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Capítulo 08 - Leila

— Não me leve a mal, senhor, por favor. — Digo com o tom mais gentil que consigo, porque de fato estou preocupada com a situação. — Li que pessoas que estão à frente de empresas grandes sofrem muito com a pressão dos negócios e acabam propensas a desenvolver doenças mentais, como depressão e ansiedade, e isso pode afetar a forma como essas pessoas pensam e agem e...

— Pelo amor de Deus, não! Eu estou ótimo de saúde, posso até te mostrar meus últimos exames, quer ver? — Dr. Danilo enfia a mão no blazer para tirar alguma coisa.

— Não precisa. — O impeço de tirar de dentro do blazer sabe-se Deus o quê. — É que não faz nenhum sentido isso que o senhor acabou de me dizer.

Ele passa a mão pelo cabelo, bagunçando as mechas escuras. Eu não diria que ele está irritado ou nervoso, mas com toda certeza ele não faz ideia do que está falando. Talvez tenha bebido algo antes de vir à Feira ou usado algum tipo de droga. Isso explicaria o porquê dos olhos dele estarem vermelhos e porque há olheiras sutis em seu rosto.

— Eu te disse que podia ser meio estranho o que eu tinha para te pedir, não disse? — Concordo com a cabeça ao ouvi-lo. — E disse também que eu tinha meus motivos para isso, não disse? — Concordo novamente. — Então por que essa sua reação, Leila?

— Porque faz algum sentido o senhor me pedir em casamento sem nunca ter me visto na vida?

— Quem disse que nunca te vi? Você estava na festa de Simone Lisboa na semana passada.

Ah, a festa dourada e brilhante!

— Mas não trocamos uma palavra! Como o senhor quer se casar assim? O senhor tem noção do que está dizendo? — Estou completamente exasperada... E assustada!

Nunca uma coisa dessa aconteceu na minha vida e eu duvido que já tenha acontecido com mais alguém no mundo. Ouvindo o teor dessa conversa, talvez nós devêssemos mesmo ter ido comer em um outro lugar onde eu pudesse gritar com esse homem sem que as pessoas me olhassem como se eu fosse a maluca.

— Olha, quer saber, é melhor eu voltar para o meu estande, onde pode haver investidores de verdade.

Me levanto do banco, tirando os óculos da camisa e os colocando no rosto, ainda com as mãos meio trêmulas. Se antes eu estava quase tendo uma síncope de tanta alegria, agora só quero gritar, tamanho meu ódio e frustração. Não sei quem esse homem pensa que sou, mas eu não sou quem ele pensa.

Dr. Danilo se coloca de pé também e se planta na minha frente como um coqueiro. Ele parece transtornado, o que é uma piada, já que quem deve e está transtornada com toda essa situação bizarra sou eu.

Dou um passo para a esquerda para me ver livre dele, que bloqueia meu caminho sem dificuldade nenhuma. Respiro fundo, recuo. Dr. Danilo avança um passo. Ah, mas que inferno de homem! Tenho vontade de estapeá-lo e desta vez não estou nem um pouco preocupada com as pessoas ao nosso redor.

— O senhor pode me deixar passar, por favor? — Me forço ao máximo para controlar minha voz, que soa esganiçada e falha. Eu sou um desastre sem precedentes para esconder quando as coisas me incomodam.

— Leila, eu não te conheço, você tá certa sobre isso, mas eu sei que você ama a Electrical Measure e que não teve propostas animadoras hoje. Eu estou aqui, disposto a dar à você o que você quiser, desde que você aceite se casar comigo. — Dr. Danilo argumenta, me olhando nos olhos de um jeito que me faz crer que ele realmente tem noção do que está dizendo e que não se importa.

— Meu Deus do céu...

— Um casamento é um contrato, Leila. A diferença é que as pessoas geralmente fazem isso porque sentem algo uma pela outra. Nós, porém, podemos fingir que esse é um casamento das coisas que amamos: a Electrical Measure e a Eco Habitação. O que acha, hein?

Nada que sai da boca desse homem faz sentido, ele é completamente lunático e sem um pingo de senso de realidade. Sinto que se eu ficar aqui mais um segundo vou acabar ficando tão maluca quanto ele.

— Tudo bem! — Ele fecha os olhos brevemente e os abre em seguida, provavelmente disposto a dizer algo mais doido do que da última vez. — Coloque as coisas da seguinte forma: você foi demitida, não conseguiu um investidor para a sua startup e se continuar nesse ritmo vai ter que desistir de tudo pelo qual vem dedicando anos da sua vida. O que você vai dizer para os seus amigos, que também perderam anos da vida deles com o seu projeto fadado ao fracasso? O que vai dizer para a sua família? O que você vai dizer a si mesma depois que tudo pelo qual você lutou não sair do papel? Eu sou sua melhor opção, Leila, e você sabe disso.

