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Capítulo 38 - O assassinato no lago encantado.

• Amélia.

Algumas horas antes.

Acordei completamente atordoada.

Não conseguia respirar, mas ao mesmo tempo sentia meu pulmão queimar com a quantidade de ar que parecia se acumular naquele pequeno pedaço de tecido muscular. Mesmo que eu não fizesse força alguma pra por algum ar lá dentro.

Engasguei uma ou duas vezes, sozinha, antes de finalmente conseguir me apoiar em meus cotovelos e inspirar de forma normal. Mas assim que eu o fiz, meu braço perdeu completamente as forças, balançando até que finalmente cedesse ao peso de meu corpo e se dobrasse contra a minha vontade, fazendo com que eu caísse, batendo a bochecha e a barriga mais uma vez no chão.

Tossi, sentindo algo subir pela minha garganta instantaneamente. Tive que me virar para soltar aquilo que me sufocava.

Meu nariz queimava, e minhas coxas ardiam, ao mesmo tempo que eu vomitava algo viscoso, que manchava meus lábios e pingava na terra abaixo de mim. Estava escuro, mas apenas ao tocar em meus lábios, percebi que se tratava de sangue.

Eu tinha vomitado sangue. Mais uma vez. Bom, de certa forma aquilo não me surpreendia mais.

Do que eu me lembrava. Eu havia passado horas assim...depois...não me lembro de mais nada.

Minha garganta agora também queimava, coçava. Minha boca estava com gosto de sangue. Tudo que eu via era sangue.

Levei um susto.

Havia sangue em minhas mãos. Muito sangue.

Aquele sangue era todo meu?

Inspirei profundamente, tentando me colocar sentada mais uma vez.

O que diabos tinha acontecido?

Toquei na camada de areia molhada abaixo de mim, amassando-a. Onde eu estava?

Senti minha cabeça girar. Milhares de pensamentos a rodeavam. Eu não me lembrava o que diabos tinha acontecido. Não sabia como tinha ido parar ali. Estava apavorada, confusa, me sentindo completamente doente.

Com muita força e depois de duas tentativas, finalmente consegui me colocar sentada, sem forças para mexer o pescoço e encarar qualquer coisa senão a terra abaixo de mim, manchada com o meu sangue.

Passei a língua em meus lábios, sentindo o sangue que ali ainda se acumulava, mas não consegui me preocupar.

Eu só queria entender o que estava acontecendo. Apenas isso.

Foi quando eu decidi isso que um grito estridente de pânico chamou a minha atenção, voltei minha cabeça imediatamente na direção em que o ruído vinha, com o olhar arregalado.

Foi então que eu a vi. E então a perdi de vista.

Ela vinha em minha direção. Mas então tudo ficou preto.

- Bruxa! - escutei-a gritar, parecendo correr. Mas eu não consegui ver.

Estava tudo escuro, meu ouvido zunia.

Tossi mais uma vez, sentindo minha garganta coçar.

Minha visão voltou aos poucos, como se uma cortina se abrisse.

Percebi então, que estava perdendo o equilíbrio. Céus. O que era isso agora?

Tentei inspirar mas o ar não veio da primeira vez. Nem da segunda.

- Bruxa! -  o grito se repetiu, agora mais próximo. Encharquei de relance um vulto preto caminhando em minha direção. Percebi que se tratava de uma menina com os cabelos pretos. Bem pretos. Ela tinha uma faixa enrolada nas mãos e uma quantidade espantosa de sangue no rosto. - Você não tem coração? - acusou. Percebi que lágrimas rolavam por suas bochechas.

Minhas pálpebras pesaram. Entrei em pânico.

Não podia apagar agora. Céus, eu estava morrendo? Só podia estar morrendo. Mas por que? Eu não sabia nem o que tinha acontecido!

- É tudo culpa sua, Amelia! - o grito da menina se repetiu. Eu não entendi sobre o que ela se referia. - Você acabou com tudo! - gritou. Percebi então que sua voz estava embargada, mas não tive muito tempo de processar isso, pois a tosse tomou conta de meu corpo, me fazendo debruçar para frente, doente.

Tossi de forma grosseira, forte, parecia que meu pulmão sairia pela boca. E talvez ele tenha saído, junto com todo aquele sangue, mais uma vez.

- Me mate também. - escutei a menina gritar pela última vez, antes que meus ouvidos começassem a zunir. Parecia que eu ouvia sussurros. Mas céus, sussurros de quem? - Por favor...

Pediu, e foi a última coisa que eu escutei, antes de perder todo o ar de uma vez só, apagando. Apagando  profundamente.

• Hayley.

Atualmente.

- Nós estamos andando há horas. - reclamei, usando meu braço direito para afastar os galhos que vinham na direção do meu rosto. - E até agora, não há nada de tenebroso no Bosque dos Pesadelos. - apontei, ofegante, sem um destinatário específico, já que Jop estava muito compenetrado na trilha a sua frente, junto com Drago, e Ravi prestava mais atenção em Kioto que na minha fala.

Estávamos andando a quase meio dia, bom, é óbvio que paramos alguns minutos para descansar, mas a verdade seja dita, não estávamos nem tão cansados assim. Era fato que as nuvens tempestivas que rodeavam a copa das imensas árvores que compunham aquele bosque fechado bloqueavam a passagem do sol, deixando nosso caminho absolutamente fresco e úmido.

- Eu disse que era apenas uma lenda, linda. - Drago respondeu, me surpreendendo. - É só uma floresta. Igual às outras várias que já passamos.

Tínhamos passado por muitas florestas mesmo. Scaban era o que? Uma imensa floresta? Senti saudades do avião, subitamente. Era um mecanismo tão maravilhoso...tão rápido...tão confortável...

