- O que? - estava paralisada, com minha respiração pesada, não sabia o que pensar. Não fiz nada por um tempo, então Ravi tomou as rédeas da situação.

- Faz quanto tempo? - perguntou, se posicionando na minha frente e encarando Drago, que ainda estava curvado, se apoiando na árvore e encarando nós dois, com a expressão mais triste e destruída que já tinha visto em seu rosto.

Drago não respondeu por um tempo apenas suspirou, se virando para a árvore e ficando praticamente paralisado, só o que podia se escutar era o som que sua pesada respiração fazia. Me peguei então, mais preocupada com Drago do que com Bela.

- Drago...você está bem? - perguntei, da forma mais calma possível, e recebi sim uma resposta, mas não a que esperava.

Sem aviso prévio, logo após minha pergunta, Drago se levantou de forma bruta e arremessou seu arco na árvore, com a maior quantidade de força que conseguiu acumular em um braço naquela fração de segundo. O objeto voou por pouco tempo, até que atingiu com tudo o tronco da árvore, se despedaçando como um copo de vidro.

- Eu deveria te-la protegido! - gritou logo em seguida, descontrolado, chutando os pedaços de seu arco no chão.

- Drago... - chamei-o, tentando acalma-lo, mas Ravi me impediu de chegar perto, segurando meu pulso.

- Drago, fica frio. - começou Ravi, me colocando atrás de si e segurando o ombro de Drago, que se esquivou.

- Ela é só uma criança... - ignorou minha tentativa e a de Ravi de colocar um pouco de calma em sua cabeça e continuou, descontrolado. - Aqueles malditos vão matá-la! - gritou, chutando a árvore com força.

- Drago, está tudo bem... - comecei, e ele se virou rapidamente para mim, com uma expressão vazia, de ódio.

- Não Hayley, não está! - gritou comigo, caminhando em minha direção. - Você não entende a gravidade da situação? Eles vão matá-la Hayley! Vão matar uma criança! - gritou, me encarando com raiva. Senti então medo, medo do que ele poderia fazer, Ravi pareceu perceber a mesma expressão intimidadora nos olhos dele pois sem que eu percebesse, ele me colocou atrás de seu braço, empurrando um pouco Drago para trás logo em seguida, e agarrando seu ombro com sua mão.

- Escuta, cara, eu entendo que você está irado com essa situação, e não te culpo, mas você não pode descontar isso em cima dela. - Ravi começou e eu tentei impedi-lo de continuar, chamando-o de forma repressiva, mas ele me ignorou, continuando logo em seguida. - Fica frio, Drago. - disse por fim, dando um empurrão de leve no ombro de Drago, fazendo-o cambalear um pouco.

Encontrei o olhar de Drago por cima dos ombros de Ravi e pude enxergar uma lágrima se formar em seus olhos.

- Me desculpa...eu... - se virou de costas para nós e encostou a testa no tronco da árvore, sabia que estava escondendo suas lágrimas, e aquilo fez meu coração se partir. - Eu deveria ter cuidado dela... - começou, apoiando o peso de seu corpo em um braço, no tronco

- Eu também devia. - comecei. - Todos nós devíamos. - apontei para Ravi e o mesmo concordou com a cabeça. - Não coloque a culpa em você, Drago, porque não é. - disse por fim, esperando alguma resposta por parte de Drago, o que não aconteceu.

Um silêncio corrosivo se instaurou durante um tempo maior do que o aceitável, então, comecei a me preocupar.

- Drago... - chamei-o, ressentida, e recebi um olhar coerente em resposta. Mais do que instantaneamente, ele se virou, com o olho um pouco marejado, e respirou fundo, limpando o sangue que escorria pela sua testa com a palma da mão, sem delicadeza alguma, em seguida resmungou alguma coisa.

- Você está legal? - Ravi perguntou, encarando compenetrado aquele corte na testa de Drago, que agora parecia ser realmente preocupante, pois mais sangue escorria.

- Vamos para Aggy. - disse, firme, sem nos encarar. - Temos que continuar o que começamos, com ou sem ela. - não acreditei que aquelas palavras saíram de sua boca.

- Drago...nós podemos encontrar respostas em Aggy. - Ravi começou, mas foi interrompido rispidamente.

- Você não é tolo, Ravi, os duendes só vão nos proporcionar um pedido. E nós sabemos o que pedir. - se colocou completamente ereto de uma vez só. mais um filete de sangue escorreu de seu corte.

- Vamos pedir que encontrem Bela. - disse, ainda encarando o sangue escorrer de seu machucado, sentindo um arrepio quando o mesmo pingou em sua camiseta. Drago pareceu não ligar, ou ao menos perceber.

