Capítulo 16
Na recepção interna da casa, um homem alto com trajes sociais nos aguardava. Leon o cumprimentou formalmente e me apresentou, contudo, não disse que eu era a sua filha.
- Seja bem-vindo Pierre, espero que tenha feito boa viagem.
- Oui. – O sotaque do homem era bem forte.
- Então meu caro, já pensou sobre a proposta que lhe fiz?
- Oui, e resolvi lhe responder pessoalmente.
- Vamos até o jardim então tomarmos algo e aí conversamos.
Nós três nos encaminhamos até o jardim, contudo, ficamos numa mesa mais isolada, seguranças asseguraram que ninguém adentrasse aquele espaço. Sentados na mesa, um garçom nos serviu taças de champanhe, que Pierre recusou educadamente.
- Eu fiquei intrigado com sua proposta, mas resolvi que será uma boa aquisição para os negócios – Vejo um sorriso se alargar no rosto de Leon – Contudo, só aceitarei o acordo após visitar e conversar pessoalmente com a empresa.
- Mais é claro, os informarei ainda hoje de sua decisão, tenho certeza que não se arrependerá, além do mais, é bem-vindo em minha casa se quiser ficar aqui até sua viagem para Budapeste.
- Agradeço, mas já estou com hotel reservado.
- Bem, se precisar de qualquer coisa, é só me falar que providenciarei.
Os dois apertaram as mãos e eu fiquei encarando esse diálogo estranho, estava na esperança de saber mais sobre a proposta, mas Leon já tinha discutido ela anteriormente, me deixando com mais esse trabalho para descobrir.
- Bom, espero que se divirta hoje Pierre, eu tenho que ir cumprimentar mais alguns convidados, mas Nina será sua acompanhante hoje, ela conhece bem a casa e é de extrema confiança minha, separei a melhor para você. – Ele dá uma piscada de olho para o homem.
Vejo o homem me olhar de cima a baixo, ele não tenta disfarçar que estava gostando do que via. Engulo em seco, quando reparo como ele me olha, estou vestindo um vestido longo rosa com algumas flores, que marca bem minha cintura e meu busto, meu decote é reto e as alças ficam caídas em meu ombro.
Fiz uma trança em meus cabelos, deixando um colar prata que uso em destaque no meu colo e estou com uma maquiagem leve. Pierre da um sorriso charmoso de lado, apesar da idade, o homem era muito charmoso, além de usar um perfume maravilhoso.
Me levanto e pergunto se ele quer conhecer o lugar, ele prontamente vai até o meu lado e me oferece o seu braço, que aceito prontamente. Eu iria odiar o que teria que fazer, e só rezava para que Guilherme não tivesse que presenciar.
Expliquei para o homem como funcionava a competição, ele me perguntou se eu iria participar, lhe disse que não estava muito empolgada esse ano, mas que talvez mudasse de ideia se tivesse algum incentivo.
Apresentei Pierre para alguns velhos conhecidos de Leon, mas o homem não estava muito interessado nos outros chefes e sim em mim. Ele me fazia diversas perguntas, onde muitas delas, se aproximava de meu ouvido para sussurra-las.
Não posso negar que minha pele se arrepiou com a proximidade de seu contato, mas eu delicadamente lhe respondia mantendo uma distância, que ele não percebesse que eu o afastava de leve.
Quando chegamos no estande de armas, que Lucio tinha montado para os concorrentes escolherem suas pistolas, Pierre disse que iria até o bar buscar algumas bebidas para nós.
Fiquei olhando quais armas, Luci tinha escolhido para a competição desse ano. Reparei que nenhuma das pistolas era antiga, Leon não tinha poupado dinheiro para comprar novos armamentos.
Quando Pierre voltou, ele trazia em sua mão um drink vermelho, o peguei e o olhei intrigada, nunca tinha tomado nada do gênero. Pierre tinha escolhido tomar wihsky, me pergunto porque homens gostam tanto dessa bebida.
- O que é esse drink?
- É Kir Royal, uma bebida típica da França, achei que fosse gostar.
Dei um gole na taça e o gosto foi bem refrescante, realmente os franceses tem ótimos gostos para bebidas alcoólicas. Apoiei uma mão em seu braço e lhe dei um sorriso.
- Eu adorei, realmente é uma surpresa refrescante nesse calor italiano.
- Nós franceses somos cheios de surpresas. – Ele se aproximou e colocou um de seus braços ao redor da minha cintura, me forçando a ficar bem próxima.
- Eu posso imaginar que sim. – Pierre me olhava com intensidade, levei novamente a taça até meus lábios e sorvi o líquido – Mas me fale, você sabe atirar?
Me soltei de suas mãos para apontar para a mesa com as pistolas atrás de mim, ele sorriu de lado.
- Oui, é um dos meus passa tempos preferidos.
- Então porque não se inscreve na competição, tenho certeza que irá se divertir.
- Não sei.
Ele aproxima seu rosto do meu, ficando a poucos centímetros, me deixando presa entre ele e a mesa, então estica um dos braços e pega uma das pistolas na mesa que estava atrás de mim. Assim como se aproximou rapidamente, também se afastou, senti meu coração parar por alguns segundos e meu sangue gelar.
- Você torcerá por mim? – Ele me olhava enquanto analisava a pistola que tinha pego.
