Capítulo 4
Duas semanas após deixar o Japão, Baekhyun encontrou-se com Adolf na Coréia, apenas para mandar o Alfa para o mundo dos mortos. Não costumava limpar seus rastros depois de uma missão, mas dessa vez foi necessário.
Baekhyun decidiu que ficaria um tempo sem realizar missões. Por este motivo, depois que retornou a Ordem em Busan, o ruivo era visto com mais frequência no Quartel-General.
- Você demorou na última missão - Hendrik comentou assim que viu o Ômega. - Esqueceu como é que se faz?
- Não é da sua conta - respondeu, sem ao menos olhar na direção dele.
O caçador encarou o ruivo com grande vontade de eliminá-lo. Era um assassino assim como ele, mas diferente de Baek ou Yoongi, Hendrik o fazia porque era o seu único objetivo de vida. Se por um lado ele é bárbaro e desumano, do outro ele também era.
Baekhyun sustentou o olhar, que apenas foi quebrado quando ambos ouviram as vozes de Jackson e Yoongi, que vinham conversando pelo corredor. Hendrik sorriu friamente para o Ômega e posteriormente seguiu seu caminho.
- Acabei de retornar de uma missão, e descobri um fato muito curioso - Jackson comentou. - E isso diz respeito a você, Baek.
- Tava me investigando?
- Sabia que a pessoa que solicitou a sua última missão, morreu?
- Pessoas morrem todos os dias.
- E nem por isso somos chamados ao gabinete do líder.
- Seungho me quer na sala dele?
- Sim, mandou te chamar - Yoongi confirmou. - O que você fez?
- Tsc... isso não é conversa pra se ter aqui.
- Você vai nos dizer no que se meteu, Baekhyun - Jackson impôs. - E isso não está em discussão!
O Ômega não contestou. Se Lee Seungho desconfiava de sua falha, ele precisaria de seus amigos mais fiéis ao seu lado. Principalmente um bom rastreador, ou Lucy não ficaria viva por muito tempo.
- Tá... vou ver o que ele quer comigo. A gente se encontra no salão de treinos?
Os Alfas assentiram, e testemunharam que o outro seguiu caminho contrário.
O escritório do líder da Ordem ficava acima do subsolo, ou seja, era possível vê-lo de qualquer lugar da cidade. Não havia nenhuma entrada que dava acesso aquela sala, a não ser por baixo.
Assim que entrou no cômodo, Baekhyun ocupou um lugar sugerido por Lee, e a conversa se iniciou com uma pergunta feita pelo líder:
- Você concorda que, quando caçadores passam a matar o solicitante e não o alvo, a nossa reputação enfraquece?
- Sim.
- Foi o que você fez?
- Não.
- No entanto, Adolf Reler está morto.
- Minhas condolências à família.
Lee Seungho riu.
- Eu aprecio Ômegas que possuem bom humor, mas a linha entre a piada e o respeito é bastante tênue.
- Por que estou aqui?
- O Alfa que pagou por sua missão foi assassinado. Como você foi o último envolvido com ele, é um suspeito.
- Não o matei.
- Negar é um direito seu, mas você sabe qual é o protocolo usado em casos como este, certo?
- O caçador é interrogado.
- E você aceita por livre e espontânea vontade?
- Sim. Tanto faz. Ele verá que sou inocente.
- Acredito que sim, mas você sabe como são os protocolos. - A porta do gabinete foi aberta e dois caçadores entraram, Lee entregou a eles um pequeno pergaminho enrolado. - Eles estão aqui para te acompanhar até a Masmorra.
- Isso é ridículo, eu não vou fugir.
- Protocolos, Baek. Os protocolos.
O Ômega assentiu, e quando deu as costas ao líder revirou os olhos. Os dois caçadores o acompanharam de perto, mas não tão próximos. Embora ainda fosse bastante jovem, Baekhyun já possuía uma certa fama de ser feroz.
Assim que entraram nas dependências das Masmorras, o ruivo foi guiado até a última sala, de onde era possível ouvir uma cantoria inesperadamente tranquila e alegre. Para um lugar como aquele, era bizarro.
