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03 • Eu Sinto Muito

— Jungkook, oi!

— Ha-na, você está linda.. — Ele olha para baixo um pouco tímido. — Vamos?

— Espera aí, vou avisar minha mãe que estou saindo. — Corro até à cozinha, porém só encontro aquele homem asqueroso lá dentro. — Cadê a minha mãe?

— Foi tomar banho. — Diz colocando o prato de comida na pia.

— Avisa pra ela que eu já saí, por favor.

— Eu aviso.. mas sabe, Ha-na, me deixa muito mal ver você saindo com outros garotos.. — Se aproxima e cheira o meu pescoço sentindo o meu perfume, logo minha respiração começa a pesar. — Mas afinal, ele não pode estragar o que a gente tem, até porquê você está presa comigo — Sussurra em meu ouvido.

Respiro fundo e saio da cozinha o mais rápido o possível. Essa tarde não podia estragar por causa dele. Paro na sala e antes de sair para fora, encho meus pulmões de ar e solto.

— Vamos! — Puxo Jungkook pelo braço.

Sorveteria

— Tá tudo bem Ha-na? Até agora não disse uma palavra. — Pelo menos uma pessoa se preocupa comigo.

— Eu estou, só que.. quando eu entrei pra falar com a minha mãe, o meu padrasto disse umas coisas e me fez ficar um pouco mal.

— Quer conversar sobre? — Ele pega em minha mão.

Ergo minha cabeça e percebo que ele estava me encarando intensamente, o que me fez derrubar um pouco de sorvete em minha camisa.

— Minha nossa — Jungkook me entrega alguns guardanapos. — Desculpa, eu acabei me distraindo. — Digo me limpando.

— Com o que? — Volta a sentar em sua cadeira.

Com os seus olhos lindos, era o que eu queria falar.

— Na nota que irei tirar na prova de matemática. — Solto um riso nervoso. — Eu tinha lembrado.. enfim, vamos falar de outra coisa.

— Vamos. — Volta a comer do seu sorvete.

Jungkook tinha o poder de fazer eu me alegrar com poucas coisas, contava cada piada sem sentido que me fazia rir mesmo assim. Eu só espero que essa amizade vá longe e que eu não estrague tudo.

Terminamos nossos sorvetes e saímos para caminhar em baixo das árvores de cerejeiras.

— Agora que somos amigos, tenho que te contar uma coisa, pois confio em você. — Surpreendida com suas palavras, apenas o ouço. — Não é somente você que sofre ou já sofreu nessa vida. Eu vivi um grande amor, e esse amor, eu conheci no meu antigo país, mas ela me deixou por conta de outra pessoa... não acreditei no início, pois estávamos muito apaixonados e até hoje tento me conformar, mas sempre que lembro dos dois, vem a recaída e volto a me machucar.

Meu coração aperta.

— Meu Deus Jungkook, nunca poderia imaginar, logo você, um menino completamente alto-astral e divertido... — Pego em sua mão. — Eu sinto muito, não sei o que dizer...

— É, as pessoas como eu se escondem por trás de máscaras e usam o "alto-astral" como escudo da dor. — O puxo para um abraço apertado, sussurrando em seu ouvido:

— Vamos sair dessa, acredite!

『••✎••』

Ao voltar para casa, lamentando a tristeza do meu amigo, subo para o meu quarto. Tiro a minha roupa e tomo um banho, pois estava muito cansada e visto um pijama.

Me jogo na cama e escuto alguém bater na porta:

— Filha? Já vai dormir? — Pergunta apenas com a cabeça para dentro do quarto.

— Sim, estou cansada.

— Sem comer? — Me olha estranha.

— Sim mãe, estou sem fome.

Ela fecha a porta e rapidamente adormeço.

『••✎••』

Acordo ainda em êxtase por conta do meu sonho, vou ao banheiro e me arrumo para ir à escola. Após isso, desço para a cozinha.

Tento pegar o meu lanche na mesa mas sou interrompida por meu padrastro:

— Você chegou tarde ontem a noite. — Pega na manga do meu uniforme. — Você dormiu com ele?

Eu não conseguia responder. Sempre quando ele vinha para perto de mim, era como se tivesse a minha boca estivesse colada com cola, me impedindo totalmente de falar.

— Fala menina! — Aperta meu braço com muita força, afetando meus cortes ainda não cicatrizados.

— Está me machucando.. e-eu não fiz nada com ele, apenas fomos tomar sorvete..

— Não quero saber de você saindo com esse moleque. Você é só minha! — Me solta imediatamente assim que vê minha mãe.

