
trinta e sete - parte um
Oi colegas :)
Sim, você não leu errado, o trinta e sete será dividido em duas partes, por motivos de... o capítulo ficou gigantesco, então, esse é só o começo... aproveitem :)
Xx,
Drianna
O dia na casa dos Deacon começou cedo. Ravena, que mal conseguiu pregar os olhos durante a noite, estava na cozinha, preparando um café da manhã reforçado para si e para o restante da família, que ainda dormia, afinal, eram seis e meia da manhã. Não sabia como administrar os sentimentos dentro de si; parte queria que aquele sofrimento de meses se acabasse de uma vez, mas outra parte queria apenas chorar no canto, escondida do mundo. Sentiu seu estômago revirar pelo nervosismo, e tentou se acalmar.
A cacheada lembrou-se que sacrificou muitas coisas em seu caminho para desistir ali, então respirou fundo e voltou à sua atividade. Enquanto a água para o café e o chá ia atingindo seu ponto de ebulição, lia algumas mensagens que sua mãe, em nome dela, de seu pai e familiares, lhe mandara no dia anterior, lhe desejando que fizesse uma boa apresentação. Respondeu rapidamente, mandando um beijo a ela, seu pai e seus irmãos e virou-se para o fogão, desligando o fogo quando viu o borbulhar da água. Passou o café e colocou-o na garrafa térmica, assim como o chá e foi à geladeira atrás das coisas para o café da manhã.
Como sabia Joe e seus pais só acordariam às sete, sentou-se à mesa, esperando por eles, pois detestava fazer suas refeições sozinha, por menores que fossem. Abriu o arquivo PDF de seu TCC e revisou tudo o que iria falar em frente aos professores da banca e seu sogro, que também foi solicitado. No dia anterior, tinha organizado a apresentação digital e impresso o arquivo nos padrões que a Faculdade pedia, graças à Rami e à Mercury's Design, pois estava tão agoniada que quase se esqueceu de imprimir o livro.
- Bom dia, meu amor, já acordou? - Ravy ouviu a voz rouca de sua sogra. Amava aquela mulher como se fosse sua segunda mãe, o que de fato era.
- Eu nem dormi, tia, eu tô uma pilha de nervos! - Ela reclamou e obteve um suspiro seguido de um sorriso confortante. Verônica caminhou até a nora e tomou suas mãos, apertando-as minimamente.
- Você sabe que vai conseguir, não sabe? - A cacheada meneou com a cabeça. - Você vai, Ravena.
- Agora eu entendo o nervosismo da Sami. - Elas riram e Verônica a abraçou.
- Eu nunca te disse, mas eu tenho muito orgulho do meu filho ter te escolhido pra ser namorada dele. Você é uma das pessoas mais fortes e determinadas que eu conheço, John e eu somos muito gratos por você fazer parte da nossa vida.
- Ai tia, a senhora vai mesmo me fazer chorar às sete da manhã? - a menina brinca, com sua voz embargada. - E eu agradeço muito por tudo, principalmente pelo que a senhora e o tio John tem feito por mim.
- Me agradeça arrasando e tirando nota máxima nesse TCC! - A Deacon deixa um beijo na testa da nora e aperta mais o abraço. John e Joe chegam na cozinha e se juntam ao abraço, fazendo-as rirem.
- Não sei o motivo, mas gosto de abraço em família. - Joe foi o primeiro a falar algo. Plantou um beijo no rosto da mãe e um nos lábios da namorada. - Bom dia, amores da minha vida.
- Bom dia, meu bem. - Verônica retribuiu o sorriso do filho e o selinho do marido, que já havia lhe desejado bom dia assim que acordaram.
- Bom dia, meus amores, o café já tá pronto, eu só tava esperando vocês. - A negra diz, após limpar algumas lágrimas teimosas que caíram durante aquele momento.
- É, Joe, já pode casar, eu deixo. - O Deacon mais velho brinca e senta-se ao lado da esposa, servindo-se do seu chá.
- Tudo no seu tempo, pai, não apressa. - os quatro riem e fazem a refeição conversando sobre assuntos aleatórios.
Joe e Verônica também iriam assistir a defesa do TCC de Ravena, então os quatro terminaram o café e foram se arrumar para irem à UCL Electronic & Electrical Engineering, onde ela fazia seu curso de Engenharia Elétrica. A pedido de Quinn, que estava vestindo uma calça social preta, uma camisa de linho branco, um colete azul marinho por cima, um salto baixo rosê e seus cabelos soltos, Veri fez uma maquiagem leve na nora, o suficiente para esconder suas olheiras de nervosismo.
- Pronto, está linda. - Verônica disse assim que finalizou a produção.
Ela se olhou no espelho e gostou do que viu, então sorriu orgulhosa da mulher que havia se tornado. Agradeceu o cuidado de sua sogra e arrumou suas coisas para a apresentação, checando uma última vez se não tinha esquecido de nada. Os homens as esperavam na sala, já devidamente arrumados socialmente: John estava de terno, como sempre, mas Joe estava apenas com um blazer da mesma cor do colete da namorada, calça jeans de lavagem escura e uma camisa simples e preta por baixo, coisa que não era muito comum, já que ele estava quase sempre de jeans claros, tênis esportivos e camisetas com estampas divertidas.
- Pronta, Joyce? - John levantou-se do sofá assim que as duas mulheres desceram.
- Pronta, Richard. - Ela sorriu e Joe a puxou pela mão, abraçando-a.
- Estamos lá com você, viu? - Ela assentiu e os quatro foram até o carro de John, que era o maior da casa.
O trajeto até a faculdade parecia o caminho da via sacra, na percepção de Quinn. Sua mente não parava um minuto sequer, e mesmo agarrada à mão de Joseph, as suas próprias suavam. Pegou seu celular para se distrair e sorriu com as mensagens de apoio que seus amigos lhe enviaram, respondendo todas elas. Chegaram em poucos minutos no local e foram direto ao auditório indicado por setas. Para sorte - ou azar - de Ravena, não era apenas ela que iria se apresentar, mais quatro colegas de curso também iriam, e ela pedia a Deus que eles também tivessem êxito em suas apresentações.
Duas pessoas concluíram suas apresentações e por volta das dez e meia da manhã, Ravena Joyce Quinn deu início à sua, falando de onde veio a ideia para criar seu TCC, que levava o nome de Fontes Renováveis de Energia: a Energia Elétrica através de passos e suas evoluções.
-... Neste sentido, os sub-sistemas elétricos, que tem nos últimos anos incorporado maior dinâmica tecnológica, destacando-se o desenvolvimento da eletrônica de potência, que muito contribuiu e continuará a contribuir no sentido de otimizar a eficiência energética.
- Me agradou muito tema, Senhorita Quinn, mas pode me explicar como funciona essa invenção? - Um dos professores da banca perguntou.
- Quando alguém passa pelo piso, ele desce uns 5 ou 10 milímetros. Conforme desce, movimenta um sistema mecânico que passa pelo sistema elétrico e gera energia. - John olhava para Ravena, orgulhoso, tanto dela, quanto de seu projeto.
- Ele obviamente não é seu, certo? - Ravena concordou e o professor olhou rapidamente para Deacon. - Mas creio que tenha estudado sobre, então pode nos dizer como funciona o mecanismo dessa rua...
- Sim, obviamente. Ele tem um processo mecânico para potencializar a pisada e o processo elétrico para transformar a energia mecânica em elétrica.
- E se caso alguém pisar ou pular muito forte, corre risco do sistema falhar ou quebrar? - A única mulher que compunha a banca julgadora perguntou, arqueando a sobrancelha. Aquela tinha sido uma de suas professoras mais carrascas do período 2 e sabia que ela poderia colocar sua apresentação em xeque.
- Na verdade não. O sistema é inteiramente reforçado, inclusive, revisitado de dois em dois meses para que sejam feitas manutenções no sistema. O que vale é mais é a frequência de pessoas passando pelo piso, no que chamamos de quantidade versus qualidade. A revolução no sistema criado pelo Sr. Deacon é exatamente a capacidade de armazenamento. Por média, até o presente momento, passam em torno de 3 mil pessoas por dia na Oxford, mas a energia gerada não é armazenada, sendo distribuída de maneira imediata à rua. Em parceria com a National Grid, o sistema foi melhorado graças às alterações feitas por mim e agora é possível armazenar parte desta energia para uso posterior.