- Você não precisava ficar com medo. - Drago provocou, chamando a minha atenção. Fiz uma careta.

- Eu não estava com medo.

Escutei Ravi rir atrás de mim. Revirei os olhos.

- Certo. Talvez eu estivesse um pouco assustada. - admiti, pulando um tronco de árvore, imitando os passos de Drago e Jop. - Mas também...o nome desse bosque é bosque dos pesadelos...

Foi a vez de Drago rir.

- Você já teve algum pesadelo? - perguntou, enquanto caminhava, sem olhar para trás. Juntei as sobrancelhas.

- Claro. - respondi, confusa. Era óbvio que eu já tinha tido algum pesadelo. Aliás, depois que meus familiares morreram, eu tinha toda noite.

Relembrar aquilo me causou arrepios.

- Pois então você sabe que pesadelos são apenas coisas de sua imaginação. - Drago começou. - Assim como o fato desse bosque ser assombrado, medonho. - continuou, se agachando para passar por debaixo de um amontoado de galhos, fiz o mesmo logo em seguida, depois foi a vez de Ravi. Estava ansiosa para ver aonde a conversa terminaria. - As pessoas inventam essas coisas, pra deixarem as outras com medo. Mas no final é tudo uma invenção da imaginação dessa pessoa criativa. - percebi que ele sorria. Fiz uma careta.

- Foi a pior explicação que já ouvi na minha vida. - soltei, o que o fez gargalhar. Ravi imitou.

- Na minha cabeça fez sentido. - admitiu, então foi a minha vez de rir.

- Sua cabeça é criativa demais. - Ravi comentou, atrás de nós, nos fazendo rir mais uma vez.

Então tudo ficou em silêncio, e voltamos a caminhar sem nos falarmos. Todos perdidos em seus próprios pensamentos, concentrados no caminho. Principalmente Jop, que parecia apreensivo, apesar de não haver nada para se temer, bom, ao menos parecia não haver.

Mas então ele parou em seu lugar. Deixando a grande e volumosa capa vermelha balançando até finalmente se aquietar.

Continuei a caminhar, confusa, sem deixar de encara-lo. Algo estava errado? Comecei a ficar nervosa. O que tinha acontecido agora?

Jop afastou alguns galhos e folhagens que impediam o nosso campo de visão do horizonte, formando um paredão, nos separando do que quer que tivesse alguns passos adiante, enfiando sua cara feia em meio as folhagens.

Me peguei extremamente curiosa para saber o que ele via.

Ele ficou alguns segundos com a cara ali, antes de finalmente voltar a cabeça de novo para dentro.

Encarei sua movimentação, ansiosa. A essa hora eu já tinha parado de caminhar, ficando estática no meu lugar. Assim como os outros meninos, e Kioto.

- Eu tenho notícias boas e notícias péssimas. - anunciou Jop, sorrindo fraco, finalmente se virando para a gente, ficando de costas para o paredão de folhagens. - Quais vocês querem primeiro?

- A boa. - Drago respondeu, mas eu neguei com a cabeça.

- A ruim. - contrariei-o. Drago bufou.

- Tanto faz. Apenas fale logo. - resmungou, cruzando os braços, parecendo sem paciência.

Ravi caminhou para mais perto, parando ao meu lado. Encarei-o rapidamente antes de voltar meu olhar mais uma vez para o bruxo vermelho, que parecia sem paciência alguma também. Por que ninguém tinha paciência ali? Meu Deus!

- Certo. - Jop finalmente respondeu, me deixando ansiosa. - Atrás dessa mata... - bateu no paredão atrás de si. - ...há um lago. - respirei fundo, cruzando meus braços. Tá. O que aquilo tinha de demais? - ...mas não é qualquer lago. É o lago. - juntei as sobrancelhas, encarando Ravi, que pareceu entender o que Jop falava.

- Você está falando que chegamos no lado? - Ravi perguntou.

- Sim. - Jop respondeu de uma vez.

- Não é possível. - Drago exclamou, parecendo agora, nervoso.

Me peguei boiando na conversa mais uma vez.

- O que têm nesse lago? - perguntei, tentando ficar por dentro do assunto. Estava ficando nervosa com aquele clima de tensão que eles haviam criado.

- Sereias. - foi a vez de Ravi me responder, encarando a mim, sem enrolar nem um pouco. Segurei a vontade de rir.

- Sereias? - soltei o ar de uma vez só. - Isso é patético!

- Não é nada patético, Hayley. - Ravi se intrometeu. - Eu já me deparei com um lago de sereias uma vez. Não foi divertido.

Engoli a seco.

Imaginei então aquelas sereias maravilhosas. Lindas. Cantando. Depois me lembrei de um filme que vi um dia, e imaginei todas elas comendo os navegantes. Uma cena grotesca. Droga. Era óbvio que as daqui iriam nos comer. Ou melhor. Comer os meninos. Elas sempre iam atrás dos homens. O que...droga! Nos dava certa desvantagem já que até a nossa fera era do sexo masculino.

Perdi a vontade de rir imediatamente.

- Como foi isso? - Drago perguntou para Ravi, curioso. Mas Ravi não teve tempo de responder, pois Jop o interrompeu, irritado.

- E a boa notícia é... - gritou, chamando nossa atenção. - ...as sereias estão todas mortas! - exclamou, sorrindo.

Arregalei os olhos.

- Como assim? - Drago perguntou, assustado.

- Foram os Troxs? - foi a vez de Ravi indagar, sua pergunta se sobressaiu a de Drago, e só ela foi respondida.

- Não. - Jop disse, com bastante certeza. - Troxs geralmente queimam seus inimigos. - apontou, gesticulando. - Elas parecem bem...não queimadas para mim.

- Então como você sabe que elas estão mortas? - perguntei, assustada.

