Mrs. Penelope
Aperto o volante do meu carro enquanto dirija pela cidade na procura de esvaziar minha cabeça, uma música tocava no rádio e eu balançava minha cabeça no ritmo dela. Olho em volta assim que paro em um sinal, vejo uma enorme biblioteca a uns quarteirões dali sabendo que Camila ainda não havia ido naquela. Sorrio antes de acelerar em direção a ela.
Não custava nada perguntar se eles estavam contratando, eu não iria me meter e fazer Camila ficar zangada. Certo?
Entro em uma das vagas e desligo a picape antes de sair e correr para dentro da biblioteca, olho em volta assim que entro e o ar gelado do ar condicionado bate em minha pele fazendo com que eu me encolha um pouco.
Estava bem frio ali dentro.
Procuro a bancada da recepcionista e então sorrio vendo uma senhora de cabelos cinzas e óculos na ponta do nariz folheando um livro.
- Boa tarde. - sorrio me debruçando sobre o balcão e a senhora me olha por alguns segundos, franzo meu cenho ao achar aquele rosto familiar.
- Boa tarde querida... Desculpe-me perguntar mas seu rosto me é familiar. - por fim diz fechando o livro e continuo a olhando percebendo seu forte sotaque britânico.
- Seu rosto também é familiar.- sorrio entrelaçando meus dedos sobre o balcão.
- Britânica?
- Sim. - afirmo com a cabeça - Lauren Jauregui. - estendo minha mão e ela arregala os olhos levemente.
- Jauregui? - afirmo com a cabeça e então ela se levanta ignorando minha mão estendida - Você é Lauren, filha da Clara Jauregui? - pergunta sem acreditar e da a volta no balcão.
- Sim. - sua boca se abre em surpresa e então ela me envolve em um abraço.
- Céus, criança! Você cresceu tanto. - franzo meu cenho mas retribuo ao abraço.
- Penélope? - abro a boca surpresa assim que reconheço o cheiro familiar que atinge meu nariz. Era o mesmo perfume que minha vizinha que eu ficava enfiada na casa comendo deliciosos biscoitos todo final de semana usava e retribui o abraço com a mesma intensidade.
- Como está seus pais? E seus irmãos?
- Uh, meus pais se separaram. - aperto os lábios e seu sorriso morre - Mas meus irmãos estão bem. - eu espero.
- Eu sinto muito... - segundos depois seu sorriso de abre, seus olhos azuis me analisam minuciosamente.
- E você? Como está? - pergunto entusiasmada.
- Estou ótima. - sorri - Mas o que veio fazer aqui?
- Eu vim perguntar se estão contratando, uma pessoa que eu conheço está procurando um emprego, em uma biblioteca de preferência. - pauso cruzando os braços.
- Oh, nós estamos procurando pessoas para trabalhar aqui e ajudar o Mark a arrumar os livros. - sorri animada apontando para um homem de meia idade empurrando um carrinho cheio de livros.
- Sério? - sorrio animada e Penélope afirma com a cabeça parecendo animada com a minha presença.
- Quem é essa pessoa? - pergunta curiosa e então pego meu celular.
- Essa é Camila. - aponto para a foto dela que estava na minha tela de bloqueio e a mulher a minha frente analisa rapidamente - Ela é muito tímida mas é muito dedicada, estamos trabalhando na sua timidez... Quando ela pega o jeito eu posso afirmar que ela perde bastante a timidez.
- Se você continua a mesma menina de anos atrás, acho que temos uma ótima indicação. - me olha sorridente - Pode pedir para que ela venha aqui? Ai iremos poder a contratar.
- Oh, claro. - afirmo com a cabeça guardando meu celular com um enorme sorriso.
- Qual o nome dela mesmo? - pergunta dando a volta no balcão e pega uma caneta.
- Camila Cabello. - olho por cima do balcão e vejo que ela escrevia o nome dela - Se ela vier, pode evitar dizer que fui eu quem a recomendou?
- Claro Lauren. - sorri afirmando com a cabeça - Céus, você está tão grande e tão mais bonita. - me olha admirada e mordo meu lábio tentando conter a vergonha de seus elogios.
- A Sra não mudou nada, estou desacreditada que você ficou ainda mais linda Sra Penélope. - retribuo o elogio e ela torce o nariz.
- Ah que isso criança, nesses anos eu apenas ganhei mais rugas. - ri tirando os óculos e os deixa pendurada ela correntinha que estava envolta do seu pescoço - Quer tomar um cafezinho para colocarmos a conversa em dia? - sugere e olho meu relógio vendo se eu tinha tempo.
- Oh claro, por quê não? - sorrio e seu sorriso se abre ainda mais.
Penélope era minha vizinha desde que eu nasci, ela era como uma avó para mim já que estava presente em minha vida muito mais do que minhas avós de sangue. Eu estava na sua brincando com o bulldog francês chamado Brad que ema tinha na época. Ela fazia biscoitos deliciosos e me chamava para comer com um copo de leite todos os sábados pela manhã, ela brincava um pouco comigo até o final da tarde.
Penélope era uma mulher solitária na época, seus filhos haviam de mudado para o Canadá e seu marido havia falecido, meus irmãos tinham medo dela mas eu simplesmente adorava ela. Eu me lembro de a chamar de Penélope charmosa por causa de um desenho que sempre assistimos juntas e ela me chamava de abelhinha por causa da minha paixão por abelhas na época.
Quando eu tinha onze anos ela precisou de mudar para a Flórida e eu ainda me lembrava de estar chorando pedindo para que ela não fosse, eu só parei de chorar quando ela pediu para que eu cuidasse de Brad, o bulldog que já estava velhinho e ranzinza. Eu prometi que cuidaria dele até o final da vida dele e assim foi, dois anos depois ele morreu por complicações respiratórias.
Penélope e eu colocamos o assunto em dia dos seis anos que ficamos longe uma da outra e descobri que ela já era avó, seu netinho tinha dez anos e ela estava em Miami por causa que ele havia pedido. Eu contei o que havia acontecido nos últimos anos — pulando as piores partes — e acabei deixando escapar que era lésbica, pensei que ela teria uma uma reação negativa mas ela apenas murmurou um "eu sabia, você sempre foi apaixonada por personagens femininas de qualquer desenho". Esse pequeno ato me fez ficar eufórica e abraçar.
Nós conversamos por mais alguns minutos até que meu relógio alertou que eu estava atrasada para a minha aula de natação, eu me despedir dela depois de trocarmos telefones e eu agradecer pelo café delicioso. Penélope me fez prometer que iríamos tomar mais um cafezinho pois ela queria saber mais sobre como estava minha vida em Miami, além de prometer que iria fazer de tudo para contratar Camila.
Eu sai da biblioteca saltitante e assim que entrei no carro, eu arregalei os olhos assim que as palavras:
"Eu não quero que você se meta na minha tentativa de arranjar um emprego!"
Passarem por minha cabeça. Aperto meus lábios e ligo o carro fazendo uma música ecoar pelo carro no minuto seguinte.
- Ela não vai ficar zangada se não descobrir, certo? - murmuro dando ré - Certo! - afirmo com a cabeça confiante.
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