Chapter Five
Como a traça atraída pela chama
Você me atraiu, não conseguia perceber a dor
Seu coração amargo, frio ao toque
Agora, vou colher o que plantei
Estou aqui sozinho revivendo meus problemas
POR FAVOR, AJUDE O MEU FILHO
Beatrice di Ângelo
EU SABIA QUE ERA PERIGOSO PARA UM SEMIDEUS saber sobre os dois acampamentos e ficar indo de um para o outro, as chances de algo terrível acontecer comigo eram grandes.
Enormes, na verdade.
Porém, a minha vida já havia tido tantas tragédias, que eu achei que as parcas me dariam um pouco de paz, mas aparentemente isso era esperar demais.
Hermes me encarou com uma expressão séria, após simplesmente aparecer na minha frente no meio da Califórnia, enquanto eu estava em uma importante missão com Prim e Jason para o Acampamento Júpiter. Deuses surgindo em formas gregas e em outros momentos, romanas, estava começando a dar um nó dentro da minha cabeça.
— Oi?
Ele sorriu e eu podia perceber que era forçado.
— Beatrice di Ângelo, eu estava ansioso para conversar com você.
O encarei desconfiada, se havia uma coisa que eu tinha aprendido nos últimos anos, era que um deus sendo simpático demais - ou fingindo - era sempre sinal de problemas.
— Legal.
— Venha, vamos tomar um café.
Franzi a testa.
— Eu estou no meio de uma missão, meus colegas realmente vão ficar preocupados se eu demorar para voltar e...
— Vai ser rápido.
Hermes não me deu oportunidade para discutir, pois me arrastou até o café mais próximo e quando percebi, estava sentada em uma das mesas, de frente para ele.
Exatamente o que eu tinha planejado para hoje.
— Você e o meu filho estão próximos, pelo que pude perceber e por isso, preciso da sua ajuda, acho que você é a única que pode fazer algo... Já sabe o que aconteceu? — perguntou, se mexendo nervosamente no banco em que estava.
O encarei verdadeiramente confusa. Eu havia saído ontem para aquela missão, fazia exatos três dias que Luke havia me beijado, não tinha ideia do que poderia ter acontecido naquele meio tempo que seria importante o suficiente para Hermes pessoalmente querer conversar comigo, algo me dizia que não era bom.
— Do que você está falando?
Ele respirou fundo.
— Você sabia sobre toda a confusão que estava acontecendo no lado grego?
Hades havia falado sobre aquilo, resmungando que não entendia porque todos achavam que sempre era culpa dele.
— Alguém roubou o raio mestre de Zeus, o que instalou uma briga entre os três grandes, onde cada um acusa o outro de ter pego — murmurei devagar — Foi quando descobriram que Poseidon quebrou o acordo e teve um filho, que acabou indo em uma missão para recuperar o raio. Qual a relação disso com Luke?
Uma expressão angustiante surgiu em seu rosto.
— Beatrice, foi Luke que roubou o raio mestre, para Cronos.
Foi como se tivessem dado um tapa no meu rosto, eu não conseguia acreditar que aquilo era realmente verdade.
— Mas...
— Também não queria acreditar, mas foi o que aconteceu — Hermes sussurrou, o olhar distante — Ele traiu o Acampamento Meio-Sangue e fugiu quando confrontado.
Eu afundei na cadeira, tentando digerir aquilo.
Hades havia me avisado mais de uma vez sobre Luke e o futuro dele, mas ver aquilo acontecendo ainda era surreal e doloroso. Uma parte de mim realmente acreditou que seria capaz de mudar aquilo, mas agora, eu me sentia apenas uma garota estúpida que acreditava em contos de fadas.
Luke Castellan parecia tão tranquilo no nosso último encontro, me olhando como se eu fosse a única coisa que importasse.
— Quando isso aconteceu?
Eu ainda não conseguia acreditar naquilo, desejava com todas as minhas forças que não fosse real.
— Ontem — ele respondeu prontamente — Olha, eu sei que meu filho está apaixonado por você e provavelmente vai vir lhe procurar, então por favor, tente mudar a mente dele, mostre que é uma decisão péssima... Se ele desistir disso tudo agora, o acampamento vai perdoar ele.
— Eu... Vou tentar.
Hermes suspirou, ele parecia devastado. Eu entendia como ele se sentia, pois estava me sentindo da mesma forma.
— Por favor. Luke não é um garoto ruim, Beatrice, mas a vida foi cruel com ele e em partes, tudo é minha culpa.
Naquele momento, percebi que Hermes se importava de verdade com o filho.
— Você já tentou conversar com ele?
— Luke nunca vai me ouvir, ele me odeia — murmurou desanimado — Ele me culpa pelo o que aconteceu com a mãe e por ter sido deixado com ela.
Luke nunca havia falado sobre sua mãe, eu nem sabia que ela ainda estava viva.
— O que aconteceu com ela?
Ele encarou o relógio em seu pulso e fez uma careta.
— Eu adoraria contar, mas é uma história longa e o nosso tempo está acabando. Por favor, convença Luke que seguir Cronos não é o caminho certo, eu não quero perder o meu filho.
Então, em um piscar de olhos, o deus desapareceu.
Fiquei sentada sozinha na cafeteria com pessoas me lançando olhares estranhos, provavelmente se perguntando onde estava o adulto que deveria ser o meu responsável.
Eu não conseguia acreditar que Luke me beijou enquanto estava tramando junto com o titã Cronos, que todos sabiam que era ainda pior que os deuses. Mesmo entendendo sua frustração com o Olimpo, se aliar aos titãs não era o que iria resolver todos os problemas.
Prim e Jason surgiram dentro do café, seus olhos vagavam pelo local, provavelmente procurando por mim, então levantei a mão, chamando a atenção deles. A dupla caminhou na minha direção e se sentou nas cadeiras vazias ao redor da mesa, havia expressões estranhas em seus rostos e eu me perguntei o que havia acontecido nos quinze minutos em que estávamos separados.
— Você está com cara de quem vai chorar... AÍ, PRIM!
Ela havia dado uma cotovelada em Jason, que imediatamente se encolheu e resmungou.
— Está tudo bem — murmurei — O que aconteceu?
— Mercúrio surgiu e nos deixou uma pista de onde vamos encontrar o casaco de pele de Juno — Jason respondeu, franzindo a testa — Foi bem estranho, mas agora temos uma pista, então tudo bem.
Então Hermes ainda havia nos ajudado?
— Isso deve ter diminuído a nossa missão em pelo menos, três dias.
— Praticamente — Prim concordou — Oh, será que eles tem chocolate quente?
No segundo seguinte, Jason levantou da cadeira.
— Vou fazer o pedido. Trice, quer alguma coisa também?
— Café expresso sem açúcar e um cupcake.
Jason concordou e foi para o balcão fazer os pedidos, Prim se virou, seus olhos focando em mim, de uma maneira que só ela conseguia fazer.
— O que realmente aconteceu?
— Mercúrio veio ter uma pequena conversa comigo e não foi tão animador — respondi, porque omitir era muito mais fácil do que mentir, quando se tratava de Primrose — Você sabe como é, as parcas adoram uma emoção.
Prim estreitou os olhos.
— Beatrice...
— Nada com o que você precise se preocupar, sério.
Ela suspirou.
— Ok, mas qualquer coisa, você sabe que eu estou aqui.
Desviei o olhar para a janela, olhando as pessoas passando pela rua e vivendo suas vidas normais, sem terem que se preocupar com monstros, deuses ou titãs, deveria ser tão fácil para eles.
Não era justo.
Sinto que estou afundando
Mas eu sei que sairei desta vivo
Se eu parar de te chamar de amor
E superar
SHAWN MENDES - STITCHES
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