Bônus: #ScabanTododia - 01.
Boa tardeeee amorecos!
Pra estrear o #ScabanTodoDia da #SemanaScaban vamos começar com POVS do Ravi?
Lembra que eu tava devendo desde aquele capítulo bônus de natal um ponto de vista da briga deles?
Tcharaaammmm! Finalmente está aqui! Junto com alguns outros mais pedacinhos no ponto de vista dele!
Espero que curtam!
Boa leitura ❤️
***
Pra se situar:
• 01: Eu amava uma Hayley irreal. •••• Capítulo 24: Passar bem, príncipe.
• 02: E eu que julgava os pervertidos... •••• Capítulo 30: Deu tudo muito errado.
• 03: Você me socou! •••• Capítulo 32: Você soca como uma moça, Hayley.
• 04: Acho que era tudo sintoma de um infarto. •••• Capítulo 33: Em Scaban as coisas são ácidas. Parte II.
***
01: Eu amava uma Hayley irreal.
Não conseguia mais segurar minha raiva. Minha frustração. Tudo. Tudo estava emaranhado. Embolado. Era tudo um nó. Minha cabeça. Meus sentimentos. Minhas ações. Eu apenas nao entendia. Não entendia porque ela tinha mentido. Não entendia porque aquilo acabava comigo.
Minha família tinha morrido por nada? Pra distrair eles? Diabos! Eu não sabia nem o que isso significava!
- Ravi, espera... - escutei-a pedir. Seus passos firmes e ao mesmo tempo delicados me deixaram com mais raiva ainda. Continuei a caminhar, o mais rápido possível. Não queria ouvi-la. Não queria nada dela. Não agora. Eu precisava pensar.
Precisava que ela me deixasse pensar!
Tentei me manter focado no meu caminho, mas assim que percebi, ela havia se metido na minha frente, buscando meu olhar de forma desesperada.
Não tinha outra alternativa senão encara-la de volta.
- Eu posso te explicar, tudo. - começou a dizer, ofegante.
Respirei fundo, controlando a vontade de passar por cima dela e sair dali.
- Me explicar como você mentiu para mim? - perguntei, tentando não ser grosso. Eu não queria ser grosso. Eu só queria pensar! Eu queria ficar sozinho! Diabos!
- Te explicar como foi que aconteceu. - sua voz doce me fez engolir a seco. Por que ela tinha mentido?
- Eu não quero ouvir mais nenhuma palavra que saia da sua boca. - fui sincero. Eu não queria. Eu não queria mais vê-la. Não naquele momento.
- Ravi...
- Eu estou falando sério, Hayley. - cortei-a, fechando os olhos. - Saia da minha frente antes que eu faça alguma besteira.
Tentei desviar de seu corpo frágil e pequeno, com medo de fazer algo que me arrependesse depois. Mas a maldita teimosa não me deixou passar.
- Eu não tinha certeza. - disse, me encarando de forma desesperada. - Como eu saberia se era verdade ou não?
Encarei-a com raiva.
Quantas coisas ela havia escondido de mim? Não podia ser só essa. Não acreditava em mais nada que saia da sua boca!
- Não cabe a você julgar nada. Estamos falando da minha família. Você tinha que ter me contado! - gritei, sentindo um bolo em minha garganta. Tudo que eu mais queria era não ter que saber disso tudo dessa forma.
- Eu queria, mas não podia te contar algo dessa magnitude se fosse uma mentira! - o mundo parecia me sufocar. Queria sair dali. Fugir dali. Tinha medo de machucar Hayley de alguma forma. Tinha medo de me machucar mais.
Levei minhas mãos a cabeça, procurando algo para dizer, tentando pensar.
Imagens da minha família tomaram conta de meus pensamentos. Tive que me segurar então para não socar meu próprio cérebro por me fazer lembrar disso.
- Chega, Hayley! - gritei.
Eu não aguentava mais te-la ali. Ela tinha mentido para mim. Não confiava mais nela. Não tinha motivos para não confiar no princípio. Mas agora eu tinha.
- Você vai dar isso pra eles? - gritou, apontando no meu rosto. Respirei fundo. Sua voz estava embargada em emoções que eu não sabia decifrar. - Você vai acreditar no que ele diz?
