O herói, perdido em pensamentos, observava o local do crime, mais 4 criminosos haviam desaparecido sem deixar vestígios, não havia nada que explicasse um desaparecimento tão repentino. Muitas pessoas não se importavam, afinal, apenas sumiam ladrões, traficantes, assassinos. Mas Muralha não era assim, ele era um herói, ele precisava salvar a todos, não importava o quão ruim a pessoa possa ter sido, ele acreditava em segundas chances.
Após muitas buscas, tudo que ele encontrou foi uma pequena pena negra, ele a guardou, talvez fosse útil.
Mas agora, estava na hora de viver como Pedro. Rapidamente se trocando, ele estava a frente do ponto de encontro que tinha combinado com sua chefe. Era um local estranho, se chamava "tabacaria nerd". Mas isso não importava, ela tinha chegado. E estava linda, com seu terno habitual. Diferente dele, ela não estava de folga, apenas tinha acabado seu expediente.
Ela o cumprimentou com um sorriso, e entrou junto a ele. Sem passar pelo caixa, ela sentou-se em uma das cadeiras, pegando uma hq com algum personagem de roupas vermelho e azul.
Pedro a admirava enquanto ela falava levemente entusiasmada sobre aquele mundo fantasioso ao qual adorava ler. Até que um homem se aproximou, um garoto nitidamente mais baixo que sua futura amada, talvez entre 1,65 e 1,68. Seu cabelo cacheado desarrumado cobria parte de seu rosto, seu degrade era marcado por algumas linhas desenhadas. "Corte de maloqueiro", pensou Pedro. O rapaz era cheio de tatuagens, no pescoço, nos braços, nas mãos. Seu brinco na orelha direita era uma cruz relativamente grande pendurada por uma corrente. Seus olhos, admiraram Pedro, mesmo que ele não admita, seu olho direito era um verde esmeralda claro e vivo, já seu olho esquerdo era um castanho tão escuro que se assemelhava ao preto. Sua pele parda não conseguia esconder as olheiras em volta daqueles estranhos olhos. Sua roupa era desengonçada e amarrotada, como se não cuidasse de si mesmo a dias.
Ele chegava com uma bela bandeja, contendo um vinho, dois copos, uma carteira de cigarro "black", e alguns doces, em específico, doces amargos.
-Eu não pedi os doces-disse Lily, com uma voz firme e forte
-Eu sei, mas é seu pedido comum em dias que está triste ou melancólica-o garoto tinha uma voz rouca de fumante, misturada com cansaço.

"Ela não está triste" pensou Pedro, com certo deboche, quando viu de relance um leve sorriso no belo rosto de Lily. O rapaz se afastou, enquanto ela comia os doces e beliscava o vinho. Ela ofereceu um cigarro para Pedro, mas ele recusou. Não era de utilizar nenhum tipo de droga.
O encontro em si foi bom, ele aproveitou cada segundo ao lado dela, mas também percebeu que ele não a conhecia completamente, afinal, um atendente desconhecido foi capaz de saber que ela estava triste, e ele não. Pedro estava decidido, iria conhecer cada parte daquela linda mulher, e confessaria seus sentimentos quando soubesse que sabe de tudo sobre ela, para assim, finalmente ter alguém com quem compartilhar seu grande segredo.