- Chanyeol, serviço pra você! - Um dos Alfas bateu na porta.
O Ômega ligou aquele nome a uma pessoa que não via há muito tempo. Até havia esquecido de sua existência. A cantoria foi cessada e assim que a porta foi aberta, os olhos de Baekhyun fixaram-se nos do Alfa, cujas mãos e parte dos antebraços estavam sujos de sangue.
A camisa dele estava dobrada na altura do cotovelo, ele sustentou o olhar do Ômega enquanto passava um tecido branco e úmido, para remover o sangue impregnado em sua pele.
A atenção de Chanyeol foi desviada quando um dos caçadores entregou a ele o pergaminho enrolado.
- Lee disse que precisa ficar com ele, até que você tenha todas as respostas - avisou, se referindo ao ruivo. - Você está muito ocupado?
- Não, já terminei. Mas preciso que ajudem o Mike, ele não vai conseguir sair sozinho.
Os caçadores se entreolharam e entraram na sala do precursor. Havia um Alfa em um dos aparelhos utilizado para tortura. Ele estava pendurado pelos tornozelos, e após uma certa dificuldade para removê-lo dos ganchos, os dois que trouxeram Baekhyun, deixaram as Masmorras levando o condenado consigo.
Chanyeol abriu a porta um pouco mais e estendeu a mão para dentro da sala, indicando ao Ômega que já poderia entrar.
Baekhyun entrou sem tirar os olhos dele. Já dentro do cômodo, ele passou a observar as peças medonhas e tão íntimas para aquele Alfa.
- Parabéns, você passou na primeira missão.
- Já faz um tempo. Yoonie e Jack não te contaram?
- Não. Até pensei que não tinha conseguido, já que eles vieram na vez deles, e você não.
- E você não perguntou?
- Não. Por que eu deveria?
- Faço das suas, as minhas palavras; por que eu deveria vir até aqui só pra te contar? Pra começo de conversa, esse lugar é nojento e repulsivo. Só estou aqui porque o protocolo exige.
- Tudo bem. Pode sentar na cadeira - o Alfa indicou. O ruivo olhou para ele. - Não se preocupe, está limpa.
- Você consegue tudo muito fácil, não é? Só precisa ficar aqui esperando que um caçador traga o alvo até você.
- Faz parte do ofício.
- Isso não te deixa entediado?
- Eu não acho. Sempre há muito que explorar no corpo humano... mas, voltando ao foco, você já pode sentar naquela cadeira.
- Quer saber de uma coisa? Eu não vou facilitar pra você.
- Não? - O Alfa inclinou a cabeça para o lado.
- De jeito nenhum. Se quiser tirar algo de mim, vai ter que me pegar primeiro. - Sentenciou, removendo o arco e uma flecha. - Como todo caçador.
- Tudo bem, mas vamos fazer isso sem nossas armas - Chanyeol sorriu ardiloso. - Se você concordar, é claro.
- Por mim tudo bem - Baek deu de ombros. Ele deixou o arco e a aljava com as flechas em cima de uma mesa, quatro punhais e a katana.
Chanyeol não portava nenhum armamento consigo. A katana, objeto utilizado obrigatoriamente por todo caçador, estava preservada em um suporte. Ele apenas a encaixava no cinto quando deixava as Masmorras.
- Estou pronto. - Baekhyun afirmou, virando-se de frente para ele.
- Que ótimo - Chanyeol se aproximou do outro quando indagou com a voz de seu lobo Alfa: - Por que você não relaxa, e me deixa fazer meu trabalho?
O arqueiro não soube como reagir, não teve como. Seu corpo foi afetado pelo timbre particularmente desagradável, e ele paralisou por alguns instantes. Chanyeol foi rápido quando o fez regressar alguns passos, até fazê-lo sentir a parede em suas costas.
O Ômega manteve-se dócil, enquanto o precursor erguia seus braços para logo em seguida fixar argolas de metal em torno dos pulsos. Queria agarrar o pescoço daquele Alfa e apertar até sentir todos os ossos se quebrando. Mas quando finalmente sentiu ter de volta o controle do próprio corpo, ele já estava preso às correntes na parede.
