Capítulo 07 - Danilo
— Eu já disse que nem se eu soubesse onde encontrá-la eu lhe diria, Danilo! — Tales dispara, praticamente espumando de raiva.
Passo as mãos pelo cabelo, bagunçando-o com impaciência. Vou matar alguém a qualquer momento se não conseguir dar um jeito na minha situação.
— Tales, isso é um caso de vida ou morte!
— Isso é fraude! É ilícito e imoral! É tudo, menos caso de vida ou morte! — Ele retruca e está falando muito, muito sério.
Me jogo de costas no sofá e fecho os olhos, frustrado. Há dois dias estou fazendo o impossível para encontrar Leila, mas ou ela é um delírio coletivo, ou simplesmente não existe. Murilo revirou toda a internet atrás dessa mulher e não encontrou nenhum perfil pessoal dela. Para piorar, a empresa de Luís, conhecido de Tales, não fornece nenhum dado pessoal de funcionários ou ex-funcionários. Quando insisti no assunto, oferecendo certa vantagem, eles ameaçaram me processar. Na vida real, nem tudo se resolve com um suborno básico, o que considero uma pena.
Pensei em recorrer a Simone, mas a estou evitando desde que meu avô soube dos rumores do nosso envolvimento, sem contar que seria sacanagem até para mim pedir o contato de uma mulher com quem pretendo me casar para outra mulher com quem dormi não tem nem uma semana e que me envia mensagens o dia todo.
Me restou Tales, e desde que lhe contei os meus motivos para encontrar Leila, ele me disse um categórico "não". Para Tales, meu plano é uma imoralidade e eu sou muito mau caráter de ao menos cogitar algo do tipo. O que ele não entende é que eu não tenho outra opção, caramba! Meu avô quer que eu me case, não pode ser com nenhuma mulher com quem tenho o costume de sair, então eu tive a brilhante ideia de envolver Leila nisso e agora estou arrancando os cabelos, porque sequer sei o sobrenome dela.
— O que vou dizer para o meu avô no final de semana? Que minha noiva não existe? — Murmuro ainda de olhos fechados.
— Exatamente! — Tales exclama. — Você precisa aprender a não envolver quem não tem nada a ver com os seus problemas nos seus problemas.
Ah, eu vou enlouquecer! Chuto as almofadas do sofá e esperneio até estar ofegante. Devo estar dando a Tales um espetáculo e tanto, e não ligo se ele vai me achar infantil e histérico, pois agora nada importa mais do que encontrar Leila, seja lá em que buraco ela se esconde.
— Tales, Leila é maior de idade, não é? — Digo para ele, pulando do sofá e me jogando aos seus pés. — Me deixe apenas conversar com ela, por favor? Só um papo sério entre dois adultos, que tal?
— Levanta daí e pare com isso! — Ele resmunga, caminhando para longe de mim. — Eu já te disse que não sei nada sobre ela além do fato dela ser engenheira e que trabalhava com Luís até bem pouco tempo atrás.
— Mas você conhece Luís há anos...
— Eu tento comprar a empresa dele há anos, é diferente. — Tales me corrige.
— Tanto faz! Apenas me ajude, peça a ele para me passar ao menos o e-mail dela. O e-mail, isso! — Fico de pé, esperançoso. — Diga que é coisa de trabalho, por favor, Tales!
— Não. Ela é engenheira, não atriz e muito menos babá para cuidar de você, seu irresponsável!
Solto um suspiro exausto. Já faz dois dias que estamos tendo essa conversa, dois dias que eu não durmo, apenas pensando em como farei para encontrar minha "noiva". Minha situação está tão ruim, que sequer sei o que eu diria para convencê-la a se casar comigo se eu a encontrasse. O mais certo é que eu ofereceria dinheiro, até porque dinheiro resolve quase tudo, mas ela pode muito bem não querer dinheiro apenas.
Ela pode me querer junto! Aquela mulher desastrada pode querer levar as coisas a sério se eu a pedir em casamento e isso seria minha morte. Sinto um arrepio só de imaginar em me casar de verdade. Em seguida, sinto outro só de pensar que Leila pode não querer nem dinheiro e nem meu corpo nu, mas, sim, me denunciar à polícia. Seria um escândalo, meu avô me deserdaria!