- Ele está mentindo? - perguntei, provocando.
- Está! - mentirosa!
- E você não?
- Eu não estou mentindo mais, Ravi, eu juro. - eu queria muito acreditar naquilo. Queria mesmo. Mas todas as fibras do meu corpo me desviavam desse caminho.
- Você jura? - gargalhei, ironicamente. Não conseguia mais controlar o que dizia. - Você é inacreditável, mesmo.
- Para com isso! - ela gritou, desesperada. - Ele está mentindo! Eu não entreguei o rubi para ele.
- Não estou nem aí pro rubi, Hayley! Nem se ele está mentindo, você já fez isso, demais. - gritei de volta, tentando controlar minha respiração, que estava desregrada.
- Ele é um mentiroso. - disse. Percebi então, que seus olhos estavam marejados, mas de certa forma, não liguei.
- E você uma hipócrita. - acusei, o que a fez finalmente liberar as lágrimas que lhe ameaçava há tempo.
- Ravi...você precisa acreditar em mim.
Eu quero, Hayley! Eu quero acreditar em você! Senti vontade de gritar exatamente isso. Senti vontade de correr. De perdoa-la. Mas eu não conseguia. Eu não conseguia esquecer que ela tinha mentido para mim sobre a minha família.
A minha família e a morte deles.
Aquilo era mais do que eu podia perdoar.
- Mais uma vez? Pra que? Pra você mentir para mim de novo? Eu não preciso e não consigo mais acreditar em você, Hayley. - ela abaixou o olhar.
Engoli a seco.
Hayley fora a única pessoa que eu havia confiado cegamente minha vida inteira. E eu fiz isso pra que? Pra acabar magoado no final.
Ela não era o que eu pensava que era.
Ela havia me traído.
Derrubado a força todo o muro de confiança que eu lutei muito para construir.
E eu não achava que poderia construí-lo novamente.
- Eu sinto muito. - Hayley disse, quase em um sussurro.
Não consegui me sensibilizar.
- Ah, sente? Eu não estou nem aí pra como você se sente Hayley. - a dor em seu olhar era perceptível.
- Ravi...eu nunca quis que chegasse a isso, eu tive motivos para esconder isso de você.
- E quais motivos foram esses? - perguntei, sem paciência.
- Não queria te machucar.
Pois você fez exatamente isso. Pensei, mas não disse. Não diria algo assim para ela. Não queria dar a ela o gostinho de ter acabado comigo.
- Sempre isso, não é mesmo? Sempre você mente para não me machucar. Eu não sou um maldito de um boneco de porcelana, Hayley. - eu era um maldito de um boneco de porcelana ao julgar o quanto aquilo tinha me abalado. - Nós éramos parceiros, eu me abri pra você, contei tudo sobre a minha família, larguei tudo para te seguir. Eu acreditei em você, depositei tudo em você, e você me devolve com isso? Quantas outras coisas eu terei que descobrir da boca de outros? Eu não aguento viver assim Hayley, eu dei tudo para você, e você não me deu o mínimo de confiança. - disse tudo de uma vez, jogando para fora parte de como eu me sentia. Queria que ela entendesse o que tinha feito. Queria que entendesse o porque eu não poderia perdoa-la.
- Você tem razão... - começou, fungando. Seus olhos estavam vermelhos, assim como seu nariz. Mas nada daquilo me causava qualquer sentimento. Eu estava anestesiado. Não conseguia sentir, nem pensar em nada. Tudo doía. Mas ao mesmo tempo, eu não sentia nada. - Mas por favor, me dá uma segunda chance. - pediu por fim.
Não consegui ser gentil.
- Eu não quero te dar uma segunda chance. Não quero mais ter que olhar na sua cara, Hayley.
Desviei de seu corpo esguio caminhando rapidamente.
- Você vai me deixar sozinha? - escutei-a perguntar. Parecia a voz de um anjo.
Ela é um anjo.
Ao menos era.
Ou ao menos eu achava que era.
Não sabia mais o que pensar. Nem o que sentir.
Eu não queria deixá-la para sempre. Mas sabia que não conseguiria mais ficar ao seu lado.
De todo jeito, ela não ficaria sozinha. Drago cuidaria dela.