- E como se pode aumentar a quantidade de pessoas que passam pela via para que a produção dessa energia sustentável aumente? - Ravena trocou o slide com um acionar de botão e sorriu para o professor que havia lhe feito a pergunta.
- Durante meu estágio dentro da empresa, sugeri que se fosse criado um aplicativo, ligado ao Apple Watch ou qualquer outro equipamento similar, onde há a contagem dos passos dados dentro da via. Esses passos, revertidos em Watts, e depois traduzidos em Libras, serviriam de descontos nas lojas do perímetro. O assistente virtual, Frank, iria ser o contador dessa pontuação, como uma forma divertida de incentivar os usuários a, além de economizarem energia, melhorarem sua saúde através da caminhada.
- E como isso seria na prática? - A mulher volta a perguntar.
- Uma pessoa, dependendo de seu condicionamento físico, pode gerar até 10.000 passos por dia, e com base nessa informação, foi-se calculado que, dentro do perímetro, uma pessoa daria pelo menos 2.000 passos na via. Calculando em média, dois mil passos geram 7300 watts, ou seja, 3 mil pessoas dando dois mil passos cada, gerariam 21.900.000 watts; metade desses watts serão distribuídos de forma imediata, e metade seria armazenado.
- E o que seria feito desse armazenamento, senhorita Quinn? - o único professor que ainda não havia feito nenhuma pergunta até então, falou.
- O armazenamento seria utilizado a noite, que é quando a energia elétrica por gás natural, que é mais cara que a gerada por passos, entra ação. Com a implantação desse novo sistema, a economia na conta dos estabelecimentos vai aumentar e podemos fazer com que a Oxford fique ativa em um dia de manutenção das vias de gás natural.
Ela ainda explicou mais algumas coisas sobre o aplicativo que estava sendo criado pela National Grid, mostrou suas fórmulas e ainda acrescentou informações sobre alterações de ondas de energia elétrica. Sua apresentação foi finalizada com êxito e ela recebeu aprovação de 100% da banca, incluindo seu sogro, que havia acompanhado de perto o nascimento do projeto e o crescimento dela como profissional.
Longe da Universidade, Diamond seguia sua quarta feira tranquilamente, era um dia calmo pela manhã, mas turbulento a tarde, normal para o meio da semana.
- Aaron, pega aquele fardo de café e abastece aqui, porque já tá no final, por favor? - A gerente pediu com a delicadeza de sempre e entrou em sua sala.
A rotina dela se dividia entre ficar no escritório e ajudar no salão, algo que não deixou de fazer, ainda gostava de atender cada um dos clientes dali, alguns até fiéis, como o casal de idosos das três da tarde, eles a adoravam e o sentimento era recíproco.
Rowen ouvia sua playlist de viagens dos anos 70 enquanto fazia a conferência do estoque e da relação de materiais que precisariam comprar para o próximo mês quando seu celular tocou.
- Tia Nita, a que devo a honra? - Ela atendeu sorrindo, amava a mãe de Gwilym como se ela fosse sua própria.
- Oi minha estrela, estava pensando em fazer uma visita a você, o que acha? - A voz de Anita deixava claro todo o amor que sentia por Diamond, e era exatamente esse cuidado que ela sempre desejou ter.
- Acho ótimo, Gwil e as crianças vão adorar ter a vovó deles lá em casa.
- Não, estava pensando em ir tomar um café ai no Carolina's, Brian também vai, podemos?
- Mas que pergunta, é obvio que sim! Estou esperando, amo vocês. - Anita responde um "Nós também" e desliga a ligação.
A morena retorna a sua tarefa enquanto viaja nos sons das músicas, a voz de Elton John ecoava pelo ambiente trazendo uma sensação de paz, algo que não tinha a um bom tempo, claro, se por na balança como sua vida estava agora e como era quando chegou a Londres, definitivamente, hoje seria o apogeu da sua história.
