depressão.
A saudade já foi fria como a morte, branca como ossos e acinzentada como o cimento que lacrou o seu túmulo.
Já soou como todos os consolos inúteis, palavras de conforto incertas e perguntas sem resposta.
A saudade já foi um grande nada. Já foi abraços frágeis, lágrimas manchando camisas, silêncios infinitos.
A saudade costumava ser um grande vazio, sabe?
Aquele espaço no peito onde antes existia você, agora aberto. No lugar dele, a saudade.
Era muito cedo para entender a falta de você.
Afinal de contas, o que seria essa tal saudade?
Ela já foi o incômodo crescente toda vez que ouvia as sirenes de uma ambulância. Já foi o aperto dolorido ao passar pelas portas do cemitério e saber que aquela seria sua nova casa para sempre.
Saudade era viver dia após dia sem você.
Era cada aniversário, cada natal, cada ano novo, com o sentimento de que algo estava faltando.
Era a falta do toque, a falta da sua voz. Era saber que nada disso voltaria, nunca mais.
A saudade era feita de arrependimentos e de vários "e se", uma estrutura firme construída com tudo o que poderia ter sido diferente, arquitetada com todo o tempo que perdemos.
E eu amaldiçoava a saudade, porque, por mais que ela me desse vontade de mudar uma infinidade de coisas, também me lembrava que eu era incapaz de fazê-lo.
Por um longo tempo, a vida se tornou enfrentar mares revoltos, que afogavam cidades inteiras dentro de mim.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro