Capítulo 17
Estou contando até mil para não ir atrás de Nina e quebrar a cara do francês empinado que a abraça. Tenho que lembrar que estamos em missão, que tudo isso é somente trabalho.
- Por isso que digo – Don apoia a mão no meu ombro – Nunca dá certo trabalhar com quem você se relaciona...
Olho para ele, não estava no clima para aturar o sarcasmo de Donato, balanço a cabeça e a passos firmes me afasto dele. Vou em direção ao bar, se era para trabalharmos, que os jogos começassem.
Peço duas doses de tequila para o garçom, entorno rapidamente o líquido em minha boca, precisava de um pouco de coragem líquida e de algo que me fizesse esquecer o que tinha acabado de ver.
Não demoro achar Nicolly, ela está sentada na mesa dos pais com um celular em suas mãos, rio com a previsibilidade da cena. Me aproximo com um sorriso no rosto.
- Boa noite – Atraio a atenção dos presentes na mesa, estico minha mão para ela – Será que você assistiria à competição comigo? Espero que não tenha ficado muito assustada com o que aconteceu.
A mulher olha para mim e abre um belo sorriso, ela prontamente me estende a sua mão, alargo mais ainda meu sorriso com o aceite dela. Entrelaço seu braço no meu e nos encaminho até a área da competição.
A maioria dos convidados já estava presente no local, os participantes estavam escolhendo suas armas. Olhei de relance e vi Nina com o francês, que sussurrava algo em seu ouvido e acariciava as suas costas, enquanto eles escolhiam suas armas.
A competição tinha ao todo, vinte participantes e era dividida em três etapas e Lucio era o jurado. A primeira etapa os participantes iriam acertar os alvos a quinze metros de distância, os dez concorrentes com maior somatório de pontos, passavam para a segunda etapa, onde o alvo ficava a trinta metros de distância.
A última etapa era composta pelos cinco maiores pontuadores das duas primeiras rodadas, contudo, nessa etapa a pontuação era zerada. Os participantes teriam que acertar o alvo que estava a cinquenta metros de distância e quem fizesse o maior somatório, ganharia.
Reparo que a maioria dos chefes da máfia escolheram algum atirador que trabalhava para si. Todos davam orientações para seus escolhidos, depois foram para uma mesa posta estrategicamente para eles, em frente a área do campeonato para assistirem ao torneio e camarote, os únicos pontos fora da curva como participantes, eram Nina e o francês.
A competição começou, todos eram realmente muito bons atiradores, contudo, alguns se destacavam, vi os chefões torcerem e reclamarem quando seus participantes não iam bem.
Cada concorrente tinha direito a cinco tiros por rodada, tudo parecia uma grande festa, os maiores mafiosos do mundo se sacaneavam entre si como velhos amigos.
Não me foi surpresa. quando vi que Nina estava empatada em primeiro lugar com Pierre. Quando a primeira etapa terminou, uma pausa foi dada para os concorrentes beberem água e se quisessem, trocar as suas armas.
Os chefões que tiveram seus concorrentes eliminados na primeira etapa, poderiam escolher agora um novo eleito e fazer uma nova aposta em cima dele. Quando a segunda rodada começou, todos gritavam torcendo por seus favoritos, até as crianças, tinham parado de correr e agora gritavam o nome de seus candidatos.
Estava na metade da segunda etapa, olhei em volta e percebi que todos estavam reunidos no local, esse era o momento perfeito para explorar a mansão de Leon, já que o mesmo estava entretido com o campeonato.
Olho para a mulher ao meu lado, que está registrando em seu celular todo o evento, passo meu braço por sua cintura e a puxo para perto de mim, chamando a atenção da mesma, que me olha com uma sobrancelha intrigada.
Colo mais meu corpo perto do seu e com minha mão livre abaixo o celular dela. A seguro firme pela cintura e abaixo meu rosto até a altura de seu ouvido, sinto o corpo dela corresponder a minha proximidade.
- Porque você não me mostra algum lugar mais reservado dessa casa.
Quando a olho nos olhos, sem me afastar muito, vejo um sorriso malicioso surgir em seus lábios. Ela segura a minha mão e começa a me puxar para longe da multidão, antes deu deixar ela me levar, dou uma última olhada na área de competição.
Dentro da mansão de Leon, pego duas taças de champanhe, fico com uma e ofereço a outra a Nicolly que a bebe, vejo que a mulher já não está muito sóbria e isso era excelente para mim.
- Então me fale, sua família conhece a do Leon a muito tempo?
- Sim, desde que era criança meu pai tem negócios com o tio Leon.
- Tio? Pelo visto vocês são bem próximos.
- Sim, ele é muito atencioso.
- Imagino.
Viramos num corredor onde estava meio deserto, a encosto na parede e beijo seu pescoço.
- E que tipo de negócios sua família tem com ele? – Sussurro em seu ouvido.
- Tem certeza que quer falar de negócios agora? – Ela passa as mãos por meu peito e entrelaça os braços em meu pescoço.
- Quero te conhecer um pouco mais e nada como conhecer a família de onde uma raridade como você vem... – Não afasto meu rosto de seu ouvido.
- Meu pai está no ramo das padarias, ele e o tio fazem diversas vendas juntas, e atualmente estão vendo de comprar uma nova receita.
