo bem fofo agora.

Nunca chegamos a conversar direito sobre isso, mas eu acho que se Danilo pudesse, provavelmente afastaria Heitor para bem longe de mim. Fico pensando se desde o começo ele sentia algum ciúme da minha amizade com Heitor ou se a cisma piorou depois do episódio do hospital, exatamente no dia em que aquelas malditas fotos foram tiradas. Meu relativo bom humor piora mais uma vez só de associar uma coisa à outra. Que inferno!

Danilo encosta o carro em frente ao prédio e eu preciso de um momento para me recuperar do recente pico de nervos. Não queria me sentir assim, entretanto todos aqueles comentários maldosos na internet, além de eu ter pedido tanto para que ele tomasse cuidado para não ser exposto e ele não ter ouvido nenhum dos meus pedidos me deixa fora de mim.

— Leila — Danilo passa as mãos pelo rosto em sinal de exaustão —, eu sei que você está chateada comigo, mas hoje eu tenho um jantar bem importante. Lembra dos alemães?

Faço que sim com a cabeça. Danilo fala tanto desses alemães que o procuraram para um negócio grande e sumiram, que já aprendi até a pronunciar seus sobrenomes, e sobrenomes alemães são impossíveis.

— Eles entraram em contato comigo justo ontem e preciso dar alguma coisa à eles para tentar limpar minha barra, porque todo esse escândalo deixou minha imagem bem ruim para os negócios.

Me afundo um pouco no banco ao escutar aquilo. Ouvi tantas vezes de Seu Fausto e até do próprio Danilo sobre como seu comportamento era prejudicial para a empresa, que só de parecer que ele fez algo desta vez deve ter sido o suficiente para as coisas terem ficado complicadas.

— Enfim... — Danilo continua, olhando fixamente para o painel do carro. — Eu queria muito que você estivesse comigo hoje, é importante para mim, mas se você não se sentir confortável em estar comigo em público, tudo bem também, eu acho.

Não, não está nada bem para nenhum de nós dois. O clima está tão ruim, que minha garganta começa a se apertar involuntariamente apenas por estarmos respirando o mesmo ar. Dentro de mim está tudo tão complicado e eu estou tão chateada e incomodada, ao mesmo tempo em que consigo entender o quanto deve estar sendo um inferno essa situação para Danilo. Ainda tem Seu Fausto, que não deve estar nada feliz com os boatos na internet sobre o neto e, meu Deus do céu, se eles tiverem discutido de novo? É um caos completo!

Olho para a placa preta e amarela da E. M. para não ter que encarar Danilo. Não sei bem porquê, mas não consigo olhá-lo nos olhos agora sem sentir que vou começar a chorar feito uma criança.

— Preciso ir. — Ele diz ao dar a partida no carro.

— Até mais tarde, então. — É a única coisa que consigo dizer antes de juntar minhas coisas e abrir a porta.

Espero que o carro se afaste antes de atravessar a rua e entrar no prédio. Tenho a sensação terrível de que eu deveria ter colocado um fim nessa briga, mas como sempre eu consegui estragar as coisas sem nem abrir a boca. Conversar e dizer como eu me sinto era tudo que eu precisava fazer e foi exatamente o que eu não fiz de novo. Quantas vezes vou precisar errar até entender que preciso mudar certas coisas em mim se eu quiser dar certo com alguém na vida?

Meu celular toca pela segunda vez nessa manhã. Me sento nos degraus da escada para conseguir achar meu aparelho dentro da confusão que é minha mochila. É minha mãe de novo e, surpreendendo até a mim mesma, resolvo atender a ligação.

O primeiro alô é dela, porque eu não consigo fazer nada além de suspirar com o celular na orelha por longos minutos.

Leila, você está aí?

Bom, eu não posso evitá-la para sempre, então resolvo abrir a minha boca e responder:

— Estou, mãe. Tudo bem?

Está tudo bem por aqui. Na verdade, eu estou ligando desde ontem para saber de você. Cleiton me disse que...

— Que apareceu na internet que Danilo me traiu com uma famosa. — Eu a corto sem conseguir controlar o fluxo das palavras. — Mãe, por favor, eu já expliquei tudo para Cleiton, ele sabe muito bem que as coisas não são assim como estão dizendo. Ele nem devia ter falado nada para senhora, porque agora a senhora vai encher meus ouvidos dizendo que me avisou para não casar com Danilo e que ele não é homem para mim, quando ninguém aí de casa sabe da metade do que está acontecendo!