Concluo que todas as minhas opções são ruins, mas continua sendo ainda mais ruim não conseguir encontrar essa mulher de jeito nenhum e ter que admitir na frente da minha família inteira que eu estive mentindo sobre um relacionamento inexistente.
— Já acabou com o show? — Tales questiona, ainda parado a alguma distância de mim.
— Por que?
— Porque você precisa vestir pelo menos uma calça e vir comigo à Feira de Startups que você me encheu o saco para conseguir as entradas!
Dou uma olhada nos meus shorts azul de patinhos e nas minhas meias brancas, depois volto meu olhar para Tales:
— Era hoje?
— Ah, Danilo! — Ele revira os olhos, furioso. — Você passou semanas me enchendo o saco por causa disso e agora se esquece? Olha, você...
— Eu já estou me vestindo e saindo! Espere só mais cinco minutos! — Eu o interrompo, correndo até meu quarto para me enfiar na primeira roupa que encontro.
❤
Minha sorte é que, apesar de já ter 30 anos, minha antiga babá ainda cuida de mim e deixa minhas roupas separadas e prontas para serem vestidas na porta do guarda-roupa. Se Carmen não existisse, eu não sei o que faria hoje, porque Tales está uma arara comigo, mesmo que não tenhamos perdido muito tempo no trânsito e que eu não tenha me atrasado para me trocar mais do que o necessário.
Quando chegamos ao local da Feira, Tales ainda está me olhando torto e calado demais para o meu gosto. Eu entendo o lado dele, fui um pentelho pedindo para que ele desse um jeito e me arrumasse as entradas e me esqueci completamente do evento com a minha obsessão por Leila.
O celular de Tales toca. Pelo canto do olho consigo ver que é Andressa. Que maravilha! Agora eu sequer tenho chance de fazer as pazes com meu amigo, porque a mulher que mais me detesta no mundo está ligando para ele. Pelo que eu soube, Andressa ainda está me xingando de todos os nomes possíveis por causa da festa de Simone na semana passada. Tudo bem que ela tem razão, mas não vou admitir uma coisa dessa nem que minha vida dependa disso.
— Vou dar uma olhada na área de construção civil sustentável. — Anuncio, indicando os estandes mais adiante.
Tales apenas assente e desliza o dedo pela tela do celular para atender a ligação da namorada, se distanciando como pode da multidão de pessoas circulando pela área.
Tiro do bolso do meu blazer o meu próprio celular e começo a analisar alguns projetos, coisas que podem ser viáveis de serem agregadas à Eco Habitação. Gosto de fotografar e anotar tudo que acho interessante, porque passa a impressão de que aquilo é importante para quem está vendo de fora, e confiança nesse tipo de relação é o que pode fazer a diferença ao firmar um negócio.
Passo por estandes interessantes com pessoas oferecendo soluções para quase tudo. Presto uma atenção especial à produção sustentável de tijolos, porque mais cedo ou mais tarde o Grupo Torres vai ter que começar a fabricar materiais de construção sustentáveis também. Sairia até mais barato para a Eco Habitação, tendo em vista que hoje em dia eu preciso comprar materiais de fornecedores, o que eleva bastante o preço dos projetos.
Estou para deixar o estande dos tijolos e partir para a próxima parada quando vejo algo que me chama atenção.
Leila...?
Não é possível. Não acredito no que estou vendo.
A altura, o cabelo preto cacheado, o formato dos quadris... Tenho quase certeza que é ela, mas sempre há a possibilidade de eu estar tão louco para encontrá-la que estou vendo coisas onde não há. Afasto o último pensamento, pois até que eu quebre a cara, não considero desistir dos meus planos por um mero imprevisto.
Pisco algumas vezes e me aproximo alguns passos do estande onde a mulher olha com curiosidade um banner. De onde estou, consigo ver melhor o contorno do seu nariz e o queixo, e, puta merda, é ela! Estou convencido de que é ela.
— Leila! — Eu a chamo, mas ela não parece ouvir. — Leila! — Repito mais alto agora.