— Bom dia filha, bom dia querido. — O beija.

— Oi mãe, eu já estou indo. — Saio batendo a porta. — Estou de saco cheio disso.

No colégio

Estava já na segunda aula, porém meus pensamentos estavam em outro lugar, naquele sonho que nos abraçávamos como no encontro de ontem..

Mas... e por que aquele beijo no fim do sonho? Ah, Jungkook, como assim? Somos apenas amigos... foi só um sonho Ha-na, somente um sonho.
Sinto alguém me cutucar.

— Ei, Ha-na? Está no mundo da lua? Tudo bem? — Tomo um susto com a voz de Jungkook atrás de mim.

— Sim, precisamos conversar!

Já era recreio, e eu precisava desabafar com Jungkook. Não da parte de eu ter sonhado com ele, mas sim do quando o meu padrasto está me enchendo o saco.

— Eu não aguento mais! Minha cabeça vai explodir, eu sinto isso. — Digo para ele um pouco alto.

Suga instantaneamente surge.

— Olha, se não é o casalzinho do colégio, a esquisitona e o louco que tem coragem de andar com ela. — Dá risada.

— Ah, cara. Cala a boca. — Meu amigo diz para o próprio primo.

— Ou o que...? — Jungkook levanta-se na intenção de bater em Suga.

— Calma Jungkook, não vale a pena.

— "Calma Jungkook" — Iu começa a me imitar. — Quanta intimidade.

— Se merecem. — Suga envolve o braço no pescoço dela e saem andando.

— Vamos acabar com isso, mas não assim. — Faço Jungkook sentar no banco.

Após a aula, resolvi passar na biblioteca da cidade, pois há tempo que queria emprestar alguns livros. Ao sair de lá, presencio uma cena totalmente desprezível e intolerante, meu padrasto nojento praticamente violentando uma garota dentro do carro.

— Não é possível. — Assustado, é surpreendido ao me ver, largando a pobre garota que do nada desaparece. O mesmo também rapidamente desaparece. — Ah não! Desgraçado... Isso tem que acabar. — Furiosa, ligo diretamente para Jungkook.

Ligação On

— Não dá mais, já chega. Se fosse só eu a vítima, mas o que ele fez... passou dos limites!!!

— Calma Ha-na! O que foi, por que está falando assim? Não quer mais minha amizade? — Jungkook pergunta preocupado.

— Não, seu bobo. — Conto tudo o que vi para ele.

— FILHA DA PUTA, CANALHA... Ha-na, alguém assim merece ir para o inferno com passagem só de ida.

— Exatamente, eu o odeio tanto... — Respiro fundo. — Uma atitude muito séria precisa ser tomada, e não tem como esperar!

Ligação Off

Suga

Suga tinha ido em um bar depois de ter discutido com Iu. Ela estava meio estranha com ele, o mesmo tinha percebido aquilo. Naquela noite, tinha se deixado levar e bebeu mais do que podia aguentar.

Já era tarde e ele tinha que voltar para casa. Mas fazer o que lá? Seus pais ficam em seu pé para se inscrever em alguma faculdade e ainda tem o Jungkook que fica roubando a atenção deles só para ele.

— Ai ai ai, eu naum tô bem haha... tô sozinhu, cadê meu amô, IUU?? Amôooo?? — Sai do bar tropicando e quase caindo. — Tô sozinhu, meus pais não me querem — Faz bico e bebe quase todo o litro. — Vida de lixu, ainda bem que eu tenhu meeu amôoo... hahaha, eu tenho um amôoo oohh, amô tão buunito.. — Começa a cantar.

Suga quase caí, o que faz ele vomitar.

— Eu não aguento mais. — Chora feito uma criança.

Uma garota no meio da noite passa correndo por ele, a mesma esbarra nele ferozmente o fazendo cair no chão. Ao reparar bem, viu que era Ha-na passando com um monte de livros e virando a esquina.

— Ha-na? — Fala chorando.

No mesmo instante, surgem lembranças na cabeça de Suga, de todas as vezes em que ele a maltratou e humilhou, só para se sentir melhor e superior... e claro, parar alimentar seu ego.

— Menina, eu não queria fazer isso contigo... mas já era, agora é meu vício e só disso eu sei. — Diz ainda chorando. — Não tem como voltar atrás, me desculpa Ha-na!!! — Chora ainda mais, lentamente deitando na calçada. — Eu sinto muito.
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Continua...

Não esqueça de deixar a sua estrelinha⏤͟͟͞͞☆

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