Recuo um passo ao ouvir aquilo, porque, infelizmente, aquele babaca tem razão sobre tudo. Fui demitida por causa da Electrical Measure, meus amigos embarcaram nessa comigo desde os tempos da faculdade e sobrevivem de bicos, esperando o dia em que um investidor vai cair do céu para nos salvar. Eu sequer tenho forças para dizer aos meus pais e à minha tia que não tenho mais emprego, e não faço ideia de como farei para admitir que a E.M. não deu certo. Não sei se Danilo Torres é minha melhor opção, mas ele foi a única opção que me apareceu hoje. E hoje era minha última chance.

— Não vai ser um casamento de verdade, só precisa parecer de verdade aos olhos das pessoas certas. — Ele continua em tom sério. — Também não vai ser para sempre e muito menos pretendo ter uma casa ensolarada, dois filhos e um cachorro chamado Pirulito com você. É meramente um contrato entre duas pessoas adultas que têm interesses próprios.

Não tenho nem palavras para reagir àquilo. Um casamento de fachada por pouco tempo, dinheiro na minha conta, vida salva, na cabeça dele deve ser esse o plano. Então, será que seria ruim assim fazer isso? Será que seria errado mesmo aceitar essa proposta? Será que...

Afasto os pensamentos. Não posso me deixar ser seduzida pelo dinheiro dele. Esse homem é maluco e eu não estou à venda. Nada, nada mesmo me garante que as coisas serão como ele disse e menos ainda tenho garantia de que o investimento virá. Gente rica costuma fazer de tudo para conseguir o que quer, e eu não quero me envolver em problemas.

— Olha... — Começo a falar, mas sou subitamente impedida.

— Pegue. — Ele me oferece um cartão de visitas branco e lustroso. — Tire a noite para pensar sobre o que conversamos e me procure amanhã.

— Mas...

Dr. Danilo nem se dá ao trabalho de me ouvir. Ele tira uma caneta chique do blazer e escreve alguma coisa no cartão, então segura minha mão e enfia o pequeno retângulo na minha palma.

— Pense bem, eu sou a sua melhor opção. E seja rápida, porque eu sou bastante impaciente.

Com aquelas palavras, ele me dá as costas e caminha para fora do refeitório, me deixando sozinha com um cartão de visitas nas mãos e uma dúvida que não para de crescer na minha cabeça.

Será Danilo Torres a minha melhor opção?

Estou profundamente perturbada na volta para casa. Minha sorte é que Madu e Jonas acham que meu desânimo é causado pelos quatro possíveis investidores que apareceram e não nos deram nenhuma certeza do investimento. Madu até especulou o que eu tinha conversado com Danilo Torres, mas minha cara de enterro deixou mais do que claro que nada tinha dado certo.

Estamos todos indo para a casa da minha tia comer comida caseira para tentar melhorar nosso humor. Pelo caminho, tivemos o azar de passar em frente do prédio da Eco Habitação e eu quis me enfiar num buraco só por ter tido a cara de pau de imaginar "e se...?" de novo ao olhar para o teto verde da construção.

Nunca tive uma visão romântica do casamento e nem sequer me esforço para isso, minha mãe que o diga. Sendo a irmã do meio entre dois irmãos homens, qualquer garoto que se aproximasse de mim era enfaticamente ameaçado. Quando vim morar em São Paulo e pensei que poderia ter alguma liberdade, Rafael me conquistou de um jeito irremediável e estúpido, que fez toda a minha escassa ideia de romance renascer das cinzas. Certo, Rafael é passado e eu nunca pensei em me casar com ele e ir morar numa fazenda, mas ainda assim não está me parecendo mais tão estranho considerar um pedido de casamento de um homem bonito e podre de rico, que aparentemente não quer nada além da minha assinatura em um documento registrado em cartório.

É apenas um contrato, uma vozinha demoníaca soa dentro de mim. O que seus pais vão pensar de você?, outra voz ecoa e essa pesa um pouco mais. Minha família é meu ponto fraco, eu jamais faria nada que os envergonhasse ou os decepcionasse, e se eles ao menos sonharem que estou com ideias de me casar por dinheiro... Não, não quero nem pensar nisso!

Praticamente desabamos no ponto de ônibus do bairro em que minha tia mora, feito três sacos de lixo sendo arremessados para fora do caminhão da limpeza. Dou uma olhada no meu relógio de pulso e percebo que já é meio tarde, então provavelmente a comida caseira vai ter que ser substituída por...

— Pizza e cerveja — Madu praticamente lê meus pensamentos. — Droga, achei que chegaríamos a tempo de pegar o jantar da sua tia!

