I. 𝑻𝒉𝒆 𝒓𝒂𝒈𝒊𝒏𝒈 𝒔𝒆𝒂 𝒕𝒉𝒂𝒕 𝒔𝒖𝒓𝒓𝒐𝒖𝒏𝒅𝒔 𝒊𝒕
A chegada da família do duque Avarniti foi marcada por uma entrada triunfal no primeiro baile da temporada. Assim como a nomeação do novo diamante, Camélia Avarniti. Não só seus nomes foram citados em mais de uma conversa mas os três filhos do arquiduque dançaram a noite toda, roubando a atenção de todos os presentes.
A surpresa da noite não foi só essa. A volta de Íris Roosevelt ou melhor, Íris Avarniti, a filha do antigo lorde Roosevelt, a mesma que fugiu de Londres e de seu casamento marcado com o antigo visconde Edmund Bridgerton anos atrás. Claro que a matriarca dos Bridgerton não poupou seu embaraço ao comprimentar a arquiduquesa.
Um empasse passado de geração em geração? essa autora se pergunta, já que a filha mais nova da família, Dália, foi vista falando em grego com Colin Bridgerton e a filha mais velha, Camélia, recusou uma dança ao segundo filho da fértil família Bridgerton, Benedict.
CRÓNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN
25 de julho de 1815.
CAMÉLIA SEMPRE AMOU as praias, o som reconfortante das ondas do mar, a luz da lua refletindo na água e as estrelas brilhantes a fazendo companhia. Era simplesmente esplendoroso. E foi sentada na areia, olhando para o vasto mar que se entendia a sua frente, sem se importar com a sujeira no vestido e de pés descalços, vez ou outra sendo molhados pelas ondas, que Íris Avarniti, a arquiduquesa de Héracles e sua mãe, a encontrou.
—— Irá ficar tudo bem, pequeno dente-de-leão. — Íris se sentou ao seu lado na areia. Pouco se importando com o belo vestido azul de baile que usava.
—— Não me chame disso. É vergonhoso.— a mais nova sorriu tristemente para a mãe.
Íris possuía a mania irritante de apelidar e nomear os filhos com flores e plantas no geral. Dente-de-leão significava esperança. Íris começou chamar a filha assim, depois de quase dez anos de casamento sem conseguir gerar um filho e logo depois veio o parto difícil e quase morte dela e de sua mãe. O que era irônico na verdade, já que a mulher a presenteou com o nome de uma flor que significava realmente "morte" mas quem entendia a arquiduquesa e seu senso de humor estranho?
Depois de três anos da gravidez da primeira filha veio a segunda, onde nasceram os gêmeos Dália e Ícaro. Foi outro parto difícil onde Íris quase morreu novamente, o médico até mesmo chegou a perguntar a Alistar se ele preferia a esposa ou as crianças que ela carregava.
—— Não é sua culpa.
—— Claro que não! — a mais nova exclamou. —— Mas a Grécia inteira acha que por minha causa, o príncipe está morto.
—— Eles são tolos! — a mais velha diz.
Camélia mordeu o lábio inferior, suas mãos enterradas na areia branca da propriedade a beira mar de Orion Lykaios, um dos muitos lordes da sociedade. O homem havia mandado o convite somente em nome de sua amizade com Alistar, seu pai. Mas a filha mais velha da família notou como todos se esquivaram e fugiam deles, como se fossem o cão de Hades ou o próprio deus do submundo que veio os arrastar para o inferno.
—— Sei que não demonstra, mas papai está incomodado e isso a deixa incomodada.
Íris balança a cabeça graciosamente em sinal de negação.
—— Ora, vamos Lia, isso é passageiro, logo o próximo boato surge, e se esquecerão dessa besteira tão facilmente como ela surgiu, não tenho dúvidas. — a mais velha beijou os cabelos escuros da primeira filha e se levantou, batendo as mãos no vestido para se livrar da areia. —— Agora, coloque os sapatos. — a mais velha ralhou, arrancando uma risada baixa da primogênita.
Camélia amava o jeito de ver o mundo que a mãe possuía. Íris era uma eterna adolescente apaixonada, que enxergava a vida através de flores e arco-iris. Alistar havia se apaixonado pela mulher assim que a viu, em Londres. A história de amor deles era um clichê de amor proibido. Íris era prometida a um lorde chamado Edmund, Edward ou algo do gênero. O jovem segundo filho real foi visitar a antiga amiga de sua família que havia se casado recentemente com o rei George, Charlotte. Os dois se viram pela primeira vez em um baile, onde Íris derrubou bolo no Avarniti. Seus pais fugiram para a Grécia dois meses depois, onde se casaram e sua mãe virou a princesa Íris Avarniti e a arquiduquesa de Héracles, entre outros títulos de nobreza.
