19 • Dix-neuf
Robyn Moore
Harry acabou indo até o seu avô e pelo que Jennifer me contou, o mais velho teve um infarto.
Uma parte egoísta de mim gostaria que ele morresse logo, dessa forma, acredito que o moreno dos olhos verdes pela qual eu sou apaixonada e amo teria um desfruto mais tranquilo da sua liberdade. A forma como Dave Styles atrapalhou o meu relacionamento com Harry é algo que não quero ter que lidar nunca mais. Para mais, o avô de Harry não gosta da minha presença e nem gosta ou se importa com as pessoas da Cidade Baixa, com toda a certeza ele é uma ameaça e um perigo. Espero que não seja punida por querer que um homem tão mesquinho e sem caráter como Dave se vá.
Porém, eu não deveria pensar tanto nisso, tenho mais coisas a fazer, como me encontrar com Rachel e Ben e saber mais detalhes sobre ser uma barriga de aluguel. Com certeza eu terei que fazer alguns exames. Para ser sincera, não faço ideia de como isso funciona, ouvi dizer de uma das prostitutas que teria como engravidar sem precisar fazer sexo, usando apenas o esperma do homem. Contudo, nunca vi algo assim acontecendo tão de perto, dessa vez eu verei tão próximo de mim que eu mesma acabarei grávida.
Depois que eu troquei de roupa, desci as escadas, fui de encontro ao meu irmão e ele estava na portaria da mansão conversando com Zayn Malik.
A família Malik cuida da segurança das famílias mais ricas da Cidade Alta, com uma empresa de segurança privada. Zayn é o mais velho dos três filhos de Yashim e Devi Malik. O primogênito do casal chegou a estudar junto com Harry, Liam e Louis. Entretanto, não é tão próximo do trio, mas sempre aparece de vez em quando. Acredito que seja parte do seu trabalho, saber como anda o trabalho na casa dos seus clientes. Além disso, existe essa tensão com os Revoltosos, apesar de saber que eles não estão fazendo ataques diretos.
Que o que houve com Liam foi algo para torná-los inimigos e animais e não pessoas que lutam por mudanças.
— Aaron? — chamo meu irmão, os dois homens param de conversar. — Bom dia, Zayn. — Aceno para o homem de olhos castanhos avelã. Ele é magro, sua pele está bronzeada e ele está com barba. Além disso, Zayn está usando um terno e ele é mais baixo que meu irmão.
— Olá Robyn — O homem me cumprimenta, mas logo diz algo sobre ir conversar com outro segurança, deixando meu irmão a sós comigo.
— Fala maninha — Aaron sorri.
— Poderia me levar até a casa do Offley? — peço e meu irmão me olha curioso.
O mais velho não sabe sobre o que eu já tive com Ben e muito menos sobre a proposta que aceitei. Pretendo falar apenas da última, afinal é algo que se diz respeito a ele também. É sobre nossa mãe. As pessoas com quem fiquei na Casa Luz Vermelha já é algo que nem eu quero me lembrar mais.
— Agora mesmo, mas por que?
— Rachel precisa de um bebê. — Nós começamos a caminhar em direção ao carro. — Serei a barriga de aluguel para ela.
O meu irmão para de andar e sequer abre a porta do carro. Ele me olha e parece um tanto quanto surpreso.
— Vai engravidar de um bebê que não ser seu?
— Sim, vou fazer isso porque Rachel e Ben irão trazer mamãe até nós — sorrio, mas a expressão do seu rosto continuou imutável. — Irei trazer mamãe até nós. Isso não é ótimo?
— Sim, mas você vai engravidar de um filho que não será seu? — pergunta e ele parece confuso.
— Sim.
— Ela vai trazer nossa mãe só se você engravidar por ela? — Meu irmão pergunta, concordo com a cabeça. — Robyn! Isso é loucura, você tem ideia de que isso é chantagem?
— Eu não sou estúpida. Sei o que estou fazendo — digo impaciente. Já basta Harry ter brigado comigo não vou aguentar sermão de Aaron também. — Rachel e Ben não podem ter filhos. Não vou precisar fazer nada com Ben, tudo que vou ser é uma ponte para eles como eles são para mim. Não vejo algo errado nisso se todo mundo vai ter o que quer no final — explico, o meu irmão não responde.
Ele está com um rosto parecido com o de Harry quando ouviu o que eu havia aceitado. Não vou recuar, é o que precisa ser feito e eu vou fazer.
— Robyn você...
— Já está feito, maninho — digo, antes que ele termine sua frase. Eu estou decidida e quero que ele ao menos entenda isso. Escuto o suspiro do mais velho. — Irá me levar até lá?
— Vou sim, também terei de ir ao centro. Vou pegar um encomenda para seu namorado.