- Mondy? - Sami entrou no escritório, após bater algumas vezes e não obter uma resposta, o motivo, claro, era a música que não deixara a gerente ouvir o chamado.
- Algum problema? - O faro para problemas era nítido, ou talvez apenas aquele sentimento ruim que tinha acordado junto consigo naquela quarta feira.
- Você viu o grupo hoje? - Diamond negou e abriu o aplicativo de conversa, notando as inúmeras mensagens no grupo, enquanto a amiga ria. - Bom, geral ta ai, inclusive meu pai, então, respira fundo e vamos.
Diamond assentiu, nunca iria se acostumar que seu maior ídolo fosse pai de uma das suas melhores amigas, que frequentasse o café que era gerente, e o melhor de tudo, que era querida por ele, quando que imaginaria isso quando decidiu sair de Doncaster? Nunca!
Ela respirou fundo, salvou a planilha, guardou seu celular no bolso e acompanhou Sami ate o salão, que aquele horário estava mais calmo, o fluxo se intensificava mais para a parte da tarde, o que dava a todos algumas horas de sossego.
- Até que fim, Optimus! - Ravena foi a primeira a saudar a morena. - Achei que tu fosse ficar enclausurada dentro daquele escritório.
- Esse amor todo é por que você finalmente entregou o TCC não é? - Rowen perguntou cruzando os braços assim que chegou em frente a mesa.
- Óbvio, o que você achou que fosse? - Quinn deu de ombros e riu alto. - Parece que tiraram um peso das minhas costas, na moral.
- Imagino, tudo bem com vocês? - Todos assentiram e ela se dirigiu a Gwil. - Tio Brimi e tia Nita estão vindo pra cá, vou pedir ao Aaron pra colocar mais duas cadeiras.
- Que ótimo, faltou só o tio Rog aqui. - O mais alto disse e John concordou bebericando seu chá, abraçando lateralmente sua esposa.
- E como estão as coisas aqui, Diamond? - Freddie perguntou analisando a garota.
- Tranquilas, minha equipe é de boas e não tenho tantos problemas assim. - A morena deu de ombros e sorriu ao responder seu ídolo.
- Só não pode atrasar nada, por que essa daí vira uma fera. - Sami dedurou a amiga e todos na mesa riram da cara que Diamond fez.
- Ué? Se programaram pra fazer a entrega na data e hora marcada, eu não posso fazer nada. - Ela deu de ombros e Freddie assentiu semicerrando os olhos. - Agora se me dão licença, vou ficar no caixa para a Sami tirar o horário de almoço.
- Ah, Diamante? - Rowen se virou ao ouvir a voz de Joe e sorriu. - A princesa disse que tá vindo pra cá também.
- Eita, todo mundo hoje aqui, que lindo, consumam muito por favor? - A morena disse e todos na mesa gargalharam.
Enquanto todos conversavam, Diamond começou a contar o caixa e ajudar Aaron no preparo de alguns dos pedidos, tanto da mesa 9 quanto das outras mesas. Não tardou muito, Brian e Anita chegaram acompanhados de Ben e Rufus. Os quatro encaminharam-se primeiro ao caixa para falar consigo.
- Oi meus amores, aproveitem que todo mundo já pediu, que eu peço ao Aaron pra levar la. - Diamond anunciou sorridente, ver todos ali lhes deixava contente, apesar do sentimento estranho que rondava sua mente. - E você mocinha, não tem um livro pra terminar?
- To esperando uma ligação do Luke, ele quer me contar algumas ideias do livro dele, por isso não to escrevendo. - O loiro se defendeu e sorriu.
- Hum... tá bom, agora vão que já levamos as coisas. - Eles agradeceram e rumaram para onde todos estavam sentados conversando.
Algum tempo depois, a morena estava tão absorta aos murmúrios do salão, que nem notou a pessoa parada a sua frente, fazia tempo que ela não a via, desde que saiu de sua casa, para ser mais preciso, e bom, a garota não havia mudado quase nada, a não ser a tonalidade do cabelo.
- Não vai dizer Oi pra sua mãe, Diamond Miller Rowen? - As moedas caíram instantaneamente por entre os dedos dela, não era possível, não depois de tantos anos, o que sua mãe estava fazendo ali?