— É, se o coletivo não fizesse um milhão e oitocentas paradas. — Jonas suspira, tão desanimado e cansado quanto Madu. — Se a gente tivesse pelo menos um Fiat Uno velho poderíamos ter chegado antes, mas nem isso a gente tem. É impressionante o nosso nível de decadência!

Madu e Jonas começam a rir, apoiando-se um no outro para subir a rua escura que leva ao nosso destino. Eles continuam tirando sarro da nossa situação e rindo conforme avançamos, brincando que sequer têm crédito no celular para ligar para uma pizzaria. É o fundo do poço, mas nenhum de nós diz isso em voz alta. É evidente que não aguentamos mais insistir nisso sem chegar a lugar algum, no entanto continuamos a dar passos cansados em busca de um sonho que parece cada dia mais difícil de se tornar realidade.

— Dane-se, vou pedir crédito emprestado para a operadora! — Madu anuncia, digitando algo no celular.

— Para com isso, eu te empresto meu celular. — Jonas oferece o próprio aparelho. — Pede a pizza que você quiser, morta de fome!

Tiro minha mochila das costas e remexo nos bolsos atrás das minhas chaves, rindo sem perceber da conversa fiada dos meus amigos. Há tanto cacareco nessa mochila, que acho que nunca vou encontrar o que procuro quando jogo algo nesses bolsos. Meus dedos vasculham o fundo do bolso menor até finalmente tocarem o metal frio, contudo puxo algo junto com as chaves. Entre meus dedos, além do meu chaveiro de lhama encardido, há um cartão de visitas convidativo que me faz perder as passadas.

Acabo ficando para trás, girando aquela porcaria entre os dedos sob a luz precária do poste da rua. De novo, como quando passamos na frente da Eco Habitação, eu me pego pensando em ligar para aquele homem e dizer que aceito aquela proposta absurda, se ele prometer acabar com meus problemas de dinheiro. Porém, de novo também, escuto uma vozinha insistente dentro de mim que faz com que eu me sinta a pessoa mais suja e mau caráter da face da Terra por considerar uma coisa daquelas.

— Rápido, Leila, me arrume vinte reais!

Ergo a cabeça para meus amigos parados a alguns passos de distância de mim. Madu está com uma mão estendida e o celular de Jonas na orelha. Acredito que ela esteja falando comigo há algum tempo, mas não consigo me lembrar de nenhuma palavra, porque estava preocupada demais imaginando como seria me casar com um magnata paulistano.

— Vinte e três e cinquenta, para ser mais exata! — Madu diz de novo, balançando os dedos no ar para que eu coloque o dinheiro em sua mão. Cretina!

Enfio o cartão de visitas no bolso da calça e entrego à Madu um bolo amassado de notas entre R$2,00, R$5,00 e R$10,00. Ela conta o dinheiro com destreza e me olha atravessado.

— Faltam dois reais e cinquenta centavos.

Reviro os olhos, mas enfio a mão no bolso menor da minha mochila mesmo assim e tiro algumas moedas que recebi do troco da passagem, colocando-as na mão estendida de Madu. Jonas me dá um encontrão de leve com o ombro como quem diz "você tem paciência demais" e eu só consigo retribuir aquele gesto com um sorriso. É preciso ter paciência com Madu, porque partir para a ignorância sempre é uma causa perdida e Jonas sabe bem disso.

Chegamos ao portão da casa da minha tia no momento em que Madu finaliza o pedido da pizza, que nem sei do que é. Estou tão cansada, que poderia me jogar na cama e dormir essa noite de estômago vazio e tudo, sem falar no quanto meus pés estão doloridos por causa daqueles saltos malditos.

Assim que abro o portão, noto que a luz da sala está acesa, o que quer dizer que Bruna deve ter acabado de chegar da faculdade. Ela deve estar tão cansada quanto eu, já que estagia o dia inteiro em um pronto socorro e ainda tem que ir às aulas durante a noite. Pensando bem, foi uma péssima ideia ter trago essa dupla de papagaios comigo hoje, sabendo que amanhã é mais um dia de trabalho para quase todo mundo em casa. Quase todo mundo, porque assim como Arthurzinho e João Pedro, eu sou uma desocupada.

— Bruna, cheguei! — Digo ao passar pela porta da frente.

Arranco os sapatos de salto pelo caminho e solto um suspiro de alívio assim que meus pés tocam o chão frio. Sinto que posso viver novamente, ainda bem.

Minha prima aparece na porta da cozinha com um prato de macarrão instantâneo nas mãos e a típica toalha enrolada na cabeça. Se tem alguém que lava o cabelo nesse mundo, esse alguém é Bruna. Não tem um dia em que ela não lave os fios escuros e lisos que descem até sua cintura. Ela diz que é necessário para se livrar das más energias.

— Aceitam? — Bruna ergue um pouco o prato para nos oferecer.