Dessa vez ela vira o rosto de um lado para o outro e eu tenho certeza absoluta de que é a Leila certa.
— Leila! — Chamo mais uma vez, agora já perto o bastante para que ela me veja.
Leila vira o rosto subitamente em minha direção ao ouvir seu nome e consigo finalmente ver seu rosto por completo. Se não houvessem tantas pessoas ao redor eu me ajoelharia e agradeceria a Deus por aquele milagre. Poucas horas atrás parecia uma tarefa impossível vê-la de novo, contudo cá está Leila, de carne e osso e me encarando através das lentes de um óculos grosso.
Estou prestes a abrir a boca e chamá-la de novo, mas um cara é mais rápido ao se aproximar e puxá-la pelo braço. Ele é magro, tem o cabelo castanho claro cortado muito baixo e aparenta ser um pouco mais jovem que eu. Um amigo próximo talvez? Um namorado? Um marido? Só o que me falta é essa mulher já estar casada. Se for esse o caso, eu posso dar adeus ao meu pescoço de vez.
Leila e o cara não dão as mãos e nem têm muito contato físico além daquele puxão de leve que ele deu no braço dela, mas um segundo depois estão os dois correndo para longe. Solto um palavrão, assistindo, impotente, Leila sumir de vista acompanhada por aquele homem que não faço ideia de quem seja.
Sem me dar tempo para pensar mais a respeito, começo a correr atrás deles, tentando seguir o vulto dos dois a distância. Alguns minutos depois estou diante de um estande pequeno de uma startup chamada Electrical Measure. Não faço ideia do que se trata o projeto e nem estou interessado no momento. Minha mente só consegue pensar em Leila, sentada diante de um senhor de terno, explicando-lhe alguma coisa em detalhes. Espero, inquieto, que ela termine o que está fazendo e saia do estande, preferencialmente sozinha.
A vejo saindo do estande com alguns panfletos nas mãos um tempo depois. O cara com quem a vi mais cedo sai também, mas toma outro caminho. É o momento mais que perfeito para abordá-la e dizer tudo que tenho maquinado incessantemente por dois dias, quando tive aquela ideia desgraçada de forjar um casamento entre nós dois.
Ela está completamente alheia à minha aproximação, inclusive até se agacha para... colocar um curativo adesivo no pé? Coitada, bem que percebi que ela estava cambaleando em cima dos saltos. Olhando assim, Leila não parece muito uma mulher que está acostumada com sapatos daquele tipo, nem mesmo roupas daquele tipo, o que faz dela ainda mais perfeita para a situação.
Após algum tempo parado ali, Leila nota meu sapato, subindo o olhar devagar, reparando em cada detalhe do meu terno, escolhido a dedo por Carmen no dia anterior. Não é a roupa mais adequada para se estar numa Feira como esta, mas eu nunca sei quando um compromisso importante vai aparecer, portanto é melhor sempre sair de casa preparado.
Os olhos de Leila, por fim, encontram os meus pela segunda vez naquele dia e eu nem sequer disfarço meu sorriso satisfeito ao dizer:
— Leila, finalmente encontrei você!
Ela fica de pé, olhando para os lados, como se esperasse que eu estivesse falando com outra pessoa.
— Por acaso nós nos conhecemos?
— Dr. Danilo Torres! — Alguém responde por mim. — Que grande honra!
Uma mulher estranhamente familiar sai de dentro do estande e se aproxima de nós. Ela é alta e tem uma tatuagem serpenteando pelo pescoço comprido. Tento puxar na memória onde já a vi antes, mas não consigo ter certeza se realmente a conheço ou se é só uma impressão.
— O senhor deve ter vindo ver o estande. Vamos, entre... — Ela aponta para o estande, com um sorriso largo, que me deixa meio desconfortável. No momento, a única coisa que eu queria era conversar um pouco com Leila a sós e ela está atrapalhando meus planos.
— Na verdade... — Tento dizer, mas já estou sendo arrastado estande adentro, com uma Leila muito desconfiada ao meu lado.