- O que está fazendo aqui, Dominique? - A voz de Diamond não saiu tão seca quanto ela desejou, mas havia todo o desprezo que possuía por aquela mulher.
- É assim que recebe sua mãe? E esse lugar? Não entra na minha cabeça que você saiu de casa, do seu conforto, pra trabalhar em uma cafeteria dessa categoria, por que minha filha? Me responda com sinceridade, onde foi que eu errei contigo, Diamond? - Dominique questionou mostrando todo o nojo que tinha pelo caminho que sua filha tinha escolhido para si. - Como você pode terminar com o Paul?
- Você só pode está de brincadeira comigo, não é? Quer mesmo que eu comece a lista aqui? E, sim, larguei e largaria quantas vezes fossem necessário, se você não gostou, fica com ele pra você, mamãe. -Diamond usou todo o veneno que podia para que sua voz saísse com mais deboche que o normal.
Da mesa 9, Anita e Ben notam que Diamond estava alterada enquanto conversava com alguém no caixa, mas como a mulher estava de costas, não perceberam de quem se tratava. Só que a matriarca dos May conhecia sua menina muito melhor do que ela imaginava, e sabia no fundo de seu ser que aquela vontade de ir visita-la no trabalho não era algo banal.
Anita avisou a Brian que iria falar com Mondy e pediu que Ben a acompanhasse, e o loiro assim o fez.
-... Sou sua mãe, exijo respeito Diamond, e uma explicação plausível, afinal, vocês estavam namorando a três anos, achei realmente que ele tinha dado um jeito em você. - A risada sarcástica da mais nova fez Benjamin e Anita pararem logo atrás de Dominique.
- Algum problema, gatinha? - Ben perguntou logo depois que a "mãe" de sua namorada terminou a sentença.
- Quem diabos é você? - E mais uma vez la estava o nojo que Diamond sempre detestava na mãe.
- Namorado dela e você? - Jones não ficou atras, pois havia aprendido perfeitamente com todas as aulas de deboche que teve com a namorada, e bom, agora ele entendia o mecanismo de defesa que ela desenvolveu.
- Eu sou a mãe dela e desde quando você consegue namorar alguém como ele, Diamond? - A mulher perguntou alternando seu olhar entre a filha e o loiro ao seu lado, sem se dar conta que Anita respirava fundo atras de si.
- Você não é a mãe dela coisíssima nenhuma, se há alguém nessa cafeteria que ela pode chamar de mãe, essa pessoa sou eu! - A cara que Dominique fazia era impagável, até mesmo para os que estavam na mesa e acompanhavam a cena. - Sabe por quê? Porque eu estive com ela nas piores crises de ansiedade, nas vezes que ela achou que não conseguiria passar na Westminster, você é no mínimo a mulher que colocou ela no mundo, minha querida.
- Okay, muita informação pra minha cabeça. - Dominique revira seus olhos castanhos e volta a olhar Diamond. - Você anda com essa frescura de ansiedade de novo, garota?
- Por que você tá aqui mesmo? O que você quer com ela? Não entendi muito bem? - Anita perguntou fazendo sua melhor cara de desentendida.
- Queria saber o que ela tem na cabeça de sair de Doncaster e vim trabalhar nessa espelunca, servindo pessoas ainda por cima. - E dessa vez o nojo estava mais forte que qualquer outro sentimento.
- Acho, só acho, que você deveria ir embora, afinal, não é bem vinda aqui, a minha filha, não está nem um pouco bem com a sua presença e por favor, esqueça que ela existe, obrigado e a porta é logo ali. - Anita disse chegando mais perto da morena dando ênfase no "minha filha", que deu um passo para trás, mas a de cabelos brancos segurou seu braço e sussurrou em seu ouvido. - O motivo dela ter saído de la, foi único e exclusivamente por você, um ser nojento e asqueroso que não merece nenhum pingo do amor e carinho que a Mondy é capaz de dar, tchau, fofinha.
Dominique encarava a filha, que agora estava sentada sendo acudida por Ben, ela revirou seus olhos e saiu pisando forte até a porta, só não esperava encontrar três pessoas na porta.