Me afasto dela, mas continuo segurando seu corpo contra a parede.
- Uma nova receita – Ergo uma sobrancelha – E você sabe sobre o que é?
- Não sou muito inteirada dos negócios da família, deixo essa parte com meu irmão mais novo, mas escutei que era alguma coisa que nunca se viu no mercado, algo relacionado a marcadores genéticos.
Meu sangue gela com tal informação, a NX estava produzindo novamente a droga.
- Por isso o francês está aqui.
- Como? – A olho confuso.
- Sim, ele irá fazer uma visita a fábrica para ver se a nova receita presta, se prestar, irá fechar negócio com meu pai e Leon. Eles fizeram um acordo que seriam os distribuidores caso Pierre decidisse revender a receita.
Me afasto dela, muitas coisas passam por minha cabeça, inclusive como Leon era um crápula de duas caras e como essa mulher era burra de confiar tais segredos a um estranho.
- E quais lugares mais você conhece nessa casa?
- A casa é muito grande, os quartos ficam no andar de cima – Ela me olha sugestivamente.
- Gosto de lugares mais escusos se me entende – Aperto um pouco a sua cintura - Acredito que deva ter algum lugar assim por aqui.
Ela parece ficar pensativa com minha sugestão, fica alguns segundos decidindo se aceita o meu pedido ou não.
- Não sei se posso te levar lá.
- Então tem algum lugar assim aqui – escorrego minha mão por suas costas devagar indo para a lateral de seu corpo, a parando em sua coxa, quase na borda de seu vestido. – Que pena que não pode me levar lá, tinha algumas ideias que acho que nos divertiríamos.
A mulher morde o lábio inferior e quando começo a sugerir fazer o caminho de volta para o jardim, ela segura minha mão e me guia em direção ao final do corredor que estávamos.
Entramos numa sala onde não tinha nenhum tipo de mobília, com exceção de uma lareira, que não era usada a anos. Deixo a porta atrás de nós aberta, a mulher se dirige até a lareira e coloca a mão dentro da mesma.
Nicolly deve ter apertado algum mecanismo, pois vejo uma porta oculta na parede se abrir. Ela me olha e adentra a porta oculta, passo pela mesma a seguindo por uma escada, que estava mal iluminada.
Conforme descia os degraus, um calafrio percorria o meu corpo e um cheiro forte atinge meu nariz. Quando os degraus acabam, me vejo diante de um porão com uma espécie de cela.
O lugar é sujo, tem marcas de sangue que não conseguiram ser limpas, correntes presas no teto e na parede, uma mesa de madeira do lado de fora da cela, tem um estojo de facas lustrosas em cima dela.
- Esse lugar está bom para você? – Ela me olha com um sorriso sexy.
Forço um sorriso.
- Perfeito, mas me fale, como você conhece isso aqui?
- Estive aqui somente uma vez. – O olhar dela fica distante.
- Deve ser uma história interessante. – Passo as mãos pelas facas na mesa e reparo que tem um chicote preso na lateral do móvel.
- Na verdade, a história envolve esse chicote que está segurando.
A olho intrigado e retiro o objeto de seu gancho.
- Você usou esse objeto em alguém quando veio aqui?
Ela sorri, mas então sua expressão se fecha.
- Não, meu pai e eu estávamos numa visita ao tio Leon, quando chegamos, alguma confusão estava acontecendo.
- E o que era?
- Eu não sei, mas meu pai queria falar imediatamente com Leon, então um dos seus homens nos trouxe até aqui, quando chegamos, Nina estava presa nesses grilhões e Leon a açoitava com esse chicote.
Fico estático com o que escuto, as cicatrizes de minha noiva me vêm na memória. Solto o chicote no chão, olho para o objeto com raiva, meu coração acelera, estou com falta de ar naquele lugar.
Como aquele maldito teve coragem de fazer isso com a própria filha! Eu estava cego, cego de raiva. Nicolly se aproxima sedutoramente, mas tudo que consigo enxergar é o sangue que marca o chão na cela, e pensar que este pode ser o de Nina.
Afasto a mulher a segurando pelos braços, ela me olha de forma estranha, não a culpo, não consigo mais entrar nesse teatro, não depois de saber tudo que ela me contou e para a minha sorte, quando ela tenta se aproximar novamente, um segurança aparece na escada.
- Hey! Vocês não deveriam estar aqui. – Ele grita para nós dois.
Ele está com a arma em mãos e aponta para nós, contudo, quando vê Nicolly a abaixa, pede desculpas pela forma que falou, entretanto, pede para voltarmos para o jardim.
Faço um último esforço e ofereço meu braço para a mulher, ela o aceita, mas me olha de forma diferente, lhe dou um sorriso amarelo, preciso tentar me explicar.
- Desculpe, acho que fiquei um pouco chocado com a história – Ela parece acreditar – Sinto muito por termos sido interrompidos – Aproximo meus lábios de seu ouvido - Talvez possamos marcar algo um outro dia.
Vejo o sorriso voltar a face da mulher, respiro um pouco mais aliviado, por pelo menos ter conseguido contornar essa situação, contudo, não sei se conseguirei me controlar se ver a cara daquele monstro.
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