- Quer ver você mesma? - Jop respondeu minha pergunta com outra, me surpreendendo.

- Eu... - fui pega de surpresa. Mas era óbvio que eu queria. - ...é claro! - completei finalmente, começando a caminhar na direção de Jop.

Pulei alguns troncos até finalmente passar por Drago e chegar ao lado de Jop. Estava ansiosa.

- Coloque a cabeça aí e presencie em primeira mão o assassinato no lago encantado. - Jop brincou, sorrindo. Não achei aquilo nada engraçado.

Não demorei então, para afastar as folhagens e ver por mim mesma o que acontecia ali atrás.

E Jop estava certo. Assim que bati meus olhos na paisagem a minha frente, senti meu estômago embrulhar e minha cabeça rodar.

Primeiro, havia um lago. Um lago com mais ou menos alguns metros de extensão. Pequeno. Facilmente contornável.

Segundo, havia corpos enfeitando quase todo o redor do pequeno lago.

Sereias.

Tinham mulheres com caldas de peixe coloridas, lindas. Mas seus olhos estavam fechados, e basicamente seus corpos, estáticos.

Passei meu olhar rapidamente pela aquela chacina, sentindo minha respiração pesar.

Deus. Estavam todas mortas.

Contei rapidamente. Onze mulheres estavam mortas no entorno da água. Onze sereias.

O mais estranho era que apenas duas delas tinham um pouco de sangue em alguma parte de seu corpo metade feminino e metade peixe, só elas pareciam estar mortas. As outras pareciam dormir. Dormir um sono profundo. Muito profundo.

Respirei fundo, voltando minha cabeça de novo para a parte de trás do paredão, tentando entender o que acontecia ali. Por que as sereias estavam mortas? Por que elas todas tinham sido mortas? Como elas tinham sido mortas? E quando?

Bom, o fato de ver sereias me surpreendeu mais que a morte de todas, com certeza.

- Hay? - escutei Ravi me chamar, voltei então meu olhar para o dele, perdida em meus pensamentos.

- Tem onze delas. - anunciei, ciente de que todos estavam ansiosos para saber o que eu vi. - Todas estão mortas.

- Como? - Drago perguntou. Dei de ombros.

- Não faço ideia. Elas não parecem machucadas. - fui sincera.

- Diabos! - Ravi exclamou, nervoso. - Nunca vi sereias mortas, em toda a minha vida.

- Isso porque ninguém as mata. - Jop se intrometeu. - Elas geralmente matam todos.

- Bom, o jogo virou... - Drago apontou. - ...e parece que a sorte está a nosso favor.

Jop assentiu com a cabeça. Não acreditei no que eles estavam falando.

- Elas estão mortas! - gritei, sem paciência. Todos me olharam, assustados. - Quem as matou? - perguntei, indignada. - Vocês pararam pra pensar que quem quer que tenha sido tem o poder maior do que qualquer um de nós? - fiz uma pausa - Pararam pra pensar que essa pessoa matou sereias, que segundo a vocês são criaturas terríveis! - respirei fundo. - E se essa pessoa ainda estiver aqui? Sabemos quantas pessoas são? - perguntei, provocando-os. - Se eles, ou ele, ainda estiverem aqui?

Ravi respirou pesadamente, chamando a minha atenção.

- Você tem razão. - disse, o que me fez respirar aliviada. Era uma das primeiras vezes que Ravi concordava com algo que eu dizia.

- Talvez o bichinho tenha razão... - Jop começou. - ...mas de qualquer forma, agora poderemos cruzar o lago sem preocupação... - fez uma pausa. - ...e eu sugiro que a gente o faça logo.

Drago ajeitou a bolsa improvisada que carregava nos ombros, respirando fundo.

- Vamos logo. - disse. - Não quero morrer na mão de um matador de sereias. - balançou a cabeça. - Se fosse para ser morto no lago encantado, preferia que fosse pelas belas sereias. - sorriu de canto. Tentei não sorrir de volta, mas era impossível.

- Apenas vamos de uma vez. - Jop reclamou, bufando. - Temos que correr se quisermos chegar em Canby em 1 dia.

- Então vamos. - Ravi respondeu, tomando a iniciativa e caminhando na frente, assobiando para que Kioto o seguisse, e foi o que ele fez, até que os dois desaparecessem em meio ao matagal. Drago me encarou.

- Primeiro as damas. - soltou, extrovertido. Céus. De onde aquela alegria toda tinha vindo? Ele não brincava assim fazia tempo.

- Obrigada. - agradeci, caminhando em direção ao lago, sem olhar para trás. Percebi que Jop veio logo atrás, seguido de Drago. Entramos assim, no lago encantado, que bom, não parecia mais tão encantado assim.

***

- Diabos! - Ravi exclamou, enquanto caminhava na beira do lago, com Kioto a seu lado. Estávamos contornando o lago, passando para o outro lado. Já havíamos passado por cima de dois cadáveres. Meu estômago estava embrulhado. - Como elas morreram? Não há sangue algum. Nenhum sinal de luta. Será que envenenaram o lago? - indagou.

Era um possibilidade, pensei, mas isso não explicava as duas sereias que ostentavam marcas sangrentas em suas longas caldas de peixe.

- Eu aposto que foi magia. - Jop se pronunciou. Ele andava atrás de mim. Não me virei para encara-lo. - Magia negra. - completou.

- Salen? - perguntei, encarando o chão a minha frente, Ravi havia acabado de pular mais um corpo de sereia. Kioto tinha parado para cheira-lo. Daqui a pouco seria a minha vez. Não de cheira-lo, óbvio, mas de contorna-lo.

- O que ele faria aqui? - Drago indagou.

- Poderia estar reunindo os Troxs. - palpitou Ravi.