- Então você é a tal da Dominique? - May perguntou e a mulher assentiu, mostrando todo seu autoritarismo.
- Graças a todos os deuses, a Rogerina não puxou em nada pra você. - John soltou seu veneno e bebeu um pouco mais de seu chá gelado, olhando a mulher debaixo pra cima .
- Concordo com você, John, Diamond é uma pedra preciosa que poucos tem o prazer de encontrar, e felizmente, fui agraciado com isso pelo universo. - Mercury disse e a mulher sabia exatamente quem ele era, afinal, sabia da maluquice que sua filha tinha em mente quando resolveu sair de Doncaster.
- Mas quem são vocês? - Ela perguntou olhando apenas para May e Deacon.
- Esposo da mulher que te colocou pra fora daqui e da vida da minha filha. - Brian fez uma mensura de leve.
- Eu sou só o tio descolado que faz pilates. - Deacon deu de ombros e Freddie riu alto.
- Vamos, Richard, Harold? - Mercury chamou o amigo e o puxou pela mão, mesmo a contragosto do mais alto.
- Fique bem longe da minha Diamond, ouviu. - Brian disse olhando bem sério para a morena, que assentiu saindo do lugar.
Enquanto Aaron preparava um café forte para sua chefe, Diamond chorava abraçada a Anita, não esperava que sua mãe aparecesse logo ali, no seu trabalho, em plena quarta feira. Rufus tentava acalmar o irmão, assim como Verônica, Joe e Ravena, pois o loiro se culpava por não ter feito nada para defender sua namorada.
Brian, Freddie e John se aproximaram da garota que estava aos prantos ainda, provavelmente tendo uma crise de ansiedade. Todos eles notavam que as mãos da morena tremiam mesmo abraçada a Nita, e mesmo sabendo que deveriam dar um pouco de espaço para respirar, a preocupação também se fazia presente.
O toque estrondoso do celular de John fez Diamond olhar rapidamente para onde vinha o barulho, o ruivo mais velho deu de ombros e aceitou a ligação calmamente.
- Você não sabe o que aconteceu agora, gato! - Ele disse baixinho, saindo de perto de todos.
- O que?
- A mãe da Rogerina estava aqui, tipo, ela é uma bruxa, você tinha que ver, mas deixou a pobre da Diamond triste, ela não para de chorar. - John contou resumidamente, e Roger cruzou o cenho.
- Deixa eu falar com ela, cachorro. - A voz de Roger soou diferente, pois apesar de Diamond esta a pouco tempo na família, lhe considerava parte dela.
- Ta bom. - O ruivo apenas concordou e voltou para onde Diamond estava, entregou o celular e ligou o facetime. - Seu sogro quer falar com você.
- Oi tio Rog. - A morena disse xingando, tentando ao máximo controlar sua respiração.
- Não chore, pequena, sabe que ela não merece um terço delas não é? Olhe a sua volta... - O de cabelos brancos disse e assim ela fez, notando em cada um ali, um sorriso reconfortante e um olhar de amor para si. - Cada uma dessas pessoas te ama, do jeito delas e na intensidade delas, mas te amam e te acolheram quando sua própria família não o fez, então, enxugue essas lágrimas e cabeça erguida, você é uma Rogerina, como o cachorro diz, e bom, nós Rogerinas, não deixamos a bola cair.
- Obrigado, tio, vocês todos são importantes de mais pra mim. - Rowen fungou um ultima vez e sentiu um beijo ser depositado em suas bochechas, por Ravena e Sami.
- Agora para de chorar, e vem tomar um café com a gente, bruxa, assuma seu posto por favor. - Quinn brincou e a Bulsara lhe deu língua, em um ato infantil, fazendo todos rirem.
Aos poucos, todos se dissiparam, restando apenas Ben e Diamond, este a olhava com um misto de admiração e ao mesmo tempo, medo de que ela quebrasse, por isso sentia aquela vontade de lhe proteger desde o início.
- Eu tô bem agora, loirinho. - Ela disse passando seus braços pelo pescoço do mesmo. - De verdade.