Uma longa pausa se segue depois que despejo tudo aquilo sobre minha mãe. Minha garganta ainda está apertada por causa de Danilo e eu não sei direito de onde me saíram forças para dizer tanta coisa, mas aparentemente minhas forças acabaram aqui.

Você tem mais alguma coisa para me dizer, filha? — Ela pergunta cautelosamente após alguns instantes só me ouvindo respirar fundo para controlar o choro.

Nada me ocorre de imediato. Entretanto, em mais um estalo de coragem, acabo dizendo:

— Eu quero dizer para a senhora e o pai confiarem nas minhas escolhas e não me julgarem.

Eu confio em você. Maciel também confia.

— Então por que a senhora ligou depois de tudo que eu disse para Cleiton?

Porque eu sou sua mãe e te conheço para saber que você deve estar igual a um bichinho assustado com toda essa gente falando do que não sabe na internet ou sei lá onde estão comentando isso. Até ontem eu nem sabia que Danilo era famoso, onde já se viu isso?

Minha mãe me arranca um sorriso em meio a algumas lágrimas. Ela tem razão, eu estou assustada. Não quero que falem, não quero ler o que as pessoas estão pensando sobre meu relacionamento, não quero a opinião de ninguém sobre a minha vida. Claro que Danilo tinha que ter tido mais cuidado, mas no fundo eu sempre soube que isso ia acontecer de algum jeito, e a verdade é que eu não estava preparada para enfrentar a chuva de comentários envolvendo meu nome e o dele.

— O que eu faço, mãe? Eu acho que estou sendo egoísta pensando apenas em mim e no meu desconforto, mas eu não consigo parar de ser egoísta.

Leila, agora você faz o que você faz de melhor e enfrenta tudo isso de cabeça erguida. Em algum momento da sua vida você vai ter que parar de se importar com o que as pessoas pensam de você. Ninguém pode viver com medo de julgamentos como você vive.

Não consigo deixar de pensar na ironia daquilo. Eu, precisando parar de me importar tanto com a opinião dos outros e Danilo tendo que aprender a se importar mais com a opinião das pessoas em volta dele. No fim, esse maldito incidente está dando uma bela lição em nós dois.

Um resquício de coragem se acende em mim de novo e eu me levanto da escada.

— Mãe, eu vou desligar agora.

Por que? Mal conversamos e você me liga tão pouco. — Ela reclama. Quase consigo vê-la franzir a testa.

— Eu sei, eu sei. As coisas estão corridas na E. M., mas vou tentar ligar mais, está bem? Agora eu preciso ir urgente comprar um vestido novo.

Para quê esse vestido novo?

Sorrio ao responder:

— Tenho um jantar importante para ir com meu marido hoje à noite.

Estou tremendo sobre minhas sandálias de salto na frente do espelho do quarto, enquanto Danilo corre nervosamente de um lado para o outro da casa falando ao telefone e se arrumando para o jantar. Eu nem disse nada sobre ir com ele, porque passei o dia inteiro procurando o vestido vinho justo que estou usando e suplicando a uma cabelereira conhecida para que ela abrisse uma vaga em sua agenda para dar um jeito no meu cabelo.

Depois de tanta correria, acabei vindo para casa primeiro para tentar ficar pronta antes de Danilo, e mesmo estando perfeitamente vestida e me sentindo tão bonita quanto no dia do meu casamento, eu não consigo mover meus pés para fora do quarto. O pior é que tenho a impressão de que a qualquer momento Danilo vai sair e eu vou acabar ficando para trás com minhas inseguranças estúpidas.

Fiz questão de nem entrar na internet durante o dia para não ver mais nenhum comentário desagradável, mas acredito que ainda não tiraram a matéria do ar. Não sei se Danilo conseguiu falar com Simone para resolver isso e nem tenho coragem de perguntar sabendo da quantidade de problemas que ele deve estar enfrentando no trabalho por causa desses boatos, no entanto tudo isso está soando como o menor dos problemas dele no momento.