- Acho pouco provável. - opinou Jop. E eu concordei com ele. Salen mandaria alguém organizar os Troxs. Talvez tenha sido esse alguém.

- Argh! - reclamou Drago, sem aviso prévio. - Essas escamas são gosmentas!

Me virei para encara-lo. Ele estava agachado, perto demais do lago, tocando desconfiado, com uma careta no rosto, em uma das caudas das sereias.

- Drago! - repreendi-o. - O que você está fazendo?

Ravi segurou então meu braço, subitamente. Me virei para encara-lo, assustada. Sua expressão era de desconfiança. Kioto também parecia desconfiado.

- Tem algo errado. - anunciou, me surpreendendo.

- Errado? Como? - Ravi fez o sinal universal para que eu calasse a boca, apontando com a cabeça para Drago.

- Saia daí. - ordenou, firme. - Agora.

Drago pareceu confuso, franzindo a testa, parando finalmente de tocar na cauda da sereia morta.

- Por que? - insistiu em perguntar.

Estava pouco atenta em sua movimentação, por isso percebi quando a água atrás de si começou a se mexer, formando pequenas ondulações.

Meu. Deus.

- Drago? - chamei-o. - Saia daí. - ordenei também, fazendo-o me encarar desconfiado, levantando-se devagar.

Continuei a encarar a movimentação da água, sem respirar. Mas então ela tinha voltado a sua posição estática de sempre.

Será que eu tinha alucinado?

- O que diabos tem de errado com vocês dois? - Drago perguntou, chamando a minha atenção enquanto limpava suas mãos em sua calça. - Hayley, por que você está com essa ca...

Sua fala não foi completada, já que sem mais delongas um vulto emergiu das águas, se projetando na direção de Drago.

Ele não teve tempo de se defender, virando no momento exato em que o vulto caia feito um saco de batata em cima dele, levando-o ao chão.

- Drago! - gritei, desesperada, correndo em sua direção sem pensar duas vezes, mas paralisando instintivamente ao perceber que o vulto que o havia derrubado possuía um dos rostos mais bonitos que eu já havia visto na minha vida, os cabelos negros molhados e grudados em seu rosto branco e pálido e o olhar verde compenetrado em mim.

Seus dentes estavam posicionados de uma forma ameaçadora em seu rosto perfeito. Sua aparência era tenebrosa, apesar da beleza.

Prendi a respiração.

Ela possuía uma cauda. Uma cauda verde clara. Coberta de escamas bem desenhadas.

- Sereia... - sussurrei para mim mesma, respirando de forma desregrada. Meu coração foi a boca.

Havia uma sereia em cima de Drago.

Uma sereia. Viva. Ameaçadora.

Não tive tempo de raciocinar mais do que isso, pois a sereia não perdeu tempo ao tentar puxar o bruxo em direção ao lago do qual tinha emergido.

Drago se debatia, tentando se soltar.

A sereia fez um barulho animalesco, fincando suas unhas no braço de Drago, que gritou de dor.  Fiquei paralisada, sem reação.

Ravi foi mais rápido, pegando uma pedra que estava posicionada ao lado de meu pé e correndo na direção daquele ser místico, ameaçando bater com aquela pedra em sua cabeça.

Drago ainda se debatia.

Ravi foi ágil, se agachando e acertando de forma firme a pedra na cabeça da sereia, que usou como sua única defesa uma careta, seguida de um barulho estranho, o que óbvio, não impediu Ravi de desacorda-la com aquele golpe.

O som do impacto que o objeto fez ao bater de encontro com a cabeça da mulher peixe fez com que eu me assustasse, assim como Drago, que fechou os olhos ao ser atingido com alguns pingos de sangue no rosto.

O corpo da sereia pendeu para o lado, caindo sem movimento algum, mais uma vez, em cima de Drago, que resmungou, empurrando-o para longe de si.

- Tá certo. - Drago exclamou, resmungando. - Retiro o que eu disse. - fez uma careta, limpando as mãos em sua calça, encarando o machucado que as unhas da sereia fizeram em seu pulso. - Eu nunca mais quero ser atacado por uma sereia.

Respirei, aliviada, soltando todo o ar que antes eu prendia.

Mas meu alívio durou pouco.

- Corram. - Jop gritou, do nada, pegando todos de surpresa. - Corram agora!

E foi o que ele começou a fazer, seguindo suas próprias instruções, correndo rapidamente, na direção que antes íamos.

Encarei Ravi rapidamente, depois Drago, que ainda estava deitado no chão. Todos pareciam quase tão confusos quanto eu.

- O que ele está fazendo? - Drago perguntou, colocando-se sentado.

- Seus idiotas! - Jop gritou, já um pouco longe de nós. - É óbvio que tem mais sereias vivas. - disse, sem paciência. - Corram logo, panacas, ou vamos todos morrer!

Prestei atenção em suas palavras. Ele devia estar certo. Não?

Escutei subitamente um barulho vindo das águas do riacho, percebi então, que mais ondulações começaram a se formar.

- Aí. Meu. Deus. - soltei, em pânico. - Corram! - gritei, começando a seguir as minhas orientações, correndo atrás de Jop, que continuou sua corrida. Segui-o, assustada. Percebi que os meninos me seguiam também, inclusive Kioto.

Haviam mais sereias. Tínhamos que sair dali.

Continuei minha corrida, ofegante. Voltando rapidamente meu olhar para as águas, dando de cara com uma cabeça ruiva, encarando a nós todos, com apenas os olhos para fora d'Água.

Entrei em pânico.

- Mais rápido! - gritei, em pânico. - Tem mais sereias!

Continuei a encarar o lago a medida que o contornava, desesperada. Com o coração palpitando em meu pescoço e a respiração completamente desregrada.

Mais uma cabeça emergiu, seguida por outras duas.

Quatro sereias.