- Me desculpa por não ter falado mais, quando ela mereceu, mas te ver chorando me doeu o coração, sério. - Diamond não conseguiu deixar de notar a culpa por de trás daquelas palavras e tratou logo de tirar aquilo da cabeça do namorado.
Ela não pensou duas vezes antes de encostar seus lábios nos finos dele, e quando ele abriu por completo a passagem para que a língua dela encontrasse a sua, ali ele percebeu que só de estar daquele jeito, perto dela, dando a força que ela precisava foi necessário, naquele beijo, Diamond demonstrou com todo afinco o quanto amava o loirinho escritor que era um completo mistério e vice versa.
A dança que as línguas faziam era lenta e agoniante, beirando ao sexual, mas sabiam que estavam no meio do salão da cafeteria, então trataram de interromper e continuar mais a noite, afinal, teriam muito tempo para se amar.
- Mas tarde eu te conto tudo o que já passei com a minha mãe e com o Paul. - Ela sussurrou e ele assentiu.
- Senta aqui, Diamante. - Freddie bateu na cadeira ao seu lado e Sami semicerrou os olhos, não de ciume, mas sabia que seu pai estava aprontando alguma coisa.
- Vai princesa, senta ali perto do príncipe, eu vou senta com o Freddinho. - A morena sorriu e deu de ombros quando Ben fez um bico. - Você supera, amor.
E aquela reunião acabou se estendendo para a noite, sem a presença de Diamond e Benjamin, eles precisavam conversar, ela sabia que ele não iria lhe deixar sossegada enquanto não contasse tudo o que precisava saber sobre seus familiares e sobre o tal ex namorado.
E foi exatamente assim, logo que eles entraram em casa, o loiro tratou de bombardeá-la de perguntas, mas a morena lhe garantiu que iria contar quando estivessem no quarto.
Enquanto Diamond colocava as comidas dos gatos, Ben tratou de fazer limpeza da área que ficavam as caixas de areia, ele entendia que era seu dever, pois sentia ser tão dono dos gatos quanto a sua namorada, então sempre que estava ali, ele a ajudava com o cuidado deles.
Os dois terminaram suas tarefas em tempo hábil, o loiro ainda notava aquela ruga de tristeza na testa da namorada, sabia que viria algo pesado da história dela, algo que ele nunca passara, afinal, tinha os melhores pais que poderia pedir ao universo. Eles subiram, com os gatos no encalço, deixaram suas bolsas e sapatos pelo quarto e entraram no banheiro, ela precisava sentir a água escorrer por seu corpo, e parecia que Benjamin havia ouvido os pensamentos dela.
Logo que ele ligou o chuveiro, Diamond colocou seu corpo embaixo, a água escorria por cada parte dela, lavando e cicatrizando cada uma daquelas feridas que ainda estavam abertas, ao abrir seus olhos, encontrou os de Ben lhe encarando, e ali ela percebeu diversos sentimentos, afinal, os olhos dele sempre mostravam tudo o que queria, e ela pode ver, admiração, compreensão, cumplicidade e amor.
O banho durou pouco, tempo suficiente para os dois ficarem limpos e curtirem um ao outro. Ao saírem, Rad e Gamy estavam sentados em frente a porta, como se soubessem que sua mãe não estava bem, assim como Hulk, que fez uma carinha de choro em cima da cama, mostrando a sua dona que ele também estava ali.
- Eles sentem, desde quando eu tive a primeira crise de ansiedade, acho isso muito bizarro. - Diamond comentou e Ben deixou um beijo em sua bochecha. - Suas roupas estão na segunda gaveta, loirinho, pega a camisa do United que o meu cunhado me deu, por favor?
- Me recuso a tocar naquela camisa, como você tem a coragem de me dizer isso assim? Podia torcer até pro City, mas o United, gatinha? - Jones cruzou os braços emburrada, fazendo a morena caminhar até ele e o abraçar. - Tá achando que eu vou amolecer com um carinho assim? Tão fácil? - Ela assentiu sorrindo e ele sorriu de volta, beijando os lábios carnudos dela. - É, e você tá certa.
