Prólogo
Lembro-me perfeitamente de como era minha infância, dos momentos em que apenas desejava ter sido filha única, ou finalmente chegar a maior idade, mas agora, apenas tenho a imensa vontade de poder ouvir um som humano, notar que não estou completamente sozinho em minha vida.
Aquele som insuportável repetiu-se pela oitava vez, eu odiava aquele som repetitivo, mas sabia que sem ele não iria ter a mínima coragem de ao menos levantar-me da cama, principalmente ao fato de o frio ser avassalador.
Estava quase a tremer em um imenso frio, mas fui levemente aquecida pelo enorme rabo de minhas gata enroscar-se em minha perna.
Um leve sorriso formou-se ao eu ouvir o som daqueles leves passos soando no piso de madeira que provavelmente vinha da cozinha.
Ao por meus pés na cozinha, logo avistei minha mãe, usando um avental amarelo com delicados desenhos de patinhos no mesmo, a abraçando de trás e sorrindo estendido.
–Já tinha dito que você não precisa vir todos os dias, você tem sua casa para cuidar.–Disse a me virar, vendo a senhora de cabelos brancos virar-se a me olhar, dando um de seus belos e incríveis sorrisos.
–Eu não me importo, gosto de vim preparar comida para uma de minhas filhas favorita.–Disse a minha mãe, a se virar e me abraçar fortemente.
–Eu não parecia ser a sua favorita quando a Mary ainda andava.–Aquelas palavras desfizeram o seu imenso sorriso que estava exposto no rosto de minha mãe, fazendo-a virar-se e voltar a cozinhar.
Talvez eu não fosse a melhor filha para jogar em minha mãe a culpa de eu nunca ter destacado-me no meio de minhas sete irmas prodigas.
Arrumei-me, peguei as minhas coisas e decidi ir ao meu trabalho.
Lá estava ela, Grace Copper, com os teu rosto demonstrando felicidade, mas todos sabíamos que aquele seu sorriso era completamente falso.
–Meredith, sempre sendo completamente pontual, nunca vi ao menos uma vez na vida você chegar atrasada, como você consegue?–Perguntou-me a garota, fazendo-me rir levemente de tão falsidade que conseguia caber dentro de uma só garota.
Aquelas últimas horas foram horríveis, por mais que fizesse quase três anos que estava naquele trabalho, eu odiava ter que passar horas ouvindo idosas dizerem que não conseguiam mais aguentar a dar na coluna, e com os remédios para cólica não estavam funcionando.
Um conselho, nunca trabalhe em um setor de reclamações, eles nunca chegaram falando bom dia.
Sentia-me exausta, meu corpo parecia pesar uns dez quilos a mais, mas a enorme pressão apenas aumentou após ver uma ligação, que por incrível que pareça vinha de minha irmã, Louren.
Geralmente não recebo nem ao menos um cartão de natal dela.
Meu corpo gelou. Meu coração quase saía pela boca pelo imenso medo que se estendia por todo meu corpo. Era noticia, uma má noticia.
Corri com toda minha rapidez para fora do estabelecimento, mesmo sendo parada em algumas tentativas falhas por outras pessoas que trabalhavam no local, por até mesmo Grace, mas o meu medo era maior, sentia-me devastada, derrubada pelo medo e tristeza que não paravam de aumentar a cada momento que aproximava-me do local, e ao chegar, mesmo demorando abeça por ter ido com os meus próprios pés a aquele lugar, com um imenso medo, e ao ver o olhar decepcionante de Louren, sabia que nada havia dado certo.
Ainda estavam todos na porta da casa, e logo vi pessoas da ambulância saírem do local. Seu corpo estava estendido na maca, como apenas mais um corpo.
Ao toca-la, seu corpo parecia frio, toquei seu pulso, e não senti nada, ela estava morta, a única pessoa que um dia se importou com o que havia dentro de mim, por mais que fosse após anos tristes e solitários sem nem se quer um tipo de demonstração de afeto, ou algo de tipo, após anos, sentia-me finalmente completo, mas agora estou novamente sozinha.
Ao chegar em casa, sentia o enorme peso da tristeza se despejar em meu corpo fraco, fazendo-me curvar, ajoelhar-me e sentir um banho de lagrimas escorrer por meu rosto, que desde quando estava no local se trancava dentro de mim, finalmente sentia, eu agora estou completamente sozinha.
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