A mulher ficou sem falar com os pais por três anos e somente com a sua insistência, ela venceu os dois pelo cansaço. O seu ex-noivo superou o rompimento rapidamente, já que era apaixonado pela melhor amiga de infância e pelo que Íris sabia, os dois haviam se casado alguns meses depois de sua fuga. Aquilo havia sido uma tremenda confusão para a sociedade e como a mais velha dizia havia se tornado mais um dos "escândalos londrinos."
—— Pasasgeiro, sim. — Camélia se levantou, calçando os sapatos e voltando para o baile, atrás da mãe.
Mas aquilo não foi passageiro. Os meses se arrastaram, os convites de bailes e eventos sociais ficaram cada vez mais escassos. A pressão que seu tio, o rei Atlas de Héracles colocou sobre seu pai, para que casasse a primogênita logo, ficou cada vez maior.
Alistar era conhecido por seus modos impulsivos. O arquiduque recebeu uma carta da antiga amiga e no dia seguinte, a família inteira estava viajando para Londres. Íris estava nervosa já que voltaria para a cidade natal depois de quase trinta anos. Seus pais já haviam falecido, sem nunca conhecerem os netos e esse era o único arrependimento da arquiduquesa. Mas ela tinha um irmão ainda vivo na cidade, Henry Roosevelt, que havia herdado o título de lorde de Roosevelt depois da morte do pai. E foi para lá que foram primeiro.
A casa que sua mãe passou a infância e a adolescência era muito menor que o castelo em que viviam na Grécia, mas era bonita e aconchegante. Seu tio Henry era casado e possuía dois filhos, Sean era cinco anos mais velho que ela e Edith a mais nova, que possuía a idade dos gêmeos, dezoito. Ela havia sido apresentada recentemente a alta sociedade como debutante.
[...]
Camélia estava no mínimo ansiosa, estar em uma terra desconhecida por si só já era assustador o suficiente. O palacete dos Hastings se estendeu de forma imponente a sua frente. Dália e Ícaro seus irmãos mais novos sorriram de forma assustadoramente sincronizada. Os gêmeos as vezes os assustavam com a forma que pareciam compartilhar somente uma alma.
Os primeiros a saírem da carruagem foram seus pais. Íris sorriu para a filha, a encorajando. Seu pai a olhava com esperança nos olhos e até mesmo certo brilho de orgulho. Ela não o culpava, seu pai queria o melhor para a família de qualquer maneira. A mulher apertou a barra da luva azul claro que usava. Ela quase se sentiu culpada pelo plano que se formava em sua cabeça. Camélia Avarniti pretendia não se casar e iria se empenhar em afastar todos os seus possíveis pretendentes.
Dália e Ícaro foram os próximos, tão arrumados que até mesmo pareciam os membros da família real que eram. Ela devia agradecer isso a mãe, que deu um jeito momentâneo no espírito selvagem que os dois possuíam. A mais velha dos filhos do arquiduque desceu da carruagem, aceitando a ajuda do irmão. O baile já havia começado há pelo menos meia hora, todos os convidados já deviam estar presentes. Seu vestido azul claro feito pela melhor modista da Grécia caia perfeitamente bem em seu corpo, seus cabelos estavam parcialmente presos e enfeitados com pérolas azuis. Sua mãe havia lhe dito que ela parecia uma das deusas da mitologia grega e ela quis rir, toda mãe falava coisas assim para dissipar o nervosismo das filhas?
—— Pronta? — Ícaro perguntou ao seu lado. Dália se colocou ao lado de seu gêmeo.
—— Nem um pouco. — a mais velha respondeu.
—— Não se preocupe Lia, se você cair, estaremos lá para a segurar, depois daremos risadas, mas escondidos, claro. — a garota sorriu, recebendo um olhar de repreensão da mãe e um beliscão da irmã mais velha.
Alistar riu da brincadeira das filhas e a família Avarniti entrou no salão. Muitos pares de olhos curiosos foram direcionados aos estrangeiros. Violet Bridgerton ao olhar para entrada engasgou com o champanhe que tomava, chamando a atenção do filho mais velho e sua esposa, que eram os mais próximos da viúva.