E eu esperava que ele cuidasse bem.
Mesmo depois de tudo. Mesmo depois de suas mentiras. Eu não acreditava que ela merecesse sofrer mais.
Se é que ela já tinha sofrido.
Como saberia se ela tinha realmente passado por tudo aquilo?
Não tinha motivos para acreditar nela. Não tinha motivos para ficar ali.
- Você tem a Drago, ao menos terá, até que ele descubra algum segredo seu. - disse, firme. Sem me dar o trabalho de virar.
- Você sabe que eles não têm o rubi, não sabe? - perguntou.
Eu não sabia de nada. E não me importava com o rubi.
- Não sei de mais nada, e com certeza não acredito em nenhuma palavra que sai da sua boca. - completei, caminhando a passos rápidos.
- Você prometeu que não ia deixar ninguém me tirar de você de novo. - sua acusação me fez parar.
Senti algo estranho tomar conta de mim.
Queria me virar.
Queria contrariar tudo e apenas desistir de sair dali.
Mas eu não consegui. Meu orgulho era maior do que tudo naquele momento.
Eu não queria perder Hayley. Mas eu não sabia mais se ela existia.
- Parece que nós dois adoramos mentir para nós, não é mesmo? - disse, sem me virar.
- Então foi mentira? - perguntou, firme. Engoli a seco.
- Não foi. - respondi rapidamente, sendo sincero. - Mas eu prometi isso a Hayley que eu idealizei. A Hayley honesta. Estava enganado. Você é o contrário da Hayley que eu... -
Me impedi de continuar. Completando a frase apenas mentalmente.
...que eu amei. Que eu amo.
Diabos. Eu amava Hayley.
Mas agora, esse sentimento se resumia a algo distante. Meu orgulho esmagou tudo. Triturou qualquer remorso. Me fez manter a pose dura. Não me deixou acabar com aquilo naquele instante.
- Que você?
Eu olhava para aquela mulher linda até mesmo em meio às lágrimas e não conseguia enxergar a Hayley que eu amava. Mas ela estava bem ali! Ela sempre esteve. Mas eu não via. Eu nunca veria. Eu era cego. Idiota. Orgulhoso.
Covarde.
- Passar bem, Hayley. - fui firme, dilacerando tudo que me mantinha ali.
Eu não queria mais ficar naquele momento. E esse seria o meu maior arrependimento.
- Se você for embora, nunca mais me procure de novo. - disse, e aquilo, naquele momento, apenas alimentou mais o meu orgulho.
- Nem precisa se preocupar com isso.
- Passar bem, príncipe. - ela disse, por fim, se afastando de vez.
Me deixando sozinho com o meu orgulho.
***
02: E eu que julgava os pervertidos...
(...)
- Posso? - apontei, tentando não pensar em como Hayley queria discutir agora sobre coisas que não precisavam ser discutidas. Não agora. Droga.
Eu só queria que aquele sangramento parasse.
Não conseguia imaginar a dor que ela sentia.
E para que aquele maldito sangramento parasse, tínhamos que olhar o machucado. Não a cara um do outro.
- Aonde eu quero chegar então, Ravi? - provocou, inclinando seu corpo pra frente e me encarando daquela forma irônica que ela adorava.
Resolvi ignorar.
Não era hora de me estressar com ela.
Ter que pedir pra ela levantar o seu vestido já era constrangedor demais. Não sabia como ela ia reagir.
Aquilo era estressante.
Me sentia um pervertido idiota.
Diabos. Odiava isso.
- Você pode por favor levantar seu vestido pra dar pra enxergar o estrago? - pedi, tentando não soar irritado.
Acho que não deu certo, pois Hayley pareceu refletir antes de responder.
- Claro. - disse finalmente, me fazendo respirar fundo, aliviado.
Era melhor ela levantar o vestido que eu.
Se bem que...
Não!
Repreendi meus pensamentos.
Aquilo era errado. Muito errado. Céus. Eu não podia ter pensado nisso...
- Não sei se quero ver isso.
Hayley disse, do nada, parecendo não saber como reagir.
Engoli a seco.
Isso o que? Eu?
Será que eu estava com a cara de um pervertido? Ela não tinha lido meus pensamentos, tinha? Será que bruxos podem fazer isso?