— Não. Pedimos pizza e cerveja! — Madu responde por nós, jogando-se espaçosamente no sofá da sala. Por essas e por outras, minha tia não gostava muito dela no início, mas tudo é questão de costume.

— E como foram as coisas hoje? Algum investidor?

Meus ombros tombam ao ouvir aquela pergunta. Não é culpa de Bruna, nós três estamos evitando falar do nosso fracasso mais recente e eu não saberia tocar no assunto sem, ou ficar muito brava, ou com vontade chorar copiosamente.

— Estou sem energia para contar o desastre que foi hoje. Preciso de um banho urgente e colocar os pés para cima. Me avisem quando a pizza chegar.

Passo pelo quarto dos meninos e espio por uma fresta Arthurzinho dormindo e João jogando no celular. Ainda bem que Arthur não chora mais tanto para dormir no quarto que divido com Bruna, porque as noites eram terríveis para nós duas quando ele era menor. Resolvo espiar o quarto da minha tia também, afinal já faz dias que não a vejo. Para minha surpresa, a luz está acesa e a porta está entreaberta. Abro mais um pouquinho e coloco minha cabeça para dentro do quarto.

Ela está sentada na cama de costas para a porta, vestida com uma camisola lilás que eu a dei no último amigo oculto da família. Sorteamos uma a outra na ocasião e eu ganhei um par de sapatilhas que estão até hoje sem serem usadas.

— Tia?

O rosto dela se volta para mim e suas feições se contorcem numa careta de dor inconfundível. Corro pelo quarto e me ajoelho aos pés da cama.

— Tia, o que houve?

— Lembrou que tem casa, menina? — Ela se desvia da minha pergunta, mas percebo o quanto sua voz está ofegante por tentar conter a dor.

— São suas costas de novo, não são? — Insisto, porque se depender da boa vontade dela, nunca saberei o que está acontecendo.

— Ah, não é nada. Tomei uma injeção e logo ficarei bem. — Ela estende uma mão e acaricia meu ombro. — Você não precisa se preocupar com isso.

Minha garganta ameaça se fechar e eu desvio os olhos para que ela não me veja prestes a chorar. Quando soube que eu tinha passado numa boa universidade em São Paulo, minha tia fez o impossível para que eu pudesse vir estudar, me recebeu de braços abertos e cuidou de mim como se eu fosse sua filha. Ela nunca me cobrou por um grão de arroz que comi aqui, nunca me exigiu nada e muito menos me negou algo. Tia Célia é minha segunda mãe e se eu consegui me formar devo muito a ela, mas sequer um descanso merecido consigo proporcionar para a minha tia.

Ela se mata de trabalhar naquela máquina de costura e ataca a coluna. Fica dias, semanas de cama e perde trabalho que fazem toda diferença no fim do mês. Com o que eu ganhava na Solar, eu ajudava em casa como podia, mas agora... Meu Deus, por que as coisas só estão ficando piores? Os problemas não têm realmente um pingo de respeito um pelo outro.

— O médico recomendou quantos dias de descanso, tia?

— Hum... — Ela balbucia e se mexe na cama para tentar se deitar. Me adianto para ajudá-la, mas nem se apoiando em mim ela consegue fazer isso sem sentir dor.

— Tia, quantos dias?

— Umas duas semanas.

— Então a senhora vai ficar quietinha pelo menos um mês! — Eu digo e estou falando sério.

Minha tia abre um sorriso lento e percebo uma lágrima brilhando no canto do seu olho direito. Aquilo quebra meu coração de tantos jeitos, que nem se eu fosse o próprio Aurélio conseguiria ter palavras para descrever o que sinto ao vê-la naquele estado.

— Já te disse para não se preocupar.

— Como não vou me preocupar com minha família?

Os olhos de tia Célia se fecham por um instante e ela deixa escapar um suspiro doloroso. Olho para a cômoda ao lado da cama e vejo um copo com água e uma caixa de comprimidos receitados pelo médico. Ela deve querer descansar agora e eu preciso fazer alguma coisa — qualquer coisa — para garantir que ela descanse direito.

Eu apago a luz do quarto e me afasto, deixando-a dormir em paz. Agora, a caminho do meu próprio quarto e apertando a alça da minha mochila com força, eu começo a perceber que não há mais diferença entre minha melhor e minha única opção. É tudo a mesma coisa e eu preciso urgentemente fazer alguma coisa antes que até essa minha última chance desapareça.

Como diz minha mãe: problema nunca vem sozinho... 
E Leila sabe bem disso, não? hahah

Como estão? Espero que estejam curtindo a história! Semana que vem posto mais dois capítulos. Agradeço muito, muito, muito por todo carinho e por lerem.

Até a próxima!

Bjx,

Thaly :)

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