— Que encomenda? — pergunto curiosa e o meu irmão dá de ombros.
— Ainda não sei, mas a secretária dele pediu que eu fosse buscar. — Concordo com a cabeça. — Mas eu te dou a carona, maninha. Vamos lá.
{•••}
A ida até a casa de Ben e Rachel foi algo bem mais tranquilo do que imaginei. Ben não estava lá, minha conversa foi com Rachel. A mulher me explicou que eu teria que fazer alguns exames e começar um tratamento hormonal.
Ela também disse que vai saber mais sobre onde minha mãe está e sobre toda a burocracia que ela precisaria enfrentar para trazer minha mãe até aqui o mais rápido possível.
Rachel segurou minha mão, deu um sorriso amigável e disse: Grávidas não devem ficar estressadas, irei trazer sua mãe o mais rápido possível quando seu teste der positivo.
Ter ouvido aquela frase novamente apenas me deixou ansiosa para ter esse bebê. Realmente torço para que isso não seja algo demorado. Quero minha mãe aqui, ela realmente precisa vir. Mesmo mamãe dizendo que está segura, eu não posso contar com algo assim enquanto ela estiver bem longe de mim. Meu peito não aguenta mais de saudades e eu preciso trazê-la para perto. Eu não aguento mais ficar longe. Está tudo ficando perigoso e estou cansada de aceitar os riscos e cansada de esperar.
Quando chego em casa, vejo Harry conversando por meio de um comunicador holográfico. É um aparelho retangular e tem outras funções. É um aparelho novo, vi alguns outdoors sobre ele quando fui ao centro com Aaron ontem. Não é usado apenas para comunicação holográfica, também manda cartas eletrônicas e faz fotografias e filmagens. Como ele conseguiu algo assim?
O moreno se despede de um homem que não conheço e sorri para mim. Ele está sentado no sofá e fico olhando para ele com curiosidade. O homem parece tranquilo e fico me perguntando por um instante sobre o que aconteceu com seu avô.
— Baby, venha ver isso. O Senhor Hawkins disponibilizou comunicadores holográficos para nós.
— Nós? — franzo minha testa. Aproximo-me do moreno. Vejo no sofá três comunicadores.
— Um deles é para meu avô, mas ele não irá precisar.
— Dave morreu? — A pergunta sai imediatamente da minha boca e talvez por esse motivo, Harry tenha soltado uma risadinha.
— Não, mas ele passará um tempo aqui.
— Passará?! — Fico tão chocada com essa notícia que me sento de frente a Harry. O moreno deixa a mão em minha coxa coberta pelo meu vestido.
— Não se preocupe, Baby. Ele não está bem, vai ficar aqui para ter cuidados que precisa. — Apenas balanço minha cabeça em concordância. — Nem vai reparar que ele está aqui, eu prometo.
— Ótimo — sorrio. Harry pega um comunicador e me entrega.
— Agora vai poder falar com sua mãe sem problemas.
— Irei. — Fico observando o aparelho. Isso é ótimo, o contato com minha mãe vai continuar e eu irei poder contar a ela que logo estará aqui comigo. Entretanto, havia algo que não entendia bem, o motivo de Harry ter ganho esses aparelhos. — Mas por que Senhor Hawkins faria algo assim?
— Ele é dono de boa parte da tecnologia que temos em Egan, esses aparelhos são a inovação e termos ganhado ele foi apenas um presente por ter me casado com a sua filha.
— E onde ela está?
— Foi fazer compras.
Eu fico olhando para o aparelho e torcendo para não ser algo difícil de manusear. Volto a olhar para o moreno.
— Rachel disse que eu vou precisar fazer alguns exames e que vou precisar tomar medicamentos para aumentar a fertilidade dos meus óvulos.
— E sobre sua mãe?
— Ela disse que vai providenciar isso assim que eu engravidar — explico e Harry respira fundo. Seguro a mão do moreno. — Eu sei que você não gosta disso.
— Nem um pouco, Robyn — diz bravo e eu suspiro. — Eu queria que fosse diferente, que estivéssemos nos preparando para o nosso bebê. Você já estaria com cinco meses, não é?
— Harry... — suspiro e não consigo dizer mais nada. Eu estaria sim com cinco meses, mas eu perdi o bebê.
Eu tento não pensar sobre esse bebê, ele havia sido uma enorme surpresa e foi embora tão rápido, uma folha que caiu em minha mão e eu não pude segurar firme então o vento tirou de mim.
Entretanto, eu não imaginei que isso tivesse afetado a Harry tanto assim, mas pelo tom da sua voz e o brilho entristecido de seus olhos, eu apenas sei que estava enganada quanto a isso.