Havia quatro sereias nos encarando. Por Deus. Estávamos ferrados.

- Não parem de correr. - orientei, mais para mim mesma do que pro resto. Estava em pânico. - Falta pouco.

E realmente faltava pouco.

Faltava tão pouco que eu quase achei que conseguiríamos, mas era óbvio que não.

Me virei para trás, em um lapso de bom senso, para encarar os meninos, me surpreendendo ao perceber que os dois estavam paralisados.

Ravi havia soltado a pedra e se virava em direção ao lago. Drago fazia o mesmo.

- Não... - sussurrei, em pânico. - Jop! - gritei para ele, fazendo-o parar imediatamente. Ele me encarou rapidamente, voltando o olhar logo depois para Ravi e para Drago, depois para as sereias no lago.

- Por Salen! - exclamou, parecendo assustado.

- Ravi! - gritei o nome dele. Ele não se moveu. - Drago! - não tive resposta.

- Eles estão hipnotizados. - Jop apontou, chegando ao meu lado, ofegante.

Ameacei começar a correr na direção dos dois, mas Jop me impediu, puxando meu vestido.

- Eles não vão parar. - Jop disse. - Precisamos de um plano.

Voltei meu olhar rapidamente para as sereias, que tinham o olhar fixo em cada um dos meninos, que caminhavam lentamente em direção a água. Elas sussurravam algumas coisas, fazendo movimentos com as mãos.

Dane-se esse plano!

- Você cuida de Drago que eu cuido de Ravi. - disse, puxando meu vestido da mão de Jop e correndo na direção de Ravi, sem esperar mais.

Precisava fazê-lo parar. Ou então ele ia cair na água.

- Ravi! - chamei-o, me colocando em sua frente rapidamente, sem pensar duas vezes, desesperada. Seu olhar estava perdido nas águas atrás de mim. Ele não percebeu minha presença, caminhando na direção da água, me empurrando junto. Levei um susto, me segurando em sua camisa. Estávamos a poucos passos da água. Observei de canto Kioto, que rosnava para os seres místicos e mordia as botas de Ravi. Sem sucesso.

Respirei fundo, batendo no peito firme de Ravi, puxando seu rosto logo em seguida, tentando força-lo a me encarar. Ele não o fez. Apenas ignorou a minha movimentação, continuando a andar.

Me empurrou mais um pouco em direção ao lago. Engasguei com minha própria respiração. Minhas mãos tremiam.

- Ravi...pelo amor de Deus! - gritei, socando seu peito, acariciando seu rosto, empurrando-o para trás, tudo ao mesmo tempo. Mas nada funcionava.

- Hayley! - Jop gritou.

Não prestei atenção no que ele dizia.

Ravi estava me encurralando na beira do lago. Entrei em pânico ao virar para trás e perceber que meus pés estavam a poucos centímetros de um lago repleto de sereias assassinas.

- Ravi. - chamei-o mais uma vez, sussurrando, desesperada. - Se você não parar agora nós dois vamos morrer. - disse, ofegante. Ele me ignorou, dando mais um passo firme, senti meu calcanhar se dobrar na borda do lago, me agarrei em sua camisa para não cair. Engoli a seco, em pânico. - Ravi! Sou eu Hayley! - tentei mais uma vez. - Não escute essas sereias! Meu Deus!

- Saia da frente dele, Hayley! - Jop gritou. Ignorei-o, sem saber o que fazer.

Não podia deixar Ravi cair naquele lago. Mas de que adiantaria eu ir junto?

Aliás. Se eu fosse junto, talvez pudesse protegê-lo.

Não tive tempo de pensar mais, já que Ravi deu mais um passo, soltei então um grito baixo, ameaçando cair para trás, me agarrando com força em Ravi. Minhas mãos tremiam.

- Jop... - chamei-o, desesperada, buscando alguma orientação.

- Caia no lago, bichinho. - me orientou. - Use magia.

Suas palavras ainda processavam quando Ravi deu um último passo, me empurrando de vez em direção a água, caindo ele mesmo logo em seguida.

Prendi a respiração, caindo feito uma bomba de uma vez só na água gelada.

Cai de costas, por isso meu cabelo foi todo para frente, tampando a minha visão, fazendo com que o mundo se tornasse um amontoado de fios dourados. Prendi minha respiração, com meu coração batendo de forma descoordenada.

Balancei minhas pernas rapidamente, me mantendo boiando perto da superfície, tirei então, todo meu cabelo de minha frente, bem a tempo de perceber que duas das sereias tinham submergido junto comigo.

Levei um susto enorme ao encontrar o olhar com uma delas.

Estava em pânico. Meu Deus, como eu estava com medo!

O que eu faria agora? Precisava sair daquele lago o mais rápido possível. Mas onde estava Ravi?

Senti algo tocar meu vestido logo em seguida, me virei então, a tempo de encontrar Ravi, que nadava em direção às sereias.

Não!

Tentei puxa-lo pela camiseta, mas minhas mãos escorregaram no tecido molhado e flutuante. Senti o ar começar a se fazer necessário. Mas eu não podia subir para pegar mais. Céus. Não podia.

- Ravi! - tentei gritar seu nome debaixo d'Água, sem sucesso. Era óbvio que o som não se propagaria ali, debaixo daquela água escura.

Ravi continuava a nadar. As duas sereias se concentravam em encanta-lo, sussurrando, mesmo debaixo d'Água, alguma coisa que eu não escutava.

Tentei nadar atrás de Ravi, nervosa. Meu pulmão já ameaçava explodir. Não tinha pego ar suficiente na queda. Teria que subir a qualquer instante, isso se não quisesse morrer afogada.

Mas por hora, eu precisava levar Ravi junto comigo. Ele estava chegando cada vez mais próximo das sereias, nadando muito rápido, muito determinado.

