Capítulo 10 - De volta a realidade?
Por Estela
O final de semana com Enzo terminou e eu já estava de volta a realidade.
Hoje já era segunda feira e eu estava terminando de me arrumar para o trabalho, o uruguaio dormiu em meu apartamento mas precisou ir embora cedo por conta de algumas questões que ele precisava resolver com seu agente.
Aproveitei o tempo sozinha e coloquei as coisas em ordem antes de sair para o escritório.
Eu sabia que teria que lidar com mil perguntas de Bruno, até porque, se bem conheço meus amigos, Alice já fez a fofoca de que eu sumi durante todo o final de semana e que estaria preocupada.
Dito e feito!
Assim que abri a porta da minha sala, Bruno já me esperava de braços cruzados e com a cara séria.
- Por onde a senhorita andou que nem abanou o rabo para os seus amigos? – Ele nem bom dia deu.
- Desde quando você virou fiscal da minha vida? – Bufei, já estressada.
- Não é ser fiscal, é ser uma pessoa preocupada com seu bem-estar, Alice não parava de me ligar querendo saber de você. – Bruno estava irredutível.
- Eu só precisava descansar. – Falei dando de ombros.
- E pegar uma praia... – O moreno observou, e eu gelei.
- Como?
- Olha para sua cor, você com certeza pegou uma praia e não teve a pachorra de chamar seus melhores amigos. – Ele se fez de vítima e eu relaxei.
Ótimo, ele ainda não sabia.
- Olha, vamos fazer o seguinte, noite de pizza lá em casa hoje, manda uma mensagem para Alice que vamos conversar sobre o meu sumiço, feliz? – Sugeri, sabendo que eu não escaparia do interrogatório.
E levando em consideração que Enzo me deu carta branca para falar sobre nós aos meus amigos, eu senti que não poderia manter a situação como estava por muito tempo, pois mais cedo ou mais tarde iríamos acabar aparecendo em sites de fofoca e eu não queria em hipótese alguma que meus melhores amigos soubessem de mim e do uruguaio pela internet.
- 20h, na sua casa! – Bruno respondeu enquanto ia saindo pela porta. – Meu pai está maluco atrás de você, acho que ele, inclusive, está te esperando na sala dele.
Ótimo!
- Tudo bem, eu já vou. – Me virei indo até minha mesa.
Bruno saiu do meu campo de visão e eu comecei a pensar em qualquer coisa que Otávio poderia querer falar comigo. Os prazos estão em dia, o cliente difícil também está nos "eixos", que raios viria agora?
Ajeitei o vestido tubinho no meu corpo e segui até a sala do meu chefe, dei três batidas na porta e escutei um "entra".
- Finalmente minha garota chegou! – Otávio abriu a boca assim que me viu.
- Bruno disse que queria falar comigo, o que houve? – Falei de forma suave mas direta ao ponto.
- Sente-se, minha querida. – Ele gesticulou e eu obedeci. – Você é realmente incrível!
O olhei desconfiada até ele me estender uma reportagem do jornal de hoje.
Na manchete, algo referente a como a jovem advogada do escritório Machado Advocacia havia conseguido o relaxamento de prisão de Antônio Garcia, aquele cliente difícil que eu estava "cuidando".
- Não entendo, porque isso é de interesse midiático? – Olhei para Otávio sem entender.
Eu de fato não sabia muita coisa sobre o cliente, apenas o básico para sua defesa.
- Ele é uma figura importante, Estela, conhecida no meio de gente grande, sempre foi muito discreto, mas com toda essa questão envolvendo o crime, as pessoas estão conhecendo ele de outra forma. – Otávio deixou algumas pontas soltas no ar. – Mas o importante é que você e o escritório estão no jornal e isso é excelente para nós, você vem fazendo um trabalho excelente, minha querida, e espero poder recompensá-la de alguma forma.
Nesse momento, Otávio segurou as minhas mãos de uma forma não muito usual e aquilo me gerou um desconforto por não entender apropriado. Rapidamente me esquivei do toque e soltei um pigarro.
- Não há o que recompensar, é o meu trabalho, era sobre isso que queria conversar?
- Ah, claro! Sim, eu queria te parabenizar pessoalmente, você é o meu achado, Estela. – Otávio não pareceu se importar com meu desconforto.
- Certo...obrigada. – Me levantei, querendo sair logo dali. – Estou liberada?
- Claro, liberada. – Ele realmente não estava ligando com o meu embaraço.
Sai de lá a passos firmes, o coração acelerado e uma sensação estranha, como se algo dentro de mim estivesse ameaçado.
Peguei meu telefone e mandei uma mensagem para Enzo, com a foto da matéria do jornal
Acho que agora também sou famosa, rsrsrs
Não demorou nem 1min para receber uma resposta dele.
Mi chiquita é a melhor advogada do mundo,
orgulhoso de ti, minha pequena.
Sorri com a mensagem.
Chamei meus amigos para irem até minha casa hoje, vou contar a eles sobre nós, está realmente tudo bem por você?
Mandei com uma certa ansiedade no peito.
Faz bem, nena! Você sabe que por mim já estaria mais do que assumido para todos, vá em frente e conte aos seus amigos, passo na sua casa quando eles forem embora, tudo bem?
Era incrível como Enzo parecia ser de outro mundo e como ele me tranquilizava com poucas palavras.
Tudo bem, te aviso quando eles forem embora.
Nossa conversa findou momentaneamente e voltei aos meus afazeres do trabalho.
O episódio de alguns minutos atrás voltou a martelar em minha cabeça e eu tentei a todo custo lembrar de qualquer outro momento em que Otávio agiu daquela forma comigo, e me surpreendi por não conseguir nenhuma lembrança desse tipo.
Tentei focar em outras coisas, mas aquilo realmente me incomodou, mas com quem falar a respeito? Na certa, se eu falar disso para alguém, vão me chamar de soberba e até mesmo de paranoica ou mentirosa, e naquele momento eu não poderia arriscar o meu emprego.
Sabia que se eu insinuasse qualquer coisa a respeito de Otávio Machado, eu estaria no olho da rua.
E a partir dali, eu desejei com todas as minhas forças, que tudo fosse paranoia da minha cabeça.
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Véspera de feriado aqui na minha cidade e um capítulo fresquinho para minhas leitoras favoritas <3
Capítulo cheio de entrelinhas e estou doida para saber a teoria de vocês!
Espero que gostem, um beijo da Tia Vick!
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