Chapter One
“Quando eu tinha 7 anos, minha mãe disse
Faça alguns amigos
Ou acabará sozinho
Quando eu tinha 7 anos”
O ACAMPAMENTO JÚPITER
Beatrice di Ângelo
OLHEI DESANIMADA PARA JUNO, QUE ESTAVA parada ao meu lado, um sorrisinho animado em seu rosto que me causava calafrios.
— Esse vai ser o seu novo lar.
Olhei para a entrada do local que a loba Lupa havia me dito.
Minha mente era uma confusão e demorou semanas para conseguir organizar tudo. Meu nome era Beatrice di Ângelo, nasci na Itália, filha de Maria di Ângelo e Hades, tinha uma irmã gêmea chamada Bianca e um irmão mais novo, Nico, que era apaixonado por um jogo chamado Mitomogia.
Aquelas eram as principais informações que eu tinha, junto com um bonequinho de Mitomogia que estava dentro do meu bolso desde que acordei na mansão abandonada e a pulseira de prata que estava em meu pulso.
Meus irmãos não estavam comigo, eu lembrava do calor e da eletricidade, de como simplesmente desapareceu em meio a dor.
Juno havia surgido na metade do meu treinamento com Lupa, decidindo me dar algumas respostas. Aparentemente eu era sua protegida, ela havia salvado a minha vida após Zeus ter tentando minha família por causa de uma maldita profecia, de acordo com a deusa, se eu me saísse bem no meu treinamento, poderia reencontrar meus irmãos.
Desde que lembrei de Hades, rezei por ele todas as noites, mas nunca tive uma resposta.
— Essa é a única forma de recuperar meus irmãos, certo? — murmurei — Preciso entrar aqui, fazer todos gostarem de mim, provar minha força e então…
— E então vai se tornar a maior heroína que esse mundo já viu. Terá um futuro de glória.
Eu não estava nem um pouco interessada em um futuro de glória, como a deusa sempre falava, mas faria absolutamente qualquer coisa para ver meus irmãos novamente.
— Ok.
— Vou acompanhar você. Venha, me siga criança, você já provou seu valor ao chegar aqui sozinha, enfrentando monstros e sobrevivendo sem a minha ajuda.
Sem muitas opções, segui a deusa pelo túnel, os guardas - adolescentes estranhos usando roxo - arregalaram os olhos ao ver e a mulher e nos deixaram passar, o que eu agradecia profundamente, afinal, o caminho até ali havia sido difícil o suficiente.
Eu havia sido atacada por mais monstros que podia contar, cada pedaço do meu corpo doía como o inferno e eu nem sequer sabia exatamente quando foi a última vez que consegui tomar um banho decente, nos últimos dias, minhas refeições haviam sido apenas as coisas que havia conseguido roubar, o que não havia sido muito.
Fiz uma careta ao ver toda aquela água, o rio não parecia confiável, mas Juno apenas acenou, me mandando passar por ali até chegar aos semideuses que começavam a se reunir por ali, aparentemente os guardas haviam soado algum alarme.
— Senhora Juno!
Os semideuses fizeram uma reverência, a deusa sorriu satisfeita.
— Romanos, apresento-lhes a filha de Plutão, Beatrice di Ângelo, minha protegida — falou alto o suficiente para todos ouvirem — Aqui ela vai provar o seu valor, espero que não me decepcione.
Como sempre, Juno desapareceu antes que tivesse que responder mais perguntas.
Todos os semideuses me encaravam em uma mistura de curiosidade e preocupação, uma garota de cabelos castanhos avançou e me ofereceu sua mão, para me ajudar a sair da água.
— Oi, eu sou a Prim — comentou, simpática — Seja bem-vinda ao Acampamento Júpiter.
Ela tinha flores em seu cabelo castanho, rosas vermelhas que pareciam apenas algo que eu havia visto no reino de meu pai. A garota, Prim, era fofa e deveria ser apenas alguns anos mais nova do que eu, no máximo dois.
— Obrigada, sou Beatrice.
— É, Junto falou — disse divertida — Vem, vou te levar até o banheiro e conseguir algo para comer. Jason! Me ajuda aqui.
Um garoto loiro surgiu, ele também usava a camiseta roxa e me encarava desconfiado.
— Oi.
— Esse é o Jason, meu melhor amigo — Prim explicou — ele é mais legal depois que você conhece ele, juro.
— Prim!
— O que? Você mesmo disse que mentir é feio…
“Era um grande mundo,
Mas pensávamos que éramos maior
Empurrando uns aos outros para os limites
Estávamos aprendendo rápido"
O ACAMPAMENTO ERA DIFERENTE DE TUDO O QUE eu havia imaginado nos últimos meses, parecia mais uma verdadeira base militar.
Consegui tomar um banho de verdade, que tinha até água quente, o que fez arder um pouco os machucados. Quando sai do banheiro, Prim me esperava com uma pequena pilha de roupas e um sorriso ansioso no rosto, ela parecia fofa.