Me aproximo do espelho, conferindo de novo se não tem batom nos meus dentes. Minha maquiagem está ótima, meu cabelo está bem modelado e cai em cachos grandes sobre meus ombros cobertos apenas pelas alças finíssimas do vestido. Sinto que falta alguma coisa na minha produção, mas descubro a tempo que é um ponto de luz no meu pescoço para chamar mais atenção para o meu rosto.

Viro de costas para ver melhor o vestido de outro ângulo e chego à conclusão de que ainda estou meio incomodada com as minhas costas descobertas. Decidi mais cedo que hoje seria um dia para me arriscar um pouco, inclusive na roupa, e acho que por isso resolvi comprar esse vestido com a abertura nas costas e tudo. Ficou bem em mim, a moça da loja até tirou fotos, logo eu não deveria deixar de usá-lo, certo? Certo!

Ouço os passos de Danilo se aproximando pelo corredor do quarto e me apresso para sair o quanto antes. É agora ou nunca, e se eu decidi ir a esse jantar, eu irei a esse jantar.

Danilo ainda está falando no celular e não faço ideia de quem o está escutando reclamar por tanto tempo, mas seja lá o que for, assim que ele me vê passar pela porta, as palavras desaparecem no ar, como se a conversa nem tivesse assim tanta importância.

O olhar dele desce devagar pelo meu corpo, perscrutando cada detalhe da minha roupa consideravelmente incomum. Eu me vejo prendendo a respiração, sem saber ao certo o que esperar. Em tese, eu não disse que iria a esse jantar e ainda não fizemos as pazes, então Danilo pode muito bem se virar para mim e dizer que mudou de ideia e que é melhor evitarmos aparecer em público, o que eu estou implorando mentalmente para que não aconteça.

A pessoa do outro lado da linha diz alguma coisa alto o bastante para que eu ouça de onde estou. Danilo parece se tocar que estava no meio de uma conversa antes de eu ter aparecido no corredor, olhando para o celular de cenho franzido.

— Eu te ligo daqui dez minutos, pode ser? Dez minutos! — Ele nem espera pela resposta e desliga o celular sem nem olhar direito para a tela desta vez.

Acredito que agora é um bom momento para que eu diga alguma coisa, e eu juro que estou mesmo tentando formular uma frase coerente, mas não consigo achar as palavras certas. Eu não sou boa com isso de falar e nem sei se o que pode sair da minha boca é o que Danilo quer ouvir, por isso eu apenas me aproximo dele em silêncio.

— Você... — Danilo começa, mas eu não o deixo terminar.

Passo meus braços ao redor do pescoço dele e o beijo devagar. Não sei como consegui acordar pela manhã e não tocá-lo ou beijá-lo ou até mesmo falar com ele direito. É como se uma eternidade tivesse se passado desde a última vez que estivemos tão perto um do outro e me sinto ainda mais idiota por ter permitido que as coisas chegassem a esse ponto ao invés de ter tentado desde o início enfrentar nossos problemas juntos, como um casal.

Me afasto alguns centímetros para conseguir olhá-lo nos olhos. Danilo está perfumado e bem vestido, a barba por fazer se foi e a pele macia do rosto dele parece brilhar por causa da loção. Meu coração ainda está apertado, mas pelo menos minhas pernas pararam de tremer. De algum jeito, encontro estabilidade nele e isso é bom na mesma medida que me deixa apavorada. Nunca me entreguei de corpo e alma assim a um relacionamento, menos ainda em tão pouco tempo, então eu nunca sei o que fazer. Me sinto uma criancinha aprendendo a andar.

— Não quero brigar com você de novo. Nunca mais.

Ele me presenteia com um sorriso lindo.

— Eventualmente, brigas vão acontecer.

— Eu sei, mas eu espero no futuro saber lidar melhor com essas coisas.

Danilo leva uma das mãos até meu rosto, contornando delicadamente a curva do meu maxilar.

— Você lidou melhor do que eu quando me tornei assunto na internet pela primeira vez. Me desculpe de novo por isso, parece que um dos repórteres do site de fofocas tem alguma pendência com Simone e quis causar confusão me usando como bode expiatório. — Ele explica. — Ameacei processar meio mundo e se tudo der certo uma nota de retratação vai ser publicada amanhã.

— Não é como se você tivesse exatamente culpa. — Digo, desviando meus olhos dos dele. Não quero iniciar outra briga, entretanto aquilo não deixa de me incomodar.