- Quando eu não estou, loirinho? - Ela sorriu e recebeu mais um beijo.
- Você tem um ponto, vou buscar a camisa. - Jones indicou e Diamond o soltou.
Ele não demorou mais que três minutos, voltou usando uma calça de moletom cinza e meias brancas, com a camisa do United e um par de meias pretas 5/8 em mãos. A morena estava sentada na beirada da cama brincando com Gamora, que estava de barriga pra cima, dando alguns chutes na mão dela quando a mesma fazia cócegas, sorriu ao notar o namorado parado lhe observando.
- Aqui, gatinha, trouxe suas meias também. - Ela agradeceu assim que o namorado se sentou na cama também.
- Preparado? Não quero que você pense que eu escondi isso, mas é que... - Rowen respirou fundo e continuou enquanto vestia a camisa. - Não é fácil falar sobre o Paul ou sobre ela.
- Jamais pensaria isso de você, amor. - Ele disse ajeitando uma mecha do cabelo dela. - Eu gosto dele assim, e aquela ideia de fazer as mechas rosas?
- Vou fazer, semana que vem. - A morena riu baixinho colocando o primeiro par das meias. - Mas vamos la, desde muito pequena, eu sempre fui desse jeito que você conhece, virada, dona de mim, sempre fui independente, e, sinceramente, não sei o problema que ela viu nisso.
- Mas isso não é um problema, ou é? - Benjamin perguntou calmo e a namorada deu de ombros.
- Não faço idéia, a questão é, nada do que eu tente fazer é o suficiente para ela, se meu pai me dava um presente ou me elogiava, era um problema que ela causava, por que ele tinha que fazer pra minha irmã, e se ele fazia só pra ela, ela não tava preocupada se ele tinha feito pra mim sabe? O problema dela sempre fui eu, nós sempre tivemos divergências de ideias.
- Ela nunca te apoiou em nada? Que tipo de mãe não apoia a própria filha? - Ele notou algumas lágrimas se formando no canto dos olhos dela e a trouxe mais para perto do seu corpo.
- A minha, loirinho, esse tipo de mãe ou pai existe mais do que você imagina, e sabe, as coisas ficaram menos pior quando comecei a namorar o Paul. - Ela disse fungando e sentiu o carinho que Jones fazia em seu ombro. - Mas nem tudo eram flores, ele era extremamente abusivo comigo, sempre fez eu me senti culpada por qualquer coisa que ele fazia, no início foi difícil notar, por que tinha ela falando no meu ouvido que eu nunca ia achar alguém tão bom quanto ele e todos aqueles blá blá blá sabe? Ele nunca me agrediu fisicamente, mas bagunçou bonito a minha cabeça, e quando a gente terminou, a minha mãe surtou, eu apanhei, mesmo ja trabalhando e tendo a minha vida.
- Eu não sei o que dizer, a única coisa que me vem na cabeça é pedir desculpa, meu amor, desculpa por existir homens que são capazes de fazer isso com alguém, independente de quem seja sabe? Eu não faria qualquer coisa desse tipo com ninguém, só por que eu tenho mãe e irmã, entende? Acho que nós temos que nos respeitar, saber o limite de cada um e o principal, você pode e deve ter uma opinião diferente da minha, por que a vida é isso, essa troca de ideias e tudo mais. - Aquelas poucas palavras que o loiro tinha dito aqueciam o coração da morena.
- Eu não te mereço, Benjamin, sinceramente. - Diamond sorria, mesmo com algumas lágrimas presas em seus olhos.
- Quem não merece essa mulher maravilhosa que você é, sou eu, sério! Eu amo você, gatinha. - O loiro se ajeitou para que pudesse olhar melhor a namorada e segurou seu rosto, deixando um beijo em cada parte dele, primeiro nas bochechas fofas, depois na testa, queixo, nariz e por fim, nos lábios dela.
- Eu também te amo, loirinho. - Ela respondeu abrindo seus olhos castanhos e deixando as lágrimas teimosas caírem.
Os dois ficaram ali, deitados, curtindo a companhia um do outro, enquanto os três gatos brincavam pelo quarto com um rato de borracha que Gwilym havia dado de presente para eles.
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