Os estrangeiros caminharam até a rainha Charlotte, que sorriu para eles. A mulher se levantou e os cinco abaixaram os ombros em sinal de respeito a mulher.
—— Alistar, Íris. Que bom ver vocês — a mulher diz.
—— Charlotte. — seu pai sorri, pouco se importando com os olhares de repreensão que estava recebendo.
—— É bom finalmente a conhecer majestade. — sua mãe diz.
—— Esses são meus filhos, Camélia, Dália e Ícaro. — Alistair os apresenta.
A rainha se levanta e caminha até a filha mais velha da família.
—— Explendida! Você é perfeita querida.
O que pareceu uma eternidade depois, Camélia sentia os pés doerem, sua garganta estava seca e a cabeça girava. Dália havia se irritado facilmente com os pedidos de dança e fingiu não falar inglês para um dos rapazes, arrancando uma risada de Ícaro, que bebericava um copo de whisky ao lado de Alistair. Íris sorria amigavelmente para todos, principalmente para alguns dos que ela conhecia de sua infância e adolescência na cidade.
Camélia caminhou até o irmão e o pai, suspirando cansada. Ícaro escondeu um riso de malícia atrás do copo e seu pai a olhou com um sorriso nos lábios.
—— Estou cansada! — ela diz.
—— Eu também! Podemos ir embora? — Dália se colocou ao lado da irmã mais velha. —— O rapaz que fingi não falar inglês está me encarando há horas. Que culpa eu tenho? Eu não sabia que ele falava grego, como poderia saber que o chamar de tedioso era uma péssima ideia?
—— Quem? — Alistair perguntou, juntando as sobrancelhas, assumindo a postura de pai protetor.
Camélia sorriu, assim como Ícaro. Dália apontou discretamente para um grupo de três rapazes, todos vestidos em ternos de alta alfaiataria. Um par de olhos em especial chamou sua atenção. Íris chegou até eles, de braços entrelaçados com uma mulher mais velha.
—— Lady Danbury, esses são meus filhos, Camélia, Dália e Ícaro e esse é meu marido, arquiduque de Héracles Alistar Avarniti. — sua mãe apresentou. —— Essa é a lady Agatha Danbury.
—— É um prazer, lady Danbury. — seu pai beija a mão da mulher.
Alguns minutos de conversa depois, Camélia pede educadamente licença para a lady e caminha até a mesa de bebidas. Suas mãos estavam prestes a tocarem a taça quando é parada por um homem. Ela reconheceu os olhos que a chamaram atenção anteriormente.
—— Me concede a próxima dança, senhorita Avarniti? — sua voz arrastada causou arrepios em sua pele.
Céus, o homem a sua frente era bonito, alto, forte e aparentemente jovem. Seus pés protestaram, sua cabeça latejava, o plano de dispensar possíveis pretendentes brilhou em seus pensamentos e com toda certeza o homem a sua frente parecia um possível pretendente aos olhos de todos.
—— Desculpe senhor. Mas já estou indo embora. — ela se vira, sem a preciosa taça.
Ela não se vira para olhar para o homem que deixou plantado no meio do salão, sem nem mesmo saber seu nome, mas sente seu olhar queimar em suas costas.
—— Podemos ir embora agora? — Camélia pergunta, notando que lady Danbury já não está mais a vista. Sua mãe confirma com um aceno de cabeça.
Benedict Bridgerton voltou para os irmãos com o orgulho ferido. Anthony deu dois tapinhas em seu ombro na tentativa de o confortar.
—— Eu o avisei. Ao menos você não foi taxado de tedioso em grego. — Anthony consola e Colin bufa irritado ao lado dos irmãos mais velhos.
E assim, os Avarniti, que foram os últimos convidados a chegarem ao baile, foram os primeiros a o deixarem. Deixando para trás também, muitos pensamentos aflorados e julgamentos a respeito da família estrangeira. Aquela temporada em especial seria caótica, disso não podemos duvidar.
——🦋⃟Peço perdão desde já por qualquer erro ortográfico. Eu tento revisar mas sempre acaba passando um ou outro despercebido. Caso os achem, me avisem para para que eu possa consertar-los.
——🦋⃟Não se esqueçam de deixarem seus votos e opiniões sobre o capítulo, eu amo ler os comentários.
——🦋⃟Bjs da Thay ♡
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro