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Capítulo 20 - A oportunidade perfeita

Por Enzo

Quando sugeri para Estela que viéssemos para o Uruguai, eu não imaginava o quão bem aquilo faria por ela.

Desde os últimos acontecimentos, mais precisamente o assédio da imprensa e dos fãs, eu sentia que minha namorada estava cada vez mais reprimida. Ela mal fazia suas refeições, havia parado de caminhar no fim da tarde e reclamava todos os dias do trabalho. Ou seja, coisas que não eram de sua natureza.

Eu poderia visualizar como ela estava se sentindo, e por mais que ela jurasse de pé junto que não estava mais dando tanta importância aos tabloides, eu tinha certeza que a demora excessiva no banho e as madrugadas de insônia, eram derivadas das constantes olhadas nas redes sociais que ela dava escondida.

Antes de propor as pequenas "férias", tive uma conversa com sua melhor amiga com o intuito de entender um pouco mais afundo a raiz do problema, e Alice foi essencial para me fazer crer que ela precisava, e muito, de um descanso.

No momento em que ela rompeu em meu apartamento dizendo que o chefe a havia liberado eu soube que era a deixa perfeita para insistir no assunto, e apesar dela ter aceitado sem muitos esforços eu quis fazer tudo do jeito certo a pedindo em namoro e em seguida, conversando com seus pais.

Em um primeiro instante ela parecia um pouco relutante se seria o ideal, já tinha um tempo razoável que ela não ia até sua família e aquilo estava mexendo muito com ela, mas de qualquer modo, o breve encontro aconteceu e fui muito bem recebido pelos Alencar, o que eu esperava que ocorresse o mesmo com a minha.

Neste momento eu observava a brasileira ajeitar o cordão em seu colo, de frente para o espelho, estava incrivelmente linda como em todos os dias.

- Realmente se sente confortável em voltar para o seu apartamento? – Estela desviou o olhar do reflexo para mim.

- Confortável é uma palavra muito forte, mas não vejo sentido em ficarmos em um hotel se eu tenho uma casa. – Fiz uma careta.

- Pensando por esse lado, realmente não faz sentido, mas e quanto ao Guilhermo? – Ela perguntou, pensativa.

- Bem, eu venho evitando-o já faz um tempo, não posso continuar fugindo, além do mais, eu já tenho uma decisão a respeito. – Me levantei, caminhando até ela.

- Que seria...? – Estela incentivou.

- Se ele não aceita o nosso relacionamento, então não posso continuar tendo ele como suporte, vou dispensá-lo. – Suspirei pesadamente.

- Não quero que tome decisões que possa se arrepender, não sou fã do Guilhermo mas também não quero que faça isso por medo dele estragar o nosso relacionamento, lido com cobras o tempo inteiro no trabalho. – Ela deu de ombros.

- Não é só por isso, ele já vem tentando controlar a minha vida desde o sucesso inicial do filme, e ele me sufoca o tempo inteiro com esses assuntos. – Justifiquei.

- Vou apoiá-lo no que achar pertinente. – A morena segurou as minhas mãos, as beijando com ternura.

- Sei disso mi reina! Por isso você é tudo para mim. – Lhe puxei para um beijo sem demora. – Vem comigo?

Estela assentiu sorridente.

Entrelacei nossos dedos e guiei a brasileira para fora do quarto. Chamei um táxi e seguimos até o meu apartamento no Uruguai, e em menos de quinze minutos, eu já podia visualizar Guilhermo sentado no banco de concreto em frente ao prédio, lendo um jornal.

- Quando Matías me disse que você estava acampado na frente do meu apartamento eu não imaginava que era na forma literal. – Falei me aproximando da figura de meia idade.

Guilhermo levantou o olhar do jornal, e para a minha surpresa soltou um suspiro antes de voltar a ler o que quer se fosse.

- Você não me deu outra escolha. – Foi o que saiu da sua boca.

- Acho que não preciso fazer as devidas apresentações, não é? – Puxei Estela, que até então estava encolhida atrás de mim. – Até porque você já deixou seus sentimentos bem claros nas últimas conversas que tivemos.