Demorei alguns segundos para conseguir responde-lo, sei que teria que me aproximar de uma forma não convencional de Pierre, mas não iria fazer nada que pudesse machucar Guilherme, contudo, vi que esse homem é mais insistente e intenso do que pensava.
- Com certeza torcerei – Lhe dei o meu melhor sorriso.
- Então está decidido, onde me inscrevo?
Eu precisava de alguns segundos para me recompor, por isso lhe mostrei Lucio ao longe, lhe disse que era só falar com ele, que o homem providenciaria a sua inscrição.
Pierre foi ao encontro de Lucio me dando o espaço que precisava, eu estava com raiva de Leon por me fazer ter que agir dessa forma, eu não era um objeto que ele podia lançar ao bel prazer dos outros, além do mais, eu o odiava mais ainda por me forçar a fazer isso na frente do meu noivo.
Aproveitei o momento sozinha para procurar Guilherme pelo jardim, logo o encontrei sentado numa mesa a minha frente, com meu irmão e Nicolly. A cena que se desenrolou a minha frente, fez meu sangue ferver.
Nicolly, se pendurava no pescoço de Guilherme, que tentava tirar seus braços sem ser muito grosseiro. A mulher se jogava para cima de meu noivo descaradamente e meu irmão não fazia nada.
Quando ela se levantou e literalmente sentou no colo do meu noivo e lhe tascou um beijo no rosto, esticando seu celular para registrar o momento, eu não pensei duas vezes.
Estiquei minha mão e senti o metal frio nela, antes de apertar o gatilho. O barulho fez com que alguns convidados se assustassem, mas logo ignoraram, afinal, estão acostumados com armas.
Um sorriso de satisfação apareceu em meu rosto, quando vi Nicolly pular do colo do meu noivo e começar a ter um ataque histérico. Vi Donato procurar a origem do tiro e quando nossos olhares se cruzaram, ele abriu um largo sorriso, o que deixou a menina mais irritada ainda.
Eu precisava ver essa cena de perto, apoiei a arma no balcão e fui em direção aos três. Assim que cheguei, fiz minha melhor cara de inocente preocupada.
- Me desculpe Nicolly – Coloquei as mãos em meu peito – Estava mexendo na bancada de armas e não reparei que a pistola estava destravada.
Nicolly se virou como um furacão em minha direção, tanto que dei dois passos para trás para evitar de levar algum tapa.
- Você destruiu a minha vida! Podia ter me matado! Precisam te manter longe de armas, te colocar numa camisa de forças. – Ela me fuzilava com os olhos, sua raiva me dava uma satisfação tremenda – Pelo visto sua mira continua péssima como sempre. – Ela gesticulava loucamente com os braços.
Ela se abaixa e pega o celular, que agora tem um buraco de bala bem no meio dele.
- Olha o que você fez! Você sabe quantos seguidores e views isso irá me custar!
Ela estava enlouquecida de raiva e eu me controlava para não rir, já Donato, não escondia a sua diversão com a cena.
- Me desculpe mesmo amiga, não se preocupe, falarei com Leon para lhe comprar outro celular.
- Eu não quero nada de você! Para sua sorte acho que trouxe meu celular reserva, se não você estaria frita agora.
Nicolly sai andando pelo jardim, mandando todos em seu caminho sair da frente. Essa cena faz com que eu abra um sorriso de orelha a orelha, mas quando olho para Guilherme, meu sorriso se desfaz, dando lugar a um rubor em meu rosto.
Ele me olhava intensamente, um pequeno sorriso travesso estava em seu rosto, diante dele, eu senti meu coração acelerar. Meu noivo me olhava com desejo, ele se aproximou devagar de mim.
Ele aproximou seu rosto do meu, roçou sua barba propositalmente pelo meu pescoço, deu uma mordida em minha orelha de leve antes de falar numa voz baixa.
- Você fica extremamente sexy quando está com ciúmes.
Sinto meu corpo todo se arrepiar, tudo que desejava era poder sair dali e ir para um lugar sozinha com ele, mas a realidade sempre tem uma forma de nos fazer lembrar dela.
Guilherme se afasta ainda me olhando com desejo, contudo, seu olhar se desvia do meu, para alguém que se aproxima por trás de mim. Sinto uma mão em meu ombro e quando me viro, Pierre encarava a cena sem entender o que estava acontecendo.
- Está tudo bem aqui Nina?
- Sim Pierre – Forço um sorriso para o homem, odiando ter que fazer isso na frente do homem que eu amo. – Só um pequeno acidente, mas já foi resolvido.
Pierre coloca uma de suas mãos em minha cintura me envolvendo, e eu infelizmente não posso tira-la, vejo Guilherme observar o gesto, seu rosto se fecha automaticamente e seu maxilar estava trincado.
- Estava conversando com Lucio sobre o torneio, ele me contou algumas historias interessantes sobre você, porque não me disse que era uma campeã invicta.
- Não quis te amedrontar.
- Besteira, vamos, lhe disse que você participaria, já paguei a sua taxa no tornei, mas ele precisa de sua assinatura.
- Você não deveria ter feito isso, a taxa é muito cara.
- Nada é muito caro para você.
Fico sem jeito diante das palavras de Pierre, pedimos licença a Dom e a Guilherme e então Pierre me dirige até onde Lucio está, para eu assinar a autorização do concurso.
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