Limpei a garganta, constrangido. Tinha sido pego no flagra?
Do que eu estava com medo afinal? Não tinha feito nada de errado...
- Você quer que eu feche os olhos? - perguntei, fazendo uma pausa. Hayley juntos as sobrancelhas. Ela estava confusa? - Prometo que não vou encarar sua perna... - resolvi completar rapidamente, explicando para ela, completamente constrangido.
Mas aquilo era uma mentira. Eu encararia a perna dela.
Diabos. Agora eu era o mentiroso!
- Não...não é por isso... - disse, rapidamente, parecendo nervosa. - ...é só que...deve estar bem feio.
Um peso pareceu ter saído de minhas costas.
Ela não tinha lido meus pensamentos.
- Ah...quer que eu...
Fiz uma pausa.
Aquilo era inapropriado.
Oh céus, eu não estava sendo tão inocente assim. Eu estava sim pensando em coisas não inocentes.
Hayley não merecia esse tipo de tratamento.
- Não, Ravi, pode deixar.
Dito isso, ela levou as mãos até a ponta da saia e começou a puxa-la de forma lenta.
Estava nervosa.
Será que era realmente por minha causa?
Era melhor não colaborar com seu nervosismo. Hayley era uma dama. Eu não podia ficar encarando-a levantar o vestido, daquela forma...bem devagar...bem...bem...
Pare, Ravi! Me repreendi, me ajeitando na cadeira, que estava bem desconfortável.
Diabos. Você não é um adolescente!
Voltei meu olhar para minha própria perna. Desapontado comigo mesmo.
Eu queria encarar as pernas de Hayley. Logo eu que julguei tanto os pervertidos...
- Será que precisa de pontos? - perguntou, subitamente, chamando a minha atenção.
Voltei meu olhar para o seu rosto, tentando evitar encarar sua perna.
- Bom... - limpei a garganta antes de continuar. - ...deixe-me ver...
Não tive outra escolha senão encarar o machucado dela.
Mas juro que encarei apenas o machucado.
O que não foi tão agradável.
Estava pior do que eu pensava. Gosmento, repleto de sangue seco e partes meio pretas.
- Pontos? - perguntou, chamando a minha atenção. Não desviei o olhar daquele buraco estranho, apenas assentido com a cabeça.
- Com certeza. - voltei o olhar para o dela, agora mais relaxado, depois de todo aquele sangue, os pensamentos sobre as pernas da Hayley não eram mais tão agradáveis. - Não sei dar pontos. - conclui por fim, desapontado comigo mesmo.
O que eu sabia fazer?
- É óbvio que não sabe. - se remexeu, soltando sons doloridos.
Por que ela não ficava parada?
Ouvir aqueles sons saindo de sua boca me causavam calafrios. Era terrível vê-la sentir dor. Doía em mim junto.
- Fique quieta. - ordenei, segurando seu joelho, tentando a manter no lugar.
- Eu posso dar os pontos. - soltou, encarando o machucado.
Ela estava louca ou o que?
- O que? Em você mesma? - perguntei, perplexo.
- Não, Ravi, vou costurar você.
Debochada!
Revirei os olhos.
- Você sabe fazer isso? - resolvi perguntar apenas isso, segurando a vontade de revidar a grosseria.
Hayley era impossível quando queria. Mas eu adorava isso.
(...)
***
03: Você me socou!
- Ela pode... - fez uma pausa, limpando a garganta. Por que ela havia limpado a garganta? Juntei as sobrancelhas. - ...ela pode estar escondida. - completou finalmente, puxando seu pulso, desvencilhando-o de meus dedos.
Encarei-a sem entender muito de início, mas depois foi fácil juntar as peças.
- Você ainda está com raiva de mim, é isso? - perguntei, irritado com a forma que ela vinha se esquivando de mim desde o começo . - Você ficou brava porque eu defendi Jop? Você nunca me desculpou?
- Não, Ravi... - tentou argumentar, mas eu a cortei.
