- Sabe, amor...

Minha cabeça estava apoiada ao peito do meu namorado, ele fazia pequenas carícias em meu cabelo e nós havíamos acabado de acordar.

Os dias estavam passando rapidamente e não faltava muito tempo para eu poder ir embora, já que minha força havia aumentado. Eu já podia lutar contra as vozes.

Mas você não quer ir embora.

Elas estavam certas. Eu não queria ir embora, isso seria sinônimo de deixar Harry. Ir para minha casa, mas deixar meu lar nesse lugar.

- Hum? - Sua voz rouca e manhosa soou em meu ouvido, fazendo um sorriso aparecer em meus lábios.

- Eu sinto saudade da minha mãe.

Você tentou matá-la.

Isso doía em mim todo dia, a culpa machucava meu corpo e meu emocional. Eu poderia me perdoar por tentar matar qualquer lugar, mas ela é minha mãe. A pessoa que me gerou, me criou, cuidou de mim. Eu não podia ter feito isso com ela.

Flashback ON

- Filho! Vamos! - A voz da mulher morena soava alta, chamando-me do andar de baixo.

- Eu não acho minhas meias! - Gritei de volta, tirando todas as meias de minha gaveta, sem ainda achar a da Disney que eu tanto gostava.

Johanna subiu as escadas rapidamente, passando as mãos pelos meus cabelos e pegando a peça de roupas que estava acima de minha cadeira.

- Oh. Eu tenho que arrumar. - Apontei para a bagunça, enquanto minha mãe colocava as meias em meus pequenos pezinhos.

- Nós fazemos isso depois, tudo bem? - Assenti com a cabeça. - Agora vamos, Mark está buzinando.

Você é uma criança bonita.

- Mãe. - Puxei a ponta de seu casaco, enquanto descíamos as escadas.

- O que foi, amor?

- Alguém está falando comigo. - Assustei-me, segurando sua mão com ainda mais força.

Você não gosta dessa mulher.

- Ela está falando que eu não gosto de você.

Senti a mulher pegando-me em seu colo, apertando meu corpo com força.

- Você é mais forte que isso, filho. Nós sabíamos que isso iria acontecer, mas não se preocupe. Eu estarei aqui com você.

- O que está acontecendo? - Abracei meu corpo com força no seu, pondo meu queixo em seu ombro.

Você está louco.

- É uma voz má em sua cabeça, meu amor. Você precisa ignora-la. Você pode fazer isso, filho?

Assenti com a cabeça, olhando nos olhos da bela mulher e beijando sua bochecha.

- Eu não lhe deixarei, eu vou estar aqui para te ajudar.

Ela não estará.

Flashback OFF

- Minha mãe devia ter me internado quando isso aconteceu. - Falei, agora sentado no colo de Harry, com a lateral de meu rosto em seu peito.

- E quando começou?

Seus olhos verdes mostravam verdadeira preocupação e um amor incondicional. Eu queria beija-lo nesse momento, mas somente respirei fundo.

- Eu tinha seis anos. - Minha voz saiu em um sussurro e eu abracei seu corpo com força. - Eu machuquei um amigo e ele deixou-me, dizendo que eu era louco e não queria ficar perto de alguém assim.

Você é um erro desde criança.

Harry deixou um beijo demorado em meus cabelos, abraçando-me ainda mais forte como se o seu abraço pudesse me salvar de tudo isso.

- Ele perdeu uma pessoa maravilhosa.

Fitei o chão, tirando meus olhos do rosto de Harry. Meu coração estava apertado e eu sabia que ele estava mentindo.

Você é uma má pessoa.

- Eu nunca fui uma pessoa maravilhosa, Hazza. Jamais. Eu sou uma pessoa horrível que só machuca os outros.

Tentei segurar uma lágrima insistente que formava-se em meu olho, a lembrança da minha mãe sempre estava martelando em meu peito.

Meu maxilar foi levantado pelos suaves dedos de meu namorado. Seus profundos olhos verdes estavam grudados em mim, tentando decifrar algo indecifrável.

- Pare de culpar-se por isso, amor. - Ele falou baixinho, puxando meu corpo. - Você não é o culpado.