❤
O projeto é, no mínimo, funcional. Um aparelho capaz de identificar gastos excessivos de energia elétrica e enviar relatórios personalizados e eficientes para o dispositivo de preferência do cliente através de um aplicativo. O melhor é que a Electrical Measure ainda oferece consultoria mensal, para reeducar os adquirentes do aplicativo a usar energia de uma forma consciente. É tudo bem visionário, exceto pelo custo inicial.
Entretanto, se esse projeto der certo, considerando os atuais problemas da Eco Habitação com as instalações, pode ser que todo investimento seja muito bem recompensado. É um risco, mas tudo é risco, afinal.
— E então, o que o senhor nos diz? — A moça que agora sei se chamar Madu pergunta, cheia de expectativa. Agora já sei de onde a conheço, ela também estava na festa da Simone, atuando como cerimonialista na mesma equipe que Leila.
Olho para Leila encostada num canto, observando cada movimento que faço. Definitivamente, ela não confia em mim e nem está muito convencida de que estou interessada na Electrical Measure.
— Eu acho que é um bom projeto e adoraria conversar melhor a respeito com você, Leila. Em particular, se possível.
— Claro que é possível! — Madu se adianta, praticamente empurrando Leila para fora do estande.
Leila engole em seco e ajeita os óculos. Madu a encara como quem diz "vai de uma vez e acaba com isso", mas Leila não se move. Então, eu resolvo me mover. Fico de pé e indico a saída do estande ainda com um sorriso bem grande na cara. Leila volta a me encarar daquele jeito desconfiado, irremediavelmente incomodada com a minha presença.
— Vamos? — Pressiono. Não saio daqui sem ter uma conversa com ela em particular.
Madu cutuca Leila com o cotovelo, incitando-a a me seguir. Decido até mesmo perdoar e esquecer a intromissão de Madu mais cedo, porque ela está se saindo ótima em fazer Leila reagir de algum jeito.
— Tu... Tudo bem... — Leila gagueja. — Vamos.
Saímos do estande e atravessamos a Feira inteira em completo silêncio. Já passa da hora do almoço e estou com fome, graças a Tales que não me deixou comer nada direito antes de sair de casa. Antes que eu ao menos pense em dizer para irmos comer em um lugar silencioso e longe daquela gente toda, Leila sugere a praça de alimentação, que é o único lugar por ali onde podemos nos sentar para conversar. Porém, eu tenho para mim que ela só sugeriu isso porque é um local público e porque os amigos dela estão por perto. Aparentemente, vai ser difícil do que eu imaginava conquistar a confiança dela.
Deixo Leila sentada em uma mesa e vou comprar algo para comermos. Retorno apenas alguns minutos depois com dois sanduíches naturais e duas garrafinhas de suco de laranja. Acho que ainda vou ficar com fome depois de comer isso, mas não tinha mais muitas opções de comida na cantina e como Leila se recusa a sair da Feira comigo...
— Obrigada. — Diz ela ao pegar o suco e o sanduíche das minhas mãos. Pelo tom pálido da sua pele, imagino que ela também esteja com fome.
— Poderíamos ter ido comer em outro lugar. — Ainda estou inconformado com a atitude dela.
Leila se retesa um pouco no banco.
— Não queria que o senhor se incomodasse.
— Eu acho que temos quase a mesma idade, não precisa me chamar de senhor. — Digo como uma tentativa de amenizar o clima, que parece piorar drasticamente quando acabo de falar.
— Prefiro tratá-lo formalmente, se não se importa.
E eu digo o quê depois de uma resposta dessa? Viro a garrafa de suco na boca e bebo um gole longo. Leila faz o mesmo, sem deixar de me encarar daquele jeito por cima dos óculos. Ela está se segurando para começar a fazer perguntas, sinto isso na alma, e acho que no momento o melhor é deixá-la falar o que está pensando.
— Então o senhor está interessado mesmo na Electrical Measure? — Ela pergunta com cautela. — Digo isso, porque pareceu que o senhor queria falar especificamente comigo mais cedo.
— Seu projeto é muito bom, é normal que eu me interesse, não?