- Seu vagabundo miserável! - Baekhyun esbravejou. - Disse pra não usar as armas, pra isso!?
- Você aceitou. Se tivesse me dito pra não usar a voz, eu não usaria. - Deu de ombros com um semblante e o sorriso calmo. - Mas você não disse nada.
- Quando eu me soltar daqui, você vai sentir muito... - Baekhyun ameaçou.
- Provavelmente.
- Não faz ideia do quão na merda você está...
- Você acordou hoje de mau humor ou é selvagem assim por natureza? - Em resposta, o Ômega cuspiu no rosto dele. Com paciência, Chanyeol retirou um lenço do bolso e limpou a área atingida. - Se eu não fosse um bom profissional, levaria isso pro lado pessoal.
O Ômega ficou em silêncio, mas não era necessário expressar qualquer palavra para que Chanyeol soubesse o quanto ele estava enraivecido. O olhar furioso do ruivo sob o seu e o peito exibindo uma respiração acelerada indicavam exatamente o que o assassino estava planejando.
- Eu tenho a leve impressão de que você deve tá querendo me matar... - O Alfa comentou o óbvio. - Se tivesse sentado naquela cadeira como indiquei, nada disso teria acontecido.
- Vai a merda!
- Tudo bem, vamos ao que interessa.
Baekhyun virou o rosto, fingindo não dar importância ao que o precursor estava fazendo. Mas a cada barulho que ele fazia, separando as ferramentas que iria utilizar no interrogatório, deixava-o receoso.
- Conhece isso aqui? - O Ômega virou o rosto para ver o objeto sendo mostrado pelo mais alto. - Se chama Pera da Angústia.
O objeto se tratava de um instrumento em formato de pera, com quatro partes que se abriam e eram separadas uma das outras lentamente, a partir de um artifício adicionado como um parafuso giratório.
Poderia ser usado para ser inserido em qualquer orifício, causando lesões e dores insuportáveis.
- Eu costumo inserir na boca daqueles que ficam provocando, ao invés de cooperar - o Alfa avisou, passando o objeto ainda fechado na bochecha do menor.
- Está querendo introduzir no lugar errado... - Baekhyun chutou o balde. Já estava no inferno mesmo, pois então iria abraçar, dançar e até jantar com o capeta. - Por que não tenta lá embaixo?
- Não me dê ideias... - Olhou para baixo e depois para os olhos dele novamente. - Ou melhor, não me desafie.
- Não estou desafiando, é apenas uma sugestão - ele observou o objeto nas mãos do Alfa por alguns segundos, depois o encarou quando confessou com voz provocante: - Se você quer saber, o metal me deixa excitado.
Se Baekhyun achava que o Alfa tinha o controle da situação, estava enganado. Chanyeol parecia muito inabalável por fora, mas seu lobo ficou ligeiramente agitado, principalmente depois da última afirmação do ruivo, somando a sua bela aparência e ao delicioso aroma de cereja.
Estava perdendo o controle para o Ômega em seu próprio território, era apenas questão de tempo para que os papéis se invertessem. Por isso, ele deixou o objeto metálico sobre a mesa e girou para deixar a sala.
- Pra onde você vai?!
- Eu só preciso verificar algo lá fora. Eu volto logo.
- Mas-...
- Cinto minutos! - Ele deixou a Câmara e um Ômega confuso para trás.
Pouco tempo após Chanyeol deixar a sala, Hendrik apareceu com a intenção de falar com o precursor. Sorriu grande quando encontrou o Ômega imobilizado naquela posição.
- Ora, ora, ora... - ele se aproximou. - Parece que hoje é meu dia de sorte.
- Era só o que me faltava. - Baekhyun revirou os olhos. Hendrik passou por ele quando encontrou o arco do ruivo sobre a mesa. - Deixe onde encontrou!
O Alfa ignorou, e passou a mexer no objeto de propósito, apenas para irritá-lo. Baekhyun tentou soltar as mãos, com a intenção de fazer Hendrik engolir aquela arma, mas não conseguiu. Estava torcendo para que o caçador se aproximasse o suficiente para entrar em seu alcance, e acabar com a raça dele mesmo que fosse utilizando apenas as pernas.
Continua...
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