— Desculpe — Ele suspira. Sua mão se solta da minha e ele acaricia minha bochecha. — Me desculpe Robyn, é que desde que eu soube da sua gravidez e que teríamos um bebê. Eu apenas imagino uma criança de olhos castanhos correndo por essa casa e nos alegrando. Eu fiquei triste quando o perdemos, era um pedaço nosso. — Ele passa os dedos em meu queixo e eu olho para meu colo.
— Não vou desistir da minha mãe — digo baixinho. Harry afasta os aparelhos do sofá e se aproxima de mim. Suas duas mãos seguram meu rosto e nós nos olhamos.
— Eu sei, Baby. Não deve mesmo fazer isso e não quero mais discutir sobre isso.
— Mas você se lembra de um bebê que não tivemos. — Ele acena com a cabeça. — Eu também — Um sorriso triste se forma em meus lábios. — Mas vamos ter nossa chance, uh? Apenas dê tempo ao tempo.
— Eu vou. — Ele chega seu rosto para perto do meu. — Eu já tenho você aqui comigo e isso é mais que perfeito.
Eu sorrio e deixo minha cabeça em seu ombro.
— Você tem alguma reunião agora? — pergunto e Harry entende o que eu estou querendo porque ele sorri para mim.
— Nadinha, Baby. — Ele me dá um selinho.
Sorrio e me levanto.
— Bem, vou ir trocar de roupa.
— E eu vou te ajudar.
Dois meses e meio depois...
Mordo meus lábios quando sinto a agulha dentro da minha pele. Já se tornou uma rotina desde que fui a uma clínica com Rachel. O médico fez exames e poucos dias depois me deu uma caixa com as injeções. Dessa forma, todas as manhãs desde então, eu sinto uma picada irritante de formiga. Esse é o preço de querer ter um final feliz. Na verdade, esse é o preço para eu ter minha família perto de mim.
Penso se posso dizer completa, mas meu pai não estará conosco. Uma família completa seria se ele pudesse estar conosco. Sinto saudades dele, mas sei que ele estará feliz, onde quer que ele esteja ao saber que consegui unir parte do que éramos. Eu vou trazer minha mãe de volta e dessa forma, as injeções que me fazem sentir como se formigas estivessem me picando é apenas um pequeno obstáculo.
Sinto os lábios de Harry no meu quadril, beijando exatamente onde ele aplicou a injeção.
— O primeiro pacote acabou. — O moreno me abraça por trás.
— Isso é bom, espero que daqui três semanas o meu teste seja positivo. Eu não vejo a hora de abraçar minha mãe. — Viro meu corpo e fico de frente ao homem. — Não que abraçar você seja ruim.
Ele sorri e passa o dedo no meu nariz.
— Eu entendi Baby. — Harry beija meu pescoço. — Tenho uma novidade para você.
— Sim? — fico olhando para ele com curiosidade.
Desde que Dave Styles adoeceu, o moreno dos olhos verdes vem tendo mais trabalho do que eu poderia imaginar e ele vem estando bastante exausto como consequência. Para mais, o mais velho não parece tão bom assim, não para sair do quarto.
Porém, Senhora Tina me disse que o avô de Harry está melhorando, mas que não quer sair daqui e por isso enrola.
Senhora Tina me disse também que isso é a solidão e o arrependimento. O mais velho sempre foi uma pessoa ruim e rude. Essa doença apenas serviu para mostrar que ele morreria só. A ideia não o agradou, no fundo, torço para que essa experiência o mude mesmo que seja apenas um pouquinho.
— Robyn — Harry me chama e eu o olho um pouco confusa. — Por que entrou no seu mundo? O que pensou?
— No seu avô, a novidade é essa?
— Acredito que é melhor — ele sorri. — Vou me divorciar de Kimberly. Josh vai ajeitar os documentos daqui algumas semanas.
— Sério?!
— Sim — Ele sorri e eu tento não parecer tão vibrante quanto isso, mas acabo falhando. Abraço o moreno e o beijo.
— E o que seu avô vai achar disso quando descobrir?
— Ele quase morreu, Baby. — Harry passa seus dedos em minha bochecha. — Ontem, ele pediu desculpas por ter me forçado a casar tão rapidamente. Acredita?
— Ele está mesmo mudando — murmuro e Harry dá de ombros.
— Talvez ou talvez ele esteja apenas desesperado para que a família aumente e como Kimberly não engravidou isso o frustrou.
— Então a ideia de ter filhos não é totalmente sua? — Levanto minhas sobrancelhas, porque meses atrás Harry estava inquieto para ter um bebê. Ouvindo o que ele disse, penso se o motivo seja a pressão do seu avô.
— Meu avô me agitou, mas como eu te disse Robyn. Desde a sua primeira gravidez só consigo pensar em ter um filho com você. — Harry beija minha testa.
— Entendi, mas agora você tem uma reunião importante para ir. Nem acredito que o Rei vai ouvir você.
— Nem eu.
— Boa sorte. — dou um selinho em Harry e ele agradece murmurando. Em seguida, me dá um beijo mais demorado.
Após nossa despedida, eu desci para comer. Harry acordou mais cedo que eu e quando já estava pronto ele me acordou para tomar minha injeção. São hormônios para aumentar a minha fertilidade.
Amanhã eu vou receber os espermas de Ben e torcer que dê certo logo de primeira. Para que assim minha mãe possa finalmente estar aqui comigo. Penso tanto nisso que se torna repetitivo e apenas enche meu corpo de ansiedade.
Tento pensar em outra coisa, como esta reunião de Harry com o Rei. Ela irá acontecer devido a aliança que ele fez com as pessoas do jantar, pessoas igualmente preocupadas com a situação da Cidade Baixa. Depois que o prédio desmoronou. Várias fazendas foram tomadas pela chama também.
Alguns protestos também aconteceram na Cidade Alta. Então o Harry conseguiu uma reunião com o Rei e outras pessoas importantes para resolver toda essa bagunça. Torço para que realmente se resolva e que isso não seja uma espécie de golpe.
Penso nisso, porque Niall me contou sobre ter ouvido falar de tropas indo até a Cidade Baixa. É difícil que alguma mudança de fato ocorra se as pessoas que estão no poder se recusam a mudar.
— Robyn! — Uma voz feminina me grita.
Depois do café da manhã, decidi tomar sol na área da piscina e foi onde caí em pensamentos. Olho em direção à voz estridente da morena e a vejo marchando até mim.
Levanto da espreguiçadeira e a mulher fica à minha frente. Kimberly é um pouco mais baixa que eu e desde que joguei na cara dela que sabia sobre sua falsa gravidez ela veio me evitando. Além disso, depois desse dia, Harry continuou a passar as noites comigo, agora eles vão se divorciar então a fúria em seus olhos é algo que não me surpreende.
— Irá me chamar de meretriz? — pergunto e cruzo meus braços. — Porque você disse isso quando eu estava saindo da sala de refeições ontem a noite e nas outras noites também.
— Harry irá se separar de mim e a culpa é sua!
— Não tenho culpa se ele não te ama e se você nunca vai ser uma esposa que preste — A minha resposta é rápida, mas Kimberly foi rápida ainda.
Deveria ter considerado que ela estava bastante furiosa, pois ela me arremessou na piscina e enquanto eu estava me estabelecendo na água. A morena gritava palavras horríveis para mim.
Ora, isso eu não vou deixar passar nem a pau! Saiu da piscina e Kimberly tentou correr quando percebeu que eu estava indo para cima dela, mas nós duas caímos no chão. Ela segura meu cabelo e eu acabo dando alguns tapas no rosto dela.
— Robyn! — escuto a voz de Aaron e ignoro, eu continuo a dar alguns tapas no rosto de Kimberly. Então eu sinto as mãos do meu irmão na minha cintura. — Robyn!
— Me solta! Eu estou cansada das ofensas dela! — seguro o cabelo de Kimberly com força e acabo arrancando algumas mechas enquanto meu irmão me tira de cima dela. — Me solta Aaron! — digo brava e sinto as lágrimas escorrendo no meu rosto.
— Sua selvagem! — Kimberly me xinga e eu estava para voltar para cima dela. Porém Aaron me segura com firmeza.
Noto o rosto da mulher todo vermelho e ela tinha um arranhão na bochecha. Minhas bochechas estavam queimando, talvez em algum momento ela tenha me batido também.
— Você não merece ele! Não merece nada disso sua meretriz. O seu lugar é naqueles bordéis, você nunca deveria ter saído daquele esgoto — Ao dizer isso, ela entra para dentro da casa chorando. Meu irmão me vira e eu estava com raiva, porém, estava me sentindo triste também.
Quando eu encaro os olhos do meu irmão, eu me sinto envergonhada também. Ele tem um olhar de reprovação para mim, igual ao de papai.
— Caramba, Robyn. Você não pode ser como ela — ele diz e eu choro. Meu irmão me abraça e eu soluço. — Não precisa chorar, maninha — Meu irmão diz calmo. — Não é você que perdeu o cabelo.
Ao dizer isso, eu simplesmente solto uma risada. Olho para meu irmão e ele limpa meu rosto.
— Isso aí, agora vamos beber água. — Meu irmão começa a me guiar para dentro da casa. — E você precisa me contar onde foi que você aprendeu a brigar assim.
Continua...
Notas: Oioi meus amores como vocês estão?
Gostaram do capítulo?
Aiai... Essa Kimberly ainda me mata, mas se vcs ainda tiverem compaixão, peço para usarem a mesma em breve.
Espero que estejam gostando, beijos. Anna.
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