— Espero que sim. — Ela empurra os óculos contra o rosto e fica um pouco mais ereta. — Temos trabalhado em melhorias para esse projeto há bastante tempo e eu espero de verdade que esteja à altura de receber um investimento da Eco Habitação.
— Você conhece minha empresa, é?
— Construção civil não é bem minha área, mas é inegável a influência da sua empresa no ramo.
— E pensar que agora a Electrical Measure pode fazer parte de tudo isso... — Deixo a frase no ar enquanto desembrulho meu próprio sanduíche.
Vejo Leila prender os lábios para não sorrir. O rosto dela corou um pouco e ela arriscou tirar os óculos e pendurá-los na gola da camisa social amassada. Ela está começando a acreditar que estou aqui pela empresa, começando a acreditar que os sonhos dela vão se tornar reais. E vão mesmo, a depender do que ela me responda daqui a pouco.
— Vocês fizeram muitos contatos hoje?
— Não tanto quanto esperávamos. — Ela responde com sinceridade, encolhendo um pouco os ombros. Deve ter sido um dia difícil. Começar de baixo sem ter nenhum apoio é complicadíssimo, eu que sempre tive sorte de ter meu avô.
— Aposto que as pessoas têm reclamado do custo inicial.
— É... Isso pesa bastante na hora de executar o projeto.
— Eu estou disposto a investir a quantia inicial que vocês precisam. — Asseguro com o meu melhor olhar de "você pode confiar em mim, garota!".
Leila bem que tenta conter o sorriso de novo, mas desta vez é mais forte que ela. Não a culpo, qualquer pessoa naquela posição iria achar que está testemunhando um milagre.
— Meu Deus... Eu não sei nem o que dizer... Eu... Eu... Ai, meu Deus, muito obrigada! — Leila solta um suspiro e abre um sorriso hesitante. — A Eco Habitação é nacionalmente reconhecida e agora o senhor quer investir na E. M. e eu não sei o que dizer além de agradecê-lo por isso!
As palavras de Leila me deixam quase com a consciência pesada pelo que estou prestes a dizer. Ela é só uma garota tentando apresentar suas ideias ao mundo e isso é importante para ela de todas as formas possíveis. Percebo o quanto a startup significa para Leila pela forma como sua voz e sua postura mudam ao falar do projeto, como se ela pudesse flutuar a qualquer momento só de ter a oportunidade de conversar sobre suas aspirações com alguém disposto a ouvir.
No entanto, eu preciso dela para algo muito maior do que um agregado à Eco Habitação, e não posso me permitir recuar agora porque os olhos dela estão brilhando de expectativa. Ergo meu olhar e a encaro por tempo suficiente para que o sorriso dela diminua um pouco. Leila fica gradativamente mais séria, apesar de ainda estar meio trêmula.
É agora, não tenho como recuar, preciso dizer de uma vez o que me fez vir atrás dela até aqui.
— Não me agradeça ainda, Leila. Eu tenho uma condição para começarmos com o investimento.
— Sim. — Ela assente, atenta ao que tenho a dizer. — O que o senhor quiser.
— Certo. Vai parecer estranho, mas tenho meus motivos para te pedir isso. — Ela volta a assentir e eu continuo: — Leila, eu estou disposto a investir na Electrical Measure se você, em troca, se casar comigo.
Eu a encaro com tanta expectativa, que poderia começar a gritar, mas Leila nada diz e nada faz. Ela me encara de volta, os olhos grandes e castanhos sequer piscam. Não consigo saber o que ela está pensando, porque seu rosto é uma grande incógnita, contrastando com o meu, que estou para explodir aguardando que ela diga alguma coisa.
— E então, o que você me diz?
Leila pega sua garrafinha de suco e sorve o restante do líquido num gole só. Quando se volta para mim, ela está ainda mais séria e desconfiada do que antes, mas além da desconfiança há algo em seu rosto que identifico tarde demais ser pena.
— Me desculpe dizer isso, senhor, mas o senhor está bem? Digo, da cabeça?
Respiro fundo para não dizer o que não devo.
Sei lá o que eu pensei ao envolver essa mulher nos meus problemas, mas o fato é que eu estou mesmo perdido. Completamente perdido!
❤
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