Capítulo 27 - Um problema a menos
Por Enzo
As coisas entre Estela e eu não pareciam que iriam evoluir da noite para o dia, disso eu tinha total certeza. Desde o dia em que decidimos que tentaríamos fazer aquilo funcionar, nós nunca fomos dormir sem nos falarmos e muito menos, brigados. Aquela noite foi atípica, me acendeu um sinal de alerta de que tudo poderia sair do controle se eu não agisse rápido.
Acordei naquela manhã decidido de que iria resolver essa questão e provavelmente, desistir do papel. Primeiro por não ser um trabalho que eu esteja de fato tão entusiasmado, e segundo, não queria que um mal entendido atrapalhasse meu relacionamento com a única pessoa com quem eu queria estar.
Tateei minhas mãos, ainda de olhos fechados, pela cama e me surpreendi por não sentir o corpo de Estela ao meu lado. Em um ímpeto de preocupação de que o ocorrido da noite anterior pudesse ter se repetido, levantei-me depressa e vesti uma bermuda e um moletom, na esperança de que a brasileira pudesse estar em algum outro cômodo do apartamento.
De forma veloz, caminhei pelo corredor, indo direto para a sala, procurando pelas minhas chaves, que estranhamente, não se encontravam no local que habitualmente eu deixava.
O pânico já começava a consumir minha mente e meu coração, quando escuto um barulho do outro lado da porta, e em seguida, a mesma abrindo-se e revelando a silhueta de Estela, devidamente trajada como se estivesse indo correr uma maratona.
- Santo Díos! – Caminhei em sua direção. – Por onde andou?
- Desculpe, não achei que fosse acordar tão cedo. – Ela estava cabisbaixa. – Fui caminhar com Matías.
A justificativa havia me pegado de surpresa, Matías seria a última pessoa que eu imaginaria acordando extremamente cedo para fazer qualquer coisa.
- Tudo bem, fiquei preocupado depois de ontem...quer dizer, não quero que saia sozinha enquanto não souber exatamente para onde está indo. – Penteei meus cabelos para trás, em sinal de alívio.
- Entendo, não deveria ter saído sem deixar um bilhete, realmente pensei que voltaria antes de você acordar. – Ela parecia acanhada.
- Não se sinta mal por isso. – Respondi, me aproximando um pouco mais, dessa vez, a morena não se afastou.
- Precisamos conversar, algumas coisas não ficaram claras ontem. – Ela disse, inclinando seu corpo com o intuito de fechar a porta atrás de si.
- Sim, precisamos. – Concordei, feliz com a iniciativa.
Estela caminhou até o sofá, onde Uma e Ada decidiram se recostar em seu colo. Eu não sabia a origem do magnetismo que minhas gatas tinham pela mulher em minha frente, mas era nítido que a presença dela agradava minhas bichanas.
- Guilhermo em algum momento disse a você que estava agenciando sua ex? – Ela questionou, sem rodeios.
- Como? – Um misto de confusão e incredulidade soou em minha voz.
- Matías me contou ter visto os dois conversando nos bastidores ontem, acho que isso explica muita coisa. – A atenção dela estava nas gatas.
- E como explica... – Eu estava perplexo. – Aquele papo de que seria bom para minha carreira e relacionamento era só uma estratégia para me envolver nisso.
- Eu te devo desculpas. – Estela tornou a falar, dessa vez me olhando nos olhos. – Não devia ter desconfiado de você, da sua palavra e muito menos dos seus sentimentos, tudo é muito novo para mim, e as vezes sinto que não estou 100% resolvida comigo mesma, projetei uma insegurança que não foi você que me causou, me sinto péssima por isso.
- Mi reina... – Soltei um suspiro antes de continuar. – Não se desculpe por algo que não está sob o seu controle, não posso exigir que você não sinta insegurança, sendo honesto, no seu lugar eu provavelmente reagiria da mesma forma. Sei como tudo isso soa, sei que tudo isso é novidade para você, para mim também é, acredite, eu só te peço um voto de confiança.
- Às vezes eu fico com medo do quão compreensivo você é comigo, parece que é tudo irreal. – Ela respondeu, soltando um breve suspiro.
Nunca havia perguntado a Estela sobre suas inseguranças quanto a confiar em alguém, não de forma aprofundada. Mas naquele momento eu senti como se fosse o momento certo de questioná-la a respeito.
- Sabe, chiquita...nunca conversamos sobre isso, acho que poderia dividir comigo os seus medos e seus traumas, talvez assim, possamos chegar na raiz do problema e superá-lo juntos, o que me diz?
Estela hesitou por alguns minutos, mas relaxou assim que decidiu começar a falar.
- Me relacionei com um cara que todo mundo me alertava sobre ele. Diziam que ele não prestava e que só me usaria por um tempo e é claro que eu não acreditei. Fui me envolvendo com ele a ponto de desenvolver uma dependência emocional absurda sobre ele. – Suas mãos estavam trêmulas. – Não vou me aprofundar nisso, não quero...a única coisa que precisa saber é que ele me feriu, e muito. E hoje provavelmente ele segue a vida como se nada tivesse acontecido e eu preciso fazer anos de terapia para conseguir me envolver com alguém para não me tornar uma pessoa tóxica. – Ela fez uma careta.
Meu primeiro instinto foi abraça-la e aninha-la em meus braços. Eu não precisava ir muito longe para entender que a situação era bem pior do que aparentava.
- Sinto muito por você ter vivenciado isso. – Beijei o topo de sua cabeça. – Sabe, eu ainda estou disposto a desistir do papel.
- Por favor, não...se tem um jeito de provar que estou verdadeiramente envergonhada com essa situação, é não me importando com a possibilidade de você contracenar com a sua ex namorada, não quero projetar mais insegurança na situação. – Ela se afastou por alguns centímetros.
- Não há necessidade de ser tão compreensiva para que eu acredite que você confia em mim. – Acariciei o seu rosto. – Teremos outras situações para colocar esse sentimento a prova.
- Sei, mas preciso colocar isso em minha mente o quanto antes, se você me disse que está bem resolvido com ela, eu acredito e vou entender se acaso vocês trabalhem juntos, não há um jeito mais interessante de acertar o inimigo do que fazê-lo assistir suas armadilhas caindo contra si mesmo. – Estela me olhou nos olhos, sincera.
- Imagino que devo agradecer ao Matías por ter conversado com você nesta manhã. – Semicerrei os olhos, desconfiado.
- Ah sim...e como deve. – Ela riu nasalmente. – Ele é um bom ouvinte.
Acompanhei seu riso antes de lhe puxar para um beijo.
Parecia que momentaneamente, eu tinha um problema a menos.
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Em primeiro lugar: NÃO ME MATEM!
Em segundo lugar: Tenho algumas considerações a fazer, frente a demora dos capítulos. Eu não sei como, mas meu computador apagou a história inteira que já estava escrita e era só postar, ou seja, estou tendo que reescrever uns 20 capítulos que ainda faltam pro desfecho da fanfic e, de quebra, conciliar advocacia, cursos de idiomas, CNH, família e relacionamento. ENTÃO ME PERDOEM!
Em terceiro lugar: Já estou reescrevendo os capítulos perdidos, e NÃO, NÃO IREI ABANDONAR A HISTÓRIA, só vou demorar mais para postar, farei de tudo para publicar pelo menos 2 capítulos por semana.
Por fim, só queria pedir que não me abandonem, pfvorzinho
Um beijo da tia Vick!
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