— Eu não tenho exatamente culpa, mas...? — Danilo insiste, percebendo só pelo meu tom que eu ainda tenho coisas para dizer.

— Mas tome mais cuidado. Nem é só por mim ou pela minha família, tem gente demais que te ama e pode se magoar com as suas escolhas. Seu avô, por exemplo, também não gosta dessa exposição e...

— Vovô? — Danilo arqueia as sobrancelhas, levemente alarmado. — Ele disse alguma coisa para você sobre isso? Sobre essas matérias e tudo mais?

— Eu já o ouvi comentar por alto que não gostava da vida que você levava. Por que? Está com medo de que ele tenha me contado seus podres, é? — Sorrio, achando bonitinho como ele sempre se preocupa com o avô.

— Podres? Que podres meu avô saberia sobre mim? — Danilo ri e me puxa para perto, envolvendo minha cintura com os braços. — O que é isso nesse vestido? — Ele toca minha pele descoberta, o sorriso aumentando contra meu pescoço. — Você está tentando me fazer perder um jantar importante de negócios, Leila?

— Era essa a ideia, admito! — Jogo meu cabelo sobre um dos ombros e me viro de costas para que ele veja melhor os detalhes do vestido. — Deu certo? Você vai desistir da sua vida de executivo para ficar preso comigo naquele quarto para sempre?

— Deu certo, vou só ligar para cancelar as reservas, porque...

Me volto para Danilo a tempo de tirar o celular da mão dele e impedi-lo de realmente cancelar qualquer compromisso.

— Eu não estava falando sério! Você enlouqueceu?

— Se não era sério, então é melhor você sair pela porta do apartamento em três segundos ou ninguém vai sair daqui hoje. Três, dois...

Me afasto dele, assustada. É Danilo, não dá para saber se é um blefe ou se ele realmente está falando sério. No entanto, eu sinto nos meus ossos só de encarar o olhar afiado dele que é melhor correr para longe, e como não estou em condições de questionar meus instintos, alcanço o corredor antes da contagem chegar a zero.

Andressa veio acompanhar Tales nesse jantar e está me fazendo companhia. As namoradas e esposas dos benditos alemães estão aqui também, mas ter Andressa por perto me deixa mais segura, pois ao menos não estou sozinha no meio do assunto fervoroso sobre mercado imobiliário dos homens.

A conversa deles é bem interessante, inclusive para mim que estou ainda começando a colocar uma empresa para funcionar. Os alemães já puxaram assunto comigo, me encheram de perguntas sobre a E. M. e eu precisei fazer um esforço hercúleo para não deslizar no inglês que não uso desde que desisti da seleção para o programa de mestrado. Se eu entendi tudo certo, eles se interessaram pelo meu projeto, até pegaram alguns cartões de visita que eu sempre carrego na bolsa por precaução. Me peguei pensando no quão bom seria se, além de Danilo, eu também fechasse negócios hoje, mas não ouso sonhar tão alto ainda.

Ninguém toca no assunto da matéria na internet e fico grata por essa gentileza, porque se fosse minha família, eles já teriam destrinchado o assunto até colocarem todos os pingos nos "is". Aliás, achei que ficaria mais desconfortável no meio de gente que não conheço, considerando tudo que tive que ler ontem e hoje, mas nenhuma cabeça se virou para encarar Danilo e eu quando chegamos, muito menos começaram a fofocar baixinho como eu esperava que as pessoas fizessem. Isso foi um alívio, me fez perceber que as coisas só eram muito ruins na minha cabeça e ter Danilo sentado do meu lado também contribui para a minha sensação de relativa paz.

Meu marido está envolvido com o assunto e dando o seu melhor para fazer um contrato com a Eco Habitação parecer o melhor negócio da vida desses homens. Eu admiro o quanto ele consegue ser profissional e completamente apaixonado pela empresa, é fascinante vê-lo empolgado falando sobre as obras que a Eco Habitação construiu e sobre a produção de materiais de construção sustentáveis que o Grupo Torres está financiando. Consigo entender completamente a animação e o amor dele pelo trabalho, pois sinto o mesmo pela E. M. Se não fosse meu amor pela minha startup, que estava no fundo do poço, provavelmente nós dois jamais estaríamos de mãos dadas sob a mesa chique do restaurante. O universo tem sua maneira única de trabalhar a favor das pessoas.

Andressa me pede para acompanhá-la até o banheiro e aproveito o momento para checar minha roupa pela milésima vez. Fui bastante elogiada hoje por esse vestido, o que fez muito bem para a minha autoestima, mas ainda assim é complicado para mim me acostumar com coisas que eu nunca tinha feito antes.

— Não contei a ninguém ainda, então você vai ser a primeira a saber da notícia em primeira mão! — Andressa diz ao sair de uma das cabines do banheiro ajustando o vestido.

— Uma notícia em primeira mão? Me sinto honrada!

Ela endireita os ombros e respira fundo antes de se aproximar de mim e dizer:

— Tales e eu vamos nos casar!

Solto um gritinho de empolgação, levando as mãos à boca em seguida quando percebo que posso ter sido escandalosa demais.

— Meu Deus, isso merece uma festa, Andressa!

E merece mesmo. Andressa queria se casar de verdade há algum tempo, mas Tales estava bastante confortável com a vida que eles levam juntos para poder dar esse passo. Danilo comentou comigo que recentemente esse tópico vinha perturbando Tales mais do que o normal e que a nossa vida de casados parecia objeto de estudo para ele. Vejo que depois de tanto pensar, Tales finalmente tomou a decisão certa ao oficializar as coisas com Andressa.

— Leila, eu nem acredito, nem acredito mesmo! — Ela ri um pouco, mal cabendo dentro de si de tanta felicidade. — Vestido, daminhas de honra, buquê... Eu sempre quis tanto tudo isso e agora vai acontecer.

— Fico muito feliz por vocês dois. Vou adorar te ajudar a escolher o vestido como você me ajudou, lembra?

— Siiiim! — Andressa gargalha. — Eu vou querer algo bem mais chamativo que o seu vestido, então devo te dar mais trabalho, se prepare!

— Eu estarei pronta para quando você quiser ir às lojas.

— Você e Danilo com certeza serão nossos padrinhos, já vou logo avisando.

Fico ainda mais emocionada com aquele "convite" no meio do banheiro e o abraço apertado.

— É claro que estaremos com vocês no altar, nós mesmo nos convidaríamos se você não fizesse isso. — Digo ao soltá-la. — Aliás, já estão vendo as datas?

Sinto que ela murcha um pouco ao ouvir minha pergunta.

— Tales quer deixar para marcar as datas depois da substituição de Seu Fausto na presidência da empresa, então acho que ainda vai demorar alguns meses.

— Substituição de Seu Fausto? — A pergunta escapa da minha boca, mesmo tendo sido um pensamento alto demais.

— Você deve estar de saco cheio de escutar sobre isso, né? — Andressa tira um batom da bolsa e se inclina para perto do espelho. — Danilo deve falar o tempo todo que Seu Fausto está deixando a presidência e tudo mais.

Sendo sincera, eu nunca tinha escutado sobre isso em casa, mas parece meio óbvio que Seu Fausto deixaria a presidência em algum momento devido sua condição. É sempre um choque para mim lembrar da doença dele, porque o avô de Danilo parece tão bem e animado quando o vejo, que não consigo associá-lo de imediato a uma pessoa doente. No entanto, para que ele tenha tomado a decisão de deixar o cargo, a esta altura o corpo já deve estar dando sinais de cansaço ou a família já deve ter dito sobre as expectativas baixas dos médicos.

— Ah, claro, a presidência... — Não consigo esconder o quanto fico abalada. Danilo raramente fala da doença do avô e eu sei que isso o machuca muito. Me pergunto como deve estar a cabeça dele com mais essa complicação.

— Tales me disse que se Danilo fechar esse negócio hoje, há grandes chances dele se eleger como presidente do Grupo.

Pisco algumas vezes para disfarçar a surpresa. Aquela era outra coisa que eu não sabia.

— É mesmo? Isso é bom, então.

— É, sim. Ele sempre quis esse cargo e agora está tão perto de conseguir. — Andressa comenta com um dar de ombros ao guardar o batom de volta na bolsa.

Fico incomodada com o fato de Danilo não ter comentado nada disso comigo e muito menos mencionado que queria o cargo. Para mim, ele sempre esteve tão confortável à frente da Eco Habitação, que a escolha mais óbvia para a presidência do Grupo Torres seria Marcos, mas pelo visto eu sei bem pouco do que se passa com Danilo fora de casa, bem menos do que eu achei que sabia.

Estou a ponto de perguntar a Andressa se Marcos não quer assumir a presidência, no entanto algumas mulheres entram no banheiro e minha amiga faz sinal para voltarmos à nossa mesa antes que eu consiga dizer mais alguma coisa.

Durante o restante da noite, não paro de pensar nas coisas que Andressa me disse. Participo da conversa como consigo e dou meu melhor para sorrir e não deixar Danilo preocupado com qualquer variação de humor que possa me ocorrer por conta dos meus pensamentos.

Mas a verdade é que estou profundamente angustiada com tudo que está acontecendo com Danilo e a família dele, tudo o que ele tem me poupado de saber. Falta pouco tempo para o nosso contrato expirar, o que quer dizer que resta pouco tempo para Seu Fausto também. Dois meses? Um mês e meio? O quão horrível deve estar sendo para Danilo contar os dias para que o pior aconteça?

Ele está feliz hoje, conseguiu fechar o negócio com os alemães e não parou de sorrir e falar sobre isso no caminho de volta para casa. Depois de dias turbulentos, essa deve ser uma pequena alegria. Todas as coisas que eu disse ontem, toda a briga que eu arranjei para absolutamente nada pesam ainda mais sobre meus ombros. Juro que se eu soubesse que as coisas com Seu Fausto estavam tão ruins, eu teria medido melhor cada uma das minhas palavras.

Danilo afrouxa a gravata e joga o paletó num canto da casa assim que entramos, não se preocupando que aquilo se torne cama de gato ou de cachorro ou de ambos mais tarde. Ele tira o celular do bolso e coloca uma música qualquer para tocar.

— Eu poderia dançar a noite toda hoje! Você me daria o ar da graça?

Começo a rir ao vê-lo se curvar como um perfeito cavalheiro e me estender a mão para uma valsa. Eu até poderia me negar, mas Danilo está a ponto de explodir de tanta felicidade e eu jamais ousaria tirar isso dele hoje.

— Mas é claro que sim, Sir Danilo Torres! — Pouso minha mão na dele.

Danilo beija suavemente as costas da minha mão, conseguindo causar uma série de arrepios pelo meu corpo inteiro com aquele mínimo contato. Ele me gira algumas vezes pela sala antes de me puxar para junto de si e iniciar uma tentativa de dança mal sucedida por conta dos meus dois pés esquerdos.

— Você não tem muito ritmo. — Ele conclui, olhando curioso para os meus pés se embaraçando nos dele.

— Eu estou tentando, ok? — Protesto sem conseguir soar muito convincente.

— Tudo bem, eu reconheço seu esforço. — Ele gargalha e eu o acompanho.

Meu peito, que estava apertado até minutos atrás, começa a ficar mais aliviado agora, ao vê-lo tão leve e descontraído. Eu quero tanto que esse homem seja feliz, que ele se cure de todas as feridas que ainda conseguem tirar o brilho dos olhos dele, que ele se sinta amado e acolhido todos os dias da vida dele. Eu quero tanto presenciar todas as conquistas dele, ser o motivo dos seus sorrisos, estar com ele para... para sempre.

Minha boca fica seca com aquele pensamento repentino. Eu praticamente sinto o gosto das palavras que se formam na minha garganta, prontas para serem ditas. Danilo percebe que alguma coisa aconteceu dentro de mim entre nossos passos de dança desajustados e para de tentar me fazer rodopiar pela sala por um instante.

— O que foi? — Ele tira meu cabelo dos ombros, deslizando os dedos gentilmente pelo meu pescoço.

Fecho os olhos. Tento respirar. Não consigo.

Abro os olhos de novo. Seguro as mãos de Danilo nas minhas. Hoje não é um dia para sentir medo, eu decidi não hesitar hoje.

Portanto, sem hesitar, eu me permito dizer:

— Eu amo você.

Oie! Perdão pela postagem tão tarde, aparentemente está se tornando um péssimo costume :(

Estamos oficialmente na reta final! Não tenho certeza, mas acho que mais quatro postagens e finalizamos o livro. Estou pensando ainda o que podemos fazer para comemorar esse grande feito quase inédito da minha parte hahaha

Espero que estejam gostando até aqui. Nos vemos no próximo domingo.

Bjx ♥

Thaly :)

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