- Não seja tonta, Hayley. - me respondeu, de forma grosseira. - Fizemos o possível. Bela está morta. Sua sentença de morte foi acionada no momento em que aquele primeiro bruxo roxo surgiu nessa árvore maldita. - fez uma pausa, encarando-nos e puxando a camiseta para limpar o sangue que escorria pela sua bochecha, manchando sua camiseta de vermelho. - Vamos pedir que encontrem o rubi, para você ter a sua família de volta. - apontou para mim. - E você ter a sua pequena vingança. - apontou dessa vez para Ravi. Encarei o mesmo, preocupada, e recebi o mesmo olhar de volta. Drago não estava bem, não estava nada bem.

Não sabia como responder aquilo, por um lado eu queria encontrar o rubi, para ter minha família de volta, mas se isso custasse ter que sacrificar uma criança inocente, não tinha certeza de que isso era o certo...além do mais, eu podia ir a Matri, aonde Amélia...comecei a pensar mas não terminei, interrompendo a mim mesma com um choque de realidade. Eu posso perguntar a Amélia. Ela é um bruxa, ela pode saber.

- Você é um bruxo, Drago. Ache-a. - escutei Ravi dizer, percebendo assim, que até então mais um silêncio tinha se instaurado.

- Não é assim tão simples, Ravi. Não é ao mínimo simples. Eu nunca usei a magia de forma a aprender a usá-la, não consigo fazer isso. - respondeu, sem paciência, e logo em seguida caminhou em nossa direção, passando no meio de nós dois e parando bem próximo de Ravi, soltando uma última fala. - Não há nada que possamos fazer. Simplesmente esqueça, Ravi. Me faça esse favor. - não disse mais nada, apenas caminhou para longe de nós dois.

Havia sim uma coisa que podíamos fazer. Havia Amélia.

- Espera! - gritei. - Eu posso... - gaguejei. - ...esperem um pouco. - Drago parou com uma expressão de tédio, limpando mais uma vez o sangue de sua testa, me deixando preocupada com a quantidade que ainda escorria. O corte parecia profundo, mas se ele não reclamava de sentir alguma coisa, devia estar tudo bem, ou quase isso. De qualquer forma, precisava me preocupar com outras mil coisas, e resolver uma de cada vez. Estava na hora de me concentrar em Bela.

Amélia? - sussurrei pra mim mesma, tentando chama-la igual fiz das outras vezes, me virando de costas para os dois, porque apesar de tudo, não queria que eles me achassem louca por estas conversando com alguém telepaticamente.

Esperei ansiosamente uma resposta. Ela não podia me deixar na mão agora.

- Hayley? Temos que ir. - foi Ravi que me chamou, com a voz embargada de sentimentos, podia perceber que aquela situação toda o estava afetando.

- Só um minuto. - pedi, nervosa, e logo em seguida fechei meus olhos, tentando de alguma forma desesperada contatar Amélia, mais uma vez.

Por favor, você pode me ouvir?

Perguntei, esperando mais um longo tempo por uma resposta, que não veio. Tremi involuntariamente. Amélia não podia ter me abandonado logo agora. Será que perdemos nossa comunicação depois daquele incidente? Não...por favor, não agora...

Amélia, me responde.

Pedi mais uma vez, entrando em pânico. Precisava dela. Era a minha última esperança.

Amélia.

Entrei em pânico, não percebendo que estava caminhando sem rumo, na direção da floresta.

- Hayley! - escutei chamarem por mim. - O que você está fazendo? - era Ravi.

- Eu só... - tentei encontrar as palavras certas. Eu tinha que me contactar com Amélia. Algo estava errado. Sentia um vazio na minha cabeça, ela não estava mais ali. Não! Ela não podia me abandonar agora. - Me dê um maldito de um minuto. - pedi, parando de caminhar e levei as mãos à cabeça.

Preciso da sua ajuda, droga! Faça alguma coisa e me ajude! Apenas uma vez, seja útil!

Gritei, ou fiz algo parecido com isso, dentro de minha própria cabeça, e não tive resposta, como era o esperado.

Ela tinha ido embora.

- Hayley...temos que ir. - Ravi disse, caminhando até mim e colocando uma mão no meu ombro. - A dor voltou? - perguntou, se referindo a minha cabeça. Estava atordoada demais para responder, então não o fiz. Apenas negando com a cabeça e encarando o chão.

Amélia tinha me abandonado. Não podia mais me comunicar com ela.

Ravi disse mais uma coisa, que eu não ouvi. Ainda estava encarando o chão abaixo de nós, respirando fundo e tentando organizar os meus pensamentos. Todas as mentiras, todas aquelas coisa...tudo...

Escutei Ravi dar um grito, pedindo por ajuda, então levantei minha cabeça, como quem desperta de um sono profundo, e dei de cara com o motivo daquele pânico implícito em sua voz.