— Consegui algumas roupas para você, espero que sirva, era da minha antiga colega de quarto.
Lentamente peguei a pilha de roupas.
— O que aconteceu com ela?
— Morreu em uma missão — a garota respondeu dando de ombros — Acho que queimada, mas não tenho certeza.
Encarei as roupas, do jeito que eu era sortuda, era capaz do fantasma da dona surgir e me atormentar por pegar suas roupas, o que me daria muita dor de cabeça, mas, era isso ou andar apenas de toalha pelo acampamento.
Suspirei e coloquei as roupas, uma calça jeans preta, camiseta roxa igual a que todos usavam, felizmente, também havia um par de coturnos.
— Obrigada.
— De nada — Prim sorriu — Sei como é ser a garota nova, aqui o pessoal não é muito… Acolhedor.
Forcei um sorriso.
— Percebi.
Prim concordou, ela brincou com o anel que tinha em sua mão, parecendo nervosa.
— Nossos pretores estavam em uma reunião e por isso não estavam disponíveis quando você chegou, mas vou a levar até eles agora.
— É nesse momento que eles decidem o que fazer comigo?
Ela deu de ombros.
— Você provavelmente vai ser aceita, já que a própria deusa Junto apareceu aqui, então não tem o que temer. Ah, se quiser saber, a Quinta Coorte é a melhor! Posso pedir para o Dakota te escolher.
A garota me apresentou todo o acampamento, ela era bem falante. Não demorou muito para o garoto loiro se juntar a nós, ele andava protetoramente ao lado de Prim, como se fosse seu guarda. Os dois pareciam próximos, se tivesse que chutar, diria que eram melhores amigos.
No caminho, descobri que Jason tinha doze anos enquanto Prim estava prestes a fazer treze. Eles já estavam a muito tempo no acampamento e ambos pertenciam à Quinta Coorte.
Ele era filho de Júpiter e ela era filha de Proserpina, minha madrasta divina.
— Espero que entre na Quinta Coorte — Prim disse quando paramos na frente do prédio onde ficava os pretores — Vou adorar ter uma colega de quarto nova.
Jason fez uma careta.
— Se ela não achar que somos um bando de perdedores como todo mundo — resmungou.
Prim deu uma cotovelada no loiro, que se encolheu.
— Aí, Prim. Você é muito agressiva, sabia?
Ela o encarou.
— Eu não seria assim se você não ficasse falando bobagens, Superman — retrucou — Enfim, boa sorte, Trice. Posso te chamar assim? Beatrice é muito longo.
— Hã… Pode.
Um sorriso enorme surgiu no rosto dela.
— Perfeito! Nos vemos no jantar.
“Comecei a escrever histórias
Algo sobre a glória
Parece que sempre me entedia
Porque os únicos que eu realmente amo
Sempre irão me conhecer”
NO FINAL DAQUELA NOITE, EU REALMENTE ACABEI me tornando a nova colega de quarto de Prim, o que deixou a garota em êxtase.
Jason não parecia tão feliz.
Prim me ajudou a arrumar a cama de cima do beliche e conseguiu roupas de cama na cor preta. Descobri que ela tinha um estoque de comida escondido no baú embaixo do nosso beliche, onde continha barrinhas de proteína e o mais importante, chocolate.
Ela pegou uma barra e se sentou ao meu lado na cama, havia um unicórnio de pelúcia em seu colo.
— Sabe, eu sinto que nós duas vamos ser melhores amigas.
Peguei um pedaço do chocolate.
— Você é sempre assim?
— Assim como?
Dei de ombros.
— Alegre, fofa, falante.
A garota me encarou pensativa.
— Meu pai sempre disse que eu sou um raio de sol, mas Jason diz que sou horrível quando como açúcar demais, então talvez.
Não dar açúcar demais para ela, decidi rapidamente.
— Entendi.
— Como é a sua família? Eles são legais?
Mordi o lábio inferior, desviando o meu olhar.
— Minha mãe morreu — murmurei — e eu não sei onde estão meus irmãos, fomos separados há muito tempo atrás.
Prim me olhou de um jeito que não consegui entender.
— A mãe do Jason também morreu, assim como a irmã dele… — falou, lentamente — O meu pai está com câncer, mas a quimioterapia está fazendo efeito, de acordo com os médicos, então acho que ele vai ficar bem. Vou levar você para conhecer ele na próxima visita ao hospital, tenho certeza que vão se dar muito bem! Ele sempre quis mais uma filha, de qualquer maneira.
Encarei a garota, me perguntando como ela podia estar abrindo sua vida tão facilmente para mim.
Ela era especial, decidi.
“Logo, terei 60 anos,
Será que acharei o mundo frio?
Ou terei muitos filhos, que conseguem me aquecer?
Logo terei 60 anos”
LUKAS GRAHAM - 7 YEARS
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