O espanhol soltou um pigarro enquanto revirava os olhos, claramente não estava confortável com a saia justa que eu havia acabado de lhe colocar.

- Não vou ter uma conversa dessas com você aqui, podemos ao menos subir para o seu apartamento? – Foi o que saiu de seus lábios.

Assenti, segurando firmemente a mão de Estela, que estava gélida.

Subimos em silêncio, o clima estava desconcertante e eu poderia sentir de longe o quão incomodada Estela estava apesar de tentar transparecer o contrário. Arrisquei olhá-la de relance e recebi um sorriso tímido e encorajador da morena.

- Prefiro esperar lá embaixo. – A brasileira se pronunciou assim que o elevador parou em meu andar.

Beijei o topo de sua cabeça em sinal de consentimento, até porque, não queria deixa-la mais acanhada com toda a situação.

- Está bem chiquita, não vamos demorar. – Sussurrei antes de acompanhar a porta de metal se fechar em nossa frente.

Voltei minha atenção para Guilhermo, que me seguiu prontamente até a porta do meu apartamento.

- Pois bem, vamos direto ao ponto. – Falei assim que fechei a porta.

- Você está sendo imprudente e sabe disso. – Ele começou e eu cruzei os braços. – O que estava pensando quando assumiu uma mulher que você mal conhece?

- O que eu estava pensando? É sério que está fazendo este questionamento? Guilhermo, Estela e eu estamos juntos a um tempo considerável, acha mesmo que não a conheço o suficiente para assumi-la? – Falei com desdém. – Pensei que tivesse sido claro quando delimitei o seu papel em minha vida, você não pode controlar o que eu faço na minha vida pessoal.

- A questão não é essa. – Ele mordeu o lábio inferior.

- E qual seria, então? – Devolvi.

- Você está em ascensão, precisa se dedicar as oportunidades que estão surgindo para você, desde que você a conheceu, você não tem respondido nenhuma das propostas que eu lhe enviei a semanas. – Guilhermo levou as mãos em seu rosto de forma exasperada.

- Não quero entrar em nenhum projeto grande por um bom tempo, e você estava ciente disso. – Eu continuava irredutível.

- Mas quem falou em grandes projetos? Escute, consegui um teste para você em uma peça de teatro aqui mesmo no Uruguai, o diretor é de renome e você não vai precisar fazer muito esforço, não é um trabalho de cinema mas é algo que você gosta de fazer, o que acha? – O discurso do homem de meia idade já estava mais suave e um tanto quanto persuasivo.

Fiquei em silêncio por alguns instantes. Minha ideia de ficar afastado por um tempo continuava martelando em minha mente, mas eu não podia negar que o teatro era a minha paixão. A proposta era boa, porém, passível de uma análise mais profunda.

- Preciso pensar. – Foi o que saiu da minha boca.

- Pense o tempo que achar conveniente, só não se esqueça de que é uma oportunidade perfeita não só para a sua carreira, mas também para você viver esse...romance? – Ele tentou buscar as palavras certas.

Assenti sem muitas expressões.

- Não vou tomar mais do seu tempo e nem ficar acampado na porta da sua casa, quando tiver uma resposta me ligue. – Guilhermo se despediu e eu pude soltar uma lufada de alivio.

Prontamente mandei uma mensagem para Estela para que a mesma subisse, tínhamos muito o que conversar. 


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Primeiramente peço desculpas por não ter soltado o capítulo ontem, estou tendo que dar uma corrida com alguns prazos em meu trabalho e fiquei por conta.

Enfim, não sei vocês, mas eu amo escrever os capítulos em que o Enzo narra, parece que nos torna mais próximos do divo...sei lá hahaha

O que será que vem por ai? Chegamos na metade da história! Será que Enzo aceita a proposta do Guilhermo? Será que as intenções do bonito são realmente as melhores?

Deixem seu votinho e suas teorias <3

Um beijo da tia Vick!

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