Drago estava no chão, caído com o rosto para baixo, e Ravi o virava para cima, colocando sua cabeça em cima de sua coxa. Percebi então que Drago ainda estava acordado, ou quase isso. Seus olhos estavam abertos, e ele resmungava alguma coisa bem baixo. O sangue de seu machucado tinha manchado todo o seu rosto e parte da grama. Estava escuro, mas tudo era muito visível aos meus olhos.

Não percebi que tinha corrido até eles, quando me dei por mim, estava ajudando Ravi a colocá-lo deitado de um jeito confortável. Ele resmungava algumas coisas, com o olhar baixo, às vezes piscava por mais tempo que devia. Eu estava em pânico. Havia muito sangue. Levei minha mão até sua testa e percebi que o corte era sim muito profundo, mas todo aquele sangue não estava vindo dali, e sim de um outro machucado, bem abaixo de sua cabeça, perto de sua nuca. Era um outro corte? Entrei em pânico ao constatar que havia um corte ainda mais profundo bem ali.

- Ravi! Tem um corte aqui... - gaguejei, apavorada. Não sabia o que fazer, Drago fechou os olhos por um tempo e eu comecei a gritar. - Fique comigo, Drago! - ordenei, sentindo um medo terrível de que ele morresse. Ravi tinha tirado a camisa e começou a amarra-lá em volta da testa de Drago, ignorando o que eu tinha acabado de lhe dizer. Ele parecia não ter me escutado.

- Ravi! O corte aqui embaixo, está sangrando! - gritei, encarando-o com lágrimas nos olhos. Ele me ignorou mais uma vez. - Ravi! - chamei-o, sem resposta, ele estava ocupado demais amarrando bem firme sua camiseta no corte da testa de Drago. - Não Ravi, o outro corte o... - estava gritando de forma desesperada, quando senti a mão de Drago agarrar a minha, que estava pousada em seu peito. Voltei então, meu olhar para o seu, e pude ver sua boca se mexer em uma frase silenciosa, que fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.

- Atrás de você. - foi o que ele disse, em um sussurro abafado, antes de fechar os olhos.

Me desesperei, olhando para trás logo em seguida, dando de cara com um homem alto, vestindo uma roupa preta repleta de fiapos. O homem ostentava um sorriso que me causou arrepios.

- Olá, Hayley. - foi só o que ele disse, antes de me puxar pelo cabelo, fazendo-me ficar sobre meus pés sem permissão. - Fico feliz que finalmente tenhamos tido a chance de nos encontrar. - sorria de forma macabra, fazendo-me entrar em pânico. Comecei a me debater, mas foi inútil, suas mãos pesadas puxavam meu cabelo para trás, fazendo com que cada tentativa de fuga deixasse minha cabeça a ponto de ser arrancada fora.

- Quem é você? - consegui perguntar, com o resto das lágrimas nos olhos. Minha respiração estava ofegante.

- Você vem comigo, querida. No caminho prometo que conversamos. - sua voz se assemelhava muito com a de Jop.

E, de certa forma, minha pergunta já tinha uma resposta. Sabia bem quem era aquele homem.

***

Fim de capítulo!

Oi amorecos, como estão?

Ufa! Finalmente consegui postar kkkk. Avisei vocês que ia atrasar bastante no capítulo (que já apaguei) de nota de autora, né? Kkkk. Bom, eu realmente demorei, mas voltei! E gente, já aviso que a partir de agora teremos uma mudança na história, porém, não posso contar! Tem que ser surpresa! Hehe.

Esse capítulo foi mais curto, porém, pouca coisa tinha que acontecer mesmo, pra dar início a essa "segunda parte" da história, que vai ser bem mais legal! Ao menos eu espero kkk.

Quero agradecer a todos vocês que ainda dão uma chance a Scaban e continuam me acompanhando mesmo com todo esse atraso e esses capítulos curtos e mal feitos. Vocês são os melhores, mesmo.

Sejam muito bem vindos os novos leitores, e os meus velhinhos obrigada por tudo ❤️. Kkkkk

Caso tenha gostado do capítulo, não se esqueça de clicar na estrelinha ⭐️ e comentar o que achou!

Então é isso gente, a gente conversa mais no próximo capítulo, que pretendo não atrasar pra postar haha.

Um big beijo em todos e até o próximo capítulo, Bely.

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# perguntinha bônus:

13) O que vocês estão mais ansiosos para descobrir da história toda?

(Hoje eu resolvi fazer algo diferente, apenas para ver o que vocês mais estão curtindo e quem sabe, trabalhar mais nesse lado ;))

PS: Vai lá conferir o segundo livro que estou postando! NOVARIS!! UHUL!

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• Capitulo postado no dia 04/10/15.
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