Ele está mentindo.

Encostei minha cabeça em seu corpo novamente, respirando fundo o cheiro tão gostoso de seus cachos. Meu braço esquerdo fazendo carícias em sua cintura.

- Ela não veio me visitar. - Suspirei fundo, sentindo seus dedos passearem sobre meus cabelos. - Nem sequer uma vez.

Até mesmo sua mãe lhe odeia.

Meu peito comprimiu-se. Eu havia aprendido como controlar o que as pessoas inexistentes diziam, na maioria das vezes. Mas ainda sabia que tudo o que elas falavam era verdade e isso doía.

Eu não queria ser mais essa pessoa.

Você não pode fugir do que é.

Só queria poder estar na minha casa, deitado na cama com meu namorado e sentir o cheiro de biscoitos sendo cozinhados pela minha querida mãe.

Queria ver minhas irmãs correndo pela casa enquanto arrumavam-se para o baile. Queria ser uma das pessoas que estaria me formando, indo para a faculdade.

Mas nada disso era possível.

- Ela virá logo, amor. - Neguei com a cabeça. - Eu prometo.

Ele está mentindo.

- Harry. - Olhei em seus olhos, sentindo várias lágrimas caindo dos meus. - Não prometa algo que você não pode cumprir.

Sai de seu colo e deitei-me na cama, olhando para a parede e passando minhas mãos por ali.

Eu estava cansado de ficar preso nesse local, estava cansado de não poder ver a vida do lado de fora. Vivendo como um animal selvagem dentro de uma jaula, era assim que me sentia.

- Eu nunca vou te prometer algo que eu não posso cumprir. - Ouvi a voz rouca do menino de cachos e virei-me para ele. - Eu sempre farei o possível e o impossível para te ver sorrir.

Ele só consegue lhe fazer chorar.

O garoto também estava deitado, então arrastei-me para seus braços abertos.

- Pois eu sei que esse seu sorriso... - Passou sua mão livre pela minha bochecha, enquanto a outra ainda estava presa em meus cabelos. - Pode salvar milhares de vidas.

Seus lábios estavam cada vez mais perto dos meus e meu coração batia forte como se fosse a primeira vez.

Isso sempre acontecia, eu sempre me sentia novo quando estava com Harry. Sempre sentia como se fosse a primeira vez e isso era extremamente estranho. Porém bom.

- Assim como salvou a minha.

Mentira!

Elas gritaram e eu gemi, escondendo meu rosto nos cachos de Harry, cobrindo meus ouvidos.

- Amor? - Sua voz estava soando extremamente estranha ao lado de meu ouvido.

O som que saía de sua boca era exatamente igual ao que estava em minha mente.

- Elas estão em você! - Eu estava gritando, sem ao menos perceber. Estava engatinhando para trás, indo para longe do homem já irreconhecível.

Até mesmo seu rosto contorceu-se, eu já não o reconhecia, não era Harry.

Desci da cama correndo, tentando abrir a porta, mas a mesma estava trancada.

- Amor. - O homem estava andando em minha direção. - Sou eu.

- Saía! - Estava cada vez mais encolhido na porta, batendo com força no aço para tentar abri-lo. - Me deixe sair.

- Louis. - Ele tocou o meu braço e eu o empurrei, o fazendo cair.

- Socorro! - Batia na porta com força. - Alguém me tira daqui!

Você é burro.

A porta abriu-se, jogando meu corpo ao lado do homem deitado ao chão.

Minha cabeça bateu com força na madeira da escrivaninha, fazendo minha visão ficar turva.

Eu somente via alguns pontos de luz, conseguia distinguir os cabelos loiros de Niall a minha frente e Harry balançando meu corpo.

Harry realmente estava ali.

- É você. - Falei, passando minhas mãos pelos seus macios cachos.

Burro!

Minha cabeça doeu e senti o molhado no local. Elas riram alto e meu corpo tremeu, fazendo minha visão sumir.

N/A: Vai ter season 2 e se reclamar tem 3! Just kidding... Mas terá uma continuação e será no mesmo livro pela minha GRANDE preguiça. Love ya, xx.