- Por que você anda me evitando a viagem toda? Se você estiver com raiva de mim pode dizer...eu sei que eu mereço. Fiz muitas besteiras. Eu te deixei sozinha com Drago. Eu fui embora mas...eu tive meus motivos, Hay. Me desculpa. Mesmo. - fiz uma pausa, a encarando. Ela não tinha expressão alguma no rosto. - Eu acho que a gente precisa ter uma conversa sobre isso. - conclui por fim, encarando-a. Ela não respondeu. Parecia nem me ouvir. - Hayley, você está prestando atenção no que eu estou falando? - perguntei, não recebendo resposta alguma. Ela estava voando! Me ignorando! Nossa. Estava mesmo com tanta raiva de mim? Sabia uma forma de diminuir isso. - Me dá um soco. - disse, o que a fez finalmente prestar atenção.
Parecia ter acordado de uma transe. Fazendo uma careta e arregalando os olhos.
- O que? - exclamou, confusa.
- Me bata. Eu mereço. Assim você deve se sentir melhor. - com certeza isso funcionaria. - Sempre funciona comigo.
- O que? - soltou, incrédula. - Ravi, eu não quero socar a sua cara!
- Está tudo certo... - comecei. Não estava com medo de seu soco. Nunca a tinha visto bater em alguém. Talvez ela nem precise me socar para se acalmar na verdade. - ...nem vai doer...
- Como é? - perguntou, parecendo ofendida.
- Não vai doer...você não tem cara de ser muito de luta corpo a corpo e mesmo assim, eu não ligo se doer você só...
Minhas palavras foram interrompidas, se perdendo no ar quando um baque tomou conta de meu crânio. Ecoando em meus ouvidos.
Logo em seguida, uma dor cortante em baixo dos meus olhos tomou conta de meus sentidos.
Não entendi o que tinha acontecido de primeira, mas assim que recobrei a consciência e me pegue cobrindo meus olhos com a mão, percebi que havia sido socado.
E...aí! Doía muito!
- Meu Deus! Isso é um rosto ou uma parede? - Hayley perguntou, dando uns saltinhos e acariciando os ossos da mão.
Arregalei os olhos.
- Você me socou! - acusei-a, retirando minha mão de minha bochecha e sentindo algum líquido escorrer pela minha bochecha que agora formigava.
- Você que pediu!
- Eu não achei que você ia... - toquei novamente, por instinto no local machucado, sentindo uma ardência.
Perdi o final da frase para um resmungo dolorido.
- Doeu então, Ravi? - provocou, me fazendo querer soca-la!
Havia doido. Muito.
Ela tinha mãos de ferro ou o que?
Diabos. Que maldita hora que eu resolvi provoca-la.
- Por Salen! - Jop cortou o ar com o som de sua voz irritante, batendo palmilhas e gargalhando de forma escandalosa. Encarei-o, tocando delicadamente minha bochecha. - Isso foi a coisa mais hilária de toda a minha vida! Por favor...façam mais vezes! - caminhou até mim, dando tapinhas em minhas costas. Encarei-o com raiva. Maldito bruxo inconveniente. - Você mereceu, humano.
Ele estava certo.
Eu tinha merecido.
Mas mesmo assim não tinha achado esse soco nada divertido.
Mas o que eu podia fazer? Eu tinha pedido.
Esperava apenas que agora ela se sentisse melhor.
(...)
***
04: Acho que era tudo sintoma de um infarto.
(...)
- Ela quase foi morta. - gritei. Sentindo que havia perdido completamente a pouca paciência que eu nutria por aquele bruxo. - Porque você nao ficou ao lado dela!
Drago a havia abandonado também. Esse idiota.
Toda esse tempo eu não me aproximei de Hayley, espiando seus passos à espreita pois eu justamente achava que ela estava com Drago. Que de alguma forma ele estava logo atrás. Mas ele não estava. Ele tinha a deixado sozinha. Sozinha em Scaban.
Qual era o problema que ele tinha? Não podia ser só burrice.
- Nem você! - me acusou, apontando em minha direção. Me segurei para não socar seu rosto ridículo.
- Quais foram os seus motivos para te-lá deixado? - perguntei. - Eu não a deixei sozinha, diabos! Eu a deixei com você! Se ela foi pega pelos bruxos. Se ela ficou sozinha foi porque você decidiu deixá-la!
- Eu pedi pra que ele fizesse isso! - Hayley gritou, dando tapinhas em meu peito.
Como ela havia parado ali?
Minha atenção desviou completamente da briga com Drago.
Ela tinha dito o que?
- O que? - perguntei, o que a fez me encarar com raiva.
Por que diabos ela estava com raiva de mim agora?
- Eu pedi pra Drago ir. - soltou. Me deixando completamente confuso. Como assim ela tinha pedido pra ele ir embora? - Eu não pedi nada pra você. - completou. Sua expressão rancorosa me deixou desarmado. Ela não havia pedido nada pra mim. Era verdade. Eu havia a abandonado.
Subitamente, a enxurrada de culpa que eu segurei por todo esse tempo desabou em cima de mim, como uma avalanche.
- Drago nunca me deixaria dessa forma. - disse por fim, parecendo se arrepender logo em seguida.
Mas então ela já tinha dito.
Drago nunca a deixaria dessa forma.
Ela estava certa.
Drago não faria isso.
Eu era o imbecil da história. Sempre havia sido.
Apesar de ainda acha-lo um imbecil.
Aquela frase significava que ela gostava de Drago? Provavelmente. E ela devia mesmo.
Quem ama de verdade não abandona o seu amor na primeira oportunidade. Eu era completamente estragado. Até nisso. Não sabia o amar. Não sabia fazer com que me amassem. Eu não havia nascido pra isso.
Havia nascido pra morrer sozinho. Era esse o ponto. Eu não podia arruinar alguém como ela. Eu era completamente nocivo. Não queria quero que ela se contamine.
Drago não faria isso...
Suas palavras ecoaram em minha cabeça.
Eu a deixei. Ela não pediu nada...
- Você está certa. - disse, limpando a garganta, tentando não demonstrar que estava completamente perdido em minhas palavras. Sentia como se tivesse algo triturando minhas entranhas . - Drago não faria isso.
Percebi que Hayley estava arrependida.
Mas ela não devia estar. Ela estava completamente certa. Eu era egoísta. Orgulhoso.
- Ravi, eu...
- É melhor cuidarmos da perna de Drago. - a cortei. Não a deixaria pior do que antes. Eu precisava sumir dali por um tempo. Só por um tempo. Precisava pensar. - Vocês podem usar magia para curar isso, certo? - perguntei, no automático. Não sabia nem o que estava fazendo. - Acho melhor eu ir atrás de Jop e de Kioto.
- Ravi...
- Apenas vá logo. - Drago disse, o mais firme possível. Assenti com a cabeça. Eu devia ir para longe de Hayley.
Não só de presença
Comecei a caminhar sem rumo até que meu nome foi chamado mais uma vez, dessa vez por Drago.
- Ravi. Espere um pouco. - pediu, fazendo força para se colocar de pé. Não entendi como ele havia feito essa proeza, pois minha cabeça doía. - Me ajude aqui. - pediu fazendo um gesto.
Entendi então o que ele queria.
Ele queria que eu o ajudasse a ficar de pé.
Certo.
Caminhei em sua direção, com o pensamento completamente longe, me preparando para servir de apoio quando de repente, minha cabeça foi impulsionada para trás contra a minha vontade.
A dor física fez meus pensamentos se bagunçarem. Meu ouvido zunia.
- Isso é por ter fugido. - escutei-o dizer. Só aí entendi que havia sido socado no rosto, mais uma vez.
E doía. Mais uma vez.
Porém, posso afirmar que era até bom para mesclar um pouco e anular a dor que pairava no meu peito.
Achava que ia ter um infarto.
Assenti com a cabeça, sem perceber.
Eu merecia aquele soco.
Eu merecia toda a dor que eu estava sentindo.
Eu merecia a morte por fogueira. Merecia a pior das jaulas.
Eu tinha machucado Hayley. Percebi isso na amargura de sua voz. E só por isso, eu merecia sofrer toda a dor do mundo.
***
Fim do capítulo de hoje!!!
Espero que tenham gostado!
Me contem nos comentários qual gostou mais. Me contem também se sentiram falta de algum ou se não gostaram de algum.
E fiquem no aguardo que amanhã tem mais!
Um big beijo e até amanhã! ❤️
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#ScabanTodoDia - parte 01.
Postado no dia 26/03/16.
Todos os direitos reservados.
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