Comecei a dar tudo de mim, batendo minhas pernas o mais rápido possível, fazendo bolhas ao bater com meus pés naquela água turbulenta e gelada.

O vestido atrapalhava o movimento das minhas pernas. Estava difícil manter um ritmo com ele se enrolando em minha panturrilha toda hora.

Meu pulmão começou a arder. Estava tão próxima de Ravi, nadando um pouco acima dele, quase perto o suficiente para puxa-lo pelas suas botas. Mas eu não conseguia mais.

Mudei minha direção, frustrada, nadando o mais rápido possível até a superfície, fechando os olhos ao sair da água, respirando fundo, de uma vez só.

Assim que eu levantei, pude ver Jop, que havia acabado de derrubar uma das sereias, provavelmente com magia. Mas...não tinham 4? Onde estava a outra?

Minha pergunta foi respondida quando eu senti meu pé ser puxado para baixo, por algo vindo debaixo d'Água. Me assustei, engolindo água ao submergir mais uma vez.

Abri meus olhos, sentindo-os arder, batendo meus braços e batendo minhas pernas, de forma frenética, fazendo centenas de pequenas bolhinhas, que atrapalhavam minha visão. Tentava livrar minha panturrilha daquelas mãos.

Entrei em pânico.

Estava sendo puxada pra baixo. Quase não tinha ar no meu pulmão. Eu ia morrer.

Eu ia morrer.

Encarei o que acontecia em baixo de mim, ao mesmo tempo que me debatia e tentava nadar em direção à superfície.

E como eu suspeitava, era a quarta sereia que me puxava para baixo, batendo sua calda ágil perto do meu rosto, me levando para o fundo.

Ela segurava muito forte. Eu não conseguia me soltar.

Meu Deus? O que eu faria?

Foi então que as palavras de Jop pairaram na minha cabeça.

Use magia.

Será que...? Era minha única chance.

Eu nem me lembrava como fazia aquilo direito, mas me forcei para lembrar o que Amélia tinha me ensinado. Tinha que me concentrar. Mas meu Deus! Como eu me concentraria com uma sereia me puxando para baixo? Meu pulmão queimava. Eu precisava ser rápida. Mais rápida que a sereia. Mais rápida do que o meu máximo.

Fechei os olhos, percebendo que dessa forma me concentraria melhor, pensei então, no que queria que acontecesse, movendo minhas mãos instintivamente.

Imediatamente então, a sereia soltou meu pé. Senti um vazio imediato, abrindo os olhos, assustada. Tive que balançar minhas pernas para não continuar afundando. Percebi então, que estava me afogando. Deus! Precisava de mais ar. Precisava de mais ar. Precisava de mais ar.

Desisti de ver o que tinha acontecido com a sereia, nadando freneticamente para a superfície, seguindo a claridade, com medo de estar indo para o lado errado. Céus. Como eu precisava de ar.

Meu trato respiratório havia começado a arder. Estava desesperada.

Bati as minhas pernas com mais força, finalmente conseguindo alcançar a superfície. Minhas mãos saíram primeiro, depois minha cabeça. Inspirei profundamente, em uma respiração desesperada, abrindo os olhos. Estes ardiam. Jop me encarava, nervoso. Respirei diversas vezes, engolindo água. Estava ofegante.

- Vou buscar Ravi. - anunciei, mergulhando o mais rápido possível logo depois, sem esperar para ver o que Jop falaria, após inspirar profundamente e encher meu pulmão de ar. Submergindo mais uma vez.

Assim que mergulhei, não vi sinal algum da quarta sereia. Será que eu havia conseguido sufoca-la magicamente?

Não tive tempo de pensar muito sobre isso, pois assim que encarei o que acontecia a minha frente, dei de cara com Ravi, beijando uma das sereias!

Ele estava beijando uma sereia? Senti vontade de soca-lo. Uma raiva imensa tomou conta de mim. Ele estava beijando uma sereia!

Uma sereia morena dos olhos azuis, que parecia muito entretida com seus cabelos!

Deus! Que cena horrenda!

Me concentrei, silenciosamente, pensando em algo bem ruim para aquela sereia idiota.

Abrindo meus olhos assim que escutei alguma movimentação na água. Dei de cara então com uma das sereias se debatendo. A seria beijoqueira. Estava funcionando!

Não tive tempo de comemorar, pois logo a outra sereia mostrou os dentes e ameaços nadar na minha direção. Não permiti, usando a outra mão para impedi-la de avançar. Me assustei. Como eu tinha feito aquilo?

Não pensei duas vezes, entortando a minha mão e fazendo-a levar as mãos até a garganta. Estava sufocando as duas sereias ao mesmo tempo!

Como eu fazia isso?

Eu...

Eu ia matá-las!

Meu Deus!

Eu ia matá-las.

Assim que eu percebi o que estava fazendo, a primeira sereia parou de nadar, virando de barriga para baixo sem movimentação alguma e boiando em direção a superfície.

Abaixei minha mão imediatamente, assustada. Eu tinha matado alguém. Ou melhor, eu havia matado duas pessoas. Duas sereias...

Estava tão perdida em meus pensamentos que não percebi quando a única sereia ainda viva nadava em minha direção. Entrei em pânico quando encarei seu olhar castanho repleto de ira e sua careta tenebrosa, posicionando intuitivamente minhas mãos para a frente do meu corpo, empurrando magicamente a sereia para trás. Fazendo com que a água ficasse completarem turva e repleta de bolhas.

Foi aí que comecei a sentir que precisava de ar mais uma vez. Deus! Eu devia ter feito mais tempo de natação quando criança.

A sereia não desistiu, voltado a nadar em minha direção.

Não me movi.

Certo. Ela ia me matar. Era ela ou eu.

Eu escolhi a mim.

Utilizei mais uma vez a magia, feito uma covarde, entortando o pescoço da mulher, que morreu instantaneamente, com os olhos abertos, paralisada naquela careta característica, igual a um peixe.

Encarei seu corpo boiar junto com a outra sereia, sentindo um aperto no meu coração. Eu tinha matado três pessoas agora. Com magia.

Voltei minha atenção novamente para o mundo real, sentindo instantaneamente uma vontade imensa de respirar, mas então percebi uma coisa. Onde estava Ravi?

Entrei em pânico, vasculhando a água abaixo de mim, enxergando alguns metros mais abaixo, sua camiseta branca acompanhar seu corpo inerte no longo caminho até o fundo do riacho. Ele não se movia. Céus...

Não pensei duas vezes, forçando meu pulmão a aguentar um pouco mais e nadar até Ravi.

E foi o que eu fiz, batendo minhas pernas e meus braços da forma mais rápida que conseguia. Precisava chegar até ele. Depois de tudo isso. Não podia perdê-lo. Ele havia me salvo uma vez. Era minha vez de retribuir. Eu precisava retribuir. Não conseguiria continuar sem ele. Isso era muito egoísta da minha parte, mas era como eu me sentia.

Enxerguei sua camiseta, se aproximando cada vez mais. Tentei ignorar a necessidade sufocante de conseguir algum ar e me concentrar nele. Meu Deus, por favor...eu precisava chegar até ele!

Comecei a me desesperar, batendo minha perna de forma frenética, começando a me movimentar com mais força. Foi só aí que finalmente cheguei perto verdadeiramente do ex príncipe, desacordado.

Não tive tempo nem de pensar. Assim que cheguei perto o suficiente, puxei-o pela sua camiseta, fazendo seu corpo grande seguir a direção que eu mandei. Ele estava desacordado. Leve como uma pena. Fiquei com medo que estivesse morto.

Comecei a nadar o mais rápido possível, puxando-o junto comigo, em direção a superfície, voltando meu olhar a cada cinco segundos para baixo para ver se ele continuava ali. E ele continuava, até que finalmente chegamos a superfície. Não sei aonde arrumei tamanha força, nem como não perdi o ar. Mas nós conseguimos chegar lá, depois do que pareceram ser horas de pânico.

Não demorei mais do que meio segundo para colocar a cabeça para fora d'Água assim que atingi a superfície, inspirando todo o ar possível do mundo de uma vez só. Tossi diversas vezes, tonta.

- Hayley? - Drago chamou a minha atenção, se posicionando na ponta do lago. Respirei fundo, ofegante ao extremo.

- Drago! - tentei gritar, exausta. Ainda segurava Ravi pela camiseta, tentei puxa-lo pelos braços, mas estava desajeitada demais. - Me ajude aqui! - gritei. Ele não demorou então, mais que meio segundo para pular na água e nadar em minha direção. Eu consegui finalmente colocar a cabeça de Ravi para fora d'Água, encontrando seu rosto pálido. Entrei em pânico.

- Aqui, me passe ele. - Drago pediu, assim que chegou ao meu lado. Passei delicadamente o braço de Ravi para os braços de drago, que segurou seu corpo inerte e começou a nadar com ele em direção à borda.

Segui-o, sem forças, respirando sem controle algum. Mantive minha cabeça para fora d'Água, tendo que desviar do corpo das duas sereias que boiavam de barriga para baixo. Tentei não olhar, prestando atenção em Drago, que levantava Ravi e o colocava deitado na borda, de barriga para cima.

Nadei o mais rápido possível, chegando finalmente aonde os outros estavam, utilizando meu braço para apoiar na borda e fazendo força para retirar meu corpo da água.

Utilizei todo o resto de energia que me sobrava deitando de barriga para cima por alguns instantes. Era tão bom não ter água por todo lado. Era tão bom respirar.

Mas eu não tinha esse privilégio.

Assim que eu consegui sair da água, engatinhei rapidamente na direção de Ravi, que continuava desacordado. Drago marcava seus batimentos, escutando seu coração e apertando seu pulso. Meu coração começou a bater mais forte.

- Ele não tem pulso. - Drago anunciou, se posicionando para fazer uma massagem cardíaca. As marcas de unhas da sereia ainda estavam, sangrentas, em seus braços musculosos.

Entrei em pânico, sentindo todo o sangue de meu corpo descer para o meu dedão do pé. Aposto que estava quase tão branca quanto a camiseta de Ravi. Não...ele não podia morrer. Estava paralisada, sem reação. Ele não podia morrer. Por favor...

- Deixe que eu cuido disso. - Jop se meteu, empurrando Drago, que encarou-o, frustrado.

- Jop? - chamei-o, ainda em pânico. - Por favor...

Ele entendeu, sorrindo de canto antes de posicionar suas mãos no peito de Ravi e fechar os olhos. Ele ia usar magia. Aquilo era uma vantagem.

Mas...o quanto de magia seria necessário para aquilo? Não fazia ideia, mas não me importava. Ravi só precisava acordar. Ele não podia me deixar daquela forma. Ele não podia morrer.

- Acalme-se. - Drago pediu, chegando do meu lado subitamente, acariciando minhas costas. Percebi que estava ofegante. - Vai ficar tudo bem. Ravi é durão.

Assenti com a cabeça, engolindo a seco. Queria muito acreditar maquilo, mas nunca havia sido mais cética que naquele momento.

Jop sussurrou algumas coisas enquanto mantinha seus olhos fechados, encarei sua movimentação, me segurando para não roer minhas unhas. Voltava meu olhar a cada instante para o rosto sereno de Ravi, que continuava estático. Pálido. 

- Uau! - Drago exclamou, chamando a minha atenção. Percebi então que esse "uau" dele era por causa da luz vermelha que havia surgido no peito de Ravi, saindo das mãos compridas de Jop. Os sussurros tinham ficado mais firmes, mais rápidos. Percebi que um filete de sangue escorria pelo seu nariz.

Engoli a seco.

Cada segundo parecia uma eternidade.

Drago apertou minha mão, fazendo com que eu sentisse uma vontade imensa de deitar e chorar.

Se Ravi morresse eu não sabia o que faria. Ou melhor, eu sabia. Eu continuaria, contudo, sem mais um pedaço de mim.

Jop abriu os olhos subitamente.

Arregalei os meus, ansiosa.

- Não funcionou? - perguntei imediatamente, paralisada. Jop limpou o sangue que saia de seu nariz, sem me responder. Mas minha resposta veio de um jeito muito mais conveniente.

Ravi abriu os olhos subitamente, tossindo e vomitando uma quantidade significativa de água. Drago correu para ajudá-lo, levantando seu pescoço um pouco e virando-o para o lado.

Respirei fundo. Sentindo uma onda de alívio invadir meu peito. Senti vontade de chorar.

Ravi respirou de forma pesada, encarando a todos nós depois de cuspir toda aquela água, assustado.

Kioto estava sentado ao lado dele. Deus. Eu nem o tinha visto ali antes!

- O que aconteceu? - perguntou, em um sussurro que pareceu ser bem difícil de ser feito. Não me aguentei de alívio, engatinhando rapidamente em sua direção, abraçando-o logo em seguida.

Enrolei meus braços em seu pescoço, sem pensar duas vezes. Respirei fundo, sentindo meus batimentos quase cortarem meu peito. Eu estava com tanto medo de perdê-lo...

Ravi pareceu receoso no começo, mas logo senti sua mão em minhas costas.

- Você está bem? - sussurrou em meu ouvido. - Seu coração está batendo muito forte. - completou, o que me fez respirar fundo. Me desvencilhei de seus braços, me sentando ao seu lado, encarando-o. Ele parecia perdido.

Ele parecia...lindo. Como sempre. E vivo. Graças a Deus, vivo!

Olhei para seus lábios. Estes estavam bem avermelhados. Aquilo me causou raiva, mais uma vez, subitamente. Não consegui me segurar. Mesmo sendo uma raiva patética.

Levantei minha mão, mirando no rosto de Ravi, dando um tapa certeiro em sua cara.

Ele pareceu chocado, assim que recobrou a posição normal e levou as mãos a bochecha. Não me abalei.

- Isso é por você ter beijado uma sereia! - anunciei, revoltada, enquanto limpava minhas mãos em meu vestido ensopado.

Ravi me encarou sem reação, juntando as sobrancelhas.

Escutei Drago gargalhar.

- Você beijou uma sereia? - perguntou. Me fazendo querer bater na sua cara também. - Me ensina a ser assim, príncipe.

Bufei alto, o que fez Ravi sorrir de canto.

- Eu beijei uma sereia? - perguntou, visivelmente confuso. - Mas como...

- Não quero interromper esse momento. - Jop se meteu, parecendo completamente recuperado de sua magia. - Mas precisamos ir. Antes que mais sereias nos ataquem. - apontou, completo de razão.

- Vamos. - disse. - Por favor. - respirei fundo, me sentindo acabada, mas ciente de que precisávamos continuar, e sair dali o mais breve possível.

Me levantei então, rapidamente, limpando minha garganta logo em seguida.

Me virei a tempo de ver Drago ajudando Ravi a se levantar e carregando-o alguns passos nos ombros.

Cruzei os braços, encarando a movimentação de Kioto, que passou por mim, caminhando devagar na minha frente, se virando de pouco em pouco para encarar Ravi.

Fiz o mesmo, tendo que lidar com aquele sorriso vitorioso em seu rosto. Drago não mais o carregava, apenas o ajudava a andar.

Eu não devia ter batido na cara de Ravi por causa da sereia. Foi uma atitude imbecil, mas eu não me arrependia. Aquilo de certa forma foi minha única reação no momento. Precisava livrar aquilo de mim. Estava cansada de manter tudo dentro.

Por exemplo, estava segurando a vontade de perguntar como Jop havia segurado Drago, e porque nenhum dos dois havia me ajudado no lago. Também queria muito perguntar o motivo de Jop não ser tentado pelas sereias.

Mas...não era momento para perguntar aquilo. Era preciso primeiro sair daquele lugar amaldiçoado. E só depois voltar a respirar.

- Hayley Maria? - escutei Drago me chamar, me virei então, para encara-lo. Percebi que ele sorria. - Acho que entendi porque esse bosque de chama Bosque dos Pesadelos.

Sorri.

Sim. Eu também entendia agora.

E me dispunha a nunca mais rir da cara das sereias.

***

Hellow amores, tudo bem?

O que acharam do capitulo? Grande, nao?

Espero que tenham gostado.

Deu bastante trabalho escrever a lutinha com as sereias, espero que não tenha ficado confusa, nem cansativa.

Peço desculpas pela correria na hora de reler e revisar o capitulo, já me adiantando nas desculpas por qualquer errinho.

Bom, é isso meus amores. Escrevi muito ness capítulo, e agora só quero ler vocês. Quero ouvir a opinião de vocês sobre os acontecimentos do capítulo e os rumos da história.

Peço que não se esqueçam de clicar na estrelinha aqui embaixo 🌟 caso tenham curtido o capítulo e de comentar o que vier na telha.

Amo vocês.

Até o próximo capítulo.
Big beijo, Bely ❤️

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## perguntinha bônus:

36) Quem matou as sereias?

Sem opções! Level hard porque eu sei que vocês vão acertar. Hehe.

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• Capítulo postado no dia 15/05/